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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma aventura insólita na Coreia do Norte


No país isolado, turistas seguem regras rígidas, e presença do Estado é forte no dia a dia dos cidadãos

[não pode ser esquecido que maus brasileiros - incluindo Dilma Rousseff, Zé Dirceu, Genoíno, Pimentel - pretendiam transformar o nosso Brasil em um misto de Coreia do Norte e Cuba.
FRACASSARAM. Graças a coragem dos brasileiros do BEM, especialmente os militares, que estabeleceram em 1964 o Governo Militar e sem vacilar cumpriram com o DEVER e derrotaram a corja de traidores.
Entre estes brasileiros, verdadeiros HERÓIS, figura o nome do coronel Carlos Alberto Brilhante USTRA.]
Um barulho alto mas não histérico, como uma espécie de sirene afônica, me acordou antes das 7h. Em qualquer outro hotel do mundo, eu teria ligado para a portaria, com mais curiosidade do que apreensão, para saber do que se tratava; mas eu estava no Yangakddo, no coração de Pyongyang — e, na Coreia do Norte, qualquer barulho fora do normal ativa sinais de alarme. Abri a porta do quarto — tudo parecia tranquilo no corredor. O vizinho do lado também pôs a cara para fora. Esperamos para ver o que acontecia, mas depois de alguns minutos o barulho diminuiu. Quando acabou, sem que nada de excepcional houvesse ocorrido, nos despedimos como velhos amigos e voltamos cada qual para a sua toca, para dormir os últimos momentos de um dia que prometia ser cheio.


Smartphone limitado. Militar checa o telefone: o país tem - Picasa / Cora Ronai

ÁRDUO TRABALHO DE OBTER VISTO
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Dez de outubro é o aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, e a septuagésima comemoração da data seria feita em grande estilo. Haveria uma gigantesca parada militar, festas populares, um show inédito nas águas do Taedong. Desde o dia anterior, grupos de crianças e adultos ensaiavam movimentos coreografados nas praças pelas quais passávamos. Excepcionalmente, a cidade estava cheia de estrangeiros, vários deles jornalistas, convidados pelo governo para os festejos. Não era o meu caso: eu era apenas uma turista em férias.
 
Chegar à Coreia do Norte é relativamente fácil para a maioria dos viajantes, mas quase impossível para sul-coreanos e jornalistas. O visto é obtido pela internet através da meia dúzia de agências que organizam viagens ao país, mas todas avisam, de saída, que não atendem a jornalistas. Mandei muitos e-mails para cá e para lá até convencer a Koryo Tours a abrir exceção para uma colunista de tecnologia que, às vezes, atua como cronista de viagens. No fim consegui o visto como travel writer, mas para isso precisei me comprometer a falar apenas da minha experiência como turista, e a manter meu texto dentro de linhas gerais mais ou menos bem comportadas.

A Coreia do Norte se preparou com esmero para receber as visitas. Todos os edifícios de Pyongyang, e todos os prédios e casas das estradas pelas quais fomos autorizados a passar, receberam uma mão de tinta. Na capital, centenas de árvores foram plantadas nas ruas, novos parques foram criados e uma loja de departamentos e um bateau mouche foram inaugurados pelo comandante supremo Kim Jong-un. Ficamos sabendo disso ainda no avião da Koryo Air através do “Pyongyang Times", jornal em língua inglesa para visitantes.

A viagem para a Coreia do Norte é ao mesmo tempo curiosa e frustrante. O turista tem acesso, afinal, a um país sobre o qual pouquíssimo se sabe, e vive, em primeira mão, experiências relativamente raras num mundo em que cada vez mais gente disputa as mesmíssimas vistas e selfies. Por outro lado, nenhuma viagem é tão controlada e vigiada.

Quem acha que chegando a Pyongyang vai desvendar o mistério norte-coreano e descobrir toda a verdade sobre o país engana-se redondamente. Ainda em Pequim, recebemos instruções minuciosas sobre o que fazer e, sobretudo, sobre o que não fazer — não fotografar nada que não seja expressamente permitido, por exemplo, é uma instrução várias vezes repetida. Os grupos de turistas, em geral entre 15 e 20 pessoas, ficam sob vigilância constante: não é possível nem ir ao banheiro sem um guia atrás. A primeira consequência disso é que passamos a desconfiar de tudo o que nos é mostrado, e lendas urbanas acabam colorindo a realidade mais prosaica. 
 Turistas seguem regras rígidas no país - Picasa / Agência O Globo
O dia da grande parada foi uma aula de campo sobre os meandros da misteriosa burocracia do regime. Saímos do hotel sem destino certo e sem saber se poderíamos ou não assistir ao desfile; nossa sorte dependia de telefonemas aflitos que os guias davam e recebiam. Mas nem eles sabiam com certeza a que horas começaria o espetáculo. O dia amanhecera chuvoso, e as autoridades estavam esperando o tempo melhorar. 

Fomos levados a uma exposição de flores e a um parque aquático, demos voltas intermináveis de ônibus e, no fim, passamos a tarde em pé, enregelados, numa esquina por onde passaria a dispersão, junto com todos os outros 300 turistas que estavam na cidade. Do outro lado, uma multidão de coreanos esperava também. Já era noite fechada quando, enfim, os primeiros tanques apareceram no horizonte.

‘SIRENE’ ERA APENAS ÁGUA NOS CANOS
Durante mais de uma hora, a terra tremeu sob os nossos pés, enquanto uma banda tocava e o cheiro da fumaça do escapamento das máquinas empesteava o ar. Para quem esperava ver a maior parada militar do mundo, foi uma decepção só; mas o que vimos foi, apesar de tudo, uma cena única, que rendeu lembranças inusitadas e belas fotos.

Mais tarde, de volta ao Yangakddo, um funcionário nos explicou o que havia sido a estranha sirene que nos acordara pela manhã. Era a água correndo pelos velhos canos do hotel, reclamando de tantos turistas tomando banho ao mesmo tempo.

Por:  Cora Rónai - O Globo