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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Sócios do Minas Tênis Clube querem a volta de Maurício Souza

Alexandre Garcia

Rebelião contra patrocinadores

As duas primeiras notícias de hoje são de Minas Gerais. A primeira é lá de Varginha, sobre os 25 bandidos que fariam uma operação de assalto a bancos na cidade na noite de domingo e foram mortos pela polícia. 
Eles estavam muito bem armados, com muitos fuzis, pistolas, muitas munições, granadas. 
Estavam também com material combustível, se preparando para tacar fogo. [Polícia mineira - sempre eficiente, precisa e implacável no combate a bandidos e seus policiais, sempre fazem  o necessário para honrar o compromisso de voltar para casa, são e salvo - no que são apoiados por seus superiores. 
Chega a ser ridículo é que um individuo desses envolvidos com 'não sei o que de Segurança Pública', em entrevista a uma emissora de TV tenha demonstrado preocupação de que tenha havido excesso da Polícia de Minas Gerais = para tal individuo,  o normal, o esperado e desejado pelos defensores de bandidos, seria que policiais tivessem morrido e os bandidos escapados.]

Maurício Souza em treino da seleção masculina de vôlei antes do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio. -  Foto: Miriam Jeske/COB


Mas encontraram um carro da polícia e resistiram. A polícia revidou. A Polícia Militar de Minas, o Bope e a Polícia Rodoviária Federal mataram 18 no primeiro encontro. Depois, a inteligência da polícia já tinha identificado uma chácara que eles haviam alugado e agentes foram para o local. Lá, os outros sete resistiram e a polícia os eliminou também. Vinte e cinco bandidos a menos no Brasil. Aumenta um pouco a nossa segurança. 

Parabéns aos policiais que participaram dessa ação.

Sócios do Minas querem a volta de Maurício Souza
A segunda notícia de Minas é sobre os associados do Minas Tênis Clube que estão em rebelião contra os patrocinadores Fiat e Gerdau, os quais pressionaram a diretoria para demitir o atleta de vôlei Maurício Souza. Os associados estão ponderando que eles são os donos do clube, e não os patrocinadores, Fiat e Gerdau. Passou o tempo em que eu admirava esses dois. A partir de agora não os admiro mais.
Então, os associados estão pretendendo fazer uma assembleia geral extraordinária para decidir sobre esse tema e chamar Maurício Souza de volta, pedindo desculpas.
 
"Rachadão" de Davi Alcolumbre na Veja
Agora um assunto do Amapá e de Brasília. Davi Alcolumbre apareceu na Veja por causa de um "rachadão". Seis funcionarias da periferia de Brasília estariam recebendo R$ 12 mil, R$ 14 mil no contracheque, mas na verdade, só embolsando R$ 800, R$ 900 pelo prêmio de servirem de laranjas. E elas estão denunciando isso na justiça.
 
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também está denunciando isso no Supremo Tribunal Federal (STF) e há um movimento no Senado para destituir Alcolumbre da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e talvez até cassar o mandato dele.
 
Ele emitiu uma nota dizendo que é vítima de uma conspiração, que isso é mentira, que é um absurdo. Mas a reportagem tem nome e sobrenome das pessoas que foram atingidas e a comprovação. De 2016 até março deste ano isso teria acontecido.
 
Reação à "inquisição"
Uma outra questão de processo: a doutora Mayra Pinheiro, que é secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, que ajudou a salvar milhares de vidas, está processando o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM). 
Ele não tem a imunidade parlamentar, porque na presidência da CPI ele age como magistrado
Ele agiu como um mau juiz, atribuindo em entrevistas a calúnia de que a doutora Mayra seria uma assassina e teria matado muita gente. 
Ela o processa por calúnia, injúria, difamação, abusos contra a mulher e com agravante de que ela é funcionária público de alto nível.
A doutora Nise Yamaguchi também está processando Omar Aziz e o senador da Bahia Otto Alencar (PSD). 
Ela está pedindo por danos morais R$ 180 mil de cada um. 
 Eu acho muito pouco. Deveria pedir R$ 10 milhões para cada um pelo que fizeram com ela na CPI.[não podem esquecer do Calheiros, do Rodrigues, do 'drácula'.]  Mas, enfim, são notícias que a gente vê que as pessoas estão reagindo à inquisição absurda a que foram 
submetidas nessa CPI.
 
Alexandre Garcia, colunista - VOZES - Gazeta do Povo
 

sábado, 30 de outubro de 2021

Maurício Souza ganha 1,5 milhão de seguidores

Maurício Souza ganha 1,5 milhão de seguidores = o jogador Maurício Souza parece estar investindo em uma nova profissão: a de influencer. As publicações de teor homofóbico feitas pelo jogador o fizeram saltar de 200 mil seguidores no Instagram para 1,7 milhões em menos de uma semana.
 
Na noite da última quinta-feira (28/10), quando atingiu 700 mil seguidores, Maurício publicou um vídeo agradecendo o apoio e jogando uma indireta. “Eu tinha 200 mil seguidores e agora tenho 700 mil. E, graças a Deus, eu não precisei ficar sambando em cima de cama, nem ficar desfilando na quadra para ganhar respeito e admiração de vocês".
 
As  publicações de teor homofóbico de Maurício causaram um atrito com Douglas, que criticou o ex-companheiro de seleção. "Engraçado que eu não virei heterossexual vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte", publicou Douglas nas redes sociais.

Entenda o caso
A polêmica começou quando Maurício fez uma publicação no Instagram criticando o anúncio da DC Comics de que o novo Superman, filho de Clark Kent e Lois Lane, é bissexual. "A é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar...", comentou Maurício Souza, ao republicar a imagem de divulgação dos quadrinhos.

Após pressão dos patrocinadores, o Minas decidiu demitir Maurício. “Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio desportiva”, escreveu o time em nota.

Apoio da família Bolsonaro
Se por um lado Maurício foi condenado pelas publicações, por outro, recebeu bastante apoio, inclusive do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos. "Impressionante, né? Tudo é homofobia, tudo é feminismo", comentou o presidente em uma entrevista. Maurício Souza é um apoiador declarado de Bolsonaro e já foi recebido por ele no Palácio do Planalto.

Flávio Bolsonaro também defendeu Maurício. O senador afirmou que o jogador teria sido afastado "apenas por exercer o direito à liberdade de expressão", e pediu que os seguidores boicotassem a Fiat e Gerdau, que ele classificou como os responsáveis pela perseguição” ao atleta.

Mas o jogador não se intimidou. Maurício fez nesta semana uma nova publicação com o Super Homem, mas dessa vez em uma imagem onde o herói aparece beijando a Mulher Maravilha.

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Liberdade de opinião não pode ser confundida com homofobia - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

O caso Maurício Souza

A perseguição desencadeada contra o atleta Maurício Luiz de Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei, é um escândalo destes tempos em que o totalitarismo, a intolerância e o rancor são impostos à sociedade com violência cada vez maior pelos movimentos “politicamente corretos”. Foi um linchamento, puro e simples, da reputação e da carreira esportiva de um cidadão brasileiro que não fez absolutamente nada de errado, e nem outra coisa além de exercer o direito constitucional à expressão do seu próprio pensamento.

Maurício entrou, apenas pelo fato de manifestar uma opinião, na zona de tiro do “movimento gay” — foi executado, sem apelação ou direito de defesa, com o seu desligamento do Minas Tênis Clube por pressão dos patrocinadores Fiat e Gerdau. Ou seja: atleta desse clube não tem o direito de pensar como um cidadão livre — ou, então, tem de esconder aquilo que pensa.

O jogador não cometeu, nem em atos e nem em intenção, nenhum delito de “homofobia”, a acusação genérica que lhe foi feita e apresentada como motivo para a sua punição. O que ele fez? Apenas comentou, em suas redes sociais, que desaprova a entrada de um homem de 50 anos, pai de filhas e com o dobro do tamanho das outras jogadoras, numa equipe universitária de basquete nos Estados Unidos. Em sua opinião, não está certo admitir, em times femininos, homens que se descrevem como “transgêneros” após passarem por cirurgias — só isso.

Qual a lei, ou o mero código de conduta social, que Maurício poderia ter desrespeitado com as suas palavras? 
Ele não insultou ninguém. Não cometeu nenhum ato de discriminação. Não agrediu. Não agiu com desrespeito. 
Não violou o direito à orientação sexual de qualquer praticante de esportes — apenas disse que é contra a participação de homens biológicos em equipes de mulheres. É um ponto de vista, unicamente isso. Há gente a favor, há gente contra. Onde pode estar o crime?

O jogador da seleção brasileira também disse que não gostou do novo Superman gay — nem da “linguagem neutra” que a Rede Globo quer adotar numa de suas próximas novelas. Mas e daí? Por acaso alguém é obrigado a aprovar a última versão do super-herói, ou uma novela de televisão onde os personagens vão falar “ile”, “aquile” e “novéle”?

Estão construindo no Brasil, com o apoio de empresas como Fiat e Gerdau, e de clubes esportivos como o Minas, uma máquina de repressão à liberdade. Ser ”homofóbico”, segundo essa maneira de ver o mundo, não é mais praticar atos de violência, de discriminação ou de desrespeito aos homossexuais, conforme estabelecem as leis — é, simplesmente, desagradar a quem controla alguma das facções do “movimento gay”. Onde está o ódio, aí nas palavras de Maurício ou na sua punição?

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

'Tudo é homofobia, tudo é feminismo', ironiza Bolsonaro sobre punição a Maurício Souza - Folha de S. Paulo

Esporte - Folha de S. Paulo 

 

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Greve de caminhoneiros deixa rastro de prejuízos bilionários em todo o País

Com protestos no fim, crise de desabastecimento começa a ser revertida, mas efeitos na economia ainda vão perdurar por muito tempo; perdas com a greve superam R$ 75 bi



Apesar de alguns pontos de manifestação ainda espalhados pelo País, a paralisação dos caminhoneiros dá claros sinais de que chegou ao fim. Em todos os Estados, a vida começa a voltar ao ritmo normal. O quadro de desabastecimento inicia sua reversão: o combustível está chegando aos postos, os alimentos voltam aos supermercados. Os reflexos da crise provocada pelos protestos, porém, ainda devem perdurar por bastante tempo. Nem todos os setores têm um levantamento das perdas. Quem já fez essas contas mostra que o prejuízo será contabilizado na casa dos bilhões. O número dos setores consultados pelo Estado já chega a pelo menos R$ 75 bilhões em perdas.
Mas o impacto na economia será bem maior. Economistas já levam em conta os efeitos da greve nas revisões, para baixo, que vêm fazendo para o desempenho do PIB. O número, que era próximo de 3% no início do ano, agora é de 2%. E há outros efeitos. O governo teme que a paralisação dos motoristas abra caminho para outras greves de forte impacto no País. Os petroleiros já seguiram esse caminho. [atualizando: petroleiros amarelaram e suspenderam o motivo por tempo indeterminado - o 'indeterminado' tem o sentido mais de ano que vem do que próximos dias.].]

Perdas. As projeções preliminares de diversos segmentos da economia após dez dias de greve dos caminhoneiros apontam para perdas de mais de R$ 75 bilhões. Em alguns casos, os prejuízos ainda podem aumentar mesmo após o fim do movimento, pois, dependendo do tipo de atividade, a retomada poderá levar de uma semana a 20 dias.
Também há preocupação sobre como será a volta das atividades. “Não sabemos ainda, por exemplo, como será precificado o aumento do frete”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). “Dá arrepios só de pensar.”  O setor calcula que deixou de gerar, até agora, R$ 3,8 bilhões, e precisará de duas a três semanas para retomar totalmente as atividades.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) estima que as áreas de comércio e serviços deixaram de faturar cerca de R$ 27 bilhões entre os dias 21 e 28.  “São nítidos os transtornos causados pelo desabastecimento generalizado, que pode provocar danos ainda maiores ao País, como aumento do desemprego, falta de gêneros alimentícios, estoques, baixo fluxo de vendas e prejuízo ao desenvolvimento econômico”, diz o presidente da Fecomércio de Minas Gerais, Lúcio Emílio de Faria Júnior.  Os supermercados contabilizam R$ 2,7 bilhões em prejuízos. Para os distribuidores de combustível, as perdas já atingem R$ 11,5 bilhões.

Volta lenta
Com menos bloqueios nas estradas e a volta, lentamente, do abastecimento de combustíveis, algumas empresas estão retomando operações. Das 167 unidades produtoras de aves, ovos e suínos que estavam paradas em todo o País, 46 reiniciaram atividades nesta quarta-feira, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). As empresas do setor acumulam prejuízos de R$ 3 bilhões e perderam 70 milhões de aves, mortas por falta de ração. Com parte do abastecimento retomado, a mortandade deve acabar.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a cadeia produtiva da pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. Os produtores de leite perderam R$ 1 bilhão, parte disso com o descarte de mais de 300 milhões de litros de leite. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que produtores em geral devem levar de seis meses a um ano para se reestruturarem.

O setor têxtil estima perdas de R$ 1,8 bilhão e, até quarta-feira, ainda tinha cerca de 70% das empresas paradas ou prestes a parar. A previsão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) é de que serão necessários pelo menos 20 dias para que a situação seja normalizada.  Carros. Na indústria automobilística quase todas as fábricas estão paradas desde sexta-feira. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, diz que “a maioria retomará a produção, de maneira gradual, a partir de segunda-feira”. As unidades da Fiat em Minas Gerais e da Jeep em Pernambuco voltam a operar nesta quinta-feira.

A Anfavea não divulgou prejuízos, mas, com base na produção média de veículos em abril, cerca de 51 mil veículos deixaram de ser fabricados. O resultado deste mês poderá interromper uma sequência de 18 meses de alta na comparação interanual.  Até terça-feira as vendas do setor tinham caído 11% em relação a abril (para 192,8 mil unidades), mas ainda devem superar o volume de maio de 2017, de 195,6 mil unidades.
A indústria química soma R$ 2,5 bilhões em perda de faturamento e calcula em dez dias o período para retomada de atividades. 

Economia - O Estado de S. Paulo 

domingo, 5 de abril de 2015

O ‘Grupo dos Doze’ deve pensar na vida Além do RECEITÃO, falta o CAIXÃ0, BANDESÃO, BRASILZÃO, ELETROLÃO e outros................

Infelizmente, os dados conhecidos da Operação Zelotes, que pegou a rede de propinas instalada em torno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, têm sido parciais na exposição de empresas e incompletos na apresentação dos fatos. Por mais que isso seja lamentável, é alguma coisa, pois o contrário poderia ser uma Operação Abafa.

Até agora, sabe-se o seguinte:
Numa conversa telefônica com um sócio, o conselheiro Paulo Roberto Cortez disse o seguinte: “Quem paga imposto é só os coitadinhos. Quem não pode fazer acordo, acerto — não é acordo, é negociata — se fode.” Cortez está sendo investigado pela Polícia Federal, que pediu sua prisão. Ela foi negada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, que julgou-a desnecessária.

Em 2011, o ex-presidente do Carf, Edson Pereira Rodrigues, ofereceu seus serviços de consultoria à Ford para livrá-la de multas da Receita: “Se eu participar (...) eles têm mais ou menos 95% de chances de ganhar. Caso contrário, perderão com certeza.” O Carf livrou a Ford de cobranças que chegaram a R$ 1,78 bilhão. A filha de Rodrigues, que também é conselheira, teria faturado R$ 1,14 milhão com “um auto”.

Um conselheiro do Carf informou numa mensagem ao chefe da coordenação de Pesquisa e Investigação da Receita, Gerson Schaan, que “os acórdãos em anexo foram ‘negociados’ com as pessoas daquele esquema que já conversamos (...) houve pagamento de R$ 1 milhão”. Tratava-se de uma multa de R$ 200 milhões imposta à fabricante de carrocerias Marcopolo. Fica uma questão: o que Schaan fez com a informação?

Segundo a PF, João Inácio Puga, membro do conselho do banco Safra, negociou com Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro do Carf, o caso de uma cobrança de R$ 793 milhões. No lance teria havido um capilé de R$ 28 milhões. A prisão de Puga e Rodrigues foi considerada desnecessária pelo juiz Ricardo Leite.

Enquanto os “coitadinhos” padecem preenchendo suas declarações de imposto de renda, assistem à exposição de uma rede de anistias montada no andar de cima para iludir a Viúva. Para quem sonha com o surgimento de um “Tea Party” no Brasil, dando base a um movimento populista de direita, a bola está em campo.  Há um ano, quando começou a Operação Lava-Jato, as empreiteiras, bem como a Petrobras e o próprio Palácio do Planalto, desprezaram suas consequências. Deu no que deu. Se o Planalto, a Fazenda e a Receita repetirem o erro diante da Operação Zelotes, acabarão contaminados pela ação dos malfeitores. Diante da Lava-Jato, rodaram programas velhos num sistema novo e só se deram conta disso depois que 64 acusados foram para a cadeia e 12 resolveram colaborar com a Viúva. 

Pelo pouco que a Polícia Federal já liberou, parece provável que haverá prisões. Havendo-as, bastará que um canário cante para que a Zelotes fique parecida com a Lava-Jato. A Polícia Federal sentiu cheiro de queimado em 74 processos do Carf. Em doze deles, encontrou “elementos consideráveis de irregularidades”. Nesse “Grupo dos Doze” estão grandes empresas que se safaram de cobranças num total de R$ 12,4 bilhões. Como as empreiteiras no ano passado, estão todas fechadas em copas.

Ao contrário das empreiteiras apanhadas nas petrorroubalheiras, as empresas que se livraram das cobranças da Receita não estão metidas em negócios onde a corrupção fazia parte do cotidiano. Além disso, elas podiam ter razão em seus litígios com a Receita, mas se pagaram propinas, o crime está no jabaculê. Para quem pôs a mão na cumbuca, pode ser melhor reconhecê-lo agora.

A Receita arrisca virar uma Petrobras
Se o doutor Joaquim Levy e o secretário Jorge Rachid bobearem, a Receita Federal corre o risco de sofrer um abalo semelhante ao que aleijou a Petrobras porque sua direção foi lenta e tolerante diante da exposição de roubalheiras de alguns malfeitores. Rachid disse há poucos dias que as investigações da Operação Zelotes começaram em 2013. Tem razão, mas, sendo um veterano servidor e tendo ocupado a mesma função entre 2003 e 2008, ele sabe que essa foi a denúncia que andou. Muitas outras atolaram. 

A Polícia Federal pediu a prisão de Jorge Victor Rodrigues, ex-auditor e ex-conselheiro do Carf, metido em casos que envolviam os bancos Safra e Santander. Ele foi sócio do escritório de consultoria SBS. Em 2005, uma investigação do Ministério Público de Brasília mostrou que a SBS assessorou a Fiat para livrá-la de multas no valor de R$ 630 milhões. Como o litígio foi resolvido na esteira de uma Medida Provisória, não se pode saber o que houve. A Fiat livrou-se do contencioso e pagou R$ 12,9 milhões ao escritório de advocacia que contratara os serviços da SBS. Em 2007, o Tribunal Federal de Brasília decidiu que faltavam elementos para comprovar a denúncia dos procuradores. Quatro anos depois, Jorge Victor Rodrigues foi nomeado para uma suplência do Carf, como representante dos contribuintes.

Se a porta giratória da Receita na qual circulam auditores que viraram consultores tivesse sido travada em 2003, os policiais da Zelotes poderiam estar tratando de outros casos.

Al mare
Um desocupado jura que viu o petrocomissário Pedro Barusco chegando em seu automóvel ao aprazível condomínio do litoral fluminense onde tem casa. Ao pé da letra, é seu direito cumprir prisão domiciliar no domicílio de verão. 

Autoengano
Lula e o comissariado ameaçam com mobilizações dos movimentos sociais em defesa do governo. Há muito de autoengano nisso. Na manifestação dos “movimentos sociais” de 13 de março, havia um cidadão da Guiné que carregava um grande balão e não entendia patavina de português. Estava lá porque recebera R$ 30.

A CUT vem sofrendo uma erosão, comida por denominações à sua esquerda e até mesmo por grupos capazes de se aliar a milícias. O PT não tem mais bandeiras para levar gente à rua. Resta-lhe a possibilidade de levantar temas que pelo menos desestimulem as manifestações contra ele.

O segundo Enem
Lula e Dilma garantiram que o MEC realizaria dois exames do Enem a cada ano. Foi parolagem. Em 2013, quando era ministro da Educação, o comissário Aloizio Mercadante disse que não faria o segundo exame porque sairia caro, preferindo construir mais creches.
Em 2014, não houve o segundo Enem e o desembolso do governo para a construção de creches foi de apenas 25,3% dos R$ 3,5 bilhões previstos, desempenho inferior ao do ano anterior. Trocaram uma parolagem por outra.

Por: Elio Gaspari - O Globo