Recebi, há poucos dias, um texto que reporta a
personalidade e, principalmente, a atitude de um General alemão chamado Dietrich Von Saucken, oficial da Cavalaria
Prussiana.
Segundo o relato, Von Saucken, um herói das duas
Grandes Guerras Mundiais, várias vezes ferido em combate, foi chamado à
presença de Hitler, a quem desprezava, para receber a ordem de defender a
Prússia do avanço da Rússia. Ao final do encontro, o “Fuhrer” acrescentou
que o General deveria prestar contas das suas ações ao líder nazista local.
Visivelmente contrariado, Von
Saucken bateu forte com a mão na mesa e disse,
energicamente, que
não receberia ordens de um representante do Partido. Hitler não teve dúvidas da determinação
daquele Soldado e, prontamente, aquiesceu, dizendo em voz baixa: “Tudo bem, Saucken, você será o seu
Comandante”, ou seja, o “Fuhrer” simplesmente cedeu quando se viu confrontado por um
homem melhor que ele.
Valho-me deste relato para reforçar minha opinião sobre o Decreto 8515, de 3 de setembro
último, pelo qual a Presidente da República, no uso das suas atribuições,
delega novas missões ao Ministro da Defesa, parte das quais eram, desde a
criação do MD, delegadas aos Comandantes das Forças e, anteriormente, aos
Ministros Militares.
Tenho
recebido grande número de mensagens de pessoas preocupadas com as consequências
dessa redistribuição de tarefas, às
quais tenho respondido, com absoluta convicção, que não me preocupam,
porque nada mudará! Comparo as FFAA a um circuito fechado de processos, hábitos,
compromissos e procedimentos morais construídos,
aperfeiçoados e consolidados, sempre,
sob a tutela de valores, tradições e princípios.
As entradas deste circuito são
mantidas muito bem fechadas e guarnecidas pelos mesmos valores,
tradições e princípios que têm tutelado a sua evolução e que impedem a
penetração de ideias que não
estejam em consonância com eles e que fazem das FFAA brasileiras uma referência
para a Nação e uma ameaça permanente aos seus inimigos.
Meu conhecimento me permite ter a
convicção de que qualquer tentativa de burlar a hermeticidade deste circuito
fará surgir, à frente
do atrevido, tantos
Dietrich Von Saucken quantos forem necessários para intimidar a ousadia!
Em 1964, João Goulart ousou penetrá-lo e
logo aprendeu que as FFAA tinham seus próprios Comandantes e que não valeria a
pena confrontar homens que eram melhores do que ele.
Assim, confiante
no Exército de Caxias, na Marinha de Tamandaré e na Força Aérea de Eduardo
Gomes, não vejo razão para temer qualquer decreto de homens ou mulheres
que, sob quaisquer aspectos, não são melhores do que nós.
As Forças Armadas são
disciplinadas, mas não estão mortas!
Caros amigos
Desde o início da “crise militar” - criada pela traiçoeira incompetência do PT e pelos não menos incompetentes, atabalhoados e traiçoeiros dirigentes do seu pretenso braço armado, o chamado “exército do stalinde” - que estou “virado no back” (*) dos Comandantes das FFAA, em particular do Gen Eduardo Villas Bôas e de seu Chefe de Estado Maior, Gen Sérgio Etchegoyen, confiante no contra ataque e na marcação do gol da vitória.
Sem desdenhar da gravidade da
investida,
mas com a tranquilidade de um soldado que conhece a sua Força e de um subordinado
que acredita no seu Comandante, manifestei, desde a primeira hora da investida
adversária, a minha confiança na competência e no senso de responsabilidade de quem, por formação profissional e moral,
sempre foi melhor do que os citados conspiradores.
Há muito aprendi que o mínimo de
competência a ser exigido de um chefe-líder é a competência para usar a competência dos seus
parceiros e subordinados, é o “saber quem
sabe”, é ter humildade para ouvir, coragem para decidir e determinação para
executar!
As FFAA saem fortalecidas deste
evento pois deixaram muito claro ao inimigo que não estão alheias às
suas manobras, por mais dissimuladas e sutis que possam parecer e que
não permitirão qualquer interferência política ou ideológica nas clausulas
pétreas que têm alicerçado a formação de seus quadros, o seu processo evolutivo
e o seu histórico compromisso com a democracia.
Minha confiança nos Comandantes, hoje redobrada, foi criticada por muitos, alguns por justificado
desconhecimento, outros por me julgarem desinformado e até conivente com o
inimigo, outros por temer pela ingenuidade e pela aparente apatia dos militares
face à falta de caráter daqueles
com os quais têm que conviver por força de preceito constitucional, outros,
ainda, criticaram-me por serem vítimas da vaidade e da arrogância que os faz
julgarem-se os donos absolutos da verdade e os únicos capazes de defender o
bem.
O artigo,
publicado no jornal Zero Hora de hoje, 14 de setembro, de autoria do Jurista e
Ex Ministro da Defesa, Nelson Jobim, reporta
com segurança e profissionalismo o trabalho realizado pelas Forças para neutralizar a ousadia dos canalhas e que contou com seu
pronto e competente assessoramento (é preciso “saber quem sabe”).
http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/14/artigo-decreto-sobre-militares/?topo=13,1,1,,,13
Continua a valer, portanto, a afirmação de que a sociedade pode confiar no bom senso e nas atitudes
dos homens a quem confia o último recurso da razão e o PT e seu “exército”, por sua vez, continuam a saber que as
Forças Armadas são disciplinadas, mas não estão mortas.
Por: Gen Bda Paulo Chagas - TERNUMA e A Verdade Sufocada