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sábado, 23 de setembro de 2023

Marco Temporal: Bancada ruralista quer o STF em ‘seu devido lugar’ e prepara emenda constitucional - Estadão

Frente Parlamentar da Agropecuária aposta na crise institucional para reverter a decisão do STF que invalidou a tese de marco temporal para demarcação das terras indígenas

A Bancada Ruralista decidiu abrir uma nova frente contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que invalidou o marco temporal para demarcação de terras indígenas.  
O princípio estabelecia que só áreas ocupadas até a promulgação da Constituição, em 1988, poderiam virar reservas. 
Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) articula com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a votação de uma Proposta de Emenda à Constitucional (PEC) na tentativa de resgatar a tese do marco temporal.

Integrantes da FPA, como o vice-presidente da região Nordeste, deputado José Rocha (União Brasil-BA), argumentam que a PEC é o único mecanismo capaz de frear a ingerência do Supremo sobre as prerrogativas do Congresso. “A PEC é para colocar o STF em seu devido lugar”, afirmou Rocha.

“Quando o Congresso vota uma lei determinando, regulamentando a Constituição, aí vem o STF e desfaz isso, é uma p. de uma agressão ao agro. Chego a ir mais além, é um desrespeito ao Congresso, um poder constituído”, prosseguiu o deputado.

A medida defendida pela bancada, porém, pode não surtir o efeito esperado. Mesmo com a aprovação de uma PEC, a tese ainda poderia voltar a ser questionada pelo STF.  O tribunal proibiu o uso do marco temporal para demarcação de terras e a decisão foi classificada como de “repercussão geral”, ou seja, todos os juízes do País devem seguir a determinação da Corte ao analisar casos de disputas de áreas reivindicadas por indígenas.[perguntar não ofende: mas sendo aprovada uma PEC em data posterior à decisão do STF proibindo o uso do marco temporal, vale a norma mais recente?  = no caso a  PEC.]

A bancada ruralista defendia a aprovação de um projeto de lei sobre o tema. Agora enxerga na PEC, proposta que muda a Constituição, como uma forma de mandar um recado forte ao Supremo.  
Os parlamentares ruralistas defendem abandonar o projeto de lei em tramitação no Senado que trata do marco temporal para centrar esforços na emenda à Constituição, pois, caso aprovada, terá apoio mínimo de 308 deputados e 49 senadores em votação de dois turnos. 
Além disso, seria uma demonstração de coesão do Congresso em torno do tema.

“Se nós fizermos uma emenda à Constituição, aprovada pelo Congresso Nacional, especificando claramente qual é o marca, o tempo e os critérios, a gente acaba com essa insegurança jurídica”, disse o deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO). “O direito à propriedade privada, na nossa concepção, é um direito quase que sagrada do produtor rural. Qualquer discussão jurídica que possa ferir o direito à propriedade abala o setor do agronegócio”, completou.

A PEC também é defendida como uma possibilidade de enquadrar o STF sem gerar dissensos no Congresso. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), prometeu travar todos os projetos do governo na Câmara e no Senado enquanto o marco temporal não for revisto.

A bancada ruralista é formada por 374 parlamentares, o que confere poder a Lupion para enquadrar a base governista. O deputado, contudo, precisaria convencer os líderes dos partidos a embarcar no boicote ao governo Lula. “O assunto é muito sério. Mexe com o homem do campo e o direito deles. A minha preocupação é com o rumo da nossa agricultura, que representa muito bem o País, por conta de decisões unilaterais que contradizem até mesmo as resoluções do próprio STF. Decisões que acredito completamente arbitrárias, que estão sendo um verdadeiro um retrocesso”, afirmou o deputado Luiz Nishimori (PSD-PR). “Essa decisão só visa agradar ONG internacionais e até mesmo governos outros que têm interesses”, completou

O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), avalia, por sua vez, que as ameaças não devem prosperar no Congresso. Segundo ele, “não há espaço para boicotes”. “Acredito que os parlamentares não deixarão de debater e votar projetos em benefício de todos os brasileiros por não concordarem com uma decisão judicial”, argumentou. [o que contraria o raciocínio do petista é que a quase totalidade dos projetos que estão no Congresso, originários do governo, não beneficiam os brasilieiros.]

“O Legislativo deve continuar fazendo o papel dele, com autonomia e independência. Entendo, inclusive, que a legítima manifestação do STF se dá justamente pela omissão do Legislativo. Não há espaço para boicotes, porque quem perde é a população”, completou.

Editorial - O Estado de S. Paulo  

 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O agronegócio brasileiro não para de crescer e com isso vêm desafios e inimigos - Gazeta do Povo

 
 
 
 Foto: SEAPA-MG/Divulgação

Cresci lendo a Gazeta do Povo, veículo de comunicação que vem sendo reconhecido como o grande defensor da liberdade, por posicionamentos claros e transparentes. A Gazeta ocupa hoje local de destaque na discussão dos grandes temas.

Você, leitor, pode imaginar minha alegria em ser convidado para assinar esta coluna semanalmente. Por aqui, vamos explorar as questões da agropecuária brasileira e da política nacional.  
Espero conseguir transmitir um pouco do meu ponto de vista como presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, tendo a responsabilidade de liderar o maior grupo do Congresso Nacional, pois superamos os 350 parlamentares entre deputados e senadores. 
Um grupo diverso, pluripartidário, porém coeso quando tratamos das pautas setoriais.

Sempre digo que nosso setor é envolto em uma guerra de narrativas. Somos um dos maiores players do mercado internacional com tecnologia e sustentabilidade, mas temos grandes concorrentes. Estados Unidos e União Europeia disputam conosco em diversos mercados o protagonismo da produção agrícola no mundo. Iniciativas como o green deal europeu ou medidas protecionistas impostas ao Brasil só comprovam a ideia das narrativas, ou seja, tudo é uma questão comercial.

Certa vez, estava em uma reunião com produtores americanos e foi dito, por um dos palestrantes, que o mundo precisa triplicar a produção para alimentar 8 bilhões de habitantes do planeta e o mais importante: o único local do mundo capaz de fazer isso, com tecnologia e boas práticas, é o Brasil. É simples concluir que nossos concorrentes “tremem na base” ao imaginar ainda mais crescimento e protagonismo brasileiro.

Estados Unidos e União Europeia disputam conosco em diversos mercados o protagonismo da produção agrícola no mundo

Os números da agropecuária são amplamente conhecidos, motivo de orgulho nacional, o agro é responsável por 1/3 do PIB, 25% dos empregos e mais da metade das exportações brasileiras. O IBGE divulgou o crescimento do PIB no 1º trimestre - algo em torno de 2% - e a agropecuária é responsável por quase 22% desse crescimento.

Um setor com essa magnitude, com essa importância, deve ser, no mínimo, respeitado. Fazemos tudo isso, mesmo tendo tanto - e tantos - contra nós. Quando digo que temos muitos contra nós, refiro-me à volta das invasões, às demarcações sem critérios e ao debate ambiental focado no aspecto ideológico, tudo isso apoiado por um governo que despreza nosso setor. 
Mas, isso abordarei na próxima semana. Assunto é o que não falta! Até a próxima…
 
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima
 
Pedro Lupion, Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Coluna na Gazeta do Povo - VOZES