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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Semana tensa com o depoimento de militares e escalada de Bolsonaro contra o isolamento - Míriam Leitão

O agravamento da pandemia já é um problema grande o suficiente. Mas o país ainda vai enfrentar tensões na política esta semana, exacerbadas pelo comportamento do presidente. O Brasil já contou mais de 11.000 mortos até aqui pela Covid-19. O bloqueio total foi declarado em várias regiões do país, mas não em todas onde seria necessário. O estado do Rio, por exemplo, tem números alarmantes no sistema de saúde e o governador considera adotar o chamado lock down, esse controle mais rígido do distanciamento social. O momento é crítico. O isolamento está sendo abandonado pela população exatamente quando os números da pandemia têm piorado. Os médicos estão dizendo que é hora de ficar em casa. Mas o presidente dá seguidos sinais de que o melhor é abandonar a estratégia. Jair Bolsonaro continua com o mesmo comportamento. No fim de semana ele deu um passeio de moto aquática em Brasília.

O presidente eleva a tensão também na política. [convenhamos que alguns ministros do Supremo e os presidentes da Câmara e do Senado, esses no ritmo do 'morde e assopra', também colaboração para o aumento da tensão.
A expressão citada ao final deste parágrafo deixa claro a inconveniência das ofensas.] Essa semana será decisiva para seu governo. Três ministros militares dessa gestão darão depoimentos na investigação sobre as acusações de Sergio Moro contra o presidente. Muita coisa pode acontecer. Na terça-feira a PGR vai exibir o vídeo daquela reunião ministerial, onde teria havido a ameaça do presidente de demitir Moro caso não houvesse a mudança do superintendente da PF no Rio. Essa tentativa de interferência por motivos pessoais pode ficar comprovada com o vídeo. [difícil que o vídeo prove alguma coisa - o ex-ministro fez questão de deixar claro que o presidente Bolsonaro não cometeu nenhum crime.] A dúvida será o comportamento dos ministros ao depor. Os generais Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) terão que testemunhar. O ministro Celso de Mello, do STF, usou a expressão “debaixo de vara” para falar sobre o depoimento, mas no Direito a expressão tem um significado diferente. As testemunhas não poderão se calar, mas foram elas que escolheram, por exemplo, onde e quando dariam o depoimento.

A tensão no país cresce pelo comportamento reiterado do presidente da República. Bolsonaro cria eventos sempre conflituosos, e assim vai passando as semanas. No domingo, ele disse que só deixará o cargo em primeiro de janeiro de 2027. [aos inconformados, um conselho: aceitem, que dói menos.] Ou seja, dá como favas contadas que não só terminará o mandato como será reeleito em 2022. Fica claro que o presidente está a todo o tempo fazendo campanha para a reeleição. É o que as pessoas sempre alertaram. 

Míriam Leitão, jornalista - O Globo


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