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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Hélio Schwartsman: Trevas cristãs

[Um pequeno comentário sobre a matéria do título]  disponível aqui

Vamos evitar abordar o tema sobre o aspecto religioso - somos cristãos e católicos (Igreja Católica Apostólica Romana), já o ilustre articulista parece ser ateu e, nos parece, ser contra várias ações praticadas pelo catolicismo, o que deve incluir ser contra as cruzadas.

Quando percebemos no inicio do POST,  em comento,  a chamada ' 'Deus acima de todos' deveria provocar calafrios nas pessoas historicamente alfabetizadas', 

até nos animamos, visto que apesar de sermos BOLSONARISTAS,  desde sempre, não concordamos com a redação do slogan da campanha.

Observem o  bordão da campanha:

- Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

Politicamente correto, fazer referência ao brado alemão - 
"Alemanha acima de tudo" (no alemão, "Deutschland über alles") - os alemães são acusados de muitas coisas, mas, nunca o patriotismo alemão foi questionado.

O que discordamos é que como brado militar, criado isoladamente pelo grupo Centelha Nativista,  Em 1974, o general Hugo de Andrade Abreu, aliado do grupo, faz o primeiro uso do brado "Brasil acima de tudo", não cabe nenhum reparo.

Mas, no momento em que foi associado uma frase associada a Deus, formando um brado único, o colocar o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos, representa um grave erro, visto que DEUS é TUDO,  e o tudo abrange o 'todos' e o abrangido não pode ser o maior.

A associação só se justifica, respeitando a DEUS - o que inclui evangélicos e Bolsonaro se declara evangélico - com a seguinte redação:

 BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!  

Que aliás este Blog Prontidão Total utiliza desde o seu inicio.

Não pretendemos polemizar nem mudar o slogan da campanha - vitoriosa e salvadora do Brasil -, apenas entendemos assim.

Os linguistas que nos socorram.

Eventuais comentários para:  blogprontidaototal@gmail.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Os nadadores interceptados, o britânico assaltado e o francês vaiado



Três casos continuam a criar uma imagem negativa da Olimpíada que deveria ser celebração da alegria

[tudo bem! os gringos fizeram bobagem e mereciam, no mínimo, um bom susto: uns sopapos, algumas horas presos ou então serem colocados em uma viatura, levados para um passeios pelas ruas do Rio e depois liberados próximo a uma favela.
Mas, nada justifica o esforço da polícia do Rio para justificar a culpa dos gringos.

Se a Polícia Civil usasse 1% do empenho usado para descobrir que os atletas mentiam no sentido de identificar e prender assassinos de policiais com certeza muitos matadores de policiais estariam presos.

A propósito: os bandidos da favela do João, que assassinaram aquele jovem soldado da Força Nacional já foram identificados e presos?]

Nada como o esporte para incentivar o ódio entre os povos. Atenção: isso é uma ironia. Todo mundo  percebeu, mas no clima atual de espíritos olímpicos transformados em espíritos de porco, não custa esclarecer. E que clima! Do ponto de vista dos americanos, a intercepção dos nadadores Gunnar Bentze e Jack Conger, quando já estavam dentro do avião que os levaria para longe do Rio e da encrenca do assalto a ser esclarecido, lembra as cenas finais de Argo. 

É aquele filme com Ben Affleck sobre a saída clandestina dos americanos que haviam conseguido se esconder quando iranianos enfurecidos invadiram e ocuparam a embaixada dos Estados Unidos, em 1979. Aliás, é incontável a quantidade de filmes em que os mocinhos escapam num avião perseguidos pelos bandidos que invadem a pista, mal encarados, barbudos e quase que inevitavelmente do Terceiro Mundo. Daí a facilidade da identificação emocional.

Os nadadores americanos não escaparam e ainda está por ser esclarecido se são os mocinhos. Mas dificilmente seriam os bandidos, mesmo que apareçam outros desdobramentos sobre a história do assalto sofrido por eles, mais James Feigen e Ryan Lochte. Este é o mais conhecido e medalhado, daí o destaque maior ainda com que uma história dessas está sendo acompanhada. Desde que uma juíza pediu a apreensão dos passaportes dos quatro nadadores, até que o famoso esclarecimento” mostrasse se houve mesmo assalto ou foi uma falsa comunicação de crime para encobrir alguma atividade do ramo “proibidão”, desencadeou-se na imprensa americana uma espécie de “onde está Lochte”.

O tablóide Daily News deu a resposta: está de volta aos Estados Unidos, na companhia da namorada, Kayla Reid, que já posou para a Playboy. Kayla veio com ele para o Rio, mas não foi identificada em nenhum momento da festa antes do assalto que deu tanto o que falar. Aquele pessoal que vive de insinuar escapadas, várias delas depois comprovadas, levantou a hipótese, ajudado pela entrevista de Renzo Gracie a Veja.  Os pais de Lochte também acompanharam o filho na viagem. A mãe dele, Ileana, de origem cubana, foi quem divulgou pela primeira vez a história do assalto, depois desmentida, depois confirmada, depois contada pelo nadador de cabelos descoloridos numa entrevista a um canal de televisão. 


Formaram-se assim os campos em guerra. De um lado, na visão de muitos americanos, Lochte e os outros nadadores, vítimas de violência e depois de patriotadas. O jornal Los Angeles Times chegou a entrevistar um professor universitário que “estudou política latino-americana”, Lowell Gustafson. Disse ele: “Parece bastante comum que a polícia e a burocracia do Brasil contestem qualquer um que faça acusações. A ideia é dizer que essas coisas não acontecem no Brasil.” Ah, os professores universitários…

Do outro lado, está a turma dos brasileiros ofendidos pelas críticas e até pelos fatos, convencidos de que existe uma conspiração internacional para esculhambar com a Olimpíada. Como se o grande acontecimento esportivo não estivesse cercado de Brasil de todos os lados. Para não ofender sensibilidade acirradas, os responsáveis pela equipe britânica sequer identificaram o atleta que sofreu um assalto a mão armada ao voltar de uma balada no Rio, num caso parecido com o de Lochte, se é que o nadador foi mesmo roubado. Mas avisaram a todos os integrantes da equipe que “não vale o risco” sair da Vila Olímpica para cair na night. 

Quem, mesmo assim, insistir no que seria o melhor dos jogos fora das competições, a alegria e a farra da noite carioca, não deve usar roupas que os identifiquem como atletas, levar objetos de valor e nem tomar táxis. Ou seja, devem se comportar como brasileiros. Aqueles que, mesmo assim, insistirem em incursões perigosas, deve avisar a direção da equipe antes de sair. Alguma dúvida? “O Rio não oferece um ambiente seguro e o nível de criminalidade subiu nos últimos dias”, acrescenta o comunicado. “E o atleta que foi assaltado deveria cair fora logo, antes que a polícia prenda a vítima em vez de ir atrás dos suspeitos”, comentou um leitor do Daily Mail, dando o tom das reações.

Ou seja, além dos franceses, os batalhões virtuais americanos e ingleses também estão em pé de guerra. O caso de Renaud Lavillenie, o campeão de salto com vara vaiado,  continua a ser o mais comentado nos jornais europeus por envolver, de certa maneira, um choque de culturas. 

Nas primeira reações ao comportamento inadequado dos torcedores, Lavillenie reclamou do “público de m•••” e se comparou a Jesse Owens. Uma comparação errada: o campeão americano negro que venceu na Alemanha nazista foi aplaudido e não vaiado. [algumas versões relatam que Adolf Hitler, chanceler do IIIº Reich, se negou a cumprimentar Jesse Owens.
Nada disso. Ocorreu que quando Hitler começou a cumprimentar os atletas acarretou uma grande correria e confusão, já que todos procuravam se aproximar do líder. Uma imensa movimentação foi feita, em que os anfitriões cantavam o hino alemão "Deutschland, Deutschland über Alles" ("Alemanha acima de todos", em português), saudavam com um "Sieg Heil".
O Presidente do COI sugeriu que sendo Hitler convidado de honra teria que ou cumprimentar todos os atletas – aumentando ainda mais a confusão – ou não cumprimentar nenhum.
Hitler optou então por não descer mais da tribuna de Honra; quando Owens ganhou as medalhas, Hitler já tinha tomado a sua decisão. E ao contrário de ter-se mostrado indignado, abanou efusivamente para o atleta. Nas palavras do próprio Owens: "Quando eu passei, o chanceler se ergueu, e acenou com a mão para mim, eu respondi ao aceno." Lavillenie depois se desculpou. Suas lágrimas ao receber a medalha de prata deveriam comover o mais empatriotado dos corações brasileiros.

Incitar brigas xenófobas é um dos métodos clássicos dos tablóides. Se continuarem a ser alimentados com material negativo, os choques culturais vão azedar a imagem do Rio olímpico. Por enquanto, só nos resta esperar que Lochte tenha dado uma maquiada nos fatos. Uma perspectiva pouco animadora.

Fonte: Veja – Vilma Gryzinski - Mundialista