Diante
de atentado em Paris, líder da extrema-direita afirma que fará votação sobre o
tema, caso seja eleita em 2017
Maior figura da extrema-direita francesa, Marine Le
Pen disse em
entrevista ao canal ‘France 2’ que
quer reinstaurar a pena de morte no país, caso seja eleita presidente em
2017. Após criticar o que considera uma deterioração nas forças de segurança
locais, a líder da Frente Nacional sugeriu também que os muçulmanos “declararam”
guerra contra a França. — Pessoalmente, acredito que a pena de morte deveria
existir em nosso arsenal legal. Quero oferecer aos franceses a oportunidade de
um referendo sobre o tema, caso eleita. Sempre disse que daria aos franceses a
oportunidade de se expressar sobre isto através de um referendo.
Segundo
Le Pen, possíveis terroristas devem ser destituídos de conexão com o país. —
A França está em guerra contra o fundamentalismo islâmico. Houve uma diminuição
contínua na transferência de recursos para a polícia, a inteligência e o
Exército. Devemos tomar medidas sobre as ameaças, e não minimizá-la, fazer negação
e hipocrisia. — Temos que destituir estas pessoas da nacionalidade
francesa, caso tenham dupla nacionalidade. Foram os islamitas que declararam
guerra à França.
Na
quarta-feira, dia do atentado, Le Pen afirmou que o fundamentalismo islâmico “causa
milhares de mortes todo dia, em todo o mundo”. A última execução na
França ocorreu em 1977, e a pena capital foi abolida em 1981 pela
constituição e por tratados de direitos humanos.
‘A
extrema-direita será favorecida’, diz analista sobre atentado em Paris
Especialista
alerta que atentado beneficia discurso de Marine Le Pen
Marine Le Pen direciona críticas aos
muçulmanos - STEPHANE DE SAKUTIN / AFP
François-Bernard
Huyghe, diretor do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris),
alerta para a crescente ameaça de pequenos grupos passarem à violência na
prática, sem que as autoridades sejam capazes de prever e evitar. Para ele,
a ação contra o “Charlie Hebdo” ajuda a reforçar o discurso da extrema
direita.
Qual
o significado do atentado desta quarta-feira?
Vemos
hoje pequenos grupos que querem matar, ver a morte nos olhos de suas vítimas.
Não usam bombas. E também não querem morrer no ataque. Estão habitados por
uma sede de vingança em relação ao que estimam ser massacres de muçulmanos na
Palestina, no Iraque, ou a ofensas ao profeta, como foi o caso das
caricaturas de Maomé. São grupos que não exigem nada do Estado, não têm
reivindicações, como a liberação de companheiros. Só querem verter sangue
como vingança. [são adeptos da mesma filosofia do
terrorista brasileiro, o porco Carlos Marighella, herói do atual ministro da
Defesa da Dilma, Jaques Vagner. Esse ministro simplesmente retirou o nome de um
general, ex-presidente do Brasil, de uma escola, substituindo pelo do porco
guerrilheiro, em evidente e imperdoável afronta às Forças Armadas.] O que é alarmante, pois este tipo
de terrorismo que busca a morte pura como resultado pode ser praticado por pequenos
grupos que não têm necessidade de uma grande estrutura ou de conexões
internacionais. São pessoas que conseguiram obter armas e coletes à prova de
bala, podem ter contato com a grande criminalidade, é uma hipótese.
O
fato de o alvo ter sido o “Charlie Hebdo" é um forte símbolo?
Não
somente porque é um jornal, mas um jornal satírico conhecido há muitos
anos na França, que zombava de tudo de forma anarquista. Eles receberam
sinais por sua insolência a propósito das caricaturas do profeta, em 2006.
Aparentemente, se quis punir “Charlie Hebdo” por suas caricaturas do
profeta.
Como
ficará a comunidade muçulmana na França?
A
acumulação de tudo isso não facilita a situação para a comunidade muçulmana.
Penso que 99% dos muçulmanos franceses são pessoas honestas e pacíficas, como 99%
dos católicos... Mas num clima em que já houve outros atentados, e nesta tensão
entre as comunidades judia e muçulmana na França, certamente conflitos serão
reavivados, que é o objetivo do atentado.
Haverá
um aumento das tensões?
Vai
certamente contribuir para fazer do problema de coabitação com o Islã a
principal tensão neste país. É preciso ver como as pessoas vão reagir. Haverá
certamente declarações de autoridades muçulmanas condenando o atentado, o que é
normal. Mas não se poderá continuar a dizer que não há
problema jihadista na França. Sabe-se que o país provavelmente
fornece o maior contingente de jihadistas para o Estado Islâmico. Não há
mais como esconder esta minoria radical. E há o perigo de novos atentados, pois
há cada vez mais radicalização.
A
extrema-direita sai reforçada?
Já havia
razões sociológicas e econômicas para o sucesso da extrema-direita, mas é claro
que isso favorece Marine Le Pen, que vai atacar ainda mais o fundamentalismo
islâmico. Mas não
será uma grande mudança. Aqueles que são contra a imigração e o
multiculturalismo já eram sensíveis às suas ideias. Para alguns, o que ocorreu
dá razão a Marine Le Pen, e certamente não beneficia o discurso a favor do
Islã.
Fonte: AFP