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quarta-feira, 8 de abril de 2020

Pela economia, é melhor parar - Míriam Leitão

O Globo

Ele elaborou os dados com base nos cenários da McKinsey e Oxford Economic Analysis para este ano. O que vai acontecer segundo essas grandes consultorias é a economia ter um baque forte no primeiro semestre. O que elas dizem é que se houver um isolamento total - das atividades não essenciais, evidentemente - o custo econômico será menor.A China terá uma queda de 3,3% no primeiro semestre, mas termina o ano com um ligeiro negativo de 0,4%. Os Estados Unidos caem 8% no primeiro semestre, mas a retomada do segundo semestre permitirá reduzir essa recessão para 2,4%. A zona do euro sofre mais. Deve cair 9,5% no primeiro semestre e depois reduzir essa queda para 4,4% diz o economista.

Só que, segundo ele, depende de como as autoridades desses países enfrentarão o desafio da pandemia em si. O que ele acha que dá certo é parar agora ao máximo para reduzir o contágio e assim diminuir o risco e a dimensão de uma segunda onda do vírus: – É preciso o lockdown total por um tempo determinado enquanto se criam mecanismos seguros para o retorno. Isso evitará ou mitigará a ressurgência. Para se ter uma ideia, se errarmos agora e o vírus voltar com força a recessão na China será de 2,7%, a mesma coisa nos Estados Unidos. A zona do euro pode encolher 9,7%, e o mundo, ao todo, 4,7%.

Então para evitar um desastre maior da economia é preciso exatamente parar a economia agora: – Essa é a maior pandemia do século. A última que houve foi a gripe espanhola que teve um enorme impacto, com 24 a 50 milhões de mortos, 25% dessas mortes na Índia. Aquele era um vírus que atingia principalmente a população em idade de trabalhar. O novo coronavírus é muito contagioso. É por isso que é preciso o lockdown. Se a parada for bem-sucedida a possibilidade de ressurgência é menor, e a economia se recupera mais rápido.

Ele diz que é preciso pensar em duas coisas enquanto há o isolamento social dos que puderem parar. A garantia do apoio econômico aos trabalhadores que ficaram sem renda, para sustentar o isolamento, e a estratégia para a volta segura ao trabalho. Médici contou que em Nova York o governador permitiu a continuidade dos trabalhos de construção de casas populares. Mas os trabalhadores não se sentiam seguros. Eles usavam máscaras, luvas, toda a roupa de segurança, mas a dúvida é se no banheiro ou refeitório poderiam se contaminar. As empresas então contrataram mais funcionários para o serviço de higienização e as obras puderam continuar.
Vamos ter que entender o comportamento do vírus e ao mesmo tempo saber que tipo de proteção será possível para o negócio continuar. E os negócios com mais riscos, pelo nível de contato entre as pessoas, não poderão ser feitos. O lockdown é necessário mas é preciso pensar as saídas. Neste momento, o lockdown é fundamental pelo nível de ignorância que nós temos sobre a doença. Mas as informações vão avançar rapidamente. Há empresas pensando em medicamentos biológicos e vacina – diz.

Ele diz que dois países o preocupam particularmente. A Índia, pelo número grande de pessoas em cada casa, e o Brasil, pelos sinais contraditórios dados pelo próprio governo, sobre como isso será enfrentado. Ele tira o chapéu para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mas lamenta o clima belicoso criado pelo presidente. A vantagem do Brasil é ter o SUS, e ele recomenda aumento forte dos gastos no sistema. Desde 2006, a OMS determinou que os países se preparassem para emergências sanitárias. E foram criados vários indicadores de avaliação.
– O Brasil é o melhor da América Latina. Está melhor que o Chile, por exemplo. Mas nenhum país do mundo está 100% preparado. O que estamos vendo na prática é que a maioria dos países não tem capacidade de resposta – diz André Médici.  A travessia é perigosa, as escolhas, complexas. E o presidente cada dia inventa uma briga. Ontem resolveu distorcer o sentido das palavras do diretor-geral da OMS.

Míriam Leitão, jornalista - Com Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo