A expressão citada ao final deste parágrafo deixa claro a inconveniência das ofensas.] Essa semana será decisiva para seu governo. Três ministros militares dessa gestão darão depoimentos na investigação sobre as acusações de Sergio Moro contra o presidente. Muita coisa pode acontecer. Na terça-feira a PGR vai exibir o vídeo daquela reunião ministerial, onde teria havido a ameaça do presidente de demitir Moro caso não houvesse a mudança do superintendente da PF no Rio. Essa tentativa de interferência por motivos pessoais pode ficar comprovada com o vídeo. [difícil que o vídeo prove alguma coisa - o ex-ministro fez questão de deixar claro que o presidente Bolsonaro não cometeu nenhum crime.] A dúvida será o comportamento dos ministros ao depor. Os generais Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) terão que testemunhar. O ministro Celso de Mello, do STF, usou a expressão “debaixo de vara” para falar sobre o depoimento, mas no Direito a expressão tem um significado diferente. As testemunhas não poderão se calar, mas foram elas que escolheram, por exemplo, onde e quando dariam o depoimento.
A tensão no país cresce pelo comportamento reiterado do presidente da República. Bolsonaro cria eventos sempre conflituosos, e assim vai passando as semanas. No domingo, ele disse que só deixará o cargo em primeiro de janeiro de 2027. [aos inconformados, um conselho: aceitem, que dói menos.] Ou seja, dá como favas contadas que não só terminará o mandato como será reeleito em 2022. Fica claro que o presidente está a todo o tempo fazendo campanha para a reeleição. É o que as pessoas sempre alertaram.
Míriam Leitão, jornalista - O Globo