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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Depois do 7 de setembro - Alon Feuerwerker

Análise Política

Jair Bolsonaro alcançou seu objetivo com as mobilizações em torno do Dia da Independência: galvanizar sua tropa de apoiadores rumo à reta final do primeiro turno, no qual está até o momento em desvantagem resiliente, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por enquanto, os vasos comunicantes entre melhora da percepção da economia, aprovação do governo e intenção de voto no presidente estão algo bloqueados. Faz sentido que Bolsonaro tenha desejado passar uma corrente elétrica pela sua base para colocá-la em movimento a pouco mais de três semanas da eleição.

Pois vai chegando a hora em que o eleitor ainda indeciso começa a ficar mais permeável aos argumentos não apenas dos candidatos, mas do eleitor decidido.

Os atos neste feriado exibiram em imagens outro achado recolhido das pesquisas: se Lula lidera na intenção de voto, o eleitor de Bolsonaro está no momento mais convicto de sua decisão. Percentualmente, mais eleitores de Lula dizem votar nele por rejeitar Bolsonaro do que eleitores de Bolsonaro dizem votar nele por rejeitar Lula.

Uma das novidades nesta conjuntura de quebra de tabus é a direita mostrar mais poder de mobilização que a esquerda. [nos parece que a mobilização da direita ocorre mai facilmente por não ter que despender energia defendendo um ladrão = já tentaram acusar Bolsonaro de tudo, fracassaram, por ser dificil provar atos que não ocorreram.] Uma particularidade que vinha se estabelecendo aos poucos, mas parece ter-se consolidado.

O outro lado arriscará uma competição com o presidente para ver quem põe mais gente na rua ou persistirá na tática de tentar simplesmente reunir uma “maioria silenciosa” e deixar o braço de ferro apenas para as urnas?

As imagens da massa em verde-amarelo também ajudam o postulante à reeleição a manter sua tropa eleitoral cética em relação aos levantamentos estatísticos, algo essencial para candidatos que entram em desvantagem no corredor polonês das últimas semanas pré-eleitorais.

A dúvida é quanto este 7 de setembro mexerá nos números no curto prazo, o que só poderá ser respondido pelos próprios números. Isso ganha alguma importância quando as tensões e nervosismos das campanhas e dos apoiadores têm por efeito colateral buscar a qualquer custo conclusões definitivas a partir até de oscilações na margem de erro. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 


domingo, 4 de julho de 2021

As CPIs e as flechas - Alon Feuerwerker

Análise Política

Sempre que vislumbra a possibilidade de sofrer uma comissão parlamentar de inquérito incômoda, qualquer governo observa sua escolha difícil. Ou parte para arregimentar número suficiente de apoios e assim simplesmente inviabilizar a instalação da CPI, ou vai precisar administrar um desgaste prolongado, período em que as flechas virão não se sabe quando e nem de onde, mas virão. E talvez alguma delas, ou mais de uma, esteja envenenada.

Mesmo ter a maioria dos votos na CPI quando da sua instalação não é garantia de nada. Maiorias e minorias em CPIs costumam oscilar ao sabor da opinião pública e de sua excelência, o fato novo. Melhor não ter CPI nenhuma. Só que isso também traz custo. Operar a não instalação de uma CPI produz desgaste e embute risco político-policial, pois a moeda de troca costuma ser orçamentária. Ou de cargos. O risco no primeiro caso é fácil de compreender. No segundo, temos agora um exemplo: o debate sobre quem indicou o funcionário do Ministério da Saúde acusado de pedir comissão sobre uma possível compra de vacinas contra a Covid-19. Mesmo que não se prove o crime ao final, o servidor e quem o indicou terão de atravessar um corredor polonês.

E o Q.I. ("quem indicou") costuma ser um terreno movediço, pois nem sempre, ou quase nunca, o nomeador formal é o interessado político na nomeação. Mas acaba pagando o preço político. Quando não arca também com o custo jurídico. Se tem sorte, a coisa fica restrita ao primeiro plano. Mas ultimamente é raridade. O ponto final nas disputas políticas recentes tem sido o tribunal. Se isso é bom ou ruim, cada um que tenha sua própria opinião.

Dos presidentes eleitos desde 1989, quem operou de modo mais inclemente contra a instalação de CPIs foi Fernando Henrique Cardoso. Recebeu críticas ali na hora, acusado de fisiologismo. Em compensação, completou o mandato e hoje é entrevistado dia sim dia não como o último pai da pátria.

Alan Feuerwerker, jornalista e analista político

 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Governo Bolsonaro vive seu melhor momento

Atritos produzidos pelo presidente e seu círculo diminuem, e Congresso aprende a lidar com anomalia

Contrastado com os cinco primeiros meses de mandato, o governo de Jair Bolsonaro vive seu melhor momento. Pararam as flechadas que vinham de fora, da família belicosa ou dos lunáticos associados, contra setores da administração. Os militares mostraram o caminho ao deixarem de bater palmas para maluco dançar.



O presidente também colaborou diante do corredor polonês por que passavam medidas provisórias cruciais no Congresso. Impôs derrotas a suas alas radicais e a Sergio Moro para não perder o essencial. As lideranças no Congresso decantaram seu mecanismo de lidar com um Executivo anômalo. Fixaram um rol de prioridades e um filtro pelo qual dificilmente passarão extravagâncias do Planalto. A chefia do Supremo também parece buscar sintonia. Colocou rapidamente em votação o tema das privatizações e da venda de ativos de estatais. A decisão estabiliza expectativas pelos próximos anos.



Uma brisa de alívio na inflação dos alimentos, em meio a tanta notícia ruim na economia, soma-se aos fatores favoráveis à situação. Da comida cara se nutrem, quase sempre, as ondas de insatisfação popular contra o presidente. A centro-esquerda se aproveitou mal dos meses de instabilidade provocados pelo núcleo bolsonarista. Continua fixada a exotismos, como a campanha Lula livre, a negação de responsabilidade pela devastação econômica e o desprezo pelas reformas fiscais.



Todas as opções palpáveis que se apresentaram durante as crises de Bolsonaro falavam a língua da centro-direita: o vice Hamilton Mourão, o governador João Doria, o ministro Moro e o apresentador Luciano Huck. O presidente pode ter sentido a própria carne chamuscada e decidido recuar. Pode ter intuído que os adversários estão bem mais próximos. Ou nada disso. Foi apenas uma rara bonança no padrão tempestuoso do governo. O tempo dirá.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Identidade contra violência



O formidável aparato de segurança montado para a Copa do Mundo que acontece na Rússia tem razões politicas internas e externas. O perigo de atos terroristas é real, a ponto de a embaixadas dos Estados Unidos e países europeus terem sugerido a seus cidadãos que não viessem à Copa. O que não impediu que os americanos fossem os maiores compradores de ingressos entre os estrangeiros, seguidos dos brasileiros.  O que se vê nos jogos da Copa é um aparato policial sem precedentes, com os policiais fazendo um corredor polonês - ou russo - por onde os torcedores têm que passar em direção à saída dos estádios. Ruas são interditadas várias horas antes dos jogos e operações policiais revistam automóveis aleatoriamente pelas ruas, mesmo quando não há jogos. Uma espécie de blitz como a Lei Seca que existe em vários estados do Brasil, mas não para conter a bebida. Estado Islâmico

Aqui, com o índice altíssimo de alcoolismo na população russa, a maioria perderia a carteira de habilitação. A bebida alcoólica, por sinal, está liberada nos estádios - a Budweiser é uma das patrocinadoras oficiais da Copa - embora seja proibida em eventos esportivos públicos, justamente como aconteceu no Brasil durante a Copa de 2014.  As ameaças do Estado Islâmico são a maior preocupação, devido ao apoio da Rússia ao ditador sírio Bashar Al Assad. Imagens de Messi e Neymar com ameaças de morte apareceram na internet nos últimos meses. Também há preocupação com movimentos separatistas da Chechênia, que já realizaram atos terroristas na Rússia como os de 2002, quando tomaram o Teatro Dubrovka em Moscou, fazendo 700 reféns.

A ação do aparato de segurança estatal, depois de dois dias de negociações infrutíferas, provocou 170 mortes, a maioria reféns, devido a um gás introduzido pelos dutos do teatro. Até 2010, uma série de atentados ocorreram em Moscou, com mulheres-bomba provocando mortes em estações de metrô.  O mais grave de todos foi a captura de uma escola em Beslan, na região russa de Ossétia do Norte, com mais de mil reféns. As forças de segurança reagiram com uma invasão que provocou a morte de mais de 300 pessoas, a maioria crianças.

Para conter os torcedores violentos que caracterizam os jogos de futebol na Rússia, com demonstrações explícitas de racismo e xenofobia, foi criado um sistema de identificação único até agora nesse tipo de competição: a identidade do fã (Fan ID), que obriga a um prévio cadastramento todos que querem ir aos jogos. Para entrar nos estádios é preciso, além do ingresso, a credencial de fã, uma maneira de impedir que os hooligans conhecidos, da Rússia e de outros países, venham para a Copa.  O cadastramento de milhões de torcedores de todo o mundo reduziu também a possibilidade de câmbio negro dos ingressos, um problema recorrente nas Copas do Mundo. Na do Brasil, em 2014, diversos escândalos aconteceram com vendas de ingressos até mesmo por funcionários da própria FIFA.

Há também outra novidade em relação aos ingressos, que restringe ou dificulta o câmbio negro. Como nos grandes torneios esportivos pelo mundo, a FIFA criou um sistema próprio para revender os ingressos através da internet, limitado sempre ao cadastramento do interessado.  A preocupação com os torcedores violentos russos e congêneres internacionais tem sua razão de ser, embora já distante no tempo. Na copa de 2002, a derrota da Rússia para a Bélgica por 3 a 2, perdendo a chance de ir para as oitavas de final, gerou cenas de vandalismo na Praça Manej, ao lado da Praça Vermelha, onde havia um telão transmitindo o jogo, com carros queimados, prédios e lojas quebradas, duas mortes e mais de cem pessoas feridas. Desde então nenhum tipo de exibição pública de partidas de futebol aconteceu na capital russa. Mas, hoje, como em toda Copa do Mundo, os locais onde estão instaladas as tendas para as Fan Fest da FIFA transmitem os jogos da Copa por telões, com segurança reforçada.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Os exércitos do ódio - Eleições 2018: quem são e como atuam os radicais de extrema esquerda e direita





Durante um mês, ISTOÉ fez um mergulho no mundo desses haters – palavra de origem inglesa usada para designar “os que odeiam” e “promovem o ódio”. A principal conclusão foi de que as táticas da guerrilha dos exércitos de esquerda e direita são primas-irmãs, na forma e no conteúdo. Ou seja, cores de camisa, emblemas e matizes partidários à parte, todos se comportam de modo muito semelhante. Nas redes sociais, as hordas de radicais atuam organizadas como manada. Em geral, se lançam desbragadamente contra o indivíduo que se atreva a fazer uma crítica contra o político de seu coração ou ao partido no qual militam. Partem para desqualificá-lo de todas as formas, seja com críticas ferozes ao comentário, seja com reparos à aparência física da pessoa ou à sua inclinação ideológica. Ato contínuo, o comentário é replicado para o exército organizado que, imediatamente, passa a promover uma espécie de linchamento público do(a) autor(a) da opinião indesejada. É uma tentativa de destruição de reputação clássica.

 Com a ajuda de robôs, os ataques são intensificados e os posts distribuídos para um número maior de haters. Normalmente, as agressões duram em média uma semana. Nas ruas, os provocadores são infiltrados em manifestações, pacíficas ou não, que envolvam apoiadores do candidato ou da tese adversária. Fora do ambiente digital, ainda existe aqueles que, munidos de uma câmara de celular, fustigam ilustres personalidades políticas ou públicas a fim de provocar tumulto, gerar barulho nas redes e obter promoção pessoal – a partir de visualizações e compartilhamentos
. Há ainda os que promovem arruaça, queimando pneus, interrompendo avenidas ou organizando quebra-quebras para atingir propósitos político-ideológicos duvidosos.[com destaque para os  famigerados 'black blocs', a serviço da esquerda e, que, no momento estão meio adormecidos.
Talvez tentem algo no próximo dia 24, data da confirmação da condenação de Lula, mas, com certeza serão contidos pelas forças de segurança que estarão a postos para garantir a ORDEM PÚBLICA e o cumprimento da DECISÃO JUDICIAL do TRF-4, ratificando e majorando a condenação de Lula.] 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Senador Delcídio! O senhor precisa ler mais, se informar melhor. Quem não aceita divergência é o PT – qualquer divergência é considerada golpe



Para líder do governo, ambiente de votações no Senado lembra 'Alemanha nazista'

Delcídio Amaral (PT) se refere às propostas votadas 'sob pressão' no Congresso e faz alusão a Hitler ao dizer que, quem diverge, é constrangido
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), afirmou que o ambiente de votações na Casa - após sucessivas derrotas do governo Dilma Rousseff em votações de grande impacto para as contas públicas - lembra a "Alemanha nazista". [senador o seu comportamento é nada democrático, pois pretende, na prática, fechar o Senado.
Sua intenção de adiar todas as votações que Dilma possa perder, se seguida,  significará na prática, fechar aquela Casa, pois nada será votado no Senado da República.
Deveria conversar com o Zé Guimarães, que é apresentado como líder do governo na Câmara, e convencer o ilustre ‘capitão cueca’ a desistir da liderança.
Nem ele nem o Senhor lideram nada – quem perde uma votação por 62 a 0 pode dizer que lidera alguma coisa?]

Delcídio já havia feito um desabafo em plenário na quarta-feira (8), logo após o governo perder na votação da Medida Provisória que indexa a política de salário mínimo à Previdência Social. O líder governista comparou as votações do Senado nas últimas semanas feitas sob pressão a um "corredor polonês" e alertou os colegas para as decisões "altamente temerárias" que estão sendo tomadas.

Agora o petista foi além: "É um corredor polonês e digo ainda mais. O ambiente aqui no Senado me lembra a Alemanha nazista de 1933, quando Hitler botava os 'bate-paus' para constranger todo mundo. Os caras que divergiam dele, tinha que constranger. É o que estava acontecendo aqui. Isso aqui virou um mercado persa. Isso é uma vergonha
".  [quem tenta constranger qualquer voz divergente é o PT. A petralhada é tão pretensiosa, tão sem noção, que pretende impedir o trabalho da Polícia Federal.]

Delcídio disse que o embate político está num limite tal que, se as partes não chegarem a um entendimento, a postura vai prejudicar o Brasil. "Nós não podemos, em função de embates políticos, colocar as disputas na frente daquilo que é importante para o País", avaliou.
[o que realmente importa para o Brasil no presente momento é que a Dilma saia da cadeira presidencial: por renúncia, por impeachment, por doença, por morte. O importante é que saia.]

O líder do governo afirmou que há um "jogo muito forte para a torcida" tanto da base quanto da oposição. "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço", afirmou. 

Fonte: AE