Existem no Brasil inúmeras organizações não governamentais dedicadas à
benigna e prestativa missão de zelar por direitos humanos.
Muitas
recebem recursos públicos para esse fim; outras são organismos
internacionais que estendem suas mãos cuidadoras a toda humanidade.
Umas são precisas e preciosas no desempenho de suas funções [duas ou três, se muito, em cada milhar; as demais, defendem os interesses dos bolsos dos seus donos.]; outras fazem distinção entre seres humanos companheiros e seres humanos adversários. [sem exceções - caso haja alguma que não esteja a serviço de quem pague mais, pouco provável, talvez seja uma em mil; a prevalência entre as desonestas, as vendidas, está entre as do meio ambiente - sem excluir algumas que dizem defender os direitos humanos.] Parecem ser deste último tipo as que operam em nosso país. Digo isso quando observo o já longo silêncio com que acolhem certos acontecimentos nacionais.
Toda uma
gama de atropelos à dignidade da pessoa humana tem sido praticada à luz
do dia e da noite.
Censura, restrições de direitos, dificuldades à
prestação de serviços por advogados de defesa, arresto de bens e
bloqueio de contas bancárias, proibição do exercício de trabalho
remunerado nas plataformas das redes sociais (equivalente à supressão da
subsistência) e invasão de privacidade têm sido notória e largamente
aplicados no Brasil em condições incomuns e em misteriosos inquéritos. A
estes agravos se somam os conhecidos excessos ocorridos nas prisões dos
dias 8 e 9 de janeiro.
Pode-se
encontrar explicações e justificativas para muita coisa, mas não há como
entender cem por cento de omissão ou silêncio de quem se proclama
protetor de direitos humanos! A exclamação mais irrefutável destes já
longos tempos de repressão tem sido esta: “Ah, se fosse com alguém da
esquerda tudo seria diferente!”.
E quase não passa dia sem que tal frase
possa ser muito adequadamente aplicada a acontecimentos, notícias ou
interpretações da realidade.
Visitei os sites de algumas dessas ONGs. Além do silêncio sobre temas do momento, poucas não têm matérias contra o governo anterior. Mas não é, exatamente essa, a principal ocupação, também, do governo atual? Pois é.
Conservadores & Liberais - Percival Puggina