O governo
Lula passou a régua no estrago e chegou à conclusão de que o prejuízo
ficou maior em R$ 177 bilhões.
Note-se que esse rombo partiu de um
superavit de R$ 60 bilhões no exercício anterior. Que falta faz um Paulo
Guedes![déficit atualizado: R$ 237 bilhões.]
Como também
era de se prever, há déficit entre as empresas estatais.
O ano fecha
com um buraco de R$ 6 bilhões, somadas as empresas Dataprev,
Eletronuclear, Emgeprom e Correios.
As estatais, sejam federais,
estaduais ou municipais são reverenciadas e estimadas pelos esquerdistas
que mantêm, com elas, um amor eterno enquanto dura.
A relação só é
discutida quando seus fundos de pensão são investidos com o mesmo
desmazelo com que seus companheiros tocam o país.
Durante os
anteriores governos petistas, os fundos de pensão das estatais foram
usados para apoiar projetos das empresas beneficiadas por dinheiro
barato porque escaladas pelo governo para desempenhar o papel de
“campeãs nacionais”.
Nas últimas páginas do livro de narrativas para boi
dormir em que essa estória é contada, ficou o prejuízo para os
servidores que pagam a conta com aportes adicionais.
O problema
dos fundos de pensão, apesar dos seus muitos dígitos, resulta pequeno
diante do rombo maior ocorrido naquele período como consequência dos
feitos investigados no “Mensalão” e na “Lava Jato”, hoje jogada no
cadafalso do opróbrio por ter proporcionado à nação o encontro da
Esperança com a Decência.
A corrupção
motivou a Lei das Estatais (2016) e, nela, aos preceitos que visavam
impor condições positivas e negativas rigorosas aos ocupantes de cargos
de direção e de conselho dessas empresas.
As condições positivas diziam
respeito à experiência e à competência dos indicados; as condições
negativas exigiam um afastamento de 36 meses de funções
político-partidárias para quem fosse indicado a cargo de administrador
de empresa pública ou sociedade de economia mista, bem como conselhos da
administração.
O resultado
pôde ser lido em eficiência, decência e lucratividade. Acabaram os
prejuízos, os escândalos e as estatais passaram a dar lucro. Bom demais
para durar.
Quando tudo ia bem, a estação foi fechada e um viaduto
judicial desviou a esperança por cima e para um lado, enquanto a
decência cruzou por baixo, levada para outro lado. Bye bye!
O Supremo,
no próximo dia 6 retoma o julgamento da constitucionalidade das
referidas exigências derrubadas pelo ex-ministro Lewandowski em decisão
monocrática. Se valer a experiência, o viaduto continuará operando.
Imagine o que estaria sendo dito se esses fatos tivessem ocorrido entre 2019 e 2022...
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.