Vozes - Gazeta do Povo
Alguns deputados aprovaram a reforma tributária sem nem saber no que votaram - Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados.
Já está no Senado a reforma tributária, aquela que vai mexer no bolso de todos nós, talvez também no estômago e na conta bancária de todos nós. Não é só quem paga imposto de renda que está nessa. Qualquer pessoa que compre estará pagando imposto. Não é o empresário que paga imposto. O empresário pode recolher, mas ele transfere para o preço final de tudo que ele produz e vende o serviço. Então não se iludam quando vem a indústria dizer que está gostando dessa reforma.
Eu não sei se a indústria está sendo masoquista, ou se ela está vendo só a facilidade em pagar imposto. Setor de serviços está assustado e o agro está com pé atrás, ou, digamos, os dois pés atrás.
Está lá no Senado e já tem relator. É o ex-governador do Amazonas, do MDB, o senador Eduardo Braga. Se alterar alguma coisa do texto da Câmara, vai ter que voltar pra Câmara. É uma emenda constitucional. E lá na Câmara, dos deputados que aprovaram essa emenda, por uma maciça maioria de votos, muitos dizem que não sabem em que votaram. Deram um cheque em branco, que não entenderam o que está escrito, ou que não tiveram tempo de ler.
Aí eu sei que você, eleitor e pagador de impostos se pergunta: mas então por que aprovaram?
Porque não pediram mais tempo?
Força que tem a liberação de emendas, bilhões de emendas, de deputados que foram premiados com a liberação rápida de suas emendas, para poderem, mais tarde, garantir as suas reeleições.
É uma questão de democracia também, porque a maciça maioria do povo brasileiro não participou disso. É uma falácia dizer que se discute isso há 25 anos.
Olha, discute-se isso, no mínimo, desde 1993. Portanto, são 30 anos.
Só que, de repente, apareceu um texto diferente do que se discutia.
Ideias gerais, sim, o IVA, imposto sobre valor agregado, etc e tal.
Mas surgiram "sovietes", que a tradução é em português é "dar conselho". Sovietes que podem substituir governadores e perfeitos.
O governador Caiado botou a boca no mundo e fez muito bem.
Outra coisa é o sujeito que votou sem saber no que votou.
Ele não está preparado pra ser representante dos seus eleitores se ele vota sem saber no que votou.
E nós eleitores e pagadores impostos, tão pouco estamos preparados para cidadania se a gente não participa também.
Botando a boca do mundo, reclamando ou apoiando, como a indústria apoiou, por exemplo. Grandes industriais apoiaram. Agora está no Senado.
O presidente do Senado acha que até o fim do ano resolve isso. Agora é férias, né?
É bom a gente pensar que diz respeito aos bolsos de todo mundo.
É aquilo que eu disse, todo mundo paga imposto quando compra alguma coisa. Não é a indústria automobilística que está pagando 45% de imposto, é você, quando compra o carro, quando compra uma cerveja, é bem mais do que isso.
Mauro Cid
E o outro registro de hoje é a questão do depoimento do tenente coronel Mauro Cid.
Só pra lembrar, ele foi lá fardado, porque ele foi convocado em função de uma missão que ele estava cumprindo como militar, de ajudante de ordens da presidência da República.
E não respondeu a nenhuma pergunta, porque, afinal, teoricamente, tudo iria incriminá-lo. Ele está preso. Foi preso por cartão de vacina.
E agora, a mídia está mostrando como transgressores da lei os que o visitaram. Claro, esse pessoal da mídia nunca abriu um evangelho e viu lá Mateus, dizendo "eu estive preso e tu me visitaste, tu foste ver-me", né? Jesus disse, "na verdade, quando fizeste isso, estavas fazendo a mim".
Também não viram isso, essa questão de humanidade, de visitar preso. Meu Deus.
Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES