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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Quanto mais grosserias, maior é o apoio a Moro - Escolinha do Professor Raimundo é entretenimento, o que se viu na CCJ da Câmara foi vergonha nacional

Quando perguntar ofende

Quanto mais grosserias são dirigidas a Moro, maior a base de apoio a ele


É um desrespeito à criação de e à nova versão comandada pelo filho dele, Bruno Mazzeo, a comparação ao programa Escolinha do Professor Raimundo feita pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini, à sessão que ouviu o ministro Sergio Moro nesta terça-feira 2.

Escolinha é entretenimento, o que se viu na CCJ foi vergonha nacional. Ninguém ali esperava que Moro esclarecesse ou explicasse mais do que já havia dito no Senado sobre os diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil. A ideia de detratores e defensores do ministro era apenas detratar ou defender. E fizeram isso da pior maneira possível: aos desaforos, palavrões e vulgaridades a mancheias.

Para Moro, afora a perda de tempo e de mais um dia de trabalho, foi um ganho. Ganhou na manutenção da fleuma em comparação ao destempero geral, teve a oportunidade de dizer umas verdades a gente cuja cobrança por condutas éticas é no mínimo questionável e saiu ileso no tocante a esclarecimentos devidos a respeito da natureza dos diálogos com procuradores.

Já os deputados perderam ao promover um espetáculo mambembe, inútil para o desdobramento do caso em si e, sobretudo, deletério para um Congresso que busca sua recuperação junto à opinião pública sendo mais ativo, autônomo e sensível às demandas da sociedade. 

Blog da Dora Kramer -  Revista Veja

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Uma vergonha nacional

Estudos mostram que há muito a fazer na educação, em várias frentes. Planejamento, competência e coordenação são requisitos para o País avançar


O Brasil tem índices alarmantes de evasão e abandono escolar. Em 2017, havia cerca de 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos de idade. Desse grupo, 1,5 milhão de jovens não se matricularam no início do ano letivo. E dos 8,8 milhões que fizeram a matrícula, 700 mil abandonaram a escola antes do final do ano letivo. Somado a outras vicissitudes, como as repetências, o resultado deixa muito a desejar: apenas 6,1 milhões de jovens – 59% do total – concluem o ensino médio na idade correspondente. Essa é a média nacional. Se o recorte for feito, por exemplo, entre jovens negros, residentes em áreas rurais do Nordeste e que a mãe é analfabeta, apenas 8% concluíram o ensino médio até os 18 anos.

Esses números não são o reflexo de um quadro momentâneo. Nos últimos 15 anos, não houve melhora no porcentual de jovens entre 15 e 17 anos que estão fora da escola. [oportuno lembrar que em 13 desses 15 anos o Brasil teve um presidente analfabeto -  cujo maior orgulho era o de nunca ter lido um livro do começo ao final. Agora que é um presidiário e livros lidos reduzem a pena,  ele inventou que estava lendo, só que foi flagrado 'lendo' um livro de cabeça para baixo (o livro).
Ele enrolou durante 8 anos e a presidente que o substituiu - indicada por ele - é uma analfabeta funcional. 
Consertar esse estrago levo tempo.] 
 
Apesar de ter crescido o número de jovens que chegam ao ensino médio, houve aumento da evasão e do abandono escolar. A não conclusão do ensino médio tem graves consequências para a vida de cada um dos jovens que abandonam a escola. Além de impor inúmeras limitações ao horizonte profissional, com a diminuição da empregabilidade e de renda, a interrupção prematura dos estudos coloca os adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, mais expostos, por exemplo, a problemas de saúde, à delinquência e ao crime.

De acordo com o estudo Políticas públicas para redução do abandono e evasão escolar de jovens, de Ricardo Paes de Barros, professor do Insper, a conclusão do ensino médio gera um acréscimo salarial médio de R$ 35 mil ao longo da vida, em relação aos que concluíram apenas o ensino fundamental. Essa diferença é ainda maior nos centros urbanos.

Além do custo individual que cada jovem que não concluiu a formação acadêmica sofre diretamente, a evasão escolar produz efeitos negativos sobre toda a coletividade. As evidências mostram que trabalhadores mais qualificados são mais produtivos, atraem mais investimentos e demandam menos gastos públicos com saúde, combate ao crime e bem-estar social.

Utilizando critérios elaborados pelo California Dropout Research Project para avaliar o custo social da evasão escolar nos Estados Unidos, o professor Paes de Barros fez uma estimativa para o caso brasileiro. Os números impressionam. Para cada jovem que não conclui o ensino médio, o custo para o País é de R$ 95 mil ao ano. Desse total, R$ 49 mil correspondem à perda de salário e de produtividade; R$ 18 mil a despesas relacionadas ao crime e à violência (Justiça, sistema prisional e polícia); e R$ 28 mil a questões de saúde (gastos médicos e hospitalares, além da perda resultante de faltas no trabalho por problemas de saúde). Tendo em vista que o contingente de jovens de 15 a 17 anos fora da escola é de 1,5 milhão de pessoas, a perda total para o País chega a R$ 142,5 bilhões por ano.

Como o estudo destaca, a evasão escolar mostra que o aprendizado do aluno é uma questão mais ampla do que a discussão sobre a oferta de uma educação de qualidade. “Reconhecer a distinção entre oportunidades e resultados torna-se imprescindível. (…) O aprendizado (resultado desejado) não resulta de forma mecânica e diretamente apenas do acesso às oportunidades educacionais com a necessária qualidade; o aprendizado também depende do interesse e, portanto, do engajamento dos estudantes no aproveitamento das oportunidades que, por sua vez, não é determinado exclusivamente pela qualidade das oportunidades educacionais oferecidas”, diz o estudo.

O cumprimento efetivo do direito à educação envolve, portanto, avaliar o engajamento dos jovens no processo educativo, “seja porque aponta para a existência de uma oferta adequada e de qualidade dos serviços, seja porque aponta para o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento e aprendizado”. Segundo o Panorama Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), os estudantes brasileiros faltam mais às aulas do que em 84% dos países avaliados. Há, como se vê, muito a fazer na educação, em várias frentes. Planejamento, competência e coordenação são requisitos para avançar.

Editorial - O Estado de S. Paulo 




quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Vergonha Nacional: Mulher de 72 anos usa cartaz para procurar emprego em SP



E ainda querem piorar a vida dos nossos velhinhos
"Não peço dinheiro porque o dinheiro acaba e o serviço, não", disse Tereza Viega, fotografada na Avenida Paulista nesta terça-feira

A foto de uma mulher pedindo trabalho por meio de um cartaz na Avenida Paulista, em São Paulo, foi divulgada no Facebook na tarde desta terça-feira e rapidamente viralizou. A imagem mostra Dona Tereza, 72 anos, oferecendo seus serviços de diarista ou passadeira, com seu telefone para contato. Em três horas a foto foi compartilhada por 1.000 pessoas.


 Idosa pede emprego através de cartaz na Avenida Paulista, em São Paulo (SP) (Reprodução/Facebook)

A gaúcha Tereza Viega é analfabeta. “Pedi para a vendedora de uma livraria escrever o cartaz pra mim. Tem algum erro?”, disse a idosa, por telefone, à reportagem do site de VEJA.  Ela mora sozinha em um quarto de pensão na Barra Funda, bairro da zona oeste da capital paulista, e tem seis filhos, quatro deles vivendo em outro Estado. “Não peço dinheiro porque o dinheiro acaba e o serviço, não”, disse ao site de VEJA.

Ela conta que, após a divulgação de sua foto nas redes sociais nesta terça-feira, uma mulher ligou para oferecer uma máquina de costura. “Recusei porque não sei costurar. E gosto mesmo é de fazer faxina”. A popularização no Facebook já rendeu um serviço: Dona Tereza vai trabalhar como diarista todas as sextas.

Em 2012, Tereza foi personagem de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo que mostrava sua ‘via crucis’ pela cracolândia em busca de sua nora grávida, viciada em crack.  A tradutora Alessandra Siedschlag criou uma vaquinha on-line para ajudar a idosa e apenas uma hora depois já havia arrecadado 3.000 reais. A quantia doada será entregue como presente de aniversário para Dona Tereza, que completa 73 anos no dia 16 de outubro.

Fonte: VEJA