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quarta-feira, 18 de março de 2020

Governo estuda como criar uma rede de proteção aos informais - Míriam Leitão

Não haverá mudança no teto de gastos para socorrer a economia. Isso não é necessário, por ora, me disse um integrante da equipe econômica. O déficit vai aumentar, pelo menos em R$ 60 bilhões. Esse é o número com o qual o governo trabalha, mas ele pode crescer. O decreto de calamidade vai aumentar os gastos com saúde e em socorro à economia. Uma vertente será para socorrer o pobre que está fora do cadastro do Bolsa Família. 
Um exemplo: o vendedor ambulante que ia para o Centro do Rio e agora não pode mais. Ele está fora do programa, gerava a sua própria renda, e agora a sua renda vai sumir. O que vai acontecer com ele? 
A diarista, também? O governo ainda não sabe, mas estuda como fazer uma rede de proteção aos informais.

Há empresas que vão ter um colapso na sua receita. A começar pelo setor aéreo, que já tem um pacote quase pronto. Há muita demanda por aumento de gastos públicos, e o governo tenta separar o que é o problema da crise de agora, e o que já era problema anterior. É preciso proteger a vida humana, mas também a economia. O governo terá que ter recursos para as duas coisas.

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga me disse na segunda-feira que era hora de acionar os mecanismos que já estão nas leis, como o A Lei de Responsabilidade Fiscal e o Teto de Gastos, porque todas elas têm recomendações para o que fazer em momentos de calamidade. Então é isso que o governo está fazendo agora. Até os economistas preocupados com as contas públicas sabem que esse é um momento diferente, por conta do coronavírus.

O governo quer ter bom diálogo com o Congresso para conseguir avançar com esses projetos em tempos de emergência. A área técnica quer construir pontes, embora o presidente Jair Bolsonaro a todo momento agrave a crise política. [Não é possível se aceitar que o Congresso para complicar o êxito do governo Bolsonaro, prejudique milhões de brasileiros, rejeitando ou retardando a aprovação da legislação necessária para transformar a ameaça de um CAOS CAÓTICO em um CAOS temporário - não foi o presidente Bolsonaro quem criou o coronavírus.]


Míriam Leitão, jornalista - O Globo