A cena foi transmitida nas redes sociais de Bolsonaro. Pressionado por seus patrocinadores, o Minas resolveu afastar o central de 33 anos do elenco. Segundo a agremiação, Souza terá de pagar uma multa e se retratar antes de ser reintegrado - mas não terá seu contrato rescindido, como muitos queriam. Há duas semanas, o jogador manifestou seu descontentamento com o anúncio da DC Comics de que o novo Super-Homem, filho do Super-Homem original, vai se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos. "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", escreveu.
Deu-se, então, uma discussão virtual com Douglas Souza, seu companheiro na seleção brasileira e membro da comunidade LGBTQIA+. A situação cresceu a ponto de a Fiat e a Gerdau, que bancam o time masculino de vôlei do Minas, cobrarem do clube uma posição firme sobre o assunto. A diretoria publicou na segunda-feira (25) uma nota considerada branda e tardia, na qual condenava a homofobia, mas defendia que "todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais". Apontava ainda que havia conversado "internamente" com o central.
O texto não satisfez boa parte da opinião pública e incomodou os patrocinadores. Em notas separadas, bem mais duras do que a apresentada pelo Minas, a Fiat e a Gerdau pediram na terça (26) a tomada de "medidas cabíveis". No caso da Fiat, as palavras foram em tom de cobrança por uma solução "no espaço mais curto de tempo possível". Até a publicação deste texto, Maurício ainda não tinha se manifestado sobre a punição no perfil do Instagram onde costuma se comunicar com 251 mil seguidores e no qual criticou o Super-Homem bissexual. A publicação original sobre o assunto, até a mais recente atualização desta reportagem, continuava disponível.
Já o perfil do Minas Tênis Clube no Twitter republicou uma mensagem de um perfil identificado como "mauricio luiz souza". Nela está um pedido de desculpas protocolar, supostamente redigido pelo jogador. Esse perfil - sem identidade verificada pelo Twitter, diferentemente da conta do Instagram- tinha até a manhã desta quarta sete mensagens disponíveis e pouco mais de 700 seguidores. Apoiador de Bolsonaro, com quem se encontrou recentemente em Brasília, Maurício Souza tem um histórico de declarações e publicações consideradas homofóbicas.
Esporte - Folha de S. Paulo