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sábado, 17 de agosto de 2019

Brasil e Argentina, amigos por destino - O Globo/Veja



Míriam Leitão
O ministro Paulo Guedes pergunta: desde quando precisamos da Argentina? Desde sempre, caro Paulo. O Brasil e a Argentina são parceiros antigos, tiveram momentos de tensão, juntos enfrentaram um inimigo comum no Império e têm vivido uma história intensa. Eu acompanhei uma parte dessa relação como jornalista de política externa no governo militar. Os dois países estavam de acordo sobre torturar e matar opositores, na operação Condor, mas tinham desconfianças e conflitos no comércio e na energia. Havia quem temesse uma corrida nuclear entre ambos.

O próprio governo militar, que alimentou a desconfiança, tratou de desfazê-la. Foram três intermináveis anos de negociação tocada pelo ministro Ramiro Saraiva Guerreiro até o fechamento do acordo que permitia a conclusão da hidrelétrica de Itaipu e deixava espaço para Corpus. Houve um tempo em que o medo um do outro era tanto que a Argentina achava que Itaipu fora concebida como arma. Abertas as comportas, Buenos Aires seria inundada. Era esse clima que Guerreiro desfez, com paciência, diplomatas profissionais, e a certeza de que se entender com a Argentina é destino, um determinismo geográfico. As guerras começam às vezes por mal entendidos não desfeitos a tempo.

Guerreiro — aprendi muito com ele — nunca criticava a Argentina nas conversas com os jornalistas. Ele preferia elogiar os avanços das negociações. Certa vez ele fez o impossível. Elio Gaspari costuma lembrar desse episódio com uma de suas expressões: “ele tirou a meia sem descalçar o sapato.” Foi quando a ditadura argentina nos seus estertores decretou guerra à Inglaterra. Aqui, a nossa ditadura estava no fim também, mas tentava sair de fininho. Eles, mais sanguíneos, decretaram a guerra contra a velha potência colonial, que havia perdido os dentes, mas ainda controlava as Malvinas, chamada de Falkands pelos britânicos.
Primeiramente, a diplomacia brasileira nunca aceitou o nome inglês. Era um recado. Depois, foi bem-sucedida na meta que se impôs: ficar ao lado da Argentina, ser contra a guerra, e não brigar com a Inglaterra.

A diplomacia brasileira quando bem trabalhou foi nesse sentido. A nós não cabe o uso da força. É um equívoco infantil do candidato a embaixador Eduardo Bolsonaro dizer que “diplomacia sem armas é como música sem instrumentos”. É que o menino não entende de diplomacia nem de música. O Brasil, que nunca será potência militar, tem que exercer o soft power. É nesse campo que poderíamos avançar protegendo as florestas e fazendo disso o arsenal nas negociações do século XXI na política do clima.Houve um tempo de conjunturas macroeconômicas diferentes em que o diálogo ficou áspero. O então embaixador do Brasil na Argentina Marcos Azambuja deu um jeito de jogar uma partida de golfe com o então presidente Carlos Menem. No jogo, entregou o recado: “Señor presidente, nosotros estamos condenados a ser amigos”.

Na diplomacia, às vezes uma coisa leva à outra. Para o bem e para o mal. Palavras hostis minam o chão no qual precisamos andar. No acordo das hidrelétricas o que eu vi foi a retirada de minas de um terreno em que se caminhou penosamente. Depois do tratado, assinado em Assunção, houve um acordo entre os dois países em que cada um abria as instalações nucleares para vistoria do outro. Uma forma de provar que os projetos tinham todos os objetivos pacíficos, da medicina à energia, mas não os militares. Veio, então, o Mercosul, que aumentou muito o comércio entre os quatro países — Uruguai e Paraguai incluídos. Hoje a Argentina é o maior comprador de produtos manufaturados brasileiros, os bens que temos dificuldade em exportar.

No Brasil se fez uma escolha eleitoral em 2018, na Argentina se fará este ano, pelo visto, no sentido oposto. E se os países tiverem governos de ideologias diversas? É hora de minguar a relação e ofender os vizinhos? Evidentemente, não. Os dois governos serão traço na história longa dessa relação bilateral. Argentina e Brasil têm errado, mas o mais inteligente é tirar o máximo proveito dessa parceria. Uma vez, o ex-ministro da Economia argentino Domingo Cavallo me disse: “Argentina es el tango, Brasil es la samba”. Somos distintos. A diferença não pode separar. Esta é a arte da diplomacia.


Blog da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo


#SanatórioGeral: Herança maldita (13)

Deputada da bancada do berreiro jura que Bolsonaro destruiu em sete meses o paraíso construído pelo partido que virou bando


Congelaram o país por 20 anos dizendo que iam gerar milhões de empregos. Rasgaram a CLT e acabaram com o direito à aposentadoria com a mesma cantilena. Agora, aprovam a MP da Liberdade Econômica com esse discurso? O povo brasileiro não acredita nessa gente cruel e mentirosa!”. (Erika Kokay, deputada federal que brilha na bancada do berreiro, jurando no Twitter que Jair Bolsonaro destruiu em sete meses o paraíso que o PT, entre um desvio de dinheiro e um assalto a cofres públicos, inventou durante 13 anos)

#SanatórioGeral: Amante insaciável

Gleisi fica à beira de um ataque de nervos com a ideia de perder a chance de saquear a Petrobras pela segunda vez


“Guedes tem ideia fixa por vender as riquezas do povo num ataque frontal à soberania nacional. É o fim da picada privatizar a Petrobras! Qual sentido nisso? Nenhum país joga pela janela áreas estratégicas e que geram lucro e emprego”. (Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT, conhecida pelo codinome Amante no Departamento de Propinas da Odebrecht, no Twitter, esquecendo de dizer que, se o ministro da Economia sonha com a venda da Petrobras, Gleisi, Lula e seus comparsas só pensam em voltar ao poder e saquear a estatal pela segunda vez)

Blog do Augusto Nunes - Sanatório Geral - Publicado em Veja


domingo, 10 de junho de 2018

“Temer dá a ré” e outras notas de Carlos Brickmnn

Temer anunciou a tabela de preços mínimos para o frete e, diante da reação de líderes dos caminhoneiros, que ameaçaram parar de novo, recuou


O presidente Michel Temer é coerente: está onde sempre esteve (talvez isso só mude no fim do mandato, quando perder o foro privilegiado). Temer, ao assumir, lembra-se? extinguiu o Ministério da Cultura, apenas para em seguida voltar atrás, diante da reação dos prejudicados. Agora, em quatro horas, anunciou a tabela de preços mínimos para o frete e, diante da reação de líderes dos caminhoneiros, que ameaçaram parar de novo, recuou, revogou a tabela e prometeu outra, exatinho como eles exigiam. Os reclamantes nem pediram licença: invadiram o Ministério dos Transportes. E, mais uma vez, viram o presidente obedecer a quem gritasse mais.

Enquanto isso, como se comporta o mercado? Uma carga de 300 kg de São Paulo a Roraima sairia por pouco menos de R$ 1.200. Mas apareceram transportadores se propondo a levá-la por R$ 1.000, ou menos. A questão nem é tanto de preço: é que o caminhoneiro autônomo não pode parar, se quiser pagar as contas. E quem está ganhando com isso? Caro leitor, é ele mesmo: Joesley. Ou eles, os de sempre: os frigoríficos. O criador não pode segurar os bois no pasto, sob pena de ter prejuízo. Frigoríficos aproveitam a paralisação: oferecem preço menor pelos bois, e os criadores, pressionados, aceitam. Os frigoríficos ganham também na outra ponta, exportando com o dólar alto. Quem pensa nos caminhoneiros de verdade, ou nos criadores?
E Temer, não pensa? Talvez até pense, mas não hesita em dar a ré.

O dinheiro que falta
O Governo diz que o orçamento não comporta novos gastos. Deve ser verdade: o déficit deste ano está por volta de R$ 160 bilhões. Mas será que não dá para mexer nisso? O empresário Zizinho Papa, presidente emérito da Federação do Comércio, que será candidato a deputado federal pelo PSDC paulista, dá números: temos 54 governadores e vices, 81 senadores, 11.136 prefeitos e vices, 1.024 deputados estaduais, 513 deputados federais. Vices e governadores, deputados federais, senadores, prefeitos, todos têm carro oficial. Deputados estaduais, não todos, mas muitos, têm carro oficial. Sem luxo: bons carros, como Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze e outros do mesmo nível, custam no mínimo R$ 80 mil. É preciso tudo isso? Não são só os carros: se reduzirmos à metade o número de 69.620 políticos com mandato, qual o problema? E qual a economia?

Os números
A política nos custa (tudo, incluindo o que é mesmo indispensável) R$ 150 mil por minuto, R$ 9 milhões por hora. São quase R$ 78 bilhões por ano. Isso, claro, não inclui as boas aposentadorias, nem o seguro-saúde ilimitado e vitalício. Reduzir esse gasto pela metade e poupar R$ 39 bilhões será mesmo impossível? E deve ser bom fazer política: há 35 partidos com registro no TSE, todos recebendo parcelas do Fundo Partidário, todos com direito a financiamento público de campanha. Há 73 partidos em formação. Qual a diferença entre um e outro? A semelhança, essa nós sabemos.

A grande festa
A despesa é alta mas a festa continua – afinal, quem paga somos nós. A Câmara Municipal de São Paulo acaba de aprovar um bom reajuste (77%) numa gratificação aos funcionários. Coisa pouca, para quem legisla: apenas R$ 5,7 milhões por ano. Mas analisemos as despesas da Câmara: nela, há 254 funcionários recebendo mais do que o teto municipal, de R$ 24,1 mil. Há quem ganhe R$ 59 mil, quase o dobro do teto federal, que é o salário dos ministros do Supremo. E isso antes do aumento da tal gratificação.
Detalhe: dos 254 que ganham acima do teto, 133 estão aposentados. Ali não vigora o INSS: é outra lei, mais boazinha. É proibido regular micharia.

Buscando dinheiro
Uma decisão da Justiça Federal, na terça-feira, mostrou, a quem ainda não sabia, onde é que o Governo busca dinheiro para a farra de gastos: foi suspensa a portaria 75 do Ministério do Planejamento que tirava R$ 203 milhões do orçamento do SUS, da segurança alimentar, da assistência técnica à agricultura familiar, de repressão à violência contra a mulher e do setor de transportes, e transferia tudo para a publicidade – aquelas coisas de “Ordem é Progresso”, que tanto contribuem para a popularidade de Temer. A decisão foi do juiz Renato Borelli, da 20ª Vara da Justiça Federal.

E chega!
Agora é hora de descansar um pouco da triste realidade brasileira. Este colunista acaba de ler (e recomenda) uma delícia de livro: “A História da Literatura Erótica e Meus Contos Malditos”, de Antônio Paixão.
O livro, lançado no dia 5, foi-me recomendado por um apreciador de boa literatura: o advogado Orlando Maluf Haddad – aliás, que tal fazer sua biografia, que inclui o resgate de presos pela ditadura uruguaia, rompendo o cerco da Operação Condor, que unia os ditadores do Cone Sul da América? Uma nova tarefa para o bom escritor Paixão.


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Comissão Nacional da Verdade enfrentará primeira ação por danos morais



Filhos de um militar listado pela CNV como violador de direitos humanos pedem indenização financeira e a exclusão do nome do pai do relatório final apresentado em dezembro de 2014
Foi ajuizada nessa semana a primeira ação por danos morais contra a Comissão Nacional da Verdade, na Justiça Federal de Porto Alegre. Os cinco filhos de Floriano Aguilar Chagas, ex-adido do Exército na Embaixada do Brasil em Buenos Aires de 1973 a 1975, pedem que o nome do pai seja excluído da lista de responsáveis por violações aos direitos humanos publicada pela CNV em dezembro passado, questionam a recomendação feita pelo órgão de revisão da Lei da Anistia e pedem reparação financeira a todos os filhos do General, já que Chagas morreu em 2012.

De acordo com a investigação da CNV, Chagas teria feito parte da Operação Condor, que interligou as forças repressivas das ditaduras militares do Cone Sul. Segundo o relatório, ele "mantinha contato frequente com agentes argentinos e chilenos da área de informações" e "teve participação no sequestro de Joaquim Pires Cerveira e João Batista Rita, ocorrido em Buenos Aires em 5 de dezembro de 1973". 

No processo, a família argumenta que não há provas suficientes que desabonem a conduta profissional do pai. O processo menciona os 18 do Forte de Copacabana, a Intentona Comunista e a Revolução Constitucionalista de São Paulo para comparar o heroísmo de Chagas ao dos protagonistas dessas passagens históricas. Quanto à revisão da anistia, o advogado da família sentencia: “Não se Deve Mexer com Tigres Adormecidos”. 

Procurado pelo GLOBO, o advogado Amadeu Weinmann, responsável pela ação, afirmou que o relatório promove “injúria e calúnia” contra o General Chagas. Disse que ao se relacionar com agentes argentinos e chilenos, Chagas estava cumprindo com a sua função de adido militar, de integrar a região. E afirmou que a família não pretende receber somas vultosas porque não quer se igualar àqueles que “recebem milhões por mês porque participaram da ‘contra-revolução’”, em referência aos militantes de esquerda que combateram a ditadura e hoje recebem indenização.

Fonte: O Globo

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Autópsia em Jango não aponta causa da morte – Dúvida agora é se acusam Ustra ou Curió



A autópsia dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, morto há 38 anos na Argentina, não identificou a presença de medicamentos tóxicos ou veneno que pudessem ter causado a morte de Jango, como era conhecido. O laudo final da perícia dos restos mortais concluiu que o ex-presidente, deposto pela ditadura militar, realmente pode ter sido vítima de um enfarte, como foi informado à época por autoridades do regime militar, devido a histórico de cardiopatias. A negativa da presença de medicamentos tóxicos ou veneno, no entanto, não significa que Jango não tenha sido assassinado
De acordo com peritos que participaram das investigações, as análises foram prejudicadas pela ação do tempo. “Do ponto de vista científico, as duas possibilidades [morte natural e envenenamento] se mantêm”, disse o perito cubano Jorge Perez, indicado pela família Goulart para participar das investigações. Foram investigadas 700 mil substâncias químicas, de um universo de mais de 5 milhões conhecidas.  “Os resultados podem concluir que as circunstâncias são compatíveis com morte natural. O enfarte pode ser compatível, mas a morte pode ter sido causada por outras cardiopatias”, diz trecho do relatório final das análises. “A negativa [da presença de veneno] não permite negar que a morte tenha sido causada por envenenamento” diz outro trecho.

O filho de Jango, João Vicente Goulart, disse que a família já esperava que o resultado não fosse conclusivo. Ele reivindicou que o Estado brasileiro faça o compartilhamento de documentos com outros países e que cobre o depoimento de agentes americanos que contribuíram com o regime militar brasileiro. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, ressaltou que o laudo pericial não concluiu as investigações da causa da morte de Jango. “Um laudo pericial é parte de um processo de investigação e não uma conclusão em si. Há uma investigação que está em curso pelo Ministério Público. Já que a morte de Jango ocorreu na Argentina e como há a suspeita de que ela esteja relacionada à Operação Condor, o Ministério Público da Argentina também está analisando o caso”, disse.

Ideli ressaltou que, apesar de o laudo ser inconclusivo, o processo de análise por si só é um resgate à memória do ex-presidente. “Apenas em uma democracia poderemos realizar uma cerimônia como essa. E só com o compromisso político de resgatar a memória podemos concluir essa etapa de resgate da figura importante do presidente João Goulart para o país”, acrescentou a ministra.

A análise dos restos mortais de Jango teve início no dia 13 de novembro do ano passado e foi feita por laboratórios do Brasil, da Espanha e de Portugal. O trabalho também foi acompanhado por peritos da Argentina, do Uruguai e de Cuba, representantes da Cruz Vermelha, do Ministério Público Federal, além da família de Jango. O resultado será entregue à família do ex-presidente e posteriormente à Comissão Nacional da Verdade. Deposto pelo regime militar (1964-1985), Jango morreu no exílio, em 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, o corpo de Goulart foi enterrado em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por autópsia. Desde então, existe a suspeita de que a morte tenha sido articulada por autoridades das ditaduras brasileira, argentina e uruguaia, em meio à Operação Condor.

Laudo pericial não encontra veneno no corpo de Jango, mas não descarta por completo essa hipótese
STJ concedeu liminar, a pedido da família, que impede divulgação de inteiro teor de laudo sobre morte do ex-presidente
O laudo da perícia dos restos mortais de João Goulart não localizou qualquer vestígio de envenenamento no corpo do ex-presidente, mas não descartou por completo que ele tenha sido assassinado. Os peritos que trabalharam no caso explicaram que o material colhido foi submetido cerca de 700 mil substâncias, testadas como possíveis causas da morte. Não foi encontrada nenhuma dessas substâncias no exame toxicológico. No entanto, os peritos explicaram que há milhões de outras substâncias. 

O perito criminal federal da Polícia Federal, o médico Jeferson Evangelista Corrêa, que apresentou o laudo, chegou a afirmar que os exames feitos comparados com o quadro clínico de Jango apontavam para a morte natural. Mas afirmou que se trata de um laudo inconclusivo. - Nenhum medicamento tóxico ou veneno dos tipos previamente identificados pela Secretaria de Direitos Humanos foi identificado nas amostras. Não se encontrou nenhuma substância tóxica ou medicamento que pudesse ter causado a sua morte. A análise toxicológica localizou substâncias habituais do dia a dia do ex-presidente, como vestígios de xampu e medicamentos que ele usava para doença coronariana - disse Jeferson Correa. - Assim, os resultados de todos os nossos exames podem concluir que os dados clínicos, as circunstancias relatadas pela esposa, são compatíveis com morte natural. Um enfarto agudo do miocárdio pode ter sido a causa de morte do presidente, assim como foi registrado no certificado de óbito? Sim. Como poderia ter sido causada por outras patologias cardíacas ou até mesmo por patologias cerebrovasculares - disse o perito, que afirmou, porém, não ser possível afirmar que o ex-presidente não tenha sido envenenado. - Contudo, apesar do resultado não é possível negar que tenha ocorrido envenenamento, tendo em vista mudanças físicas e químicas... É inconclusivo.

O médico explicou que muitas substâncias desaparecem do corpo durante o tempo, em função de sua composição física e química. - Algumas substâncias permanecem mais tempo no corpo que outras.
O perito afirmou que foram investigadas também as 15 substâncias citadas pelo ex-agente da repressão uruguaia Mario Neira Barreiro, que anos atrás afirmou que houve uma troca nos medicamentos para que Jango ingerisse substância tóxica. - Estas foram todas descartadas. 

Toda a família de Jango - filhos e netos - estava presente, com exceção da viúva Maria Thereza Goulart. João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, afirmou que a família tinha noção que seria difícil, 37 anos depois, que o resultado poderia apontar a presença de algum veneno nos restos mortais de seu pai.  - A família decidiu por um passo doloroso. Sabíamos que era remota a possibilidade de se encontrar alguma substância. Entendemos que não pode pairar sobre um ex-presidente da República, o único que morreu no exílio, qualquer dúvida sobre o que ocorreu. Temos um laudo que diz que ele não faleceu de forma natural e nem se pode provar que existiu alguma substância que o teria levado a morte. Vamos continuar lutando - disse João Vicente.   

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, afirmou que somente numa democracia seria possível uma investigação dessa. - Um laudo pericial também faz parte de um resgate histórico. Graças a uma decisão da presidente Dilma estamos aqui hoje anunciando esse laudo. Só numa democracia é possível dar andamento a um processo desse, de uma morte ocorrida na ditadura. A ditadura pode matar sem qualquer processo de investigação - disse a ministra. 

A pedido da família do ex-presidente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liminar para impedir que o governo divulgue hoje a íntegra do resultado pericial sobre as causas da morte do ex-presidente João Goulart. A decisão impede a divulgação de fotos e outros detalhes dos três exames feitos por peritos para tentar descobrir se o ex-presidente Jango foi envenenado.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Comissão da Verdade pedirá punição para cerca de 100 militares vivos, diz Pedro Dallari - leia íntegra da entrevista e conheça as desorientadas e absurdas interpretações revanchistas do tal coordenador da Com (omissão) da Verdade



A Comissão Nacional da Verdade entregará à presidente Dilma Rousseff seu relatório final em 10.dez.2014 recomendando a responsabilização criminal –e a punição– de aproximadamente 100 militares que ainda estão vivos e participaram de maneira direta de violações de direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985).

Em entrevista ao programa "Poder e Política", do UOL, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, 55 anos, declarou que esse desfecho "é uma decorrência natural da apuração" realizada durante 3 anos de trabalho. "Vamos indicar a necessidade da responsabilização. Como isto vai ser feito, se vai ser feito afastando-se a aplicação da Lei de Anistia, reinterpretando a lei, modificando a lei, isto é algo que caberá ao Ministério Público, ao Poder Judiciário e ao Legislativo", declarou Dallari, que é advogado e professor da USP.

A publicação do relatório da Comissão Nacional da Verdade levará, argumenta ele, a uma interpretação da Lei da Anistia a partir de "casos concretos" por parte do Supremo Tribunal Federal, "com vítimas concretas, com autores concretos".  O relatório será "impactante", com dados sobre "estupros, uso de animais em tortura, um quadro de horrores, e a partir daí vai se instaurar uma situação muito constrangedora no país". Para Dallari, "a sociedade vai se virar para as Forças Armadas, para a presidente, para o governo, esperando uma atitude. E o que é pior, como esses atuais comandantes [das Forças Armadas] vão deixar seus postos, eles deixarão uma bomba armada para seus sucessores, que terão que lidar então com esse quadro muito difícil de administração".

Embora o relatório final vá nomear os responsáveis por violações dos direitos humanos, "essa identificação dos autores não significa acusação de que eles sejam responsáveis, porque isso depende do devido processo legal". Mas os relatos serão todos detalhados. "À luz do direito internacional dos direitos humanos essas graves violações são crimes contra a humanidade e não há anistia".

QUEBRA DE HIERARQUIA
O coordenador da comissão também chama a atenção para a dificuldade que a foi enfrentada nos últimos 3 anos, com muitos oficiais das Forças Armadas resistindo e preferindo não colaborar. Dallari cita um fato ocorrido na sexta-feira (14.nov.2014) da semana passada, quando o Ministério Público descobriu que um hospital do Exército, no Rio, ocultou documentos da época da ditadura – e também houve um trabalho para investigar quem eram os integrantes da CNV. "Essa situação é muito grave e deve ser apurada. Ou essa ocultação de documentos obedeceu a ordem superiores, o que eu realmente não creio, ou houve quebra de hierarquia e desobediência ao que seria uma orientação do [comandante do Exército], Enzo Peri", declara Dallari.
[esse Dallari tenta criar fatos quando comete a asneira de citar um  “trabalho para investigar quem eram os integrantes da CNV.” A composição da “com (omissão) da verdade” é pública e notória, tanto pela divulgação oficial quanto pela necessidade que seus integrantes sentem de atrair holofotes com suas mentiras.] 

"Se o Ministério da Defesa e o comandante do Exército, diante desse quadro muito grave, não tomarem providência, isto será visto mais do que como inação, como cumplicidade. Não há razão para as Forças Armadas, na sua atual composição, se acumpliciarem com condutas que não praticaram".

A seguir, trechos da entrevista concedida por Pedro Dallari na manhã de 17.nov.2014, no estúdio do UOL:
UOL - A Comissão Nacional da Verdade apurou que 421 pessoas foram mortas ou desapareceram pelas mãos do regime militar. A Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos tem uma lista um pouquinho menor, 362 nomes. Tem um dossiê que foi preparado pelos familiares das vítimas que falou em 436 mortos e desaparecidos. Por que ocorre essa diferença nesses números?
Pedro Dallari -
Esse número de 421 nomes não é definitivo. Ainda estamos fazendo uma triagem e creio que vá subir um pouco e ficar na faixa dos 430 nomes. A diferença se deve a critérios de comprovação e de documentação. Por exemplo, na lista dos familiares aparece uma pessoa que faleceu no exterior vítima de um acidente de automóvel, ou de motocicleta. Nós não consideramos esse tipo de situação como uma morte que decorre diretamente das graves violações de direitos humanos. Mas desde que os critérios fiquem explicitados, essa diferença não é relevante. No caso da Comissão de Mortos e Desaparecidos, esse número é um pouco menor porque envolveu limitações com relação ao prazo dos pedidos.

Entregue o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, em 10 dezembro, esse será o número oficial de mortes e desaparecidos por conta do regime militar?
Sem dúvida. Como a Comissão Nacional da Verdade é um órgão de Estado, os números que ela apresentar terão esse caráter oficial.