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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Desde 2007, ações policiais mais letais somam 72 mortos; operação na Penha é segunda maior - O Globo

Letalidade policial

Rio registra ao menos 2.374 mortes em operações policiais nos últimos 15 anos - Ação na Vila Cruzeiro, nesta terça-feira, foi segunda com maior número de mortos 

Com ao menos 25 mortos contabilizados, episódio desta terça-feira fica atrás apenas de ocorrência na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, há cerca de um ano, com 28 óbitos [curioso é que destacam, via manchete,  a ocorrência de 72 mortes em ações policiais, desde 2007; esquecem, ou fingem, que só em 2019 (citando apenas um ano) quase 200 PMs foram assassinados no Rio, em operações policiais e/ou assaltos, e de forma  imerecida, ingrata,  foram  esquecidos. O POLICIAL TEM O DIREITO e o DEVER de VOLTAR VIVO, SÃO E SALVO, PARA SUA CASA, PARA SEUS FAMILIARES.]

Com ao menos 25 mortos, a operação realizada na Vila Cruzeiro nesta terça-feira, dia 24, foi a segunda ação policial mais letal da História do estado do Rio — a primeira aconteceu na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, em maio do ano passado, com 28 óbitos. Em terceiro, está uma ocorrência no Complexo do Alemão, em 2007, com 19 mortos. No Complexo da Penha, a ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar desta terça contou com veículos blindados e helicóptero da PM e deixou, além dos mortos, seis pessoas feridas em hospitais do Rio, sendo duas delas em estado grave e quatro estáveis. [Infelizmente mortes ocorrem em ações policiais, já que os bandidos reagem e os policiais tem que usar da força necessária para neutralizá-los e contra fuzil,  só fuzil. São mortes necessárias, tanto que são raros os casos de condenação dos  policiais participantes da ação policial - apesar do empenho do MP e Defensoria Pública em incriminá-los - visto que sempre agem no ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL.] 

Dessa forma, o número de mortes na Vila Cruzeiro ainda pode aumentar e ultrapassar o registrado no Jacarezinho. Além disso, o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ivan Blaz, admitiu, ainda durante a operação de terça-feira, a possibilidade de outros corpos serem encontrados no alto da comunidade, uma região de mata fechada e de pouca visibilidade. 
 
Nos últimos 15 anos, entre 2007 e 2021, o estado foi palco de 593 ações policiais que registraram, pelo menos, três mortes e que contabilizaram, ao todo, 2.374 mortes. Na média, uma ocorrência do gênero aconteceu em solo fluminense a cada nove dias ao longo dessa década e meia. Os dados do relatório elaborado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) trazem ainda o número de 17.929 operações durante os 15 anos analisados, das quais 3,3% — uma a cada 30 — terminaram com pelo menos três mortes.[o relatório não é confiável, visto que foi a UFF quem tentou usar vídeo de uma operação realizada no RS para se tivesse sido realizada no Rio.]
Jacarezinho registrou 28 mortes
A operação da Polícia Civil no Jacarezinho, comunidade da Zona Norte do Rio, no dia 6 de maio do ano passado, é considerada a ação policial mais letal da história do estado do Rio. Ao todo, foram 28 mortos, incluindo o inspetor Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, baleado na cabeça. No fim daquela madrugada, cerca de 200 agentes saíram da Cidade da Polícia.

O motivo da operação, que durou cerca de nove horas, era uma investigação sobre arregimentação pelo tráfico de crianças de até 12 anos, que circulariam pela favela com fuzis, além de atos “terroristas” atribuídos à quadrilha, como sequestro de trens da Supervia. Durante o confronto, o desespero se espalhou pela região com os constantes tiroteios registrados ao longo daquele dia.[Saiba mais, clicando aqui.]

A terceira ação policial com maior número de mortos aconteceu em 2007, no Complexo do Alemão, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos no Rio. Ao todo, 19 pessoas foram mortas. No entanto, nem todos os homicídios foram registrados como mortes decorrentes de ação policial, já que 13 corpos foram recolhidos pela própria polícia, e outros seis cadáveres foram deixados à noite numa van em frente à 22ª DP (Penha). A operação reuniu 1.350 policiais.

Eles atuaram por cerca de oito horas e apreenderam dezenas de armas e drogas. Todos os confrontos aconteceram dentro do complexo, como nas comunidades da Fazendinha e da Grota e em um ponto conhecido como Areal. A ação prometia um cerco ao tráfico de drogas do conjunto.

O Jacarezinho, palco de frequentes operações, também já havia vivido outro dia de muitas mortes. Um dos principais casos na comunidade aconteceu em 28 de maio de 1997, quando a ação, que durou cerca de quatro horas, terminou com a morte de nove criminosos, entre eles José Kídgério Soares, o Rogerinho, apontado como chefe do tráfico no local. Um contingente com cerca de cem policiais — da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) e de quatro Batalhões da Polícia Militar — participou do cerco a uma casa que, segundo denúncias recebidas à época, servia de esconderijo para Rogerinho.

Em 15 de outubro de 2020, houve 25 vítimas, mas durante oito operações realizadas em regiões diferentes do Rio de Janeiro na mesma data.

O Globo

 


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Uma aula da fantasia oligárquica

O teleférico do Alemão seria um retrato do futuro, mas tornou-se uma amostra das conexões do andar de cima

Num ridículo episódio de caipirice cosmopolita, ao passear no teleférico do Complexo do Alemão, Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, disse que estava se sentido “numa estação de esqui” dos Alpes. A doutora achou que viajara ao futuro, mas estivera a bordo das maquinações do passado e das empulhações do presente. Em breve, o teleférico será operado pela empresa de Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União, o veterinário e ex-deputado Arnaldo Cedraz.

A obra custou R$ 253 milhões e foi inaugurada duas vezes (em 2010 e 2011) sem que o serviço estivesse em plena operação. Funcionando, ele reduz para 19 minutos uma caminhada que pode durar até duas horas. Quando madame Lagarde esteve nos Alpes cariocas, o governo do Rio já começara a atrasar os repasses para a manutenção do serviço, e a concessionária se desinteressara pela renovação do contrato, dispensando alguns funcionários. O colapso financeiro do Rio já havia começado.

No mundo da fantasia, dera tudo certo no andar de cima. As empreiteiras Odebrecht, OAS e Delta orgulhavam-se da obra. A Delta foi apanhada nas traficâncias do bicheiro Carlinhos Cachoeira e foi declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União. A OAS, apanhada na Lava-Jato, está em recuperação judicial. A empresa Supervia, filhote da Odebrecht, ficou com a exploração do serviço.

À época, Lula, Dilma, Sérgio Cabral e Pezão saciaram-se na publicidade. Sobrou um teléferico para ser operado. Essa, a parte que exige trabalho e não rende propaganda, tomou outro curso, o dos serviços públicos para o andar de baixo. Às vezes o teleférico funcionava num horário proibitivo para quem precisava pegar no batente de manhã cedo.

A SuperVia desistiu da operação e devolveu a maravilha à Viúva. O repórter Ítalo Nogueira revelou que o governo do Rio concluiu a licitação para escolher a nova operadora do teleférico do Alemão. Venceu-a uma empresa do advogado Tiago Cedraz, criada em abril passado. Sem licitação, a prefeitura do Rio já entregara a Cedraz a operação de outro teleférico, menor, no Morro da Providência.

Ricardo Pessoa, um dos empreiteiros presos pela Lava-Jato, contou ao Ministério Público que deu R$ 1 milhão a Tiago para ajudar na liberação de um contrato de R$ 2 bilhões para obras da usina nuclear de Angra 3. Pessoa pagava também R$ 50 mil mensais ao escritório do advogado para cuidar de seus pleitos. Ele confirma ter trabalhado para a UTC, mas nega ter tocado em propinas.

Tiago Cedraz tem 33 anos e diplomou-se em 2006. Entre 2009 e 2013, formou um patrimônio imobiliário avaliado em R$ 13 milhões, mais um jatinho Cessna de dez lugares. Teve um conversível vermelho, mas seu pai fez com que o devolvesse. Vive em Brasília, e seu escritório acompanha 35 mil processos. Em 182 atuou no Tribunal de Contas. Em julho, a Polícia Federal visitou-o, cumprindo um mandado de busca e apreensão. Cedraz informa que criou a empresa Providência Teleféricos “quando surgiu a oportunidade de participar das concorrências”.

Quando madame Lagarde for esquiar nos Alpes, poderá perguntar se há por lá algum teleférico que tenha passado por tantas peripécias, com personagens tão pitorescos.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo




domingo, 2 de agosto de 2015

Leão abatido emociona. Homem caído nos trilhos atrapalha


Para SuperVia, autorização de passar com o trem pela segunda vez sobre o corpo do ambulante foi acertada

Cecil tinha 13 anos, pedigree raro e porte de astro-rei. Atração maior do Parque Nacional de Hwange, no Zimbábue, o esbelto felino africano trazia na juba negra o colar GPS monitorado por pesquisadores da Universidade de Oxford, atestando sua importância para o estudo da preservação da espécie. 

No início do mês, o animal fora atraído para fora do parque por um guia profissional a serviço de um caçador amador, o dentista americano Walter Palmer. Depois de abatido, decapitado e esfolado, o leão teve a cabeça entregue a Palmer e a história terminaria aí. A cada ano, somente no Zimbábue, uma média de 49 leões selvagens são abatidos legalmente como troféus.  Mas Cecil jamais poderia ter sido abatido legalmente, e a descoberta de sua carcaça movimentou a comunidade ambientalista, tornou-se viral nas redes sociais, foi noticiada com destaque em jornais do mundo inteiro e enterneceu multidões. Caso tenham lido o noticiário e visto as imagens do garboso felino quando vivo, é provável que a diretoria da SuperVia, a concessionária que opera os trens da região metropolitana do Rio, e os membros da Agetransp, a agência reguladora que fiscaliza os transportes no estado, também tenham se sensibilizado com a desumanidade cometida contra o nobre animal. [em face de ser comum o abate de animais no Zimbábue como troféus,  não existe nenhum motivo para um destaque tão exagerado ao abate de Cecil.]

Pena que quando um ser humano recebe menos consideração do que um vira-lata morto as sensibilidades feridas respondem a outros chamados, prioridades e cálculos. O carioca Adílio Cabral tinha 33 anos e nenhum pedigree social. Terminara de cumprir pena de prisão por tráfico de drogas seis meses antes e vendia doces como ambulante. Na terça-feira, ele levara a mãe ao médico e teria pulado o muro da estação de Madureira quando foi colhido por um trem expresso que seguiu viagem. 

Seu corpo ficara sobre os trilhos, a circulação de trens não foi interrompida e a rotina da estação seguiu seu curso até a aproximação de outro trem. É então que se inicia o impensável. Imagens captadas pelo celular de uma testemunha mostram o maquinista parar a composição a poucos metros do corpo inerte, à espera de instruções. À sua frente, ladeando os trilhos, estão meia dúzia de indivíduos. Um deles, de capacete, uniforme laranja e identificado como funcionário da SuperVia, acena para o maquinista passar com o trem por cima do corpo de Adílio depois de dar uma calculada na altura da carroceria. Outros dois parecem participar do cálculo visual. Quando a composição se afasta, o grupo se aproxima dos trilhos e parece conferir se se algo mudou em Adílio. É a vida que segue. [vamos analisar melhor a situação no tocante ao traficante Adílio, vítima de atropelamento por um trem da concessionária SuperVia.
Primeiro o acidente só ocorreu porque a vítima pulou o muro da estação ferroviárias - o fato de ser ex-presidiário, pelo crime hediondo de tráfico de drogas, e a invasão do leito da ferrovia, mostram que a vítima tinha uma certa aversão a cumprir leis e normas, o que não o torna merecedor de ser atropelado, de que se diga 'bem-feito', mas, isenta a concessionária e todos os seus empregados de qualquer responsabilidade pelo lamentável evento.
Vejamos a conduta da SuperVia buscando manter o tráfego ferroviário. É sabido que qualquer acidente  de trânsito, mesmo que ferroviário, exige perícia e ocorrendo o evento morte imediata, é vedado a remoção do cadáver e qualquer alteração da cena da tragédia. A perícia, especialmente envolvendo cadáveres no local do acidente, é demorada de ser realizada e considerado que o pessoal do IML e Criminalística sempre demora a chegar, interromper o tráfego resultaria em grandes transtornos para milhares e milhares de usuários do transporte ferroviário.
Uma análise isenta, respeitosa com o cadáver e também com os direitos de todos usuários daquela via,  concluirá que manter o fluxo ferroviário nenhuma consequência traria que resultasse em 'desrespeito ao cadáver', 'alterações na cena do crime', ' ou causasse novos danos ao cadáver'.
Por tudo isso, a SuperVia ao se certificar, por seus técnicos, que a manutenção do fluxo ferroviário não traria nenhum prejuízo nem resultaria na prática de nenhum crime autorizou que os trens cumprissem normalmente seu trajeto, só interrompendo o tráfego após a chegada dos peritos e pelo tempo estritamente necessários aos trabalhos periciais.
Concluindo, fica a pergunta:  imagine-se um cruzamento sobre o qual há um viaduto. Na pista sob o viaduto, exatamente abaixo do mesmo, ocorre um atropelamento vindo a vítima a ter morte imediata e seu corpo permanece no local aguardando perícia.
Tem algum sentido que se interrompa o tráfego no viaduto que está sobre a via, cenário do atropelamento e na qual permanece o cadáver do atropelado?]

No entender da SuperVia, a autorização de passar com o trem pela segunda vez sobre o corpo do vendedor ambulante foi acertada para evitar o problema maiora retenção de diversos trens lotados em horário de pico. Ademais, afirmou o comunicado da concessionária, ficara constatado que o trem tinha altura suficiente para fazê-lo sem risco de atingir e vilipendiar a vítima. 

Não cabe aqui listar todas as aberrações embutidas na explicação e no procedimento dessa empresa já tão coalhada de multas, cujo contrato de operação no estado está garantido até 2048. Cabe, porém, apontar a linguagem de falsa eficiência empresarial e a delirante simulação de normalidade de um serviço instituído para atender a humanos. A concessionária alegou que seis mil passageiros teriam sido prejudicados caso o fluxo fosse interrompido. 

Continuar lendo.................. em O Globo

Por: Dorrit Harazim é jornalista