Completa-se a demolição da Unasul; nasce Prosul
O governo equatoriano acaba de anunciar que vai retirar a estátua de
Néstor Kirchner, presidente argentino entre 2003 e 2007, da frente do
prédio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Aliás, Lenín Moreno, o presidente do Equador, também anunciou que o país
vai se retirar do conglomerado. Aliás, Moreno também vai retomar para o
Equador o prédio da Unasul, que seu antecessor, Rafael Correa, cedeu ao
grupo então composto pelos 12 países sul-americanos.
[a destruição da Unasul = Ursal, criação do maldito Foro de S. Paulo - outro lixo que deve ir para o esgoto, praticamente, não é nem um acontecimento.
A Unasul = Ursal = tudo a mesma m ... - pretendiam substituir a extinta URSS = União Soviética - que não foi recriada formalmente, mas, a Rússia, sob Vladimir Putin, age como legítima e única substituta e de forma mais flexível.
Para felicidade da América Latina, a esquerda está praticamente extinta nas Américas - o que resta tem a oferecer apenas miséria = vide Cuba, Venezuela e outros - e perdendo espaço em todo mundo.
A Prosul é uma organização que nasce mais para simbolizar o fim das excrescências expelidas pelo Foro de S. Paulo, do que por ser necessária.
A América do Sul e todo o continente americano tem um único destino: a DIREITA.]
Não é, pois, figura de linguagem dizer que não sobrou pedra sobre pedra
da esquerda sul-americana hegemônica na primeira década do século. A Unasul, como se sabe, foi uma invenção de Hugo Chávez, inventor também
do “socialismo do século 21” e do “bolivarianismo". Não por acaso, suas
três invenções estão reduzidas a cacos.
O sinal político dos países que constituíram a Unasul em 2018 mudou da
esquerda para a direita, desde então. Mudou tanto que, na sexta-feira
(22), haverá uma reunião no Chile em que o anfitrião, Sebastián Piñera, o
colombiano Iván Duque e o brasileiro Jair Bolsonaro lançarão uma nova
organização, chamada Prosul. Era mais prático, acho eu, aproveitar as instalações atuais e os poucos
funcionários remanescentes, trocar a placa de Unasul por Prosul, avisar
que o estabelecimento está sob nova gerência e novo sinal ideológico e
tocar a vida.
A demolição da Unasul, da qual seis países já haviam se afastado antes
do anúncio do Equador, se torna mais significativa exatamente por essas
iniciativas equatorianas. Nos outros países bolivarianos ou solidários
com o socialismo do século 21, eleições derrubaram seus presidentes,
mas, no Equador, não. Lenín Moreno foi vice de Rafael Correa e eleito
com base no apoio deste.
Rompeu com ele e, no caso Unasul, sua avaliação vale como epitáfio: “A
Unasul se transformou em uma plataforma política que destruiu o sonho de
integração que nos venderam”. Prosul tende a também se transformar em plataforma política, com sinal
trocado, o que não leva necessariamente a reconstruir o sonho de
integração, que a América do Sul acalenta faz anos e nunca realiza. Temo que valha para Prosul a avaliação sobre integração que Bruno
Binetti, pesquisador do Interamerican Dialogue, fez para a revista
Americas Quarterly:
“Muitas iniciativas para promover a integração regional entre países
latino-americanos e sul-americanos não foram bem sucedidas por um
punhado de razões: falta de liderança por parte dos grandes países da
região, a recusa dos governos de ceder soberania para entidades
internacionais, diferença políticas entre os países-membros e falta de
complementaridade econômica". Binetti acha que tais condições continuam presentes no enterro da Unasul
e nascimento do Prosul. Logo, “Prosul tende a se tornar outra casca
vazia no museu de instituições regionais fracassadas da América Latina".
Clóvis Rossi - Folha de S. Paulo