A
canalha é igual em toda parte. Então vamos ver. Alberto Nisman,
promotor que investigava a ação do governo de Cristina Kirchner para
encobrir as pegadas do Irã num atentado terrorista contra uma entidade
judaica — 85 mortos —, aparece morto em seu apartamento um dia antes de
apresentar ao Congresso as provas que dizia ter. O governo logo se
apressou em cravar que fora suicídio, antes mesmo de qualquer perícia. A
penca de evidências de que foi assassinado aumenta a cada dia. No
Brasil, a canalha faria o quê?
Ora, o que
está fazendo na Argentina: acusando a existência de uma conspiração
contra… Cristina Kirchner! Já vimos esse procedimento por aqui muitas
vezes, não? Logo depois do mensalão, cavalgaduras intelectuais e morais
como Marilena Chaui lançaram a teoria do “golpe da mídia, da direita e
da oposição” contra o PT. Vale dizer: o comando do partido é flagrado em
atos explícitos de corrupção, mas a culpa deve ser atribuída a seus
adversários. Tentou-se fazer o mesmo com o petrolão: tudo não passaria
de uma grande armação dos que quereriam privatizar a Petrobras.
Uma nota
do Partido Justicialista acusa o suposto monopólio da mídia (sempre
ela!), juízes e promotores de tentar organizar um golpe contra…
Cristina! Haveria um movimento para desestabilizá-la e para enlameá-la.
Entenderam? Aquele que havia se constituído no maior risco à reputação
da mandatária leva um tiro na cabeça, mas ela é que passa a ser a
vítima. Assim como, no Brasil, o PT se declarou vítima — com Lula à
frente da gritaria — do imbróglio do mensalão. Não faz tempo, em recente
encontro com dirigentes petistas, o Babalorixá de Banânia recomendou
que a companheirada andasse de cabeça erguida. Também o petrolão seria
uma construção artificial de adversários.
Na
Argentina, quem comanda a “reação” é o movimento La Cámpora, uma facção
do Partido Justicialista comandado por pistoleiros, a começar do filho
da presidente, Máximo Kirchner. O La Cámpora reúne a escória do
governismo. É uma espécie de milícia, fartamente financiada com dinheiro
oficial, para patrulhar a imprensa, atacar com baixarias inomináveis os
adversários do governo, acusar conspirações etc. A pauta número um dos
vagabundos é controlar a imprensa. Isso lhes soa familiar? O La Cámpora é
a versão argentina dos petralhas.
O texto
bucéfalo que ataca os adversários de Cristina e defende a presidente
teve a delicadeza de lamentar a morte de Nisman só no 10º parágrafo.
Essa banda — ou bando — do Partido Justicialista é a expressão argentina
de um tipo de patifaria e de delinquência políticas que se espalha
América Latina afora: junta em doses iguais banditismo político,
populismo safado e esquerdismo ignorante.