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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

PM diz que manifestação em Brasília é regular e não há líderes

Segundo o comandante da Política Militar, são atos de iniciativa popular, e não há irregularidade alguma 

Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, informou que a manifestação em Brasília, próxima ao Setor Militar Urbano (SMU), não é irregular. A informação foi publicada pelo portal UOL, que cita trechos do ofício.

Protesto em Brasília em 15 de novembro | Foto: Reprodução/Twitter

Protesto em Brasília em 15 de novembro | Foto: Reprodução/Twitter

Pelo contrário, segundo Vieira, os manifestantes têm autorização do Comando Militar do Planalto e do governo do Distrito Federal para que veículos e pessoas transitem e permaneçam no local, que é de responsabilidade do Exército Brasileiro. Os manifestantes podem ocupar áreas pré-determinadas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), de acordo com a resposta do oficial.

Segundo o ofício, citado por UOL, o coronel disse que “desde a chegada de tais veículo ao SMU, não foram identificadas, nem por parte do Exército Brasileiro, nem por parte da PMDF, quaisquer irregularidades ou condutas ilícitas praticadas por seus proprietários”.

O militar também informa, no documento, que o movimento, iniciado em 1º de novembro, não tem uma liderança organizada, o que conclui “por não haver entidades estruturadas nas mobilização dos atos”. O coronel diz ainda que qualquer pessoa pode fazer uso da palavra no carro de som. “Em razão disso, os eventos estão sendo classificados como ATOS DE INICIATIVA POPULAR-AIP OU SOCIEDADE CIVIL ORGANIZA-SCO”, escreveu, segundo o portal.

Na semana passada, Moraes determinou que as polícias do Distrito Federal atuassem para desobstruir vias ocupadas em Brasília.

Desde o resultado do segundo turno das eleições, realizado em 30 de outubro, manifestantes têm feito protestos em todo o país contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Num primeiro momento, fecharam rodovias; agora, se concentram na frente dos quartéis do Exército de várias cidades brasileiras.

Redação - Revista Oeste


terça-feira, 21 de abril de 2020

Chance zero? - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Além de recados, cúpula militar tem de manifestar claramente repúdio a golpes e AI-5

[o repúdio ao AI-5, que jamais será reeditado - pelo menos na íntegra - é justificado.
Afinal, a versão do AI-5 apresentada pelo ministro Gama e Silva e promulgada foi a mais branda das duas que ele levou e assim deixou uma série de pontas.
Se a situação exigir a edição de um novo Ato Institucional talvez seja conveniente que seja promulgada a versão mais dura, com as adaptações devidas.]
Enquanto Jair Bolsonaro fazia discurso inflamado em manifestação não só contra o Supremo e o Congresso, mas a favor de um golpe militar e a volta do famigerado AI-5, um de seus filhos divulgava o vídeo de uma fila de sujeitos praticando tiro, alguns metidos em camisetas pretas com o rosto do presidente e todos gritando: Bolsonaro!  No mesmo domingo, o presidente e seus três filhos mais velhos, um senador, um deputado federal e um vereador licenciado, postavam a foto do café da manhã familiar com uma curiosidade: o quadro na parede não era de uma natureza morta ou da tradicional Santa Ceia, tão comuns nos lares brasileiros, mas de uma metralhadora AK-47, deveras inspiradora.

No dia seguinte, circulava um vídeo em que várias dezenas de soldados corriam num calçadão da zona sul do Rio e no fim se aglomeravam, ainda na praia, à luz do dia, gritando “Bolsonaro” e “mito”. Fariam isso sem orientação de superiores? Esses superiores pediram autorização ao Comando Militar do Leste? O comandante consultou o Comando do Exército em Brasília? Afinal, pode?  O que mais impressionou civis e até militares, porém, foi o local onde Bolsonaro discursou para militantes pró-golpe e AI-5: o Setor Militar Urbano, com o Quartel-General do Exército ao fundo. Um oficial pergunta: e se os políticos decidirem fazer protesto ali? Eu acrescento: e se a CUT e o MST também?

Aboletado na carroceria de uma caminhonete, vestido e agindo como vereador em campanha para a prefeitura de Cabrobó e liderando um ato ostensivamente antidemocrático, Jair Bolsonaro esquecia-se de que, além de presidente da República, eleito por 57 milhões de brasileiros, ele é também comandante em chefe das Forças Armadas - ambas as funções exigem decoro e compostura.  O episódio - que estressou o domingo e que o ministro do STF Luís Roberto Barroso chamou de “assustador” - deixou uma dúvida perturbadora: os comandos militares compactuam com pedidos de golpe e AI-5? Acham normal o uso do SMU e do QG - ou seja, da imagem das FFAA - para atos golpistas? Na primeira reação, generais do governo demonstraram “desconforto”, depois falaram em “saia-justa” e no fim do dia passaram a admitir “irritação”, enquanto discutiam como “reduzir danos”.

E os danos são muitos. As Forças Armadas, instituições de Estado, não de governo, durante décadas mantiveram-se profissionais e imunes à política e a governos que vêm e vão. Consolidaram-se assim no primeiro lugar de prestígio junto à sociedade, sem concorrentes. Vão jogar tudo fora em favor de um presidente, e logo de um que só faz o que lhe dá na veneta?  Há, ainda, a questão da hierarquia. Bolsonaro expõe Exército, Marinha e Aeronáutica a um velho fantasma: as divisões internas. Como já me ensinava o general Ernesto Geisel, quando a política entra por uma porta nos quartéis, a hierarquia se vai pela outra. Tendo como fato que a cúpula militar realmente considerou “péssimo” o teatro antidemocrático de Bolsonaro no domingo, a pergunta seguinte é: e as bases, os capitães, majores, sargentos - e suas famílias - acharam o quê?

O vice Hamilton Mourão já disse marotamente que “está tudo sob controle, só não sabe de quem” e nós, meros mortais, ficamos sem entender nada. É uma grande enrascada e remete à entrevista do então comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, em dezembro de 2016, em que ele me relatou como respondia aos civis “tresloucados” que vinham bater à sua porta pedindo intervenção militar: “Chance zero!” Em nota, nesta segunda-feira, o Ministério da Defesa foi mais suave, mas disse que as FFAA trabalham pela “paz e a estabilidade”, “sempre obedientes à Constituição”. Logo, contra o golpe. É o que se espera dos líderes militares, diante não apenas da Nação, mas da história.

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo