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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O que sei (ou acho que sei) sobre o caso FHC-Míriam Dutra



De 1995 para cá, qualquer jornalista ligado à cobertura de fatos políticos nacionais ouviu mil histórias sobre o suposto filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com a jornalista Míriam Dutra.  Eu ouvi e continuo ouvindo até hoje. Então por que desde lá poucas coisas foram publicadas a respeito?

Primeiro porque Míriam sempre negou que o filho fosse de Fernando Henrique. Foi ela que segredou a um jornalista que o filho era de um biólogo - e a VEJA publicou. Segundo porque Fernando Henrique sempre negou que fosse o pai. A um jornalista da VEJA que lhe perguntou se era o pai, ele certa vez  respondeu sorrindo:Não, deve ser o Serra”.
Em abril de 2000, a revista Caros Amigos publicou extensa reportagem sob o título “Por que a Imprensa esconde o filho de oito anos de FHC com a repórter da Globo?”.  

Onze anos depois, dois exames de DNA comprovaram que o filho não era dele, embora FHC, por excesso de vaidade, acreditasse que era. Tanto que o reconheceu em cartório. A imprensa poderia ter publicado, sim, que os dois namoraram durante seis anos. Mas a imprensa brasileira sempre evitou falar da vida privada de homens públicos.  O Jornal do Brasil, em 1989, descobriu que Lula tinha uma filha de um relacionamento passado com uma enfermeira. Lula confirmou a notícia. A mãe da menina também. Então o jornal publicou. 

Como jornais e revistas publicariam que Orestes Quércia tivera um filho fora do casamento. E Fernando Collor também. Quércia e Collor confirmaram previamente a informação.
Lula foi um namorador emérito. Nem por isso a imprensa correu atrás dos seus casos. E nunca contou, por exemplo, por que ele fora tão mal no segundo debate presidencial com Collor em 1989.  Foi mal porque estava cansado. Foi mal porque sua família recebera naquele dia telefonemas anônimos com ameaças contra ele.  E foi mal porque temeu que Collor tivesse cópia da nota fiscal de um equipamento de som 3 em 1 que ele dera de presente a uma amiga de Brasília.

Collor não tinha a nota. Mas sabia da existência de fotografias de Lula com a amiga, na companhia de Bernardo Cabral e de uma jornalista. Os dois casais eram amigos fraternos. Costumavam se reunir. Cabral virou ministro da Justiça de Collor. Foi demitido quando Collor descobriu que, embora casado, ele namorava Zélia Cardoso, sua ministra da Fazenda.
Por que a imprensa tratou do romance de Cabral com Zélia? Porque eles compareceram a uma festa em Brasília e dançaram agarradinhos o bolero “Besame Mucho”. Anos mais tarde, Zélia, já fora do governo, ditou suas memórias do romance com Cabral para publicação em livro. Cabral reconciliou-se com a mulher, com quem vive bem até hoje.

Nunca foi segredo em Brasília que o senador Renan Calheiros namorava a jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha dele.  A imprensa só publicou algo a respeito porque Mônica revelou que a pensão devida por Renan à ela era paga por um lobista de empreiteira.  Uma questão pessoal ganhou o status de escândalo político. Mônica posou nua para a Playboy.

Por não se imiscuir na vida privada dos poderosos, a imprensa francesa calou-se sobre uma filha de François Miterrand durante os 14 anos em que ele presidiu a França. A norte-americana sempre escancarou a vida privada dos políticos por entender que o distinto público tem direito de conhecer melhor seus representantes. Eu também penso assim.

De volta ao caso de FHC com Míriam Dutra: ao contrário do que se publica, ela não foi morar em Portugal porque a TV Globo transferiu-a para o exterior com o propósito de poupar FHC de constrangimentos políticos e pessoais. Na época, dona Ruth, mulher dele, já sabia do namoro e do suposto filho. Foi Míriam que, um dia, entrou na sala do então Diretor-Geral da Globo em Brasília e pediu para ir trabalhar em Londres. Ela já era mãe. 

Queria viver uma nova experiência profissional, segundo disse.  “Você sabe falar inglês?”, perguntou o diretor. “Não, mas em seis meses eu aprendo”, ela respondeu O diretor comentou: “Não aprende. Você teria de chegar lá falando inglês muito bem. Você não quer ir para Portugal?” Míriam aceitou na hora.

Portugal como destino de Míriam surgiu porque o diretor voltara da inauguração em Lisboa da primeira estação de televisão portuguesa de carácter privado, a Sociedade Independente de Comunicação (SIC).  A Globo é sócia da SIC. Na época, sairia barato alocar na SIC um correspondente da Globo, que só contava com os escritórios em Londres e Nova Iorque.
Assim, Míriam foi parar em Lisboa. Não foi exilada, como sugere que foi. Escolheu se exilar. Ela diz que pensou em voltar ao Brasil, mas que Antonio Carlos Magalhães e seu filho Luiz Eduardo a aconselharam a ficar por lá. Os dois estão mortos, não podem confirmar nem negar. De todo modo, ela não voltou porque não quis.

Míriam reclama, hoje, de pouco ter trabalhado quando de Lisboa foi para Londres e, de lá, para Barcelona. Ora, então por que não voltou? Ou por que continuou recebendo salário da Globo sem pegar no pesado?  Brasileiros que conviveram com ela em Barcelona contam que Míriam frequentava restaurantes caros da cidade e vivia com certo luxo. Quando a encontrei uma vez por lá, não achei que vivesse com luxo. Com conforto, sim.

Além do salário da Globo, Míriam recebia uma mesada em dólar paga por FHC, e dinheiro que sua irmã, Margrit Dutra Schmidt, e o marido, o jornalista Fernando Lemos, lhe enviavam regularmente. Margrit, ontem, estava de férias na República Dominicana. Ela é funcionária do Senado lotada no gabinete do senador José Serra. Lemos morreu.

Enquanto foi cunhado de Míriam, ele pediu dinheiro a empresas e políticos, alegando que a ajuda era necessária para que Míriam pudesse se manter no exterior. Funcionou como uma espécie de empresário dela. Mais de uma vez, em telefonemas para amigos de Brasília, Míriam queixou-se da irmã e do cunhado. Acusou-os de reter parte do dinheiro que arrecadavam e que deveria ser dela.

Míriam refere-se a Lemos como lobista, embora tenha assinado contrato com uma empresa dele para receber salário sem dar em troca um só dia de trabalho, como ela mesma reconhece. Se quiser, Míriam ainda fará novas revelações sobre seu namoro com FHC, que ontem conversou por telefone com Tomás, filho dela, a quem presenteou há alguns anos com um apartamento em Barcelona.

Quanto a FHC, ele  deve melhores explicações sobre como remetia dinheiro para Míriam. Ele diz que o dinheiro era seu, que estava depositado em bancos daqui, dos Estados Unidos e da Espanha, e que o transferia para Míriam mediante ordens bancárias. Tudo, segundo ele, legalmente.  Míriam oferece outra versão. Diz que ele lhe repassava a mesada de 3 mil dólares mensais mediante um contrato dela fictício com a empresa Brasif S.A.
FHC admitiu, ontem, a existência do contrato feito “há mais de 13 anos”. Mas prefere esperar que a empresa se pronuncie primeiro a respeito. Ela deverá fazê-lo nas próximas horas.

Fonte: Ricardo Noblat – Blog do Noblat



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Miriam Cordeiro, a que Lula queria transformar em assassina - Miriam Dutra, a desmentida por exames de DNA

27 anos depois da “Miriam de Lula”, vem a público a “Miriam de FHC”. E justo quando Lula precisa de socorro

Não quero ser e não vou ser irresponsável — já há irresponsabilidade de sobra nessa história —, mas não dá para ignorar que Miriam Dutra rompe o silêncio no momento em que Lula, a figura icônica do PT, agoniza em praça pública. 

O roteiro é óbvio demais, e a rede petralha está assanhada o bastante para que se descarte que há alguma mão balançando esse berço

“Pra que tanta Miriam, meu Deus?”, pergunta o meu coração, desde já pedindo escusas às Mirians que são minhas amigas, e eu as tenho: profissionais competentes, mulheres que trabalham, que se respeitam e respeitam seus respectivos amigos e familiares. Mas é claro que não dá para ignorar as coincidências que, ao se estenderem até ao nome de duas mulheres, só ressaltam os aspectos farsescos da narrativa.

Vinte e sete anos depois de aMiriam de Lula”, a Cordeiro, ter ido ao horário eleitoral de Collor para denunciar a suposta desídia do então presidenciável petista com uma filha, que, acusou ela, o pai queria que fosse abortada, eis que vem a público a “Miriam de FHC”, a Dutra. E, curiosamente, usa arma idêntica, indo um pouco além.

Também FHC a teria pressionado a abortar um filho, que, mais tarde, após a morte de Ruth Cardoso, o já ex-presidente assumiu legalmente, embora dois exames de DNA tenham demonstrado posteriormente, para surpresa de muita gente e certamente sua, que não era ele o pai. Em entrevista à Folha, Miriam Dutra diz que fez outros abortos. Vai ver as pílulas anticoncepcionais perdem efeito no cerrado.

Miriam Cordeiro, a de Lula, ficou evidenciado à época, recebeu dinheiro da campanha de Collor para fazer aquela “denúncia”. E Miriam Dutra? Não sei. Ela diz que fala só por amor à verdade verdades um tanto estranhas. 

A mulher reclama da vida, de FHC, da Globo, e intuí que pode não ter a melhor relação com Tomás, o filho. Já chego lá.

Não quero ser e não vou ser irresponsável — já há irresponsabilidade de sobra nessa história —, mas não dá para ignorar que Miriam Dutra rompe o silêncio no momento em que Lula, a figura icônica do PT, agoniza em praça pública. O roteiro é óbvio demais, e a rede petralha está assanhada o bastante para que se descarte que há alguma mão balançando esse berço.

Miriam Dutra já havia concedido uma entrevista a Fernanda Sampaio, da revista “Brazil com Z”. Está aqui. O título promete: “Miriam Dutra conta a sua verdade depois de 30 anos”. Leia você mesmo. Não há nada lá além de um ressentimento ou outro. No máximo, ela põe em dúvida o resultado de exames de DNA que demonstraram que Tomás, o filho que FHC assumiu como seu, filho seu não era. E mais não há.

Nas entrevistas concedidas a  Natuza Nery e a Monica Bergamo, da Folha, no entanto, as coisas mudam de figura e se adensam.

Miriam Diz que FHC lhe mandava dinheiro por intermédio de uma empresa. Ele admite a primeira parte de fato, enviou recursos à mãe de um filho que julgava ser seu —, mas nega a segunda. Ela também tenta emprestar certo aspecto criminoso ao fato de o ex-presidente ter contas no exterior o que ele admite, já que crime não é. Estão devidamente declaradas, ele garante.

Dois momentos da fala de Miriam Dutra chamam atenção. Afirma a Natuza: “Claro que ele [FHC] tem contas. Como ele deu, em 2015, um apartamento de € 200 mil para o filho que ele agora diz que não é dele? Ele deu um apartamento para o Tomás.”

Sim, as contas existem. Sim, ele admite a compra do apartamento e tem recursos para isso.

Mas pergunto: que mãe, dadas as circunstâncias nada corriqueiras vividas por Tomás, emprestaria um tom de denúncia a um apartamento que o filho ganhou daquele que, a despeito dos exames de DNA, atua como seu pai?

Até onde se sabe, Tomás e FHC mantêm uma relação de proximidade. Com a mãe, no entanto, parece não ser bem assim. Indagada se alguém está por trás de sua decisão de falar, ela responde: “Ninguém. Eu vivo absolutamente sozinha na Espanha, nunca vivi tão sozinha como agora. Vivo com um cachorrinho chamado Xico, com X, não tenho vida social, não tenho nada, até pela minha fibromialgia e pela polipose adenomatosa. Eu não estou falando isso para tirar proveito de absolutamente nada. Estou lavando a minha alma. É muito difícil você ser xingada por milhões de pessoas e não vou deixar isso acontecer mais. Não podia entrar na Justiça contra porque eu trabalhava na TV Globo.”

Há aí aquele conhecido vitimismo passivo-agressivo de quem se coloca na condição de agravado para poder atirar sem culpa. Digam-me: onde estavam os milhões de pessoas que xingavam Miriam Dutra? Ainda que pudesse ser doloroso pra ela, ninguém mais se lembrava de sua existência.

Mirians ontem e hoje Obviamente me opus à baixaria protagonizada por Miriam Cordeiro, a de Lula. Até porque o petista havia registrado como sua a filha que tivera com ela, Luriam, e lhe dava o devido amparo. O que a levou para a ribalta foi a luta política rasteira, foi o oportunismo.

E é evidente que não dá para condescender com a Miriam Dutra, a de FHC. Especialmente porque o ex-presidente assumiu o filho e manteve intocada a relação com o rapaz, ainda que exames de DNA tenham demonstrado que não era seu filho.

A compra do apartamento de € 200 mil, ao qual a própria mãe do rapaz tenta emprestar ares de escândalo, dado o contexto, é prova de caráter, não o contrário. A menos que a origem do dinheiro seja ilegal. Não consta que seja.  Mesmo a pensão que Miriam diz ter recebido por intermédio de uma empresa teria saído de um depósito de US$ 100 mil que FHC teria feito, segundo ela própria, com recursos próprios, para que se fetivassem os pagamentos.

Concluo Desde a entrevista concedida por ela à tal revista “Brazil com Z”, a rede petralha está assanhadíssima. Agora, então, é uma festa. É como se Lula, o herói incapaz de explicar a sua relação com um sítio e com um apartamento, já estivesse redimido.

A partir de agora, a imprensa, a oposição e os críticos do petismo não poderiam cobrar mais nada do Demiurgo porque, afinal, “FHC fez antes”… Mas fez antes o quê?

Há algum suspeita de ilegalidade na maçaroca de ressentimentos de Miriam Dutra, que configuraria um crime ainda passível de investigação? Se houver, que se investigue. Não consta. Mas que não se use a Miriam da hora para decretar que, afinal, neste Brasil, todos são criminosos e ninguém pode cobrar nada de ninguém.
Não é verdade! Não somos todos iguais, não!
Nós não somos bandidos.

Fonte: Reinaldo Azevedo - Blog Veja ON Line