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terça-feira, 4 de julho de 2023

Pastor que sugeriu morte de gays abre nova guerra entre direita e esquerda

Flávio Dino, Gleisi Hoffmann e Fabiano Contarato pedem punição de André Valadão por fala em culto; 

Flávio Bolsonaro e Feliciano veem perseguição religiosa

A polêmica – para dizer o mínimo – fala do pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, durante um culto em Orlando (EUA), na qual sugere a morte de pessoas LGBT+, detonou uma nova guerra entre direita e esquerda na política brasileira. [Opinião de um leigo  no juridiquês, e católico
- o fato ocorreu na Flórida, EUA, e certamente pelas leis locais não é crime; ao que sabemos quando é solicitada àquele país a extradição de um brasileiro ela só é concedida pelos norte-americanos se o fato pelo qual o brasileiro foi condenado,  seja considerado, pelas leis de lá, crime. Caso contrário sem extradição. Por analogia, não tem sentido o Brasil condenar alguém por ter praticado,  em solo estrangeiro, um ato que pelas leis locais NÃO É CRIME; e, 
- salvo engano nosso, no Brasil, quando certos comentários são  proferidos no interior de uma igreja durante cerimônia religiosa não constituem crime.]

Durante a pregação religiosa no domingo, 2, Valadão falou sobre “recomeçar do zero” a sociedade em relação às pessoas LGBT+. “Aí Deus fala ‘se eu pudesse, matava tudo e começava tudo de novo, mas já prometi para mim mesmo que não posso, então agora está com vocês'”, declarou o pastor na cerimônia transmitida pelas redes sociais.

Vários parlamentares de esquerda foram à tribuna do Congresso e ao Ministério Público Federal denunciar o líder religioso. “Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência”, diz o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, que é gay. Na representação que fez ao MPF, ele pede a prisão de Valadão. “Pastor bolsonarista Andre Valadão tem que ser punido por incitar o ódio e ataques contra a comunidade LGBTQIA+. Não dá pra normalizar esse absurdo. Mentiu sobre Lula fechar igrejas nas eleições e continua praticando crimes. Não pode usar o nome de Deus para pregar a violência”, postou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT [agora uma a toa, ops... atéia, quer dar palpites em assuntos de religião? Finge esquecer que o comunismo é  intimamente ligado ao demônio.].

“O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas.  Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. ‘Amar ao próximo como a si mesmo’, disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso”, anunciou o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Outros parlamentares, como a deputada Erika Hilton, primeira mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados, também foram ao MPF denunciar o pastor.

Defesa
Do outro lado do espectro ideológico veio a defesa de Valadão. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse nesta terça-feira, 4, que o que está acontecendo é perseguição religiosa. 
 “Aos que estavam duvidando… a perseguição chegou dentro das igrejas, é o início do fim do resto que ainda tínhamos de liberdade religiosa”, disse, ecoando uma pregação que a direita fazia na campanha contra Lula.

O pastor e deputado Marco Feliciano (PL-SP) foi à tribuna da Câmara para dizer que Valadão é “um homem íntegro, um homem de família”, que “tem sido atacado covardemente pela extrema imprensa, que insiste em distorcer as falas, separam palavras” para “destruir a imagem e a reputação das pessoas”.

Criticou deputados de esquerda que atacaram Valadão, inclusive o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), a quem chamou de “canalha”. Tentou, ainda, mostrar que Valadão citava um trecho bíblico relativo ao dilúvio e atacour qualquer outro tipo de união que não seja entre homem e mulher. “Não tem como as pessoas transigirem nesses assuntos”. E mandou um aviso a quem quer enquadrar Valadão. “Não se pode meter em assuntos de igreja”, disse.

Na segunda-feira, André Valadão, que está em Orlando, na Flórida, gravou um vídeo reagindo à polêmica e também disse ter sido mal interpretado. “Nunca será sobre matar pessoas, Deus nos livre deste terrível pecado”, declarou o pastor em vídeo publicado nas redes sociais, em que também se diz vítima de censura e “constrangimento”.

Blog Maquiavel - Revista VEJA