Desde o primeiro momento, sabia-se que por trás do movimento dos caminhoneiros havia um locaute
Demorou
uma semana, mas saiu a primeira prisão. A Polícia Federal trancou Vinicius
Pellenz, da empresa Irapuru, de Caxias do Sul (RS). Ele é acusado de intimidar
motoristas de outras empresas: “Ô nego, para teu caminhão. (...) Não leva
milho, não faz nada para a Agrosul”. Desde o
primeiro momento, sabia-se que por trás do movimento dos caminhoneiros havia um
locaute de empresas transportadoras. O que não se sabia era que havia mais que
isso. Havia intimidações, como a de Pellenz, agromilícias, golpistas e jagunços
infiltrados nas obstruções de rodovias. Em apenas 12 horas, o aplicativo “SOS
Caminhoneiros”, do governo federal, recebeu dois mil pedidos de ajuda de
motoristas. A PF abriu 54 investigações.
O
pitoresco empresário Emílio Dalçoquio Neto, de Itajaí (SC), subiu num carro de
som e pediu que se incendiassem os caminhões de sua transportadora que
tentassem trafegar. Como a transportadora é dele, vá lá. Como a Dalçoquio já
teve as finanças incendiadas e entrou em recuperação judicial, entende-se. A
Federação das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo divulgou no seu site
um vídeo mostrando a progressão do colapso que ocorreria se “os caminhões
sumissem por cinco dias”. Acertou, mas poderá explicar a essência da profecia. O general
Sérgio Etchegoyen disse, com toda razão, que “quem apoiava a greve e apoiava as
soluções teria a sua cota de responsabilidade com participação no financiamento
disso”. Noves fora que quem não apoiava a greve terá que financiar a solução, o
chefe do Gabinete de Segurança Institucional tem um problema sobre a mesa:
cobrar nos tribunais a cota de responsabilidade de quem fez locaute e formou
piquetes de jagunços.
Golpe na
pauta
A
ministra Cármen Lúcia pautou para votação no Supremo a ação do petista Jacques
Wagner que indaga se o Congresso pode instituir um regime parlamentarista por
meio de uma emenda constitucional.
É muito
difícil que o STF compre essa girafa. O parlamentarismo já foi rejeitado pelo
povo brasileiro em dois plebiscitos, mas a turma que tenta virar o jogo no
replay
não se
cansa. Em 1961, o parlamentarismo mutilou os poderes presidenciais de João
Goulart. Agora querem mutilar o direito de todos os eleitores. [considerando que os ministros do STF interpretam até o que não existe na Constituição (há vários exemplos, mas o adiante citado foi um dos primeiros casos de agressão pelo STF ao texto constitucional: a CF estabelece no parágrafo 3º uma única forma de família " união
estável entre o homem e a mulher" e os supremos ministros liberaram o famigerado casamento gay) tudo é possível.
Mas, sem a menor dúvida, a separação dos poderes - Cláusula pétrea , art.60, $ 4º - estará sendo emendada, o que a Carta Magna proíbe.
Mas, se os 'supremos ministros' decidirem pela validade da emenda, aproveitem e liberem também a extinção do artigo 5º da CF - o famigerado artigo dos direitos SEM deveres, apesar da maior parte dos direitos ali acolhidos são verdadeiros absurdos.]
Numa
analogia maluca, dia desses poderão tentar revogar a Lei Áurea. Afinal, foi uma
simples lei, sem qualquer amparo plebiscitário.
(..)
Fachin
sindical
O ministro
Edson Fachin atribuiu-se poderes imperiais. O Congresso votou o fim do imposto
que obriga os trabalhadores a entregar um dia de trabalho aos sindicatos e, de
sua mesa no “Pretório Excelso”, ele diz que a decisão de acabar com o tributo
“pode ser desestabilizadora de todo o regime sindical”.
O que o
Congresso decidiu foi o fim de uma cobrança compulsória. Quem se considerar bem
servido pelo seu sindicato decidirá pagar, como paga por tudo que interessa. O “regime
sindical” que o fim do imposto desestabiliza é o das roubalheiras e da
pelegagem. Fachin sabe bem disso porque é o relator do processo que inclui
figuras investigadas pela “Operação Registro Espúrio”. Nela, a Polícia Federal
cumpriu 23 mandados de prisão e 64 de busca a apreensão de uma quadrilha que
vendia registros de sindicatos. Num caso, cobravam R$ 4 milhões por um
registro.
Se a propina valia isso, a boca era boa.
Vale
lembrar que nas tetas do imposto sindical não estão apenas guildas de
trabalhadores, mas também as de cidadãos que se dizem representantes de
empresários.
Alemanha
5x0
Diante da
ruína e com Pedro Parente pedindo o chapéu, Pindorama está como a Seleção
Brasileira em 2014, quando foi para o vestiário depois do primeiro tempo contra
a Alemanha, com um placar de 5x0. [pedindo permissão para atualizar: havendo confronto entre Brasil e Alemanha, na Copa 2018, o timinho de Tite será derrotado por oito a zero.]
Tratava-se
de voltar ao gramado e torcer para que os 45 minutos adicionais acabassem logo
com o pesadelo.
Agora,
trata-se de aguentar quatro meses, até a eleição de 7 de outubro.
Matéria completa em Elio Gaspari - O Globo