Câmara aprova teto para os gastos públicos em primeira votação
Apesar da tentativa de obstrução por parte da oposição, proposta de
emenda constitucional teve 366 votos a favor, 111 contra e duas
abstenções, e ainda será votada novamente pela Câmara no próximo dia 24,
antes de ir para duas votações no Senado
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o
texto-base da proposta de emenda constitucional (PEC) 241, que fixa um
teto para os gastos públicos por 20 anos. O placar mostra que o governo
conseguiu passar um rolo compressor sobre as tentativas da oposição de
obstruir a votação do texto. Foram 366 votos a favor e 111 contra, com
duas abstenções. Eram necessários, no mínimo, 308 votos. Os destaques apresentados pela oposição, como forma de desfigurar o texto, foram derrubados pelos deputados após quase cinco horas de votação.
O presidente Michel Temer telefonou para o presidente da Câmara,
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e outros parlamentares para agradecer
pela aprovação da PEC. — Ele ligou agradecendo — disse Maia ao GLOBO.
Segundo assessores do relator da PEC 241, Darcísio Perondi, o
presidente Michel Temer disse ao deputado que "ele fez história" e que
"a persistência e garra dele serão reconhecidas pelas gerações futuras". Por ser uma emenda, o projeto ainda precisa ser apreciado mais uma
vez no plenário da Câmara. Somente depois disso, ele poderá seguir para o
Senado. A PEC prevê que, durante sua vigência, as despesas públicas só
poderão crescer com base na inflação do ano anterior.
Com a conclusão nesta segunda-feira da votação da PEC em primeiro turno,
o segundo turno deve ocorrer no próximo dia 24. O líder do PSD na
Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), disse que a data foi acertada
porque são necessárias cinco sessões de intervalo entre o primeiro e o
segundo turnos. Rosso
conversou com Temer, que disparou telefonemas em comemoração ao
resultado. No domingo, Temer havia conseguido rever 15 de 22 indecisos
nas listas dos governistas. — O presidente Temer está feliz porque a PEC foi aprovada com uma margem boa — disse Rosso.
FORÇA-TAREFA PARA APROVAÇÃO
Para aprovar a
PEC, o Palácio do Planalto fez uma verdadeira força-tarefa. O presidente
Michel Temer participou de um almoço com líderes da base aliada na
residência do deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Temer também convidou
todos os parlamentares da base aliada na Câmara para um jantar o Palácio
da Alvorada, algo inédito. Ele pediu ainda que três de seus ministros,
que são deputados licenciados,deixassem os cargos para votarem a favor
da PEC: Fernando Coelho Filho, de Minas e Energia; Bruno Araújo, das
Cidades e Marx Beltrão, do Turismo. [óbvio que outro jantar ou um almoço não servirá como estímulo para os deputados e Temer terá que arranjar outro atrativo para seduzir os políticos.
E tem que ter em conta que a turma do Senado também vai querer 'mimos' e certamente melhores que o que seduziu os eleitores do primeiro turno.]
Os partidos da base do presidente Michel Temer mostraram fidelidade
ao acordo feito com o Palácio do Planalto em torno da PEC 241. Dos 68
deputados do PMDB – partido de Temer –, 64 deputados votaram e todos a
favor da PEC. Segundo a lista, faltaram os deputados Pedro Paulo (PMDB-RJ) e
Marquinho Mendes (PMDB-RJ). No DEM, 25 votaram, sendo 23 a favor da PEC,
havendo um voto contra, da Professora Dorinha (TO). O deputado Rodrigo
Maia (DEM-RJ) não votou por ser presidente.
No PSDB, todos os 47 deputados presentes votaram a favor da PEC. No
PP, 43 dos 47 deputados da bancada votaram, sendo 41 sim e apenas dois
não. No PR, 40 deputados votaram, sendo que apenas a deputada Clarissa
Garotinho (RJ) votou contra e houve uma abstenção. No Solidariedade, 13
votaram, com apenas um voto contra a PEC. No PTB, 15 votaram, e apenas o
deputado Arnaldo Faria de Sá (SP) votou contra. No PPS, sete votaram a
favor, e o deputado Júlio Delgado (PP-MG) votou contra.
OPOSIÇÃO
No
PT, votaram 55 deputados, sendo 54 contra e uma abstenção. No PCdoB,
todos os dez presentes votaram não. O PDT, que encaminhou contra,
rachou: dos 17 presentes, seis votaram com o governo Temer, ou seja, a
favor da PEC.
Temer começou o dia rezando pela aprovação da PEC. Em uma audiência
com o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, o presidente pediu orações
para que a proposta passasse em primeiro turno. — Ele (Michel Temer_ expôs que está preocupado com o dia de hoje
(ontem), com a votação. Ele tem a necessidade de colocar o Brasil nos
trilhos — afirmou o cardeal.
Fonte: O Globo