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domingo, 28 de fevereiro de 2016

João Santana: o fim do feitiço



A prisão do marqueteiro João Santana conduz a Lava Jato ao Planalto, Brasília ao terror – e os investigadores ao esquema internacional da Odebrecht 

Sobranceiro, ele fez sete presidentes. Bruxo, começou logo pelo que parecia impossível: reeleger, em 2006, um Lula que sobrevivera por pouco ao mensalão. Parecia feitiçaria, e o feitiço ganhou o mundo. Não exatamente o mundo. De acordo com a nova linha de investigação da Lava Jato, ganhou os países onde a Odebrecht tinha interesses econômicos e Lula influência política. À eleição do petista, seguiram-se os presidentes amigos do lulismo e da empreiteira. Maurício Funes em El Salvador. Danilo Medina na República Dominicana. José Eduardo dos Santos em Angola. Chávez e Maduro na Venezuela. 

Enquanto fazia presidentes aqui e ali, cá e acolá, nas Américas e na África, o bruxo aperfeiçoou seu domínio das artes ocultas do marketing político e – abracadabra elegeu uma desconhecida para o Palácio do Planalto. E, assim, o marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff chegaram ao topo. E lá se mantiveram mesmo depois das eleições de 2014, sobranceiros. Ela, presidindo. Ele, aconselhando.

A prisão do bruxo na segunda-feira da semana passada, acusado de receber dinheiro do petrolão em contas secretas, desfez abruptamente o feitiço do poder.  
Esvaiu-se a última esperança no PT de que a força incontrolável da Lava Jato não adentraria o Palácio do Planalto. O bruxo está enrascado. Com ele, Dilma e Lula. Acima deles, a Odebrecht, cujo chefe, Marcelo Odebrecht, que faz companhia a João Santana na carceragem de Curitiba, comandava, segundo os investigadores, um esquema internacional de pagamento de propinas. 


É nesse grupo que a Lava Jato avança agora. Avança em meio aos destroços políticos das prisões, rumo às provas de que o marqueteiro, a empreiteira e o ex-presidente agiam juntos, aqui e lá fora. Segundo a suspeita do Ministério Público, a Odebrecht bancava o marqueteiro que elegia os presidentes amigos. A força-tarefa investigará também as gestões do ex-presidente Lula junto a esses mesmos presidentes amigos, que liberaram à Odebrecht dinheiro de contratos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Vai investigar também as conexões entre todos esses fatos.

A feitiçaria era perfeita como o melhor marketing político: funcionava sem ninguém perceber. Não mais. Abracadabra.

Abertura da reportagem especial sobre João Santana em ÉPOCA desta semana

http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/02/joao-santana-o-fim-do-feitico.html 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Moro prorroga prisão temporária do publicitário João Santana, de sua mulher Mônica e de Maria Lúcia secretária da Odebrecht,



Para a polícia, explicações apresentadas pelo marqueteiro são insuficientes
O juiz Sérgio Moro decretou prorrogação da prisão temporária, por mais cinco dias, do publicitário João Santana, de sua mulher Mônica Moura e de Maria Lúcia Tavares, secretária do Grupo Odebrecht. Segundo o juiz, novos documentos apreendidos pela Polícia Federal indicam que a Odebrecht teria feito pagamentos periódicos ao publicitário referentes, inclusive, a campanhas eleitorais brasileiras. 

No despacho, ele ressalta a apreensão da planilha que mostra pagamentos "vultosos em reais" para o casal entre outubro e novembro de 2014, durante a campanha de reeleição da presidente Dilma Roussef, no total de R$ 4 milhões, e lembra que constam referências de que os pagamentos seriam pertinentes a uma "negociação" que alcança R$ 24,2 milhões. 

 "O fato é que os elementos probatórios anteriores e os ora revelados no exame sumário das provas apreendidas, indicam que o relacionamento de João Santana e com Mônica Moura com a Odebrecht é muito maior que o admitido e que eles teriam recebido quantias bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas até a conta Shellbill", diz o juiz.

Moro afirma que há "certos problemas no álibi" apresentado pelo casal e "inconsistências com a prova documental colhida". Segundo o juiz, a Odebrecht usou as mesmas contas empregadas para pagar propina aos agentes da Petrobrás para remunerar João Santana e Mônica Moura. Além disso, há valores depositados por Zwi Skornicki, uma fonte de recursos "por si só, perturbadora", uma vez que ele é intermediador de propina da Petrobras "Nem João Santana ou Mônica Moura explicaram, ademais, porque a Odebrecht teria efetuado pagamentos de campanhas eleitorais na Venezuela e, principalmente, qual a relação de Zwi Skornicki com a campanha eleitoral na Angola", diz o juiz.

Moro afirma que embora o casal afirme que não tinha contato próximo com a Odebrecht, foi identificado um bilhete dirigido por Monica Moura a Maria Lucia, funcionária da Odebrecht. Mônica havia dito que seu contato na Odebrecht havia sido apenas Fernando Migliaccio, que gerenciava as contas no exterior, e que foi feito a pedido de alguém da campanha da Venezuela.

O juiz ressalta que a planilha "Posição Programa Especial Italiano", apreendida com Fernando Migliaccio, que foi executivo da Odebrecht até 2015, lista pagamento de R$ 18 milhões referentes a "evento 2008 (eleições municipais) via Feira". Para a polícia, o valor indica pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro referentes às eleições municipais no Brasil em 2008. Em depoimento, João Santana confirmou ter atuado nas eleições municipais para candidatos do PT, como Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann, e que prestou consultoria para as eleições municipais em Campinas.

Moro lembra que também há na planilha apontamento de R$ 5,3 milhões no "evento El Salvador via Feira" no mesmo ano. Santana, no depoimento, disse que em 2009 atuou na campanha presidencial de Maurício Funes (El Salvador).  Santana e sua mulher negaram que "Feira" pudesse ser uma referência a eles. Moro cita o depoimento de Mônica, que afirma ser de Feira de Santana, na Bahia, não seu marido. "A afirmação é interessante, pois, na busca e apreensão, foram apreendidos novos documentos que reforçam a afirmação da autoridade policial de que, nas planilhas das operações financeiras secretas da Odebrecht, "Feira" consistiria em referência a João Santana e a Mônica Moura, mas especificamente a esta" - ou seja, "Feira" seria uma referência à mulher do publicitário. Na agenda da secretária da Odebrecht, o nome de Mônica Moura aparece ao lado da palavra "Feira".

Moro afirmou que, enquanto os advogados do publicitário afirmam que o único crime seria o de evasão fraudulenta de divisas, ele "não reputa tão insignificante assim este delito". Para o juiz, o casal pode ter outras contas não declaradas no exterior. E ressalta: Mais relevante, há indícios, como já apontados, de que os investigados podem estar incursos em práticas delituosas bem mais graves, como lavagem de dinheiro e corrupção. Não vislumbro ainda como banalizar a prática de fraudes, com utilização de recursos escusos ou pelo menos não-contabilizados, em campanhas eleitorais, quer no Brasil ou no exterior, considerando a consequente afetação da integridade do processo político democrático. Nada há, portanto, de banal nessas condutas"

O juiz afirmou que serão novamente colhidos depoimentos de Santana,  Mônica e Maria Lúcia para que voltem a explicar sobre os novos documentos apreendidos e que o casal poderá apresentar a documentação completa da conta Shellbill.  Na mesma decisão, Moro determinou que Benedicto Barbosa da Silva Júnior, presidente da Construtora Norberto Odebrecht, e Vinicius Veiga Borin, que teria movimentado contas no exterior, sejam colocados em liberdade. Os dois cumprirão medidas cautelares, como proibição de mudar de endereço, comparecer a todos os atos convocados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e entreguem seus passaportes. 

 Fonte: O Globo