Os evangélicos são a sustentação da base eleitoral de Bolsonaro e Trump, que representam a atual guinada ideológica à direita
O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley ter comparado o
presidente Jair Bolsonaro a Oswaldo Aranha, que presidiu em 1947 a
sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas que levou à criação do
Estado de Israel, só mostra a importância para Israel do compromisso
político [compromisso sem data definida para seu atendimento.] do novo governo de transferir a embaixada brasileira para
Jerusalém, como fez Trump. Os evangélicos fundamentalistas são o sustentáculo da base eleitoral dos
dois presidentes que representam, cada qual a seu modo, a atual guinada
ideológica no mundo à direita, sob três pilares fundamentais: contra o
aborto, a favor de Israel e a favor de armas.
No Brasil, esses pilares podem ser traduzidos pela segurança pessoal e a defesa de valores morais conservadores. Nos Estados Unidos, o grupo Christian United for Israel que faz o mais
forte lobby a favor de Israel bíblica, o que implica o reconhecimento de
Jerusalém como capital, independentemente de um acordo com os
palestinos. Por isso o governo de Israel, nas palavras de seu embaixador
no Brasil, considera que Bolsonaro está mudando a História.
Os evangélicos apoiaram Bolsonaro, que, católico, foi batizado no Rio
Jordão, a exemplo de Cristo, pelo pastor Everaldo, presidente do Partido
Social Cristão (PSC) ligado à Assembléia de Deus, a maior igreja
evangélica do país. [religião é um assunto estritamente pessoal, a salvação é individual;
somos bolsonaristas de raiz, mas, temos que alertar um detalhe - os valores religiosos são superiores aos políticos e cabe o registro que a conduta do presidente Jair Bolsonaro, talvez politicamente correta (sempre a busca do maldito politicamente correto atrapalhando mais do que ajudando) errou diante dos preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, quando, sendo católico, aceitou ser batizado uma segunda vez.
Sem pretensões nem competência para aprofundar uma discussão teológica, destacamos que o CREDO é de clareza meridiana quanto estabelece "...Professo um só batismo para remissão dos pecados...".]
Outra igreja evangélica importante no apoio a Bolsonaro foi a Universal
do Reino de Deus comandada pelo auto-intitulado Bispo Macedo, do PRB,
Partido Republicano Brasileiro. O PRB foi criado em 2005 para substituir
o PL, manchado pelas denúncias do mensalão. Na ocasião, o então
prefeito Cesar Maia o chamou de “o gospel do crioulo doido”, tal a
disparidade de seus fundadores. A Universal tem em São Paulo sua maior igreja, uma cópia do Templo de
Salomão, cujo altar tem o formato da Arca da Aliança, onde, segundo
relato bíblico, o rei Davi guardou os Dez Mandamentos no primeiro Templo
de Salomão, construído no século XI a.C., em Jerusalém.
(...)
Mangabeira Unger considera que os evangélicos brasileiros têm semelhança
com pioneiros que fundaram os EUA e tinham o espírito empreendedor que
faria a diferença para o desenvolvimento do Brasil. As pesquisas durante a eleição presidencial mostraram que a sociedade
exaltava o “autoritarismo” de Bolsonaro, provavelmente confundindo com
“autoridade”, para trazer ordem aos serviços públicos, proteção à
família, (instituição mais valorizada pelos brasileiros segundo o
Datafolha), e meritocracia no trabalho. “Tudo sob a proteção divina”.
(...)
Matéria Completa, em O Globo, Merval Pereira