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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Quiproquó - Trombadas e ciúmes: advogados de Lula divergem em relação à estratégia de defesa do petista

Advogados do ex-presidente se desentendem na estratégia de tentar colocá-lo nas ruas a tempo de fazer campanha 

[maravilhoso que a defesa do presidiário Lula continue batendo cabeça;

enquanto os defensores buscam os holofotes o condenado vai puxando cadeia.]

Em agosto do ano passado, um grupo de jurisconsultos liderado pela professora Carol Proner, da PUC-RJ (que nas horas vagas namora Chico Buarque), lançou o livro Comentários a uma sentença anunciada — O processo Lula, no qual uma centena de advogados e juristas criticavam a condenação do juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá.


A advogada Valeska Teixeira repete discurso de Lula de perseguição política e rejeita a possibilidade de concessão de prisão domiciliar ao ex-presidente (Foto: Reprodução)

A ideia da publicação era jogar luz em pontos polêmicos do processo que culminou na prisão do ex-presidente. Quando o livro estava para ficar pronto, os advogados de Lula — Cristiano Zanin e sua mulher, Valeska Teixeira — começaram a chiar. Não haviam sido consultados sobre a iniciativa, não foram chamados para revisar ou opinar sobre o livro nem tampouco palpitaram sobre a importância do documento para a estratégia jurídica. A presença de Lula no lançamento da obra em São Paulo — que já estava confirmada — foi suspensa na última hora. Na tarde da terça-feira 26, um petista relembrou o caso: “Eles trabalharam muito nos bastidores contra o livro. Foi feito por gente que não ia ganhar nada, queriam apenas denunciar a injustiça com elementos jurídicos”, disse. “A confusão foi só ciúmes.”
Entrevista coletiva dos advogados de Lula após a condenação por Moro. O painel com a inscrição Teixeira Martins rendeu críticas por busca de autopromoção inadequada (Foto: DÉBORA ELY/AGÊNCIA RBS)

Naquele mesmo dia, o mais recente entrevero envolvendo advogados de Lula havia vindo à tona. Na semana anterior, o advogado Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF, que também integra a equipe de defesa, havia entregado um memorial a ministros do Supremo, pedindo a prisão domiciliar do ex-presidente. Em uma nota, Cristiano Zanin que é par de Pertence na defesa desmentiu o colega em público. “A defesa não apresentou ao STF ou a qualquer outro Tribunal pedido de prisão domiciliar”, escreveu. Ao ver a nota, como era de imaginar, Pertence ameaçou deixar o caso. Sentiu-se desrespeitado, exposto, ultrajado.

Havia apresentado o memorial depois de receber a sinalização de um ministro da Corte de que o melhor caminho para Lula sair da cadeia seria entrar com um pedido de domiciliar. Como um amigo contou, “ao ter esse sinal, Pertence foi trabalhar. Fez o que se espera de um advogado que tem o cliente preso”. Do outro lado, Zanin dizia a pessoas próximas que não havia sido consultado sobre a ideia. [por óbvio , o tal ministro 'sinalizador' agiu da mesma forma que o ex-procurador Miller no caso JBS e merece ser investigado e devidamente processado.]   

Pertence apresentou pedido ao STF de que fosse concedida a prisão domiciliar a Lula, após sinalização de que poderia ter sucesso na estratégia. Surpreendido, Zanin enfureceu-se

Quando colunas de notas políticas passaram a publicar que Lula dizia não querer o benefício, o caos se instalou. A falta de comunicação, de alinhamento e de estratégia comum da defesa ficou patente. Pertence se fechou em copas e passou a considerar seriamente pular fora do barco. Tem ouvido de interlocutores de Lula que seria uma péssima ideia abandonar um cliente preso, sobretudo um cliente para o qual trabalha pro bono (de graça) e com o qual tem uma amizade de décadas. Ele responde dizendo que, aos 80 anos, com a biografia que tem, não precisa mais passar por certas situações.