O último domingo, 12/04 não empolgou. Longe disso. Em termos numéricos menos da metade das pessoas que foram para a rua em 15/03
voltaram em 12/04. E todos nós nos perguntamos: qual a razão? Com
certeza não é porque os indicadores do Brasil tenham melhorado. Ou a corrupção
tenha diminuído. Ou os políticos tenham dado mostra de terem um pouco mais de
respeito pelos brasileiros. Ou Dias Toffoli tenha resolvido se dar por suspeito
no julgamento do “Petrolão”. A última
pesquisa feita pelo Datafolha, que entrevistou milhares de pessoas em 10 e
11/04 confirma isso: os brasileiros estão tão insatisfeitos quanto em 15/03. E
continuam sem ver a famosa luz no fim do túnel...
Se as melhoras não vieram, então por que 12/04 não repetiu a dose? Ou, reformulando a questão: por que não foram para a rua as esperadas cinco milhões de pessoas, como os mais otimistas previam? O motivo é simples: o brasileiro não está acostumado a lutar pelos seus direitos. O brasileiro típico é avesso à discussão política. Aliás, famoso bordão vaticina: não se discute religião, política ou futebol. Muitos achavam que bastava ir para as ruas em 15/03 e já no dia seguinte o Brasil teria mudado. E para melhor. Ledo engano. Mudanças não acontecem da noite para o dia.
Os organizadores das manifestações argumentam que apesar do menor número de pessoas nas ruas, houve uma maior adesão de cidades pelo Brasil. E que uma coisa compensa a outra. Permito-me, com todo respeito pelas opiniões divergentes, discordar. Movimentos de massa devem ser realizados pelas massas. E quanto mais gente melhor. Se no dia 12/04 tivessem ido dez milhões de pessoas para as ruas, já na segunda feira políticos inquietos nas suas cadeiras estariam dando explicações e buscando alternativas para acalmar as multidões. Ou mesmo preparando o impeachment de Dilma Rousseff.
Como já se previra que 12/04 não
repetiria 15/03, a Presidente Dilma sequer se deu ao trabalho de acompanhar
pessoalmente com seu staff de ministros as manifestações. Aliás, alguém sabe onde ela estava no domingo? Brasil, Panamá ou a
caminho entre os dois países? Verdade seja dita, se em 15/03 o povo na rua incomodou a alta cúpula do Planalto,
dessa vez foi mais ou menos como soltar alguns rojões em festa de São João:
você sabe que aconteceu, mas ninguém dá a menor importância.
A pergunta que não quer calar nesse momento é exatamente essa: e agora? O que acontecerá? Salvo se houver um fato novo e espetacular, a tendência do movimento popular nas ruas do Brasil é ir paulatinamente se esvaziando. Infelizmente, os escândalos de corrupção estão aí todos os dias. Cada um pior que o outro. E o brasileiro parece que vai “levando” sem realmente se importar... A questão da implantação dos ideais do Foro de São Paulo no Brasil também não parece incomodar o brasileiro. Estimo que menos de 1% da população brasileira saiba sequer da existência do Foro de São Paulo e das suas implicações. Comunismo? Que bobagem, isso nunca existiu, dirá a maioria dos jovens brasileiros que foi doutrinada em escolas e faculdades por anos.
Devemos então continuar nos importando? Uma pergunta que martelou a minha cabeça desde as manifestações de domingo resume bem esse dilema: devemos salvar o Brasil dos brasileiros? Essa não é uma pergunta que terá uma resposta simples. Porém, afirmarei aqui com toda a convicção: sim! Devemos! E explicarei o motivo. Os brasileiros não sabem exatamente o que está acontecendo com seu país. E não sabem porque à cúpula governamental não importa que os brasileiros conheçam a sua história.
Reformulo: Dilma, Lula, e a alta direção do Partido
dos Trabalhadores contam com isso. Quantas vezes já citei esse fato?
Incontáveis! Vários amigos ou leitores
(civis ou militares) que mantém contato comigo por variados meios, e
pessoas cultas, de todas as classes sociais, de todos os níveis de
escolaridade, revelam imensa surpresa pelos fatos históricos que eu narro em
meus artigos. Muitos afirmaram desconhecer o que era o Grupo
G-11 de Leonel Brizola. Ou que José Genoíno
tinha sido guerrilheiro. Ou a ocorrência do atentado
do Aeroporto dos Guararapes. Isso só para citar três pequenos
exemplos...
Por isso, quando o brasileiro, com a sua inércia dá a entender que não se importa, ele o está fazendo sem levar em consideração todos os elementos para formar convicção. Desconhece a própria história. E desconhece, porque todos nós, e aí eu mesmo faço a minha ‘mea culpa’, fomos omissos. Nos calamos quando deveríamos ter gritado. Nos omitimos quando deveríamos ter divulgado a verdade. E com nosso silêncio permitimos que a mentira fosse disseminada. E essa mentira hoje predomina em corações e mentes do povo brasileiro, especialmente em significativa parcela da nossa juventude.
Existe aqui uma questão fundamental que deve ser levada em consideração por todos nós, patriotas. Nós temos, e especialmente, nossas lideranças têm algo que eles, que hoje ocupam transitoriamente os corredores do poder não possuem: PATRIMÔNIO MORAL! Escrevi em caixa alta, quase gritando essas duas palavras propositadamente.
Nossas
lideranças patrióticas (e o inteligente
amigo leitor sabe exatamente a quem me refiro) têm PATRIMÔNIO MORAL. Quando se manifestam ou quando agem colocam sempre o BRASIL e o povo brasileiro em
primeiro lugar. Não tergiversam com o patriotismo. Isso não tem preço. Se
um dia ocuparam o Palácio do Planalto foi a pedido de significativa parcela da
população, para salvar o Brasil do iminente risco de se tornar um satélite da
União Soviética. E deixaram o Planalto justamente atendendo ao pedido dos
brasileiros. Infelizmente, no vácuo, abriu-se espaço para aqueles que hoje usam
e abusam da posição que ocupam para o seu próprio e pessoal projeto de poder.
Repetindo então, para que dúvidas não possam restar: temos a obrigação moral de continuar realizando o nosso trabalho! Divulgar as verdades. Denunciar as mentiras. De todas as formas e todos os meios que estiverem ao nosso alcance. Não podemos deixar diminuir nosso ímpeto. Devemos continuar requerendo a punição para todos aqueles que lesam e espoliam a nossa Pátria. A vitória final pertence aos Bravos. E para alcançar a vitória precisamos repensar estratégias, adaptarmo-nos ao meio, buscar alternativas.
Essa é a nossa sagrada obrigação com a Nação
Brasileira. Não somos Patriotas de ocasião. Não somos Patriotas
porque é fácil, é cômodo, é bonito ou dá ibope. Longe disso: somos Patriotas porque amamos o
Brasil. Somos Patriotas porque acreditamos na justeza de nossos ideais e
conhecemos perfeitamente quais são os riscos que a nação brasileira é hoje
submetida.
Somos Patriotas porque nosso coração é verde e
amarelo e quando ouvimos o Hino Nacional, ainda que na reserva, ficamos
em posição de sentido e sentimos um arrepio percorrer o nosso corpo. Somos Patriotas porque não nos esquecemos
do juramento que um dia fizemos, e com ele nos comprometemos por toda uma
vida. Somos Patriotas porque estamos
dispostos a defender o Brasil, de todos os seus
inimigos, internos ou externos, ainda que com o sacrifício da nossa
própria vida. Mas é sempre bom lembrar
as palavras do General Álvaro Pinheiro, a quem peço licença para citar: “morrer pela Pátria
é coisa de amador”.
Encerro essas linhas com um pensamento de Sun Tzu, que acredito bem apropriado para a ocasião: a vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço!
A vitória pertence aos Bravos!
Por: Robson Merola de Campos - Advogado
Publicado
originalmente no TERNUMA
– Terrorismo Nunca Mais