Neste mês de abril, até o dia 23, haviam ocorrido 33 invasões de propriedades pelo MST (a Globo,
que fez o L e gostou, chama de “ocupações”). Não obstante, João Pedro
Stédile, comandante do “exército do MST” – assim nominado por Lula num
ato público em defesa do governo Dilma (24/02/2015) – integrou a recente
comitiva presidencial na visita à China.
Imagine,
leitor, se os traficantes de droga, como forma de ampliar o número de
usuários, criassem um mês de promoções, tipo “Seu pó a preço de
farinha!”, ou “Compre uma pedra e leve duas!”.
E suponha que esses fatos
fossem abordados com naturalidade pela mídia e pelos poderes de
Estado. Ou, então, imagine que os ladrões de carro programassem ações
em âmbito nacional, como, por exemplo: “Curta a primavera andando a pé”,
e realizassem uma campanha para aumentar o furto de veículos. E as
autoridades não esboçassem reação alguma. Escândalo?
Pois é isso
que acontece em nosso país, há mais de uma década, no mês de abril. O
MST, nestes dias, rememora os episódios de Eldorado dos Carajás com um
Abril Vermelho, desencadeando operações agressivas que incluem invasões
de propriedades privadas e de prédios públicos e bloqueio de ruas e
estradas.
E tudo é considerado muito normal, porque, afinal, trata-se de
um “movimento social” cuja conduta criminosa não pode ser criminalizada
sem grave ofensa a... a que mesmo? Ao direito de invadir?
Ao direito de
destruir os bens alheios?
Ao direito de atrapalhar a vida dos outros?
Ao direito de cometer crimes e permanecer incógnito?
Note-se que
não estamos perante uma gama de atividades lúdicas do tipo “Passe um
dia no campo com o MST”, ou de celebrações cívicas, a exemplo das que
são promovidas em lembrança às vítimas da Intentona Comunista de 1935.
Não, não é isso. Em abril, o MST eleva o tom daquilo a que se dedica
durante o ano inteiro: a ação destrutiva imposta pelo DNA dos movimentos
revolucionários.
Trata-se de atacar o direito à propriedade privada
(dos outros), os bens alheios e as instituições do Estado Democrático de
Direito – entre elas o conjunto dos poderes de Estado.
E de fazê-lo com
a leniência destes, verdadeiros bobos da corte do movimento.
Quase
sempre distraídos quanto aos problemas da cidadania, os Três Poderes
(qualquer semelhança com Moe, Larry e Curly, os Três Patetas, corre por
conta do leitor), vão da tolerância à inação, da perda de vigor à
flacidez extrema. Sabem por quê?
Porque eles supõem, no Olimpo onde
vivem, que o movimento se volte apenas contra os “poderosos
latifundiários e seus ociosos latifúndios”.
No entanto, as ações do MST alimentam a ira e as urgências dos poderes contra seus antagonistas
políticos e ideológicos e sua negligência com a proteção da sociedade,
seus direitos e sua liberdade.
Eis porque o
tema, há muito tempo, deixou de ser coisa de um grupo social para se
tornar pauta necessária das escassas reservas de inteligência do país,
ainda capazes de compreender como operam os movimentos revolucionários e
de bem avaliar seu poder de destruição. Porque saiba, leitor, aquilo
que os desnorteados bispos da Comissão Pastoral da Terra fingem não
saber: a primeira tarefa dos movimentos revolucionários é a destruição.
O
que vem depois fica para depois, inclusive acabar com o clero, como
sempre fizeram ao longo da história e estão fazendo na Nicarágua.
De fato, o Abril Vermelho deu o tom do ano. Saiu o verde e amarelo, entrou o vermelho a dar o tom do ano. Fez o L e não gostou?
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.