Líder do Primeiro Comando da Capital vai ficar no Regime Disciplinar Diferenciado por ao menos mais 14 dias, quase incomunicável. Direção do presídio garante não haver risco de fuga, rebelião ou ataques orquestrados
Isolado em uma cela de 14 metros quadrados, sem TV ou rádio nem
direito a banho de sol. São oferecidas seis refeições por dia. As
visitas de familiares estão proibidas. A única visão do mundo externo é
por meio de uma fresta na parte mais alta do cubículo, por onde entram
fachos da luz solar. Essa é a condição imposta a Marcos Willians Herbas
Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), na
Penitenciária Federal de Brasília. Desde que vieram de Rondônia, na
sexta-feira, ele e outros três integrantes da cúpula da facção estão no
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
A
princípio, o quarteto vai ficar 20 dias no RDD, mas o período pode ser
prorrogado. Marcola é classificado como um interno “doutrinado”. Obedece
aos comandos, cumpre as regras e não apresenta nenhuma resistência.
Mas, mesmo se deixar o RDD, não poderá ter conversas reservadas. Todos
os encontros dos detentos, seja com advogados, seja com parentes, são
feitos em um parlatório e as conversas são gravadas. As visitas
acontecem semanalmente e duram três horas.
(...)
Quem não está em RDD tem duas horas por dia de banho de sol. É o único
momento do dia que eles têm contato físico e visual. O limite é de até
13 pessoas no pátio, mas guardas só permitem a comunicação de até três
presos juntos. Outros policiais monitoram os detentos em quatro torres
de segurança, acompanhados de atiradores de elite.
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Perfil
Mais de 300 anos de condenação
Condenado
a mais de 300 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha,
roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcos Willians Herbas Camacho, o
Marcola, é o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele fundou a
facção com Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, na Custódia de Taubaté, em
São Paulo. O objetivo da organização era o combate a abusos do sistema
prisional paulista e vingar a morte dos 111 presos mortos no Carandiru.
Órfão
aos 9 anos, Marcos Willians andava pelas ruas de São Paulo roubando
carteiras e aparelhos de rádio. Aos 18 anos, foi preso por roubo a banco
e trancafiado no Complexo do Carandiru, onde se juntou aos primeiros
integrantes do grupo que estava no começo, mas se tornaria um negócio do
crime, alcançando praticamente todos os estado. À frente da maior
facção criminosa do país, Marcola organizou o domínio dos presídios
paulistas, que reúnem 231 mil detentos, maior contingente de pessoas
reclusas no Brasil.
No entanto, Marcola sempre
rebateu as afirmações de que comanda o PCC. “Não existe um ditador.
Embora a imprensa fale, romanticamente, que existe um cara, o líder do
crime. Existem pessoas esclarecidas dentro da prisão, que com isso
angariam a confiança de outros presos”, declarou o condenado, em
audiência pública na CPI do Tráfico de Armas, em 2006.