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sexta-feira, 20 de março de 2020

Dólar alto - Preocupação no campo é o aumento no custo da próxima safra - Blog da Míriam Leitão - O Globo




A agropecuária terá um papel central na retomada após a pandemia. No campo, o momento atual é de colheita da safra da soja, que não vai parar. A demanda está boa e, em boa parte, a colheita já foi vendida. Mas o setor também tem preocupações. A maior delas é o investimento na próxima safra.

O preço da soja continua atraente, com a alta do dólar. Mas os custos com fertilizantes cresceram junto com o câmbio, conta Leonardo Sologuren, presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil. É exatamente nesse período da colheita que os produtores começam a encomendar sementes e fertilizantes para a próxima safra. O produtor hoje enfrenta o dilema de fechar os contratos com os fornecedores ou esperar uma melhora no cenário, explica Sologuren. As compras são feitas com antecedência porque há limitações logísticas na entrega dos suprimentos.

Um outro risco que o setor enfrenta nessa crise é um eventual fechamento de portos, como chegou a ser cogitado. Uma decisão nesse sentido levaria à restrição no escoamento da safra e na chegada dos fertilizantes. Países que são clientes, como a China, poderiam sofrer desabastecimento.       

A previsão é de que este será um ano de novo recorde na produção de grãos, com mais de 240 milhões de toneladas e a demanda por alimentos deve se manter, apesar da paralisação global. O cenário mais provável é que nessa recessão que se avizinha o campo ajudará a amenizar a queda aqui no Brasil, inclusive garantindo a entrada de dólares no país. 

Blog da Míriam LeitãoO Globo - Marcelo Loureiro 


domingo, 10 de junho de 2018

“Temer dá a ré” e outras notas de Carlos Brickmnn

Temer anunciou a tabela de preços mínimos para o frete e, diante da reação de líderes dos caminhoneiros, que ameaçaram parar de novo, recuou


O presidente Michel Temer é coerente: está onde sempre esteve (talvez isso só mude no fim do mandato, quando perder o foro privilegiado). Temer, ao assumir, lembra-se? extinguiu o Ministério da Cultura, apenas para em seguida voltar atrás, diante da reação dos prejudicados. Agora, em quatro horas, anunciou a tabela de preços mínimos para o frete e, diante da reação de líderes dos caminhoneiros, que ameaçaram parar de novo, recuou, revogou a tabela e prometeu outra, exatinho como eles exigiam. Os reclamantes nem pediram licença: invadiram o Ministério dos Transportes. E, mais uma vez, viram o presidente obedecer a quem gritasse mais.

Enquanto isso, como se comporta o mercado? Uma carga de 300 kg de São Paulo a Roraima sairia por pouco menos de R$ 1.200. Mas apareceram transportadores se propondo a levá-la por R$ 1.000, ou menos. A questão nem é tanto de preço: é que o caminhoneiro autônomo não pode parar, se quiser pagar as contas. E quem está ganhando com isso? Caro leitor, é ele mesmo: Joesley. Ou eles, os de sempre: os frigoríficos. O criador não pode segurar os bois no pasto, sob pena de ter prejuízo. Frigoríficos aproveitam a paralisação: oferecem preço menor pelos bois, e os criadores, pressionados, aceitam. Os frigoríficos ganham também na outra ponta, exportando com o dólar alto. Quem pensa nos caminhoneiros de verdade, ou nos criadores?
E Temer, não pensa? Talvez até pense, mas não hesita em dar a ré.

O dinheiro que falta
O Governo diz que o orçamento não comporta novos gastos. Deve ser verdade: o déficit deste ano está por volta de R$ 160 bilhões. Mas será que não dá para mexer nisso? O empresário Zizinho Papa, presidente emérito da Federação do Comércio, que será candidato a deputado federal pelo PSDC paulista, dá números: temos 54 governadores e vices, 81 senadores, 11.136 prefeitos e vices, 1.024 deputados estaduais, 513 deputados federais. Vices e governadores, deputados federais, senadores, prefeitos, todos têm carro oficial. Deputados estaduais, não todos, mas muitos, têm carro oficial. Sem luxo: bons carros, como Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze e outros do mesmo nível, custam no mínimo R$ 80 mil. É preciso tudo isso? Não são só os carros: se reduzirmos à metade o número de 69.620 políticos com mandato, qual o problema? E qual a economia?

Os números
A política nos custa (tudo, incluindo o que é mesmo indispensável) R$ 150 mil por minuto, R$ 9 milhões por hora. São quase R$ 78 bilhões por ano. Isso, claro, não inclui as boas aposentadorias, nem o seguro-saúde ilimitado e vitalício. Reduzir esse gasto pela metade e poupar R$ 39 bilhões será mesmo impossível? E deve ser bom fazer política: há 35 partidos com registro no TSE, todos recebendo parcelas do Fundo Partidário, todos com direito a financiamento público de campanha. Há 73 partidos em formação. Qual a diferença entre um e outro? A semelhança, essa nós sabemos.

A grande festa
A despesa é alta mas a festa continua – afinal, quem paga somos nós. A Câmara Municipal de São Paulo acaba de aprovar um bom reajuste (77%) numa gratificação aos funcionários. Coisa pouca, para quem legisla: apenas R$ 5,7 milhões por ano. Mas analisemos as despesas da Câmara: nela, há 254 funcionários recebendo mais do que o teto municipal, de R$ 24,1 mil. Há quem ganhe R$ 59 mil, quase o dobro do teto federal, que é o salário dos ministros do Supremo. E isso antes do aumento da tal gratificação.
Detalhe: dos 254 que ganham acima do teto, 133 estão aposentados. Ali não vigora o INSS: é outra lei, mais boazinha. É proibido regular micharia.

Buscando dinheiro
Uma decisão da Justiça Federal, na terça-feira, mostrou, a quem ainda não sabia, onde é que o Governo busca dinheiro para a farra de gastos: foi suspensa a portaria 75 do Ministério do Planejamento que tirava R$ 203 milhões do orçamento do SUS, da segurança alimentar, da assistência técnica à agricultura familiar, de repressão à violência contra a mulher e do setor de transportes, e transferia tudo para a publicidade – aquelas coisas de “Ordem é Progresso”, que tanto contribuem para a popularidade de Temer. A decisão foi do juiz Renato Borelli, da 20ª Vara da Justiça Federal.

E chega!
Agora é hora de descansar um pouco da triste realidade brasileira. Este colunista acaba de ler (e recomenda) uma delícia de livro: “A História da Literatura Erótica e Meus Contos Malditos”, de Antônio Paixão.
O livro, lançado no dia 5, foi-me recomendado por um apreciador de boa literatura: o advogado Orlando Maluf Haddad – aliás, que tal fazer sua biografia, que inclui o resgate de presos pela ditadura uruguaia, rompendo o cerco da Operação Condor, que unia os ditadores do Cone Sul da América? Uma nova tarefa para o bom escritor Paixão.


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

 

domingo, 25 de outubro de 2015

Empresários ainda não veem horizonte de recuperação da economia

Relatos de onze associações empresariais apontam que imprevisibilidade marca perspectivas para 2016 e 2017

Incerteza, imprevisibilidade e falta de clareza. A pouco mais de dois meses para o fim do ano, o cenário para 2016 ainda está nebuloso para onze associações empresariais de diferentes setores da economia: de supermercadista a calçadista, de plásticos a químicos, de vidro a embalagens, de máquinas e equipamentos a imobiliário, além do automobilístico.

No momento em que as empresas olham para frente para definir seus orçamentos e decisões de investimento para o ano seguinte, não se vê horizonte de recuperação. E as dúvidas comprometem os planos de negócios e levam a uma estratégia de defesa. Sem confiança no potencial da economia, a cautela é palavra de ordem. Poucos se arriscam a estimar os números para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e menos ainda em 2017.

Para fazer previsões sobre economia hoje é mais fácil falar com o pai de santo que com as associações de classe. Não dá para fazer previsões para o ano que vem, apenas estabelecer faixas. Por exemplo, nossa expectativa é que o PIB caia entre 1% e 2%, que o dólar fique entre R$ 4,30 e R$ 5... Mas são faixas muito grandes — afirma o diretor de competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini.
 
Mais do que apenas preocupados com a situação atual, economistas e representantes de associações se ressentem da falta de perspectivas. A crise política contaminou a economia e torna mais delicado esse cenário, apontam. Como diz Marcos Lélis, consultor da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e professor da Unisinos, numa crise política “o cenário fica indeterminado, é um movimento meio aleatório”:
— Ainda não se consegue enxergar 2016.

Mais enfático, o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, ressalta que embora não se esperasse um ano de 2016 “brilhante”, a expectativa era de interrupção da queda: Não é o que vemos agora. O primeiro semestre está comprometido, até pelo efeito do que se carrega de 2015. O que se vê para 2017 é que estamos empurrando a tal retomada esperada para 2016, mas também não há garantia. Hoje não há clareza de nada, pode acontecer tudo ou nada. Infelizmente, não dá para prever 2017. A forte e rápida deterioração das expectativas assusta quem precisa levar em consideração a conjuntura para definir os planos da empresa e levanta suspeitas sobre novas pioras nos números. Até julho, o Boletim Focus do Banco Central — que reúne as projeções das principais instituições financeiras —, previa estabilidade da economia em 2016. Agora, estima recuo de 1,22%. Em 2015, espera-se uma queda de 3%. Isso significa dois anos seguidos de recessão, fenômeno que não é observado no Brasil desde 1930/1931, segundo a série das Estatísticas para o Século XX, do IBGE. Para 2017, a previsão é de alta de 1%, segundo o Focus.  — Ouvi essa frase e tenho repetido. Quem me dera estar no fundo do poço. O ano de 2016 ainda é uma grande interrogação — lamenta o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Rodrigues Martins.

Não que se esperasse um ano de 2016 de forte crescimento, mas havia expectativa de reação. — O ano de 2016 não está 100% comprometido, mas será muito difícil. A depender do que acontecer agora, pode-se comprometer inclusive 2017 — diz a diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fatima Giovanna Coviello Ferreira.


Como aponta o Departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), fazer previsões no momento atual é atividade “muito complicada”. Em setembro, foi feita estimativa de recuo de 0,8% do PIB em 2016: “Desde então, o cenário não se firmou e continuou a piorar. Antes de divulgar novas projeções, vamos esperar desdobramentos e torcer para que já tenhamos atingido o fundo do poço”, informou a Abras.

Diante desse quadro, o superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), Lucien Belmonte, destaca a “angústia” daqueles responsáveis pelos planos de negócios das empresas: — Quando não se sabe qual será o amanhã, o que se tem é angústia. O empresário está angustiado.

E esse clima de compasso de espera compromete investimentos. Presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho argumenta que, “na incerteza, não são feitos novos projetos, não se investe e não se contrata, ao contrário, pode-se demitir”. Para a retomada do investimento, ele defende que é necessária a restauração da confiança.

Enquanto isso não ocorre, associações relatam a tendência de uma postura defensiva e de uma estratégia de sobrevivência das empresas. Nesse clima, investimentos em aumento de produção ou novas fábricas, por exemplo, ficam adiados: — Sem clareza, o empresário investe minimamente, como na troca de uma máquina quebrada. É um investimento de defesa, não é um investimento de ataque, de novas fábricas — diz Pimentel.

Para setores cujo ciclo de produção é mais longo — como é o caso do imobiliário e de químicos, por exemplo—, o comprometimento é maior. — Entre o estudo para a compra do terreno e a conclusão do empreendimento, o prazo médio é de cinco anos. Sem saber o que vai acontecer, não se dá início ao processo. No momento, pode ocorrer uma ou outra compra de terreno, mas só quando há oportunidade — explica o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura.

Apesar do pessimismo, há quem ressalte a importância de postura ativa. Revisão de processos, mudanças nos modelos de negócios, redução de ineficiências e melhorias na gestão são medidas sugeridas para reduzir o impacto da crise e se preparar para a retomada. — Não se sabe quanto tempo a situação vai demorar e não podemos controlar a macroeconomia. As empresas devem olhar para seus negócios e avançar no que é possível. Não se pode ficar parado e refém da situação — diz a presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Gisela Schulzinger.

EXPORTAÇÕES COMO ALTERNATIVA

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirma ter convicção do potencial a médio e longo prazo da economia e do mercado automotivo. Ele cita investimentos da ordem de R$ 7 bilhões anunciados por montadoras. A General Motors anunciou aporte extra de R$ 6,5 bilhões no período de 2014 a 2019, a Volkswagen revelou planos de R$ 460 milhões para uma fábrica de motores e a Hyundai investirá R$ 100 milhões num centro de pesquisa.

O que se salva do cenário atual é o potencial das exportações, citado sistematicamente pelas associações. O dólar alto aumentou a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Insumos importados, porém, ficam mais caros e abrem espaço para que fornecedores brasileiros conquistem espaço antes ocupado por estrangeiros. — Quem já exporta vai reforçar essa estratégia e quem não exporta vai correr atrás. É uma possível saída, mas não é imediata nem tem força para compensar todo o resto diz Bernardini, da Abimaq.