[se Gleisi Hoffmann é presidente do PT e o PT é uma organização criminosa - afirmação feita por autoridade da República - óbvio que ela é 'capo' de uma organização criminosa.
Um detalhe: só que Raquel Dodge, procuradora-geral da República está com um presentinho especial para ela - detalhes aqui.]
A senadora-ré Gleisi Hoffmann (PR), que
preside o PT, é uma irresponsável. E não é de hoje. Já quando ministra
da Casa Civil no governo Dilma, entre 8 de junho de 2011 e 2 de
fevereiro de 2014, isso ficou patente no ambiente do próprio governo, em
especial no relacionamento com setores da oposição. Bem, não custa
lembrar que a pasta era uma das responsáveis pela articulação política e
por gerenciar as obras de infraestrutura. As duas coisas entraram em
colapso. Não por culpa exclusiva de Gleisi, porque ela foi um tanto
irrelevante até como elemento negativo. Mas a ela cumpria perceber
primeiro os sinais da deterioração que levaram a sua então chefe à lona.
Não é, pois, apenas irresponsável. É também incompetente.
Já censurei aqui a gritaria de juízes,
que saem alardeando por aí o risco de caos no dia 24, quando o TRF 4
julga o recurso de Lula contra a condenação imposta por Sérgio Moro no
caso do tríplex do Guarujá. Sim, já deixei claro aqui que o juiz não
ancorou a sua decisão em provas, mas numa leitura derivada da chamada
“teoria do domínio do fato”, que jamais poderia ser aplicada à área
penal. Espremendo-se todos os argumentos de Moro, chega-se à conclusão
de que o petista foi condenado no caso do apartamento de Guarujá porque,
com efeito, havia um grupo atuando de forma criminosa na Petrobras. Tal
grupo tinha conexões com o PT — entre eles, havia os escolhidos pelo
partido. Lula sempre mandou no PT, e sua família deixou pistas de
vínculos com o apartamento. Logo, ele é culpado.
Qualquer pessoa razoável sabe que isso é
exercício, digamos, precário do direito. Estamos diante de uma Justiça
que tem a ambição de corrigir os vícios da sociedade corrigindo o que
considera os vícios de alguns homens. Pune-se um símbolo com o intuito
de ser exemplar. É o que se tem no caso, numa análise desapaixonada.
Esse tipo de comportamento, ao contrário do que pensam os tolos, faz mal
ao Brasil, não bem. Ademais, note-se: o fato de o MPF não ter
apresentado as provas não quer dizer que o crime não tenha sido
cometido. Acontece que ao estado de direito interessa o que está nos
autos, não o que está na convicção pessoal dos juízes. Ou juízes não
teríamos. Em seu lugar, haveria 18 mil ditadores. Dito o necessário,
ponto, parágrafo.
Isso não dá à senhora Gleisi Hoffmann,
ela também uma ré, o direito de pôr a faca no pescoço da Justiça. Até
porque está fazendo um falso alarde. A menos que o PT tenha organizado
uma milícia armada, cuja existência desconhecemos, pergunta-se: quem vai
se apresentar para:
- a) o sacrifício, candidatando-se à condição de cadáver?;
- b) para o trabalho sujo, candidatando-se à condição de homicida?
Eu não entendi, senadora Gleisi
Hoffmann! A senhora está dizendo que o PT está disposto a morrer, a
matar ou às duas coisas? No primeiro caso, o partido teria um estoque de
mártires, não é? Quem sabe a legenda tenha treinado, nesse tempo, uma
milícia suicida, que estará disposta a atear fogo às próprias vestes. No
segundo caso, a legenda teria organizado um bando de sicários,
dispostos a sair por aí a eliminar aqueles que não concordam com seus
postulados. No terceiro, tratar-se-ia de um anúncio de rompimento com a
legalidade e de adesão à luta armada.
Já censurei aqui o alarde de juízes, que
estão superestimando as possibilidades de conflito. Querem saber o que
acho que vai acontecer no dia 24? Nada! Uma escaramuça ou outra dos mais
exaltados e pronto! Não vai além disso. Ao elevar a tensão retórica e o
risco de confronto, os senhores juízes abrem caminho para o triste
proselitismo da senhora Gleisi Hoffmann. Ao dizer o que diz, na prática, a
senadora está desafiando a Justiça a prender Lula, uma possibilidade que
existe, é claro!, embora me pareça remota no momento.
Gleisi quer uma
de duas coisas:
a: por motivos técnicos, a Justiça não
prende Lula, e os petistas saem alardeando vitória entre os seus, mesmo
com Lula condenado, como deve ser. Assim, mantém-se a fantasia de uma
legenda que atua na resistência e que logrou uma “vitória” contra o
sistema. A próxima é vencer a eleição;
b: a Justiça decide prender Lula: os
petistas vão organizar protestos e vão forçar o limite da contenção
policial, buscando alguns confrontos, e Lula se torna, então, o líder
encarcerado. Em qualquer dos casos, estamos diante de
politicagem mixuruca, que responde com irresponsabilidade à
irresponsabilidade daqueles que viram um clima de conflagração armada
onde se tem nada além de uma pressão que deve ser considerada normal
numa democracia. No mundo inteiro, grupos organizados tentam interferir
em decisões da Justiça.
Mas não é corriqueiro que o comandante
de um partido político ameace o país com cadáveres caso a Justiça não
decida segundo o gosto do grupo que lidera. Isso não é conversa de
presidente de partido, mas de líder de milícia ou de bando dedicado ao
crime organizado.
Gleisi Hoffmann é o quê?
Blog do Reinaldo Azevedo