Análise Política
Jair Bolsonaro alcançou seu objetivo com as mobilizações em torno do Dia
da Independência: galvanizar sua tropa de apoiadores rumo à reta final
do primeiro turno, no qual está até o momento em desvantagem resiliente,
atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, os vasos comunicantes entre melhora da percepção da
economia, aprovação do governo e intenção de voto no presidente estão
algo bloqueados. Faz sentido que Bolsonaro tenha desejado passar uma
corrente elétrica pela sua base para colocá-la em movimento a pouco mais
de três semanas da eleição.
Pois vai chegando a hora em que o eleitor ainda indeciso começa a ficar
mais permeável aos argumentos não apenas dos candidatos, mas do eleitor
decidido.
Os atos neste feriado exibiram em imagens outro achado recolhido das
pesquisas: se Lula lidera na intenção de voto, o eleitor de Bolsonaro
está no momento mais convicto de sua decisão. Percentualmente, mais
eleitores de Lula dizem votar nele por rejeitar Bolsonaro do que
eleitores de Bolsonaro dizem votar nele por rejeitar Lula.
Uma das novidades nesta conjuntura de quebra de tabus é a direita
mostrar mais poder de mobilização que a esquerda. [nos parece que a mobilização da direita ocorre mai facilmente por não ter que despender energia defendendo um ladrão = já tentaram acusar Bolsonaro de tudo, fracassaram, por ser dificil provar atos que não ocorreram.] Uma particularidade
que vinha se estabelecendo aos poucos, mas parece ter-se consolidado.
O outro lado arriscará uma competição com o presidente para ver quem põe
mais gente na rua ou persistirá na tática de tentar simplesmente reunir
uma “maioria silenciosa” e deixar o braço de ferro apenas para as
urnas?
As imagens da massa em verde-amarelo também ajudam o postulante à
reeleição a manter sua tropa eleitoral cética em relação aos
levantamentos estatísticos, algo essencial para candidatos que entram em
desvantagem no corredor polonês das últimas semanas pré-eleitorais.
A dúvida é quanto este 7 de setembro mexerá nos números no curto prazo, o
que só poderá ser respondido pelos próprios números. Isso ganha alguma
importância quando as tensões e nervosismos das campanhas e dos
apoiadores têm por efeito colateral buscar a qualquer custo conclusões
definitivas a partir até de oscilações na margem de erro.