Expor os maus métodos do MLSM não é
"satanizar" as organizações de mobilização social
Condenado
por corrupção, o maior líder popular surgido depois de Getulio Vargas está na
cadeia. Na madrugada de 1º de maio desabou em São Paulo um prédio de 24 andares
onde viviam 92 famílias que o ocupavam em nome de um Movimento de Luta Social
por Moradia, o MLSM. Seja o que for aquilo que se chama de
"movimento", o MLSM é uma milícia que domina oito prédios e barracas
de comércio espalhadas pela cidade. No edifício que desabou cobrava aluguéis de
até R$ 400 mensais.
Diante da
exposição dos métodos do MLSM, deu-se uma reação, mostrando que havia um risco
de satanização dos "movimentos". Quem defende os
"movimentos" sem condenar as milícias sataniza aquilo que pretende
proteger. Não se
pode dizer que o MLSM seja um ponto fora da curva. Em 1997, o estado de São
Paulo era governado por Mário Covas, avô do atual prefeito Bruno, e três
pessoas haviam sido mortas pela PM num conjunto habitacional da Fazenda da
Juta, invadido pelo "movimento" dos sem-teto do ABC. Durante a
ocupação, apartamentos de dois quartos e pequena sala eram negociados por
atravessadores. Um dos invasores era um jovem de 19 anos, solteiro. No
Nordeste, já houve filas de fazendeiros pedindo ao MST que invadisse suas
terras para que pudessem buscar indenização do governo.
A caminho
da cadeia, Lula disse que "não sou um ser humano, sou uma ideia", e
saudou uma plateia dos "movimentos" habituados a "queimar os
pneus que vocês tanto queimam", e a fazer "as ocupações no campo e na
cidade". Prometeu-lhes: "Amanhã vocês vão receber a notícia que vocês
ganharam o terreno que vocês invadiram." Lula, o
PT e muitas organizações de mobilização social nada têm a ver com o MLSM ou
picaretagens semelhantes. O problema está no fato de que jamais denunciam o que
é feito na suposta defesa do andar de baixo. Admitindo-se que invadir prédios
seja uma forma de buscar a justiça social (o que não é), fazer de conta que não
se vê a atuação de uma milícia é suicídio. Pensa-se que, se o objetivo é
social, o resto não importa. Isso vale tanto para as invasões como valeu para a
manutenção de contubérnios com empresários e políticos profissionalmente
corruptos. Foi assim que se abriu a trilha de malfeitorias que levou o maior
líder popular à cadeia, por corrupção.
O CUSTO
DA DIPLOMACIA DOS COMISSÁRIOS
Os
governos da Venezuela e de Moçambique deram um calote de R$ 1,2 bilhão em
empréstimos do BNDES e do banco Credit Suisse, avalizados pelo Fundo de
Garantia à Exportação. Eram parte da diplomacia dos comissários e das
empreiteiras. O espeto foi coberto com recursos de seguro-desemprego. A doutora
Dilma Rousseff já havia perdoado US$ 1,5 bilhão em dívidas de cinco países
africanos, e pode-se esperar que os “negócios estratégicos” tragam novos
calotes.
(...)
DODGE x
CNMP
Vão mal
as relações da procuradora-geral, Raquel Dodge, com o Conselho Nacional do
Ministério Público. Pelo jeito, vão piorar. No centro
da encrenca está a decisão de Dodge de ir adiante na investigação da porta
giratória do procurador Marcello Miller, que operava no MPF e no escritório de
advocacia que defendia os interesses dos irmãos Batista, da JBS.
Miller
admitiu que fez “uma lambança”, mas foi uma lambança muito bem remunerada. Seu
contrato com os advogados dos Batista fixava em R$ 1,4 milhão seus vencimentos
anuais.
A MALETA
O
presidente dos Estados Unidos tem sempre por perto um oficial que carrega uma
maleta chamada de “Futebol”. Nela estão os equipamentos de comunicação que
podem ordenar um ataque nuclear.
Quando
sai à rua, Michel Temer é acompanhado por um cidadão que carrega o que parece
ser uma pasta. Trata-se de um painel dobrável que, uma vez aberto, protege o
doutor contra ataques de tomates, ovos e coisas do gênero.
(...)
MATÉRIA COMPLETA, Elio Gaspari - O Globo