Toffoli vai para 2ª Turma do Supremo, que julgará
políticos da "lava jato"
Toffoli
julgará ações relativas à operação "lava jato".
Agora
está claro os motivos que levaram a presidente Dilma a retardar a indicação do
substituto do ministro Joaquim Barbosa
O
ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, se transferiu da 1ª para a
2ª Turma da corte. A
decisão foi tomada depois de três membros da 2ª Turma terem feito um apelo para
que alguém do outro colegiado fosse completar a composição, que está desfalcada
desde a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, em agosto de 2014.
É na 2ª Turma que atua o ministro
Teori Zavascki,
relator dos inquéritos decorrentes da operação "lava jato" que serão julgados pelo Supremo — a parte dos réus com
prerrogativa de foro por função, os parlamentares. Um dos problemas encarados é que, como a turma está com quatro
integrantes, há sempre o risco de empates nas discussões.
O primeiro a pedir a
transferência de um colega foi o ministro Gilmar Mendes, que depois foi apoiado por Teori
e pelo ministro Celso de Mello. Gilmar argumentou que, além de evitar empates,
a transferência de um colega evitaria o constrangimento do ministro que vier a
ocupar a vaga de Joaquim Barbosa, já que ele iria direto para a 2ª Turma julgar
a "lava jato".
Inevitavelmente
recairia sobre o novato a suspeita de que ele foi indicado pela Presidência da
República — ou aprovado no Senado — para fazer algum tipo de favor. “A ideia de uma possível composição ad hoc (para um fim
específico) não honra as tradições
republicanas e não seria compatível com a elevação que esta corte tem no
cenário da República”, salientou. O artigo 19 do Regimento Interno do STF
prevê a possibilidade de um ministro pedir transferência de Turma, mediante
requisição ao presidente.
Pela regra regimental do Supremo,
os ministros mais antigos têm preferência na troca de turmas. O presidente da corte, ministro
Ricardo Lewandowski, diante do pedido de Toffoli, consultou o ministro Marco
Aurélio, vice-presidente da 2ª Turma e o único mais antigo que Toffoli ali, mas
ele declinou da vaga. Há um arranjo informal entre ele
e o ministro Celso, os dois mais antigos, de cada um ficar em um colegiado.
Bom
para todos
Nesta terça-feira (10/3), a sessão da 2ª Turma aconteceu com três ministros, uma vez que a ministra Cármen Lúcia não participou, por motivo justificado. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, a falta de indicação do 11º integrante do Supremo pela presidente da República está afetando os julgamentos no Plenário, mas impactando particularmente a 2ª Turma, já que aumenta o risco de empates.
Nesta terça-feira (10/3), a sessão da 2ª Turma aconteceu com três ministros, uma vez que a ministra Cármen Lúcia não participou, por motivo justificado. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, a falta de indicação do 11º integrante do Supremo pela presidente da República está afetando os julgamentos no Plenário, mas impactando particularmente a 2ª Turma, já que aumenta o risco de empates.
O decano
do STF, ministro Celso de Mello, classificou a sugestão do ministro Gilmar
Mendes de “extremamente oportuna”, tendo em vista o longo período já decorrido
desde que se abriu a vaga com a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa. O ministro lamentou
a omissão na indicação do 11º integrante pela Presidência da República e afirmou que a inércia governamental está
interferindo nos julgamentos do STF. “O
ministro Gilmar Mendes destaca outros aspectos como o da possível intenção de
se promover uma composição ad hoc
da 2ª Turma, o que é realmente inaceitável, tendo em vista as tradições do
Supremo Tribunal Federal, que não se deixa manipular por medidas provenientes
de outros Poderes, especialmente quando está a apreciar causas de grande
relevo, como estas que vão se originar dos procedimentos investigatórios agora
instaurados por determinação do ministro Teori Zavascki”, afirmou o
ministro Celso de Mello.
O relator
dos inquéritos da operação "lava
jato", ministro Teori Zavascki, que também preside a 2ª Turma, qualificou a iniciativa do ministro Gilmar
Mendes como muito importante. Lembrou que deixará a presidência do
colegiado em maio próximo e que haverá incidentes nos inquéritos apresentados
pelas partes investigadas que serão resolvidos monocraticamente, mas são
passíveis de recurso de agravo, a ser analisado pela turma.
Teori
ainda destacou que a mudança nas composições será uma forma de retirar do
procedimento de indicação do novo integrante do STF pela presidente da
República e da submissão de seu nome ao Senado Federal um problema adicional. “Será um forma de descompressão desse
problema”, afirmou.
Dança
das cadeiras
A ida de ministros da 1ª para a 2ª Turma não é surpresa para ninguém no Supremo. Toda vez que abre uma vaga, alguém faz isso. Foi assim com Eros Grau, Cezar Peluso, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski e Ayres Britto. O que todos alegam é que a 2ª Turma é mais eficiente que a 1ª, ou que os julgamentos são mais "harmônicos". O que ninguém diz oficialmente é que a maioria dos ministros não consegue se acostumar com as argumentações sarcásticas do ministro Marco Aurélio. O vice-decano, é conhecido por ironizar os argumentos dos quais discorda. E mesmo votando de improviso, como sempre faz. Em tom de brincadeira, os ministros dizem que quando Marco Aurélio elogia o voto de alguém, é porque vai discordar veementemente.
A ida de ministros da 1ª para a 2ª Turma não é surpresa para ninguém no Supremo. Toda vez que abre uma vaga, alguém faz isso. Foi assim com Eros Grau, Cezar Peluso, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski e Ayres Britto. O que todos alegam é que a 2ª Turma é mais eficiente que a 1ª, ou que os julgamentos são mais "harmônicos". O que ninguém diz oficialmente é que a maioria dos ministros não consegue se acostumar com as argumentações sarcásticas do ministro Marco Aurélio. O vice-decano, é conhecido por ironizar os argumentos dos quais discorda. E mesmo votando de improviso, como sempre faz. Em tom de brincadeira, os ministros dizem que quando Marco Aurélio elogia o voto de alguém, é porque vai discordar veementemente.
Outro dado interessante a
transferência do ministro Toffoli para a 2ª Turma é que
ele deixa de ser voto vencido para ser vencedor. Ele era o mais veemente
crítico da ideia de se negar Habeas Corpus substitutivo de recurso ordinário,
mas se conceder a ordem de ofício quando se verificar violação direta à
liberdade do réu. A jurisprudência
foi inaugurada por Marco Aurélio. Outro grande crítico da ideia é o
ministro Gilmar Mendes, para quem há uma "moda"
em se restringir o uso do HC.
Fonte: JusBrasil