19 de abril – Dia do Exército Brasileiro
19 de abril de 1648 - A Batalha de Guararapes - Nasce o Exercito do Brasileiro
A vitória portuguesa deveu-se não só à superioridade tática dos seus comandantes, mas também ao facto de os holandeses
terem entretanto vindo a perder pontos de apoio (fortes) na região, o que reduzia inevitavelmente a capacidade das suas tropas.
Era o dia 18 de abril de 1648. Mais de 4 mil holandeses avançam para o Sul, vindos do Recife. Na passagem, eliminam um pequeno posto inimigo na Barreta. Os poucos sobreviventes acorrem ao Arraial Novo do Bom Jesus 'Quartel-General da resistência pernambucana', onde relatam o incidente.
O comando rebelde ordena a marcha na direção do inimigo. Reunido em Ibura decide: "rumo aos Outeiros Guararapes". Sem tempo sequer para jantar, cerca de 2 mil homens preparam-se para o combate, nutridos pela certeza do improvável: bater uma força material e numericamente superior em batalha decisiva. Partem, lutam e vencem.
Prodígio de criatividade, ousadia e bravura a 1a Batalha dos Guararapes é mais do que um memorável feito militar de nossos antepassados. Neste duelo, em que o Davi caboclo abateu o Golias estrangeiro assentam-se as raízes da Nacionalidade e do Exército brasileiros, que caminham juntos há 350 anos.
O Exército Brasileiro tem suas raízes fincadas na 1ª Batalha dos Guararapes. Transcorrido em 19 de abril de 1648, nas proximidades do Recife, esse episódio resultou na vitória do "Exército Patriota"
integrado por combatentes das três raças formadoras da nacionalidade
brasileira sobre as tropas de ocupação do invasor holandês que, há 18
anos, dominava boa parte da Região Nordeste. Em Guararapes, disse o
eminente historiador Gilberto Freire, "escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil verdadeiramente mestiço, na raça e na cultura". Segundo
o Gen Flamarion Barreto em conferência proferida durante a Semana da
Pátria de 1966, "O Brasileiro nasceu nos Guararapes".
Consoante essa realidade, O Dia do Exército Brasileiro foi fixado em 19 de abril, consagrando definitivamente a Instituição como herdeira e depositária do legado da Força vitoriosa em Guararapes.
Na oportunidade em que comemoramos os 350 anos desse triunfo, cumpre enaltecer a conduta exemplar dos principais comandantes do "Exército Patriota".
Pelo desassombro na luta contra um inimigo mais numeroso e melhor
equipado, pela firme liderança que arrastou os comandados à vitória e,
finalmente, pelo sentimento de amor ao torrão natal, merecem aqueles
valorosos chefes militares ser apontados como paradigma para todas as
gerações que vêm constituindo a Força Terrestre Brasileira.
Mestre-de-Campo General FRANCISCO BARRETO DE MENEZES
- Nasceu em 1616, no Peru, à época da união das coroas ibéricas, pois
era filho do Comandante português da Praça do Callao. Valoroso militar,
foi escolhido para comandar as tropas luso-brasileiras na Insurreição
Pernambucana. Chegou ao Brasil em 1647, foi aprisionado, mais logrou
evadir-se. "Mestre- de - Campo-General", comandou o "Exército
Libertador ou Patriota",, de 25.000 homens, integrado por quatro
terços, comandados por Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Henrique
Dias e Felipe Camarão, vencendo os invasores nas memoráveis Batalhas
dos Guararapes, em 1648 e 1649, pelo que recebeu o título de
"Restaurador de Pernambuco". Aquele Patriarca foi Governador de
Pernambuco e posteriormente, Governador Geral do Brasil, falecendo, em
1668, em Portugal.
Mestre-de-Campo JOÃO FERNANDES VIEIRA (Comandante de Terço)
- Nasceu em 1613, em Funchal, Ilha da Madeira, chegando ao Brasil aos
11 anos de idade, tornado-se um rico senhor de engenho em Pernambuco.
Liderou a rebelião contra os holandeses, sendo o primeiro signatário do
pacto selado pelos patriotas, em 1645, no qual aparece o vocábulo
"pátria", pela primeira vez usado em terras brasileiras. Fernandes
Vieira comandou o mais forte e adestrado terço do "Exército Patriota"
nas duas Batalhas dos Guararapes, sendo aclamado "Chefe Supremo da
Revolução" e "Governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de
Pernambuco". Após a guerra, foi nomeado Governador da Paraíba e, mais
tarde, Capitão-General de Angola. Faleceu no Recife em 1681.
Mestre-de-Campo ANDRÉ VIDAL DE NEGREIROS (Comandante de Terço) -
Nasceu em 1620, na Vila da Paraíba, PB, tendo participado de todas as
fases da Insurreição Pernambucana, quando mobilizou tropas e meios nos
sertões nordestinos, sendo considerado um dos melhores soldados de seu
tempo. Tomou parte, com grande bravura, em quase todos os combates
contra os holandeses, notabilizando-se no comando de um dos Terços do
"Exército Patriota", nas duas batalhas dos Guararapes, em 1648 e 1649.
Vidal de Negreiros foi encarregado de levar ao rei D.Jõao IV, a notícia
da expulsão dos batavos, ocasião em que foi condecorado. Ainda foi
Governador-Geral do Maranhão e do Grão-Pará e, posteriormente, de
Pernambuco e de Angola. Faleceu em 1660, em Goiana-PE.
Mestre-de-Campo HENRIQUE DIAS (Comandante de Terço)
- Nasceu em princípios do século XVII, em Pernambuco, filho de
escravos. Grande patriota, apresentou-se voluntário para lutar contra
os holandeses, tendo recrutado para a rebelião, um grande efetivo de
negros oriundos dos engenhos tomados pelos invasores. Participou de
inúmeros combates, com inexcedível bravura, tendo decidido a vitória em
Porto Calvo, quando teve a mão esquerda estraçalhada por um tiro de
arcabuz: mas ele não abandonou o combate. Nas duas Batalhas dos
Guararapes, em 1648 e 1649, foi o comandante de um dos Terços do
"Exército Patriota", composto pelos de sua raça, razão por que recebeu o
título de "Governador dos crioulos, pretos e mulatos do Brasil".
Faleceu no Recife em 1662.
Mestre-de-Campo ANTÔNIO FELIPE CAMARÃO (Comandante de Terço)
- Nasceu, o índio Poti, em 1580, em Igapó-RN, batizado com o nome de
Antônio, o qual acresceu o de Felipe, em homenagem ao rei de Espanha e
"Camarão", tradução do vocábulo "Poti". Deslocou uma tribo de potiguares
para Recife, participando de inúmeros combates contra os holandeses.
Aquela tribo constituiu um dos Terços do "Exército Patriota" nas
Batalhas dos Guararapes: na primeira, sob o comando de Felipe Camarão
e, na segunda, ao comando do seu sobrinho, Diogo Camarão, pois ele
falecera em agosto de 1648, por ferimentos recebidos em Guararapes, em
19 de abril de 1648. Comendador da Ordem de Cristo, também ganhou a
mercê de "Dom" e o título de "Governador de todos os índios do Brasil".
Pelo
menos 500 holandeses morrem na refrega, pelo que a batalha foi
determinante para o espirito dos portugueses e foi determinante para o
futuro da presença holandesa no Brasil. Embora ainda tentassem no ano
seguinte uma expedição semelhante, ela também não teve sucesso, tendo
resultado numa derrota ainda mais esmagadora, que acabaria por selar o
fim do periodo holandês no nordeste brasileiro