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sábado, 16 de maio de 2020

À espera do lockdown - IstoÉ

Com o isolamento social rígido e outras medidas eficientes contra o coronavírus, países conseguiram conter a pandemia. Sem implementar corretamente nenhum método, o Brasil está longe de obter o mesmo êxito

O número de casos confirmados de pessoas que contraíram o novo coronavírus no mundo só cresce: até a quinta-feira 14, já eram mais de 4,3 milhões de infectados e 298 mil mortos. A realidade mostra que, no momento, a única forma eficaz de parar a pandemia é combater as suas vias de transmissão, uma vez que ainda não existe vacina capaz de imunizar a população e nem tratamento comprovadamente eficaz contra a doença. Os países que estão tendo sucesso no controle de infectados mostram, porém, que restringir rigidamente a circulação de pessoas é importante. Mas é preciso aliá-la a outras medidas.

[o que facilita a vida do coronavírus no Brasil é a ausência de uma política unificada, centralizada, com várias frentes e um só objetivo:
VENCER O VÍRUS.
O que no Brasil se tornou impossível.

O presidente da República foi logo impedido, proibido de interferir nos estados - o STF decidiu que os estados e governadores tem autonomia para atuarem em seus entes federativos.
As portas foram fechadas para o governo federal - impedindo a implantação de suas ideias, certas ou erradas.  

Os governadores e prefeitos optaram pelo isolamento social, só que erraram na implantação, ou no momento de sair e,infelizmente, a busca do desejado 'achatamento da curva' se transformou na busca tardia pela imunidade de rebanho - em vez de um achatamento,  estão conseguindo um platô.
A falta de um comando central, torna possível que um município decrete isolamento e o seu vizinho libere tudo.]

Taiwan e Coreia da Sul são exemplos disso. Mesmo próximos à China, que foi epicentro do vírus, esses dois países estão conseguindo vencê-lo, principalmente por causa da eficiência governamental. Acometidos em 2003 e 2004 pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e em 2015 pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), eles criaram órgãos específicos para conter pandemias. Na Coreia se chamam Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC) e têm a autoridade para cobrar ações rápidas. Com apoio da polícia, por exemplo, foi possível rastrear o trânsito das pessoas, e, junto ao Ministério da Segurança de Alimentos e Medicamentos, aprovar com celeridade a fabricação de testes por empresas privadas. 

Dessa forma, a população da Coreia foi testada gratuitamente e em massa, o que permitiu colocar os infectados, mesmo assintomáticos, em isolamento. Contribuiu para o freio da doença o uso de um aplicativo que consegue rastrear as pessoas infectadas ou que tiveram contato com elas e mantê-las em uma área restrita. A estratégia de Taiwan foi parecida e criou o Comando Central Epidêmico (CECC), um órgão com poderes governamentais para controlar o transporte público, eventos, a abertura de escolas e até fabricação de máscaras faciais. Aliado a isso, foram colocadas multas pesadas para cidadãos que descumprissem as regras de quarentena.

Outro país exemplar é a Nova Zelândia, liderada pela primeira-ministra Jacinda Arndern. [liderança única e com poderes para decretar qualquer medida, incluindo lockdown, já no Brasil até para sair de um meio isolamento o assunto vai para a Justiça e um tempo precioso se perde.
Não pode ser olvidado que no Brasil são 27 autoridades decidindo e a decisão de cada uma precisa ser validada por dezenas de prefeitos, que podem fazer em seus municípios o que entenderem mais conveniente. ] Entre seus principais acertos, está a decretação imediata de lockdown, antes mesmo da primeira morte por Covid-19. Mais uma vez, no entanto, apenas a quarentena não foi suficiente para conter a pandemia. A medida foi aliada ao forte pronunciamento da primeira-ministra, ao fechamento de fronteiras e à ampla testagem da população. [no Brasil, eventual fechamento de  fronteiras seria contestado pelo Supremo e as fronteiras seriam abertas - ao Poder Executivo não foi permitido, sequer, mandar para casa venezuelanos que se tornaram persona non grata ao Brasil. Um ministro do Supremo revogou o envio compulsório dos indesejáveis.] No final de abril, com o número de casos já controlado, os ambientes de trabalho continuavam com a aplicação de medidas importantes, como controle de temperatura em canteiros de obra. A partir do sábado 9, já em um nível de isolamento mais brando, o governo não relaxou: funcionários continuam indo às ruas para esterilizar áreas públicas.

[O governador do DF, foi praticamente o pioneiro no isolamento social, só que se perdeu não aumentando o número de leitos - nenhum dos prometidos hospitais de campanha entrou em operação - pelo menos até o presente momento.
Graças a DEUS o crescimento do número de infectados não se tornou exponencial e o índice de letalidade é o mais baixo do país.
Só que o governador está sentindo os efeitos negativos da economia paralisada, quer sair do processo de isolamento e não sabe como e a questão foi judicializada.
Em São Paulo e Rio o desastre é, infelizmente, público e notório. A mais recente tentativa de sair do isolamento sem explodir a saúde, o rodízio de veículos, só está sendo exitoso em tirar pessoas dos carros e amontoar no transporte coletivo.] 
Portugal também é uma inspiração ao planeta e conseguiu dominar o novo coronavírus enquanto que, em seus vizinhos europeus, os índices explodiam. Os primeiros casos foram identificados em 2 de março e, apenas 11 dias depois, o primeiro-ministro António Costa decretou estado de emergência. É interessante que ali o controle da doença foi possível apenas com recomendações e sem medidas drásticas de isolamento, como multas e fiscalizações policiais. Estudos apontam que a medida mais eficiente para frear o contágio e manter os níveis nos mais baixos da Europa foi identificar rapidamente o primeiro caso de transmissão local. Dessa forma, foi possível colocar os pacientes para tratamento e isolamento em casa enquanto os graves iam para os hospitais. Outro fator que pesou a favor do país foi o esquecimento das diferenças políticas entre o presidente, Marcelo Rebelo de Sousa (Partido Social-Democrata, PSD), e o primeiro-ministro, António Costa.

(.....)

A Alemanha também é um caso de sucesso principalmente porque decretou medidas rígidas de confinamento assim que os casos aumentaram no país: fechou instituições e proibiu reuniões públicas com mais de duas pessoas. Consciente, a população seguiu as recomendações de evitar fazer deslocamentos desnecessários, principalmente devido à firmeza da articulação da líder, a primeira-ministra Angela Merkel. Ela foi à TV orientar a população e trabalhou conjuntamente com os estados.

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA