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Mostrando postagens com marcador auditores fiscais da Receita Federal. Mostrar todas as postagens
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Propaganda sobre Previdência é um desperdício

O governo criou um outro nome para desperdício de dinheiro público ao batizar de campanha publicitária os vídeos que trombeteiam a reforma da Previdência em rede nacional de televisão. Nesta quinta-feira, a juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, suspendeu a exibição. Por mal dos pecados, tomou a decisão certa pela razão errada.

A juíza vetou a campanha a pedido de guildas sindicais que representam servidores públicos. Entre eles auditores fiscais da Receita Federal. Alegam que a publicidade é ofensiva. Bobagem. As peças atacam não os servidores, mas os privilégios concedidos a eles e sonegados aos trabalhadores da iniciativa privada. Por exemplo: integralidade, eufemismo para pensão igual ao último salário; e paridade, sinônimo de reajustes iguais aos concedidos aos servidores ativos .[a publicidade suspensa é altamente enganosa; citando apenas um ponto: os autores da publicidade, sabedores que qualquer notícia que fale em prender algum político ou acabar privilégios é bem vista pela população brasileira, aplaudida, etc.
Que fizeram? dizem na campanha suspense entre outras inverdades que os privilégios serão extintos e deixam no ar, especialmente para os incautos (o Brasil é uma terra de incautos, as eleições de Lula e Dilma provam e comprovam o quanto o Brasil é uma terra de imprudentes) a impressão que a extinção dos chamados privilégios será imediata.
E é pacífico que haverá um longo período de transição, de ajuste.]

Não é o conteúdo que faz da campanha uma variante da velha prática de jogar dinheiro público pela janela. O desperdício decorre da inutilidade da iniciativa. Na prática, o governo torra milhões para informar ao povo, composto de ignorantes criaturas, sobre as vantagens de uma reforma que o Planalto sabe que não sairá do papel. Temer se jacta de presidir um governo semiparlamentarista. Mas não dispõe de 308 votos para prevalecer no plenário da Câmara. É certo que o Planalto comunica-se porcamente. Mas o que impede a decolagem da reforma previdenciária é a falta de votos no Congresso, não o déficit de comunicação. Para livrar-se de denúncias criminais, Temer comprou a lealdade de congressistas com emendas e cargos. Para salvar o país da ruína previdenciária, faltam-se argumento$. Nessa hora, o presidente mais impopular da história se lembra de que a sociedade existe.

Blog do Josias de Souza 
 

domingo, 30 de julho de 2017

"O reajuste do funcionalismo"

A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, informou que o governo estuda adiar os reajustes salariais do funcionalismo já aprovados para 2018 e que resultarão em um custo adicional de R$ 22 bilhões. A simples menção a essa possibilidade bastou para que sindicatos de servidores partissem para a ameaça de greve, desconsiderando o delicado momento pelo qual passam as contas públicas. O País não pode continuar refém de corporações para as quais nada interessa senão benesses, em total desconexão com a realidade nacional.

A maior parte dos reajustes ao qual Ana Paula Vescovi se referiu foi concedida pelo presidente Michel Temer em junho do ano passado, quando ainda era interino, durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Compreende-se que, naquela ocasião, na interinidade, Temer se sentisse obrigado a respeitar os compromissos assumidos por Dilma, além de precisar arrefecer a pressão dos funcionários públicos, incitados pelo PT. Uma vez efetivado no cargo, Temer anunciou um severo regime de austeridade de gastos. E hoje, quando a equipe econômica luta para encontrar uma forma de cumprir a meta fiscal e paira no ar a ameaça até mesmo de suspensão do funcionamento de partes da máquina estatal por falta de recursos, está claro que a concessão aos servidores foi um erro.

Durante os governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, o quadro de funcionários públicos cresceu exponencialmente. Foram adicionados 131 mil servidores nesse período, um acréscimo de 27%, depois de uma tentativa de enxugamento na administração de Fernando Henrique Cardoso. Além de mais numerosos, esses funcionários, de um modo geral, foram contemplados com generosos aumentos salariais, tornando-se mais bem remunerados, em média, do que empregados com formação equivalente no setor privado.

Em junho e dezembro de 2016, foram concedidos aumentos ao funcionalismo que, somados, representam um custo de R$ 64 bilhões até 2019. Na ocasião, Temer argumentou que esses reajustes haviam sido negociados por Dilma Rousseff. Entre os benefícios estão, por exemplo, o pagamento de bônus de eficiência de R$ 3 mil para auditores fiscais da Receita Federal inclusive aposentados e pensionistas. Dos 45 mil beneficiados, 27 mil já não trabalham, razão pela qual é difícil compreender como se pode falar em “eficiência” nesse caso. Além disso, o vencimento básico inicial de um auditor da Receita foi fixado em R$ 19.211,01. Em 2019, esse valor salta para R$ 21.029,09. Não há nada parecido com esse piso no setor privado.

Assim, é compreensível que um dos primeiros sindicatos a manifestar repúdio à possibilidade de adiamento do reajuste tenha sido o dos auditores fiscais. “Certamente as entidades não ficarão paradas”, informou o presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Claudio Damasceno. Já a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) anunciou que entrará na Justiça para impedir o adiamento. Seu argumento é que, durante a negociação, o governo de Dilma Rousseff não mencionou o estado deplorável das contas públicas. “A outra parte (o governo) tinha de ter colocado o problema na mesa”, disse o presidente da CNSP, Antonio Tuccilio. Ou seja, a notória falta de transparência de Dilma tornou-se desculpa para a manutenção de um reajuste que obviamente não deveria ter sido acertado. “Uma vez que o aumento foi decidido, tem de ser cumprido”, disse o sindicalista. [há leis autorizando estes reajustes e que não podem ser descumpridas - o descumprimento de uma lei, especialmente pelo governo, baseado apenas na conveniência, significa o fim do 'estado democrático de direito'.
Que país pode condicionar o cumprimento das leis as conveniência do governo?
que segurança jurídica pode existir em um país no qual as leis são promulgadas, não contestadas tempestivamente, mas, o governo entende ter opção para cumprir ou não?
é inconcebível, inaceitável e mentirosa a alegação do governo Temer de que quando promulgou as leis concedendo os reajustes desconhecia a real situação econômica do Brasil.]
 
Assim, mais uma vez, a incapacidade dos governantes de enfrentar a corporação dos funcionários públicos resulta em prejuízo para o País. Enquanto a maioria dos trabalhadores do setor privado luta para manter seu emprego e para ter um salário ao menos suficiente para pagar as contas, em meio aos efeitos da gravíssima crise econômica, o setor público, beneficiando-se de seu livre trânsito no meio político, mantém privilégios e deles não abre mão. O adiamento de um reajuste salarial que nem deveria ter sido concedido seria uma rara vitória da sensatez num ambiente em que predomina a irresponsabilidade.

Fonte: Editorial -  O Estado de S. Paulo