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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Democracia é relativa? Explicamos a Lula por que a Venezuela é uma ditadura - Gazeta do Povo

Eli Vieira
 

Sem relativismo

Resumo da reportagem

  • O presidente Lula defendeu a legitimidade democrática da Venezuela, uma visão questionada por observadores e instituições internacionais.
  • Relatórios apontam que a Venezuela falha em critérios essenciais para democracia, incluindo eleições justas, respeito aos direitos humanos, Estado de direito, pluralismo político e participação cidadã.
  • Acusações sérias como manipulação de eleições, violações de direitos humanos e censura à imprensa reforçam há uma ditadura na Venezuela: é um fato objetivo, não flexível à relativização.
Na quinta-feira passada (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma resposta relativista a respeito da democracia ao ser questionado durante entrevista na Rádio Gaúcha. 
 “Por que o senhor, seu governo e parte da esquerda brasileira”, perguntou o jornalista Rodrigo Lopes, “têm tanta dificuldade em considerar a Venezuela uma ditadura?” 
Lula respondeu que “a Venezuela tem mais eleições do que o Brasil” e que “o conceito de democracia é relativo para você e para mim”. Ele também sugeriu que a rádio mandasse um emissário para checar a legitimidade das próximas eleições por lá.

“Presidente, eu fui preso na Venezuela três anos atrás”, informou Lopes. “O senhor diria hoje que a Venezuela é uma democracia? Em resposta, Lula deu uma série de argumentos que sugerem que, para ele, a resposta é afirmativa. “Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral. Nem todo mundo é como o Lula”, disse. Ele insinuou que o jornalista “não conhece o assunto profundamente” e arrematou que “quem quiser derrotar o [Nicolás] Maduro, derrote nas próximas eleições”.

Desde a sua fundação grega, o conceito de democracia é submetido a amplos debates. 
Isso não significa que todas as opiniões têm o mesmo peso. 
Um consenso pode ser claramente aferido de fontes como a Carta Internacional dos Direitos Humanos (da ONU, que inclui a Declaração Universal dos Direitos Humanos), a Comissão de Veneza, os Critérios de Copenhague (pré-requisitos de inclusão da União Europeia), a Carta Democrática Interamericana (da OEA) e a Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governança (da União Africana). Na lista abaixo, que sintetiza esse consenso, a Venezuela falha em todos os critérios como democracia.

1. Eleições livres e justas
Democracias devem ter um sistema para os cidadãos escolherem seus líderes por meio de eleições regulares e justas. Em dezembro de 2020, houve eleições parlamentares na Venezuela. Contudo, observadores viram claros sinais de ilegitimidade no pleito.

A Universidade Católica Andrés Bello (Ucab, melhor instituição de ensino superior da Venezuela) e o Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, entidade sediada em Estocolmo com 33 países membros, incluindo o Brasil) concluíram, em relatório conjunto, que a ditadura de Nicolás Maduro manipulou o pleito pela eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral sem a aprovação da Assembleia Nacional, a única casa legislativa do país; intervenção de juízes em partidos, aumento ilegal do número de parlamentares e ameaça a eleitores que, de alguma forma, dependessem de auxílio do regime, além de supressão da liberdade de imprensa. Problemas similares foram observados na votação de 2018 que “reelegeu” Maduro, para a qual observadores internacionais não foram convidados.

2. Respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais
Regimes democráticos devem respeitar o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, bem como a liberdade de expressão, pensamento, imprensa, religião e reunião. O regime de Maduro viola todos esses direitos e liberdades.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea) acumulam milhares de denúncias de tortura, espancamento, estupro, execução e cárcere ilegal.  
Desde 2013, são no mínimo 1600 torturados e 40 mil vítimas da violência estatal. 
Essas denúncias são corroboradas por mais de uma missão da ONU ao país e por grandes organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch. Tramitam processos no TPI contra o regime ditatorial venezuelano por crimes contra a humanidade.

No período aproximado de um ano e meio desde a reeleição ilegítima de Maduro em 2018, a ONU registrou 6.856 execuções partindo diretamente de um órgão de repressão fundado pelo ditador.

Há pesada censura e a imprensa não é livre. 
Em 2013, 121 veículos operavam no país. Em 2021, o número baixou para 22. Esses poucos que operam são submetidos a assédio constante, acusados de colaborar com forças estrangeiras. 
O judiciário capturado impõe pesadas multas de “difamação” quando jornais fazem críticas ao regime. Na classificação do Repórteres sem fronteiras, com 180 países, a Venezuela está na 159ª posição em liberdade de imprensa.

3. Estado de direito e governança democrática
Uma democracia pode até matar, pela via da pena de morte, mas isso deve ser previsto por lei e o amplo direito à defesa deve ser respeitado
A ideia é resumida com o termo “império da lei” ou “governo da lei”. 
As leis devem ser aplicadas de maneira igual, justa e consistente, com um judiciário independente e controle democrático sobre as forças militares e de segurança.
 
Mais uma vez, a Venezuela falha nisso. Não apenas pelas violações já ilustradas, mas porque, em certo sentido, quem tem império no regime é o narcotráfico. Em vez de controle democrático, há traficantes importantes nas forças armadas como Vladimir Padrino, Gerardo Rangel e Nestor Reverol. A denúncia é do Departamento de Tesouro dos EUA.  
O apreço pelo tráfico de cocaína, por exemplo, data do início da “revolução bolivariana” que implantou o regime ditatorial, o que leva alguns analistas a caracterizar o país como refém de um “narcoestado”.  
O governo é do crime, não da lei, a julgar pelas conexões de Maduro ao grupo terrorista Hezbollah e aos mercenários russos do Grupo Wagner, acusado de fazer terrorismo na África por parlamentares locais.

4. Pluralismo político e responsabilidade
Na democracia,
a diversidade de opiniões políticas deve ser permitida e respeitada, com transparência nas ações do governo e responsabilização dos funcionários por suas ações.

Em 2020, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, capturado pela ditadura, destituiu autoridades e líderes de partidos políticos da oposição e indicou outras pessoas para liderá-los, à revelia da vontade dos membros. Foram alvos os partidos Voluntad Popular, Acción Democratica e Primero Justicia, os principais da oposição ao PSUV — Partido Socialista Unido de Venezuela, fundado pelo falecido ditador Hugo Chávez, antecessor de Maduro, em 2007.

Até os dias atuais, isso não mudou. Dias após a alegação de Lula de que basta alguém concorrer contra Maduro para tirá-lo do poder, a Controladoria-Geral da Venezuela tornou inelegível por 15 anos a pré-candidata de oposição María Corina Machado, do partido de centro Vente Venezuela. A Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos condenou a decisão e a caracterizou como “contrária ao Estado de direito”.

Portanto, na Venezuela a diversidade política oficialmente reconhecida é fajuta, manipulada pelo partido que detém o poder para assegurar sua própria continuidade. A Anistia Internacional estimou que o país soma entre 240 e 310 presos políticos recentemente.

5. Participação dos cidadãos
Uma democracia não se faz apenas do aparato estatal e as regras que ele segue. Os cidadãos devem ter o direito e os meios de participar do processo político, sem discriminação arbitrária. Como resultado de todas essas violações, o povo venezuelano está batendo em retirada. 
Já são mais de sete milhões que fugiram da ditadura. 
Como o país tinha 30 milhões de habitantes em 2015, o número dos que partiram desde então se aproxima de um terço. 
Os dependentes do Estado são ameaçados caso pensem em votar na oposição, como denunciou a Anistia Internacional. 
Como o jogo eleitoral não é limpo, muitos também boicotam as eleições. 
A oposição pediu que seus eleitores se abstivessem no pleito de 2020. A abstenção atingiu 54%.
 
 
 
Eli Vieira, colunista - Gazeta do Povo  - VOZES
 
 


 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Europa - Mãe deixa o filho trancado por 28 anos em cidade da Suécia

Homem de 41 anos foi encontrado em apartamento de Haninge, na Suécia, em meio a lixo, urina e fezes. 

Ele praticamente não tinha dentes, além de apresentar desnutrição e úlceras nas pernas. Idosa está presa e responderá por privação ilegal de liberdade 

O apartamento, na cidade de Haninge (Suécia), a 20km de Estocolmo, estava escuro e fétido — tomado por fezes, urina e lixo. Sentado sobre uma poltrona no canto da cozinha, o homem de 41 anos parecia assustado. Com apenas dois dentes escuros na mandíbula inferior e desnutrido, tinha úlceras imensas nas panturrilhas, que fizeram acumular poças de sangue no chão. Durante os últimos 28 anos, foi mantido trancado no imóvel pela própria mãe, depois de retirar o filho da escola quando tinha 12. A idosa, de 70 anos, foi detida e responderá a acusações de privação ilegal de liberdade e de provocar lesões físicas. Quem descobriu a cena de terror foi a irmã, que não tinha notícias dele havia duas décadas, impedida de ter contato. “Era como pisar dentro de um pesadelo”, resumiu a mulher ao jornal Expressen, sobre a ida ao apartamento, na noite de domingo. O fato de a mãe ter passado mal e sido internada fez com que a filha fosse até o local.

“Era um imóvel escuro. Havia apenas uma televisão ligada na sala de estar. Havia lixo por toda a parte e cheirava muito mal. Simplesmente, uma miséria total. Apenas entrei e gritei suavemente ‘olá’. À luz de um poste da rua, vi suas pernas na outra extremidade da cozinha”,
relatou a irmã à publicação local. Depois de a mulher acender uma vela, o homem começou a sussurrar e a chamá-la pelo nome. “Ele estava estressado e ansioso. Um pouco assustado, mas feliz por me ver. Sua condição física era horrível”, afirmou a irmã, que chamou a polícia e pediu uma ambulância. O homem foi submetido a cirurgia por conta da gravidade das lesões. Segundo a agência France-Presse, o apartamento foi isolado para investigação e análise de peritos.

De acordo com o jornal Aftonbladet, a irmã tinha alertado as autoridades havia 20 anos, mas foi ignorada. “Estou tão chateada por ninguém nunca ter acreditado em mim”, desabafou. “Estou surpresa, chateada, mas ao mesmo tempo aliviada. Há 20 anos que espero por este dia, porque percebi que ela tinha o controle total da vida dele, mas nunca teria imaginado algo desta magnitude”, disse também ao Expressen. “Ela roubou a vida dele e manipulou as pessoas ao redor para manter seu segredo.”
 
Correio Braziliense  - MATÉRIA COMPLETA
 
Saber mais sobre o 'golpe' - clique aqui 


quarta-feira, 13 de maio de 2020

A democracia apodrece na república dos poltrões - José Nêumanne

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro dá sinais de que quer autogolpe, mas falsos democratas só reagem em notas inócua

Em 19 de abril, Dia do Exército, o presidente da República tomou café com os filhos 01, 02 e 03 e foi ao Quartel-General da Força, à frente do qual discursou para manifestantes que carregavam cartazes, entre os quais um clamava: “Intervenção militar já com Bolsonaro”. O ato reivindicava novo Ato Institucional n.º 5 para fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ali, entre acessos de tosse, afirmou: “Eu estou aqui porque acredito em vocês”. A Polícia do Exército garantiu a segurança dos presentes. E nenhum golpista foi preso em flagrante. [flagrante? de qual crime? a Constituição Federal garante a todos o livre direito de expressão e de reunião.] O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu e o STF autorizou inquérito para investigar quem organizou, financiou e compareceu ao ato, mas omitiu o nome dele. Ninguém foi processado e preso por ter violado a Lei da Segurança Nacional, incorporada à ordem legal vigente. No dia seguinte, parodiou Luís XIV: “Eu sou a Constituição”.

Em 30 de abril, proibido de empossar na chefia da Polícia Federal (PF) Alexandre Ramagem, seu segurança na campanha e amigo de seu filho 02, por liminar dada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, Bolsonaro chamou a decisão de “canetada política”, em insulto inédito de chefe de um Poder a ocupante de outra instituição sediada na Praça dos Três Poderes. [o ministro Marco Aurélio, do STF, que pode ser acusado de  muitas coisas, mas jamais de ser bolsonarista, apresentou projeto de mudança do RISTF de forma a que decisões contra atos do Chefe de qualquer um dos Poderes da República não possam ser monocráticas. - assim, evitando abusos e ofensas.] 

Em 3 de maio, profissionais da saúde protestaram em silêncio naquela praça contra a inércia do governo federal em relação à pandemia de covid-19. Marluce Gomes fez parte do grupo de bolsonaristas que reagiu à manifestação e insultou uma de suas participantes: “Quando a gente sente o cheiro de quem não passou perfume, a gente entende o tipo de pessoa que você é”. Identificada pelo Conselho Federal de Enfermagem, ela foi processada. Na terça-feira 5, ela iria ao cercadinho, que o chefe do governo usa como tribuna de fala do trono, para homenageá-lo em altos brados. No ataque aos heróis populares, que, ao contrário do “Mito”, arriscam a vida para enfrentar o contágio do novo coronavírus, ela teve a companhia de Renan Sena. Este agrediu um manifestante e é empregado de uma empresa que presta serviços ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (!), de Damares Alves, por R$ 20 milhões. O empresário Gustavo Gayer completa o trio identificado. Não há notícia de que seu idolatrado condottiere os tenha recriminado.

No dia seguinte, domingo 4 de maio, Sua Excelência voltou a se dirigir a manifestantes antidemocráticos da rampa do Palácio do Planalto, símbolo do poder nesta insana República. Mais uma vez, os golpistas [?] não foram abordados pela polícia, cujo superior hierárquico é Ibaneis Rocha, advogado trabalhista e governador do Distrito Federal, que decretou isolamento social e passou um fim de semana em Maceió (AL) com um grupo de amigos. Uma vez mais, o procurador-geral da República não incluiu o nome de Jair Messias no inquérito, autorizado pelo STF.

Na segunda-feira 8 de maio, o chefe do Poder Executivo arrebanhou um grupo de dirigentes de associações sindicais de industriais, que compareceu a seu gabinete para cobrar medidas por ele prometidas três semanas antes à Confederação Nacional da Indústria para uma saída organizada do isolamento social. Em vez de lhes dar satisfação, liderou uma caravana até o outro lado da praça, numa réplica da Marcha sobre Roma, com que Benito Mussolini instalou a ditadura fascista na Itália, em 1922. Foi recebido pelo amigão Dias Toffoli na presidência do STF e este lhe avisou que a responsabilidade sobre o pedido dos empresários era do presidente da República, e não da Justiça. A invasão da cúpula do Judiciário foi transmitida ao vivo em live em rede social.

Ontem, por decisão do decano do STF, Celso de Mello, autoridades e advogados representando o presidente da República, a PGR, a PF, o STF e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro viram o vídeo de uma reunião do tal Conselho de Governo, com 30 membros, como parte do inquérito aberto a partir de acusações que o ex-auxiliar lhe havia feito ao pedir demissão. Não faltam vexames: o presidente ameaçando o ex-ministro de demissão, o ministro da (falta de) Educação insultando as homenageadas no domingo 10 pelos membros do STF, o chanceler acusando a China de ter usado o novo “comunavírus” para dominar o mundo e o chefão de todos cobrando de Moro não ter falsificado o atestado de óbito de um agente da Polícia Rodoviária Federal morto por covid-19.

Sua obsessão em debochar da pandemia chegou ao extremo de anunciar um churrasco no sábado 9 de maio, quando o total oficial de óbitos ultrapassou 10 mil. E depois dizer que foi um anúncio fake para desmoralizar repórteres “idiotas”. E passeou de jet ski no Lago Paranoá, enquanto a princesa Sofia, da Suécia, atendia pacientes de covid-19 num hospital em Estocolmo.

Apavorada, a Nação pergunta até quando falsos pais da Pátria, que deviam defender o Estado de Direito com fatos, vão se abrigar em notas oficiais inócuas, enquanto ele inspira canalhas que chutam ataúdes e desonram a Bandeira Nacional hasteada a meio mastro em luto [oportuno apontar o óbvio: o hasteamento da Bandeira Nacional no Congresso foi uma solidariedade política, falsa:
afinal, foram os senadores que moveram ação para cassar decisão de juiz federal que havia autorizado o bloqueio dos recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário - R$ 3.000.000.000,00 - ,para que fossem usados no combate à pandemia.] pelas vítimas de um genocida ignorante, perverso e insensível.

José Nêumanne, jornalista - O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Pirralho - O Globo


Ascânio Seleme 

Bolsonaro transformou-se em objeto de chacota mundial - Presidente tem irrelevância de pirralho, apesar do cargo 

[essa Greta é um chuvisco de verão, sua fama, seu ativismo logo será esquecido pela imprensa - ou já esqueceram que as manchas de óleo nas costas brasileiras foram convenientemente esquecidas.

Perceberam que não conseguiriam derrubar o presidente Bolsonaro, então esqueceram.  

Igual os 'diálogos do interpePTação  - agora estão restritos a Polícia - apropriadamente, já que furto, invasão, etc é caso de POLÍCIA. ] 


Segundo o porta-voz do Palácio do Planalto, a palavra usada na terça-feira pelo presidente da República para se referir à jovem ativista ambiental Greta Thunberg tem significado diferente do entendido pela imprensa. Rêgo Barros disse que “pirralha” significa “criança ou pessoa de pequena estatura”. Muito bem, valendo-se dos sentidos das palavras que estão nos dicionários ou que deles transcendem, pode-se usar o mesmo termo para designar o chefe do porta-voz.

[dois comentários:
- só se torna objeto de chacota mundial os que incomodam, os que tem importância; Trump é objeto de chacota mundial, mas, queiram ou não é um líder mundial e preside a potência mais poderosa do mundo; 
- Bolsonaro tivesse irrelevância de um pirralho - ou da pirralha, que posa de 'ativista' - com certeza o ilustre colunista não dedicaria uma coluna ao presidente do Brasil, tentando mostrar sua 'irrelevância'.]


Sua história parlamentar também retrata o percurso de um pirralho. Ele passou sete mandatos de deputado federal no baixo clero da Câmara. [e bastou  decidir ser presidente da República e saltou para o cargo mais importante do Brasil, referendado por quase 60.000.000 de votos;
o pseudo líder, criminoso condenado e com outros processos em curso, tentou por quase 7 vezes (contando primeiro e segundo turno de cada eleição, passa das dez) ser presidente da República e quando conseguiu levou o Brasil ao desastre.] Fora suas grosserias rotineiras, nada do que fez ao longo de 28 anos teve qualquer relevância ou consequência política. Foi um parlamentar de pequena estatura do começo ao fim da sua carreira. Num dos momentos mais cruciais da história nacional, na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, foi ao microfone do plenário render elogios a um torturador.

Não vale a pena enumerar os diversos episódios que provam a dimensão do  presidente no seu primeiro ano de mandato. Serviria apenas para cansar o leitor. Usando unicamente a agressão à jovem ativista sueca é fácil mostrar como Bolsonaro é pequeno. Greta havia dito que “os povos indígenas estão literalmente sendo assassinados por tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal”. E o que ele fez ao ser indagado sobre o episódio, uma vez que Greta se referia a índios guajajaras mortos no Maranhão?

“É impressionante a imprensa dar espaço a uma pirralha dessa aí”, respondeu o presidente do Brasil, com a sua habitual falta de noção.

Ontem, a jovem sueca foi premiada pela revista “Time” como “Personalidade do Ano”, uma das maiores honrarias no mundo político, econômico, científico, esportivo e acadêmico. Antes de saber da distinção dada a Greta, nossa excelência voltou a desqualificá-la em razão da sua idade. Outra vez a chamou de pirralha, repetindo o tirambaço no próprio pé. A revista americana classificou a premiação como “power of youth”, ou poder da juventude, no idioma de Jair Bolsonaro. [certamente o poder citado não vai levar a juventude desprotegida, milhões famintos, a lugar nenhum.
A sueca está ganhando rios de dinheiro, vamos aguardar e ver o que de PRÁTICO vai resultar a 'atividade' da nórdica.] 

Aos 16 anos, Greta Thunberg é a pessoa mais jovem a ganhar a indicação da “Time” desde que o prêmio foi instituído, em 1927. Ela bateu candidatos fortes, muito fortes, como o presidente Donald Trump, a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, a duquesa de Sussex, Meghan Markle, a primeira negra da família real britânica, os manifestantes de Hong Kong, os curdos da Síria e as artistas e ambientalistas Taylor Swift e Jennifer Lopez.

Não é pouca coisa. A ativista foi laureada um ano e meio depois de iniciar um dos mais importantes movimentos contra o aquecimento global. Ela começou a faltar às aulas das sextas-feiras na sua escola em Estocolmo para solitariamente ir se manifestar em frente ao Parlamento sueco. Sua iniciativa em muito pouco tempo ganhou expressão internacional, culminando com a greve mundial pelo clima que levou quatro milhões de pessoas às ruas em setembro. Foi recebida pelo Papa e fez discurso para chefes de Estado na ONU.

Ao atacar uma personagem global de estatura maior que a sua, tratando-a como se fosse uma criança se metendo em assunto de adultos, Bolsonaro errou feio. Parecia não se dar conta ou não se importar com o fato de Greta estar claramente ao lado do bem, do futuro. Ao tratá-la como pirralha que não merece sua atenção, Bolsonaro posicionou-se do outro lado. E aproveitou para evidenciar mais uma vez qual é o seu patamar.

Ascânio Seleme, colunista - O Globo


quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Falta de recursos pode afetar a compra de caças suecos para a FAB

Integrantes da cúpula militar brasileira acompanham os primeiros testes da aeronave de combate Gripen, na Suécia. Redução orçamentária preocupa oficiais, pois pode significar a renegociação do contrato

  Em meio a dificuldades orçamentárias, integrantes da alta cúpula militar brasileira acompanharam, na Suécia, os primeiros testes táticos e de sensores do caça Gripen — a aeronave foi escolhida ainda em 2014 para renovar a frota de defesa nacional. A falta de recursos, entretanto, tem levado os oficiais a insistirem na manutenção da média anual das verbas. Levantamento da associação Contas Abertas, a pedido do Correio, revela que os recursos para o “programa de aquisição de aeronaves e sistemas” (FX-2) será reduzido em 52,6% a partir de 2020.

Os recursos reservados para a compra e desenvolvimento do Gripen subiram entre 2018 (R$ 1,05 bilhão) e 2019 (R$ 1,36 bilhão), mas caíram drasticamente na previsão para o próximo ano (R$ 643,3 milhões). Isso sem contar o que pode vir a ser contingenciado ainda neste e no próximo ano. De uma forma geral, houve queda de 42% nos programas do Ministério da Defesa, que, em nota, garante que trabalha com ajustes para que não haja impactos significativos nos projetos. Há preocupação com a queda dos recursos, mas integrantes da empresa sueca Saab, fabricante dos caças, garantem o acordo, apesar de que, mantidos os atuais valores para 2020, seja necessária uma eventual renegociação de alguns dos termos. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, participou nesta terça-feira (10/9), em Linköping, a 200km de Estocolmo, na sede da Saab, da cerimônia de testes da primeira aeronave encomendada pelo governo brasileiro — o primeiro voo foi em 26 de agosto. O general disse que, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, a equipe econômica está revendo a previsão orçamentária para 2020.
 “São projetos que já estão iniciados, assim tenho expectativa positiva para o próximo ano, para que não tenha uma defasagem”, disse Azevedo e Silva. “O presidente está ciente. E tem origem militar, e como parlamentar, durante 28 anos, sempre defendeu as causas militares.” O brigadeiro do ar Valter Borges Malta, presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, diz que não está em discussão o corte no orçamento. “Vamos batalhar para que isso não ocorra. Mas no caso de redução, é preciso, eventualmente, ter uma renegociação do contrato com a Saab.”

Os testes desta terça-feira (10/9) no Gripen foram um passo efetivo de programa gestado há quase duas décadas para a renovação da frota de caças brasileiros. Iniciado ainda em 2001, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o projeto F-X, o processo de compra passou pelos governos Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, até chegar à gestão de Jair Bolsonaro, com um orçamento mais baixo até aqui. A disputa de quase R$ 17 bilhões envolveu diretamente a norte-americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab, que acabou vitoriosa. Em outubro de 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou o resultado da concorrência. O acordo prevê a compra de 36 aeronaves e a transferência de tecnologia, o que já vem ocorrendo a partir de parcerias com empresas brasileiras — representantes das companhias nacionais também participaram do evento, nesta terça-feira (10/9), na Suécia.

“É um programa de soberania e defesa. Aumentamos a capacidade da FAB e impulsionamos a transferência de tecnologia para o Brasil, abrindo as fronteiras para o conhecimento”, disse Azevedo e Silva. “O setor representa 4% do PIB, gerando mais de 285 mil empregos diretos e 850 mil indiretos, com salário médio de aproximadamente duas vezes maior à média nacional. O projeto Gripen vem para robustecer esses números.”

Os governos brasileiro e sueco — além das empresas envolvidas no projeto — esperam ampliar o mercado internacional a partir da unidade de produção da Embraer, em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. O comandante da FAB, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, disse que Bolsonaro continua “priorizando a alocação de recursos necessários a um projeto tão promissor para o Brasil”. Procurado na semana passada, o Comando da Aeronáutica não confirmou a dotação orçamentária para o processo de compra, mas garantiu que o cronograma está mantido, detalhando aspectos como as etapas de certificação. “O cronograma de entregas contratado pela Força Aérea Brasileira contempla o recebimento das aeronaves a partir de 2021, até 2026. Será um total de 36 aeronaves que vão, inicialmente, ser operadas por unidades aéreas a partir da Ala 2, em Anápolis (GO). Os pilotos brasileiros efetuarão o treinamento na Suécia a partir de 2020”, diz nota da assessoria militar.

Cerca de 350 profissionais brasileiros participam do programa de transferência de tecnologia na Suécia, que envolve 62 projetos de diversas disciplinas  aeronáuticas.

Correio Braziliense


 

domingo, 25 de agosto de 2019

Aprendeu matemática? Dane-se - Guedes vende o sonho da privatização - Elio Gaspari


Folha de S. Paulo e O Globo

O bolsonarismo deve ter encontrado sinais de marxismo gramsciano e ideologia de gênero nas quatro operações da matemática.

Só isso explicaria a decisão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de não renovar o contrato do Programa de Iniciação Científica e Mestrado dos jovens que ganharam medalhas nas Olimpíadas de Matemática e chegaram às universidades. São 650 alunos, e cada um deles recebe R$ 400 por mês. Coisa de 3,1 milhões por ano. (Nos seus primeiros meses, o governo gastou R$ 1,6 milhão com medalhas para seus agraciados.)


Presidente Jair Bolsonaro participa da cerimônia de entrega da Medalha Mérito Mauá Foto: Jorge William 15/08/2019 / Agência O Globo
Presidente Jair Bolsonaro participa da cerimônia de entrega da Medalha Mérito Mauá Foto: Jorge William 15/08/2019 / Agência O Globo

As Olimpíadas de Matemática são a mais bem-sucedida experiência pedagógica já criada para o andar de baixo de Pindorama. A garotada das escolas públicas faz a prova e a cada ano são distribuídas medalhas de ouro, prata e bronze. Além do prêmio, os medalhistas entram num Programa de Iniciação Científica que lhes dá acesso dois dias por mês de aulas em universidades próximas. Originalmente, a Viúva cobria os custos do transporte e as refeições. A máquina de moer carne dos educatecas limou essa ajuda e hoje ela está em R$ 100 mensais. Se o garoto mora longe, tem acesso às aulas pela internet.


Em 2015 as trigêmeas medalhistas Fábia, Fabiele e Fabíola Loterio comoveram o país com suas histórias. Elas tinham 15 anos e viviam na roça no distrito de Rio do Norte, no Espírito Santo. Não tinham internet em casa e a escola ficava a 21 quilômetros da propriedade onde seus pais plantavam verduras e hortaliças. Hoje as trigêmeas estão na Universidade Federal do Espírito Santo. Com os recursos da família dificilmente poderiam viver com os R$ 400 da bolsa do CNPq. Graças a uma iniciativa da TIM, elas continuarão na universidade, pois recebem R$ 1,2 mil cada uma. (A TIM ajuda 200 jovens num programa que lhe custa R$ 2,9 milhões anuais) Quem depende só do CNPq, irá às favas.

Se ninguém gritar, em setembro o CNPq poderá cortar também o Programa de Iniciação Científica, que dá bolsas de R$ 100 mensais a seis mil medalhistas. Foi esse o programa que permitiu às trigêmeas o acesso às suas primeiras aulas com professores da Federal do Espírito Santo.É difícil entender por que os educatecas de Bolsonaro metem a faca em programas que custam pouco e estimulam jovens que demonstraram suas capacidades. De certa maneira, só tungam a garotada do andar de baixo, aquela que precisa de R$ 100 ou R$ 400 mensais. Isso, no meio do ano letivo.

Guedes vende o sonho da privatização
O ministro Paulo Guedes anunciou o desejo do governo de privatizar 17 empresas públicas até o fim deste ano. Faz tempo que lhe ensinaram que essas coisas não podem ser feitas às pressas. Como o doutor prometeu também zerar o déficit primário em um ano, ninguém lhe pode cercear o direito ao delírio. Numa trapaça da História, Guedes fala em privatizações na hora em que chega ao Planalto a desesperadora situação da Oi. Pelas suas contas, a operadora de telefonia só tem caixa até fevereiro. Por uma porta, vende-se o sonho privatista, por outra, lida-se com a ruína da privataria,
A Oi, ex-Telemar, é um símbolo da ruína de um negócio associado aos instintos marqueteiros e à fome de caixa do governo. [a Oi, então Telemar, tudo indica foi a porta de entrada para a família Lula subir para o andar de cima da corrupção - nos tempos de sindicato Lula recebia o que achava muito, quanto virou presidente percebeu que podia ganhar milhares de vezes mais do que as propinas que recebia como sindicalista pelego.]

No grande leilão de 1998 a Telemar ficou com a rede de telefonia do Rio de Janeiro para cima. Foi arrematada por um consórcio de estranhos interesses, e o presidente do BNDES chamou-a de “telegangue”. Já o presidente Fernando Henrique foi mais educado: “Empresa um tanto artificial”.No mandarinato petista fabricou-se um novo artificialismo. Associada a um grupo português, ela viria a ser a “supertele”. Muita gente denunciava a manobra, até porque o filho de Lula era parceiro estratégico de uma das empresas interessadas. Ao lado da JBS e das empresas de Eike Batista, a “supertele” da Oi foi uma “campeã nacional”

Tanto no surgimento da Telemar como na criação da “supertele”, o governo fez o que lhe convinha, desprezando a essência do negócio. A partir de 2014 o governo fez gambiarras para manter a Oi viva com a ajuda de aparelhos, até que em 2016 ela entrou em recuperação judicial. Desde 1998 a ladainha é uma só. O governo não pode entrar com a mão pesada num negócio artificial que vai dar errado, mas deve entrar com a mão que afaga, para impedir que a empresa quebre.

(...)

40 anos da anistia
Nesta quarta-feira comemoram-se 40 anos do dia em que a mão esquerda do general João Figueiredo assinou a maior anistia da História do Brasil.
No espaço de uma geração, Figueiredo e sua contribuição para o fim da ditadura foram esquecidos. Para isso contribuiu sua personalidade errática e o gesto pueril de se recusar a passar a faixa a José Sarney, deixando o palácio por uma porta lateral.
A própria anistia, habilmente negociada, ficou embaralhada. O projeto sancionado por Figueiredo não se estendia a presos que se envolveram em crimes de sangue, mas os tribunais militares aos poucos foram soltando todos. Em outubro de 1980, passados 14 meses do início da vigência da lei, não havia mais preso político no Brasil.

Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo e O Globo



segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Americano e japonês dividem Nobel de Medicina por tratamento contra o câncer


Os imunologistas James P. Allison e Tasuku Honjo venceram nesta segunda-feira (1) o Prêmio Nobel de 2018, graças às pesquisas que conduziram sobre uma terapia natural para conter o avanço de câncer.


 Nobel de Medicina (Crédito: Sam YEH / AFP)

A Academia Sueca anunciou que o americano e o japonês dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas.  Os dois desenvolveram pesquisas separadas sobre uma terapia contra o câncer por meio da inibição da regulação imune negativa. De acordo com especialistas da área, o estudo é inédito pois, pela primeira vez, uma terapia se foca nas células do sistema imunológico, e não no próprio tumor. 

Amanhã, o comitê do Prêmio Nobel, localizado em Estocolmo, anunciará o premiado em Física e, na quarta-feira, o de Química. Neste ano, não haverá o Nobel de Literatura devido ao caso do francês Jean-Claude Arnault, de 71 anos. Já o Nobel da Paz será anunciado em 5 de outubro. 

ANSA


domingo, 2 de setembro de 2018

De zero para zero

Lula existe nos institutos de pesquisa, mas não existe nas ruas; não conseguiria ir a um campo de futebol sem um exército de seguranças à sua volta


Há um curto circuito mental no Brasil que pensa em política e quanto mais esse Brasil pensa, piores são os resultados que produz. Parece que “caiu o sistema”, como você vive ouvindo dizer quando precisa de alguma coisa. Aí não adianta perder tempo batendo nessa ou naquela tecla, porque nenhuma das opções oferecidas será válida. Nada é tão espantoso, no presente momento de desordem cerebral que cerca a vida pública brasileira, quanto “a candidatura Lulaà Presidência da República. Não há nenhuma candidatura Lula. Mas, segundo nos dizem todos os dias os meios de comunicação e os peritos em explicar que dia é hoje, não há nenhuma outra candidatura tão essencial quanto justamente essa, que não existe. O ex-presidente, o PT e a sua máquina de apoio conseguiram desligar a chave-geral do mecanismo que regula as eleições brasileirase por conta desta aberração ninguém menos que o Supremo Tribunal Federal se verá obrigado a dizer que não, Lula não vai ser candidato. Um servidor do cartório eleitoral já poderia ter dito exatamente a mesma coisa há muito tempo. Mas, estamos no Brasil, o “sistema” está fora do ar e por conta disso temos de pagar por uma das farsas mais velhacas já aplicadas na política deste país.

Vamos lá: Lula não pode ser candidato a presidente do Brasil da mesma maneira como uma criança de 11 anos não pode. Por que não pode? Porque a lei diz que a idade mínima para alguém exercer a Presidência é 35 anos. Se a certidão de nascimento do candidato atestar que ele tem só 11, não vai dar. Você pode dizer que é injusto, ou que é preconceito, ou que o garoto lidera “todas as pesquisas” ─ não vai adiantar nada, porque a lei diz que é proibido criança ser presidente da República. Da mesma forma, o sujeito não pode se candidatar se estiver morando em Estocolmo, por exemplo; precisa apresentar a sua conta de luz ou de gás e provar que tem residência no Brasil, por mais que seja um gênio na arte de governar. Está claro, também, que o candidato tem de ser brasileiro nato. Um Barack Obama, digamos ─ seria uma maravilha de candidato, não é mesmo? Imaginem onde o homem estaria no Datafolha à esta altura. Se estivesse concorrendo ganharia fácil de qualquer das figuras que estão no páreo. Mas eis aí, outra vez: a lei diz que não pode. Também não pode ser candidato um analfabeto, quem não pertence a partido nenhum ou um cidadão que está internado no hospício.

Será que é assim tão difícil de entender? No seu caso, Lula não pode ser candidato porque está condenado a doze anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, com sentença confirmada em segunda instância. Fim de conversa: é o que está escrito na Lei da Ficha Limpa (assinada por ele mesmo, quando era presidente), e a Lei da Ficha Limpa vale a mesmíssima coisa que as outras leis, nem um miligrama a menos. Você pode achar a condenação errada ─ ou certa, tanto faz. A autoridade eleitoral não tem o direito de resolver isso; só diz se a candidatura está dentro ou fora da regra. Caberia a um funcionário de balcão da repartição pública onde se registram candidaturas resolver a história. Por que raios, então, uma exigência tão alucinada como a “candidatura Lula” tem de chegar ao Supremo Tribunal Federal?

Porque o Brasil da elite pensante, dos partidos e tribunais de Justiça, da mídia e redes sociais, etc. etc., aceitou ceder à sabotagem das atuais eleições por parte do complexo Lula-PT e o que vem junto com ele: liberais civilizados que têm horror da direita, intelectuais orgânicos, empreiteiros de obras públicas e mais o resto que se sabe. O centro dessa trapaça, basicamente, está nas profecias eleitorais publicadas a cada meia hora ─ sem elas o mais provável é que Lula estivesse largado no fundo da sua cela em Curitiba. [insistimos por nunca ser demais lembrar que basta transferir Lula para uma penitenciária local onde criminosos comuns, iguais a ele que é um criminoso comum, cumprem pena, para se encerrar o assunto.
Lula, O líder de 'porra nenhuma', ficaria mofando no presídio e no  máximo em duas semanas seria esquecido.
Tratem Lula como um preso comum deve ser tratado e o assunto se encerra.] As “pesquisas” criaram uma realidade artificial ─ uma situação em que o povo está desesperado para votar num candidato, mas não pode porque “eles” não deixam. É mentira. Lula existe nos institutos, mas não existe nas ruas; não conseguiria ir a um campo de futebol sem um exército de seguranças à sua volta. Nesse mundo imaginário, Lula passa de “30%” a “40%” dos votos. Na vida real passa de zero para zero, pois não vai receber voto algum. Mas essa salada de números é usada para vender um dos disparates mais sensacionais da história eleitoral brasileira: sim, certo, a lei está aí, mas uma eleição sem Lula seria um “constrangimento’. Pega mal no The New York Times. Põe em dúvida a pureza da nossa democracia. Esse sim, é o estelionato eleitoral transformado em obra prima.