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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A morte como rotina

O mundo está recebendo notícias de uma realidade alarmante, a de um país que mata como se estivesse em guerra, que comete atrocidades, corta cabeças

A morte tem sido um dos assuntos mais recorrentes do nosso noticiário. Já não falo nem das chamadas mortes naturais, causadas por velhice ou doenças (dengue, chikungunya, zika, febre amarela e até malária), mas das “mortes matadas”, ocorrências criminosas por meio de assaltos, roubos, conflitos e balas perdidas, como a que matou a menina Sofia, de 2 anos e meio, enquanto brincava no parquinho interno de uma lanchonete na Zona Norte do Rio. Essa é uma especialidade carioca, que nos últimos dois anos vitimou 18 menores de 14 anos, além daqueles maiores de idade, que só em 2016 chegaram a três casos por dia.

É a triste face de uma cidade que sempre foi o símbolo do país do hedonismo, terra do homem cordial, “abençoado por Deus e bonito por natureza” — uma imagem de exportação cujas belezas naturais e lindas mulheres seminuas nas praias e no carnaval funcionavam como cartões-postais que excitavam o imaginário dos turistas estrangeiros. Agora, o mundo está recebendo notícias de uma realidade oposta e alarmante, a de um país que mata como se estivesse em guerra, que comete atrocidades, corta cabeças como se fosse o Estado Islâmico, em que o crime organizado detém um poder paralelo cujas facções, depois de lutas sangrentas pelo domínio das penitenciárias, ameaçam estender o terror para as ruas das capitais.

Em uma semana, os massacres em dois presídios de Manaus produziram 67 mortes. Quatro dias depois, em Roraima, foram 33 execuções. Na penitenciária de Alcaçuz, em Natal, foram 26 até agora, mas a contagem não terminou. Ver na televisão as cenas apocalípticas de detentos das facções rivais se matando nos pátios dos presídios chocam. Mas acho que pior ainda para a sensibilidade de alguém civilizado, por exemplo, é saber que próximo a uma unidade prisional houve o encontro macabro de “duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna”.

As autoridades, impotentes ou coniventes, certamente incapazes, desistiram do combate. Talvez inspiradas em Trump, resolveram construir muro para separar as facções. Assim, cada lado fica com uma parte do território, e o Estado, bem, o Estado assiste de longe.  Não é preciso ter lido toda a obra de Freud para conhecer um de seus principais ensinamentos — o de que a pulsão, ou instinto, de vida e morte habita o ser humano e está na origem de todos os nossos conflitos psíquicos.  “A luta entre Eros e Tânatos se decide dentro de nós a cada instante”, escreveu, referindo-se a dois entes da mitologia grega: o primeiro, deus do amor, e o outro, a personificação da morte.

No Rio e, por extensão, no Brasil, essa luta parece ganha por Tânatos. Pelo menos até agora.

Fonte: Blog do Noblat - Zuenir Ventura,  jornalista


sábado, 21 de março de 2015

Balas perdidas no Rio: 'Não ouvi barulho, nem vi sangue. Só vi minha filha cair'

Vanessa Aparecida de Abicassis, de 38 anos, foi morta por uma bala perdida no quintal de casa nesta quinta-feira, durante um intenso tiroteio entre traficantes e policiais no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.  Outra bala perdida matou Larissa de Carvalho, de apenas 4 anos, em Bangu (zona oeste) em 17 de janeiro.  "Minha filha sempre foi alegre. Não tinha quem não gostasse dela", conta a mãe da garota, Milene Carvalho, de 30 anos.

"Não ouvi nenhum barulho, não vi sangue, nada. Só vi minha filha cair. E vi seus olhinhos girarem."


Mas, a caminho do hospital, ela se deu conta da gravidade do caso, ao ver o sangue que caía da cabeça da menina sobre o seu colo. Horas depois os médicos declarariam a morte cerebral de Larissa. A polícia trabalha com a hipótese de um tiro dado para o alto a quadras de distância dali.  "Para quê vou trabalhar se não tenho mais minha filha? Continuar para quê?", diz Milene