Em quatro textos, todos escritos no dia 13 de fevereiro, cantei a bola do que está em curso. Minha bola de cristal se chama ciência política; meu dom divinatório, estudo. Fui xingado, espezinhado, malhado, grampeado... E a sanha me custou dois empregos. Mas venci!
Sim, eis um post gigantesco. A escrita
“cocô de cabrito” (em bolinhas) ou de pato (em jatinhos) não me
interessa — estilo inaugurado nas redes por Paulo Henrique Amorim.
Escrevo textos para pessoas alfabetizadas, que leem. Vou ter de puxar pela memória. A minha e a de vocês.
Sei bem o que passei a partir do dia 13
de fevereiro, quando acusei a direita xucra de estar fazendo o jogo do
PT e das esquerdas. Fui demonizado, xingado, ofendido. Vagabundos e
vagabundas, disfarçados e disfarçadas de jornalistas, apontavam o dedo:
“Ele não gosta da Lava-Jato! Ele fala mal de Sérgio Moro! Ele é contra a
prisão de bandidos”. Não! O que eu fazia, desde meados do ano passado,
era apontar o esforço de Rodrigo Janot, procurador-geral da República,
para promover uma espécie de absolvição histórica do PT, o que, diga-se,
está em curso. Sentenciei, então, numa coluna da Folha de 17 de fevereiro: “Se todos são mesmo iguais, então Lula é melhor.”
A audiência do programa de rádio que eu
fazia então, “Os Pingos nos Is”, na Jovem Pan, só crescia. Os “Pingos”
não existem mais. Saiu do ar quando era o programa mais ouvido do país.
Melhor a morte do que a decadência. Agora, faço “O É da Coisa”, na
BandNews FM, entre 18h e 19h, para todo o país, e até as 19h20 para São
Paulo. Tenho a impressão de que já lidera no horário, vamos ver. As
visitas a meu blog, que estava hospedado, então, na VEJA, se mantinham
altíssimas. Hoje, ele está, como veem, na página da RedeTV!/UOL. E quase
todos os leitores já sabem disso.
Ah, mas as redes sociais… O bueiro do
capeta resolveu, com seus larápios e seus robôs, me transformar num saco
de pancadas. Era o mais odiado pelas esquerdas, desde sempre, e me
transformei no alvo preferencial da direita “lava-jateira”, que não
percebia o golpe de Rodrigo Janot. Aquilo que, para mim, podia ser quase
tocado de tão presente e evidente era tido como miragem. Longe de
perceberem o jogo perigoso de Janot, alguns grupos decidiram marchar em
favor da operação, acusando uma conspiração que nunca existiu.
Passei a enfrentar patrulha no meu
trabalho, do tipo “barra-pesada” mesmo! Como eu ousava ser crítico da
Lava-Jato? Estaria eu empenhado em defender os tucanos? Como me atrevia a
criticar decisões de Sérgio Moro? “Olhe, eu fui a uma festa, e falaram
mal de você!” Pois é. A minha crítica estava certa. A festa é que era
ruim.
E, como sabem, a perseguição partiu
também de Brasília. Em meio a mais de duas mil gravações, pinçaram um
grampo de uma conversa minha com Andrea Neves. Papo de jornalista com
fonte, como ficou evidente. Mas a divulgação criminosa me custou dois
pedidos de demissão. Não, não fiquei na rua da amargura porque haviam me
sobrado dois empregos: a coluna na Folha e o comentário diário no
RedeTV! News. Com efeito, em 50 minutos, lá me foram duas ocupações: uma
de 12 anos, e outra de três anos e meio. Uma hora depois, eu já estava,
de novo, digamos, quadruplamente empregado. E ainda recebi outras
ofertas muito generosas, pelas quais sou imensamente grato.
Tenho muito apreço pelos posts que
inauguraram o meu confronto com a direita xucra lava-jateira, que hoje,
como se sabe, tem um herói: Joesley Batista! Rodrigo Janot, este patriota sem igual,
jogou lama da reputação de praticamente todas as lideranças políticas
para fazer de Joesley Batista o nosso herói sem nenhum caráter.
Aos posts! Pena eu não ter usado meus
dons premonitórios para ganhar na mega-sena, né? Mas me ocorre agora
que, para ganhar, e é preciso jogar, rsss.