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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Guerra entre petismo e antipetismo

O segundo turno está sendo antecipado e por uma disputa voto a voto entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad

 Apesar dos xingamentos pelas últimas colunas, elas estavam corretas: o segundo turno está sendo antecipado e por uma disputa voto a voto entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, o que caracteriza ou a chegada da extrema direita ou a volta do PT ao poder. 

O eleitorado de Bolsonaro e de Haddad é bastante diferente. Enquanto o capitão atinge 41% com renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos, o petista dispara de 10% para 27% entre os que têm renda de até um mínimo. A curva dos dois também se cruza quando se fala em escolaridade. Enquanto Bolsonaro sobe de 29% para 36% entre os mais escolarizados, Haddad pula de 6% para 24% entre os menos escolarizados. Grosso modo, um é preferencialmente candidato dos “ricos com diploma” e o outro, dos “pobres e mais ignorantes”.

A pergunta é se Bolsonaro e Haddad bateram ou não no teto. Se é para apostar, a resposta é não, pois o candidato do PSL sobe de pesquisa em pesquisa e, com 28%, logo bate 30%. E Haddad, que deu salto de 11 pontos, ainda está com 19%, bem longe do porcentual de Lula com sua candidatura fake. O resultado prático do Ibope é que o PT já despacha emissários para os partidos adversários, especialmente PDT de Ciro, PSDB de Alckmin e MDB de Meirelles, em busca de compromissos e apoios no segundo turno. E, obviamente, no governo.

O segundo turno é uma segunda eleição, com tempo de TV igual, busca de alianças e embate cara a cara entre os candidatos. Isso tudo fará diferença, até porque, pelo Ibope, o segundo turno está ainda mais indefinido do que o primeiro foi durante todos esses meses, com empate entre Bolsonaro e Haddad. Mas uma coisa é certa: vai ser uma guerra entre petismo e antipetismo.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Candidatura fake

Script de Lula foi desmentido pelos fatos, mas fakes não se interessam nem buscam fatos

A apresentação da candidatura de Lula é uma farsa. Ou, para ficar no termo da moda, é fake. As fake news realmente perigosas são as que tem uma verossimilhança com fatos reais, parecem explicar “mistérios” e reforçam preconceitos.

O script do fake lulista está perfeitamente descrito no artigo de opinião que publicou no (desavisado?) New York Times. É a mesma narrativa de muitos anos atrás, a do pobre (com patrimônio de 7,9 milhões declarado à justiça eleitoral) representante de anseios populares perseguido por elites raivosas aliadas à imprensa e o Judiciário.  Essa narrativa foi amplamente desmentida pelos fatos, mas fakes não se interessam nem buscam fatos. É o que o historiador Timothy Snyder recentemente abordou num livro (The Road to Unfreedom) que está fazendo grande sucesso ao descrever e explicar fenômenos de líderes populistas do século 21 ao redor do mundo.

“O líder”, escreve o historiador, “se apresenta sozinho e caminha sozinho pois ele vê qual é o futuro da política e sabe o que tem de ser feito”.  No caso do PT, o que tem de ser feito é o que Lula sempre mandou fazer: ele está em primeiro e em último lugar. Ninguém cresce à sombra dele – o que se tornou, neste momento, muito mais um problema do que uma qualidade do partido, mas dane-se o partido.  Nenhum dos componentes do fake eleitoral lulista escapa ao clássico da charlatanice, mentira e enganação, além de se constituir numa grotesca narrativa de fatos históricos brasileiros recentes. Mas a questão não é essa. A pergunta correta é indagar quais as razões pelas quais esse fake (o da vitimização, perseguição e conspiração de elites contra o homem do povo) recebe uma forte adesão por parte de considerável número de eleitores, a julgar pelas pesquisas de intenção de voto.

Não há nada em Lula remotamente parecido a Mandela, o homem que sai da cadeia com uma visão de História e de seu papel nela, e de sua missão de levar um país inteiro para além do monstruoso regime do apartheid. Mesmo assim o PT consegue iludir até plateias no exterior a respeito de um “mártir” que nunca mostrou grandeza moral começando pela conduta frente a amigos e pessoas próximas.  Para tentar responder a questão acima, é obrigatório constatar que Lula representa, sim, uma parte considerável da mentalidade e do caráter de todos nós, sociedade brasileira, que inclui desprezo pela lei, apego ao estatismo, à distribuição do dinheiro público aos mais variados segmentos, incluindo do empresariado e sistema financeiro.

Resta então mais uma e decisiva indagação para este momento particular do processo político eleitoral: quantos votos Lula transfere para seu poste?  Mais votos do que seria agradável reconhecer levando em consideração o papel central do PT no alargamento da corrupção endêmica do País e o papel peculiar que o próprio Lula representou ao ridicularizar e banalizar instituições, começando pela da Presidência. Mas menos votos do que seria necessário para “garantir”, desde já, seu poste no segundo turno.

Pois o fake Lula tem sido nos últimos três anos o exemplo sobretudo do chefão político que perdeu o senso de realidade e cometeu um erro atrás do outro. Dilma foi o maior erro de sua vida mas, desde o começo de 2016, Lula deixou claro a seus adversários – e de graça – que não era o dono das ruas e que não conseguiria mobilizar gente suficiente para impedir a derrubada do governo petista. Ironicamente, vai chegando ao ponto no qual conseguir colocar um poste no segundo turno (a probabilidade existe, mas não a vejo tão forte) seria um feito extraordinário, depois do que hoje se sabe sobre o período lulopetista. E, ao mesmo tempo, o seu fim.

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo