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sábado, 25 de fevereiro de 2023

Desarmamento - Não adianta nada tirar armas sem combater a cultura da violência - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Governo Lula já revogou uma série de normas sobre posse e porte de armas do governo Bolsonaro - Foto: Hugo Harada/Arquivo Gazeta do Povo/Arquivo
 
A agropecuária brasileira está meio assustada. A avicultura está preocupada com a gripe aviária na Argentina, e agora apareceu um caso de vaca louca no Pará; a carcaça foi totalmente queimada. 
A China e o Canadá levaram um susto, porque recebem carne brasileira. Este é o primeiro desafio para o atual governo, para o novo ministro da Agricultura, que é do ramo. Não podemos deixar entrar a gripe aviária – o Rio Grande do Sul é o estado mais próximo – e precisa ficar bem claro que este caso de vaca louca é isolado.
 
O mundo inteiro está de olho no nosso agro. Nós somos o terceiro maior produtor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.  
Já ultrapassamos a Rússia, grande produtora de grãos, graças ao quê? Aos brasileiros, que trabalham muito, 24 horas por dia, que não ficaram esperando o governo trabalhar por eles.
Eventos climáticos extremos não são novidade, nós é que não investimos em prevenção
 
Na quinta-feira, alguns ministros foram ao Rio Grande do Sul ver as consequências da seca. Vale para a seca o que vale para as chuvas no Rio de Janeiro e São Paulo. Acontece todos os anos, não é novidade.
É preciso haver uma estrutura que diminua os efeitos, as consequências ruins, tanto na Serra do Mar quanto no pampa gaúcho, onde a seca é mais severa: investir em irrigação artificial, reservas, reservatórios.
 
Quem tem de perder a arma é bandido, não quem tem posse legalizada
Estive em Sinop nos anos 1970, era uma rua só; agora é uma cidade imensa, no coração da grande produção de algodão, de milho e de soja desse Brasilzão
E foi horrível essa execução de sete pessoas num salão de sinuca, obra de dois homens armados que perderam o jogo, saíram, foram buscar armas, voltaram e simplesmente se vingaram de todo mundo, inclusive dos espectadores que estavam por ali e não tinham nada a ver. 
O ministro da Justiça já aproveitou para continuar sua campanha para retirar armas de fogo não dos bandidos, mas das pessoas que têm as armas legalmente. 
 Queria ver tirar todas aquelas armas de fogo dos bandidos no Rio de Janeiro. [no Rio o ministro Fachin proibiu que a polícia entre nas favelas; qualquer movimentação policial e os bandidos correm para as favelas  - com suas armas = arsenal moderno formado por armas com grande poder de fogo  e ficam livres de serem incomodados pelos policiais.]
 
Voltando à questão das armas, pesquisei as estatísticas do Distrito Federal sobre mulheres que foram mortas. Dos 65 casos de feminicídio, como passaram a chamar esse crime, a maior parte não foi por arma de fogo: apenas 13, ou seja, 20%, dois casos em cada dez
Nos outros 52 usaram faca, usaram as mãos, usaram paus, pedras, veneno. Isso confirma o óbvio: que não adianta tirar arma de fogo, tem de desarmar os cérebros, porque é o cérebro que dá a ordem para as mãos estrangularem, ou pegarem um pedaço de pau, uma pedra, uma faca ou uma arma de fogo.
 
Segundo uma ONG mexicana, das 50 cidades mais violentas do mundo, a primeira fica no México, e a mais violenta do Brasil seria Mossoró (RN)
E ainda há outras nove cidades brasileiras na lista, nas regiões Norte e Nordeste. O que é isso?  
Deve ser alguma cultura, algo que está na cabeça das pessoas. 
Não são as armas, porque faca todo mundo encontra em qualquer cozinha e ninguém vai interditar cozinhas por causa disso.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Governo Lula troca êxito do capitalismo no campo por interesses do MST - O Estadode S. Paulo

 J. R. Guzzo

Movimento Sem Terra pratica atos de terrorismo no campo e prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil

A agropecuária é o maior sucesso que já houve na história econômica do Brasil. 
Há 30 ou 40 anos, a produção rural brasileira não era praticamente nada – não dava para competir nem com a Argentina e, no resto do mundo, não passava pela cabeça de ninguém ligar a palavra “Brasil” a qualquer ideia de agricultura moderna, produtiva ou eficaz. 
Hoje o Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo, e está entre os três maiores produtores – ao lado dos Estados Unidos e China. É um fenômeno de impacto global.
 
Em 2022 o País teve mais uma safra de grãos recorde; o mesmo aconteceu com a carne e demais produtos de origem animal. 
O agronegócio brasileiro exportou US$ 160 bilhões no ano passado, ou quase 50% de todas as exportações nacionais – um número absolutamente vital para fortalecer as reservas em divisas do País, garantia contra quaisquer problemas cambiais e elemento chave para a independência econômica do Brasil. 
Em 2023, como resultado do trabalho de 2022, a produção de grãos deverá passar das 300 milhões de toneladas – de novo, um recorde
Esse sucesso extraordinário tem uma razão objetiva, e uma só: é exatamente o contrário de tudo o que a esquerda, os “movimentos sociais” e os padres pregam para a área rural.  
O êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas há mais de 100 anos.
 
 Êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas.
Êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas. Foto: Ed Ferreira/Estadão
O PT, fora do governo, tem feito questão de se apresentar como o inimigo número 1 do agronegócio.  
Agora, de volta pela terceira vez à Presidência da República - e ao contrário do que fez entre 2003 e 2010 - declarou guerra ao campo brasileiro tal como ele é hoje
O BNDES suspendeu linhas de crédito vitais para a atividade rural. 
Foi extinto o departamento do Itamaraty que dava apoio ao agro brasileiro nas nossas embaixadas através do mundo. 
O Ministério da Agricultura, peça essencial para a produção no campo, foi esvaziado; inventaram, para tomar suas funções, um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”, entregue ao MST, e encarregado de sabotar tudo o que está dando certo na área.

O MST, que faz invasões de terras e pratica atos de terrorismo no campo, prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil. O que vai fazer, agora que está no poder?

É um caso único de governo que tem como meta substituir o sucesso pelo fracasso – querem que o agronegócio brasileiro produza, exporte e cresça menos do que hoje, pois não admitem que exista no País uma área rural capitalista e bem-sucedida. 
Um dos marechais-de-campo da “equipe econômica” já disse que o Brasil não pode ser “a fazenda do mundo”; acha ruim o que seria um sonho para qualquer outro país. 
Os demais argumentos contra o agro são do mesmo nível de qualidade. Alegam que a soja “não alimenta”
É falso, pois a soja é hoje essencial para a alimentação humana, inclusive como geradora de proteínas. Também é integralmente estúpido.  
Não se pode comer petróleo, por exemplo - e nem por isso os países deixam de explorar as suas reservas. 
Dizem que a produção rural brasileira vai para o “estrangeiro” e não alimenta o “povo”. É o oposto dos fatos. O Brasil só exporta o que não é consumido aqui dentro; se exporta muito é porque produz muito. Falam, até, que o agronegócio é o culpado pela “fome” – quando, ao contrário, ele é hoje o principal responsável pela segurança alimentar do País.

O governo Lula está trocando os interesses do Brasil pelos interesses do MST e de outros grupos privados. 
Os concorrentes do agro brasileiro no mercado internacional de alimentos agradecem ao céu.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 


domingo, 26 de dezembro de 2021

A verdade sobre a terra - Revista Oeste

Branca Nunes

O movimento De Olho no Material Escolar luta para neutralizar as fantasias sobre o agronegócio difundidas pelos livros didáticos 
 
“Eu sou um indígena. Me chamo Beto. Eu moro na Região Centro-Oeste. Minha casa foi destruída para plantar cana-de-açúcar. Eu e meu amigo não conseguimos trabalho. Nós saímos nas ruas para pedir que não comprem a cana-de-açúcar do lugar que era a nossa casa. 
Não adianta muito.
Ninguém nos ouve e vivemos na pobreza total.
Meus pais se mataram por causa das dificuldades de vida.
Vivo sozinho desde que tinha 14 anos.”
 
Foi essa carta, escrita por uma criança de 10 anos que fazia a lição de casa, o gatilho para a criação do De Olho no Material Escolar. 
O movimento começou quando Letícia Zamperlini contou o que sua filha fora obrigada a escrever para Helen, que contou a Andréia, que repassou para Heloísa, que relatou a Elizana. Hoje, são mais de 4 mil simpatizantes e centenas de associados espalhados por dez Estados brasileiros.

Depois de ler a carta, Letícia — produtora rural como Andréia, Heloísa e Elizana explicou à filha que grande parte daquela dissertação estava distante da verdade. Ela conversou com diretores, professores e pais até constatar que, muito mais do que resultado da má-fé, aquilo decorria do desconhecimento generalizado. E era potencializado sobretudo pelos livros didáticos.

O “De Olho”, como costuma ser chamado pelos associados, é fruto da pandemia. Com as escolas fechadas, as mães, transformadas em professoras, começaram a prestar muito mais atenção no que era ensinado aos filhos — e em como era ensinado.

Depois de uma live em que o agrônomo e ambientalista Xico Graziano mostrou alguns desses exemplos, o grupo passou a receber materiais vindos de todo o país. Por exemplo, para uma pergunta sobre as “condições econômicas e ambientais da pecuária realizada no Brasil”, a resposta considerada correta era “Pecuária causa desmatamento na Amazônia”.

Os “prejuízos da pecuária para o meio ambiente” incluíam afirmações como: “o gado deixa o solo compacto e duro”; “vacas, ovelhas e cabras soltam uma grande quantidade de gases, que poluem o ar”; ou “as fezes e a urina produzidas na pecuária intensiva podem se infiltrar no solo e contaminar as águas subterrâneas”.

Outro livro didático garante que o trabalho escravo não é uma exceção que se restringe a 0,001% do Brasil. “Todos os anos, as autoridades encontram e libertam trabalhadores escravizados nas fazendas do Brasil”, desinforma o texto. “Há muitos proprietários que contratam homens armados para vigiar os trabalhadores e impedir que eles se revoltem.”

Em vez de destacar que hoje 14% do território brasileiro é ocupado por terras indígenas, uma das peças recebidas pelo grupo afirmava que essa população “tem sido expulsa de suas terras ou se vê cercada por grandes plantações”. Nada sobre Roraima, por exemplo, que tem 46% do seu território reservado a tribos indígenas.

Os absurdos continuam com a forma como são usados defensivos agrícolas e fertilizantes, com as jornadas de trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar ou a exposição de trabalhadores ao sol. É como se o Brasil permanecesse estacionado em séculos ou décadas atrás e não fosse hoje uma das maiores potências mundiais, referência tecnológica quando o assunto é agropecuária.

“São inúmeros os exemplos”, diz Letícia. “Todo mundo que nos procura tem uma história para contar. Se você está perto e olha o material escolar, mesmo não sendo do agro, percebe o tom negativo e uma ausência de referências científicas.”  “Não vemos citações da Embrapa, do Ibama ou de órgãos confiáveis.”

As editoras
O grupo já se reuniu com representantes dos ministérios da Educação e da Agricultura, além de ter conseguido das editoras a promessa de revisar o material. Isso animou o De Olho a dar um passo adiante e criar o Vivenciando a Prática. Nesse programa, donos de editoras, professores e alunos conseguem enxergar com os próprios olhos o que é o agro brasileiro.

O primeiro evento aconteceu em Mato Grosso. Quando desceu do ônibus numa fazenda que cultiva cana-de-açúcar, um dos participantes quis conversar com um boia-fria — trabalhadores que cortavam cana com um facão na mão, envolviam o corpo com trapos para não se cortarem e tinham o rosto coberto pela fuligem das queimadas usadas para desfolhar a plantação. “Só se voltarmos algumas décadas no tempo”, avisaram as organizadoras do evento. Hoje, nas grandes plantações, a cana é colhida por máquinas pilotadas à distância através de computadores de última geração. E as queimadas não só estão proibidas como não interessam ao produtor rural, uma vez que matam a matéria orgânica do solo.

O segundo Vivenciando ocorreu no município paulista de Itaberá, na Fazenda Lagoa Bonita, especializada em melhoramento de sementes. Ali, a máquina que mistura as sementes com defensivos tem a mesma tecnologia dos equipamentos de hemodiálise — tamanha é a precisão da quantidade necessária. Por ser o produto mais caro na lavoura, agricultores minimamente informados sabem que o uso de fertilizantes e agrotóxicos deve ser reduzido ao absolutamente necessário.

Voltado principalmente para professores, o evento em São Paulo pretendia fazer com que eles levassem aos alunos o universo de possibilidades proporcionado pelo agro. “Hoje, o agro não emprega apenas agrônomos ou produtores rurais”, explica a engenheira agrônoma Elizana Paranhos. “São necessários químicos, jornalistas, cientistas da computação e diversas outras profissões. E nós precisamos de mão de obra qualificada.”

Se o objetivo inicial era mudar o conteúdo das publicações usadas nas escolas públicas e privadas, o De Olho agora é mais ambicioso. Planeja organizar em 2022 cerca de 50 Vivenciando a Prática em diversos locais do país, além de criar uma biblioteca virtual, sob a supervisão da Escola Superior de Agricultura da USP (Esalq). O portal será uma referência para professores. “Nenhuma categoria profissional nem o Estado Brasileiro preservam mais vegetação nativa do que os produtores rurais”, afirmou Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial, em um artigo publicado na edição 63 da Revista Oeste. Mais de um quarto do território nacional (quase 27%) preserva a vegetação nativa no interior dos imóveis rurais. Líder mundial da proteção ambiental em terras públicas, o Brasil também é o primeiro em terras privadas, além de ter as maiores reservas minerais e biológicas do mund. 

“Precisamos fazer com que as pessoas conheçam o potencial gigantesco desses setores produtivos, em vez de mostrar apenas uma visão negativa”, afirma Letícia. “É preciso dar oportunidade para que as crianças tenham orgulho do que o país produz.”

Leia também “O produtor rural é quem mais preserva o meio ambiente”

Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Feliz Agronatal - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

Além da decoração, a agropecuária marca a ceia de Natal fornecendo a proteína animal e as frutas usadas nos pratos típicos desta época

 O tempo do Advento, iniciado quatro semanas antes do Natal, é marcado por luzes, enfeites, flores e decorações em residências, comércios e áreas públicas. Neste Ano da Graça de 2021, o primeiro domingo do Advento foi no dia 28 de novembro. Chegou o tempo de montar presépios, árvores de Natal, instalar luzinhas, guirlandas, decorações e comprar presentes. Poucos se dão conta: vive-se um Agronatal, tamanha a contribuição da agropecuária aos festejos natalinos.
 Galhos jovens de um pinheiro natalino | Foto: Shutterstock

 Galhos jovens de um pinheiro natalino  - Foto: Shutterstock

Em junho, no solstício de inverno, o campo invade as cidades com arraiais, fogueiras, danças e cultura rural. Em dezembro, no solstício de verão, o agro volta aos lares urbanos com flores, produtos decorativos e alimentos típicos do tempo natalino. Se as festividades juninas promovem reuniões públicas em quermesses e ruas, os festejos natalinos reúnem dentro das casas, na intimidade das famílias.

Entre os primeiros símbolos natalinos levados do campo às residências estão as árvores de Natal. São pinheiros e tuias, produzidos aos milhares por viveiristas, em vários tamanhos e formatos, para atender ao desejo e às possibilidades do bolso de cada consumidor. Os pinheiros natalinos, sempre verdes, simbolizam a esperança e a vida. Sua forma triangular evoca a Trindade. O inventor da árvore de Natal foi São Bonifácio, o apóstolo dos germanos. Em 718, o papa Gregório II enviou-o à Alemanha com a missão de reorganizar a Igreja.

Por cinco anos, Bonifácio evangelizou os territórios dos atuais Estados alemães de Hessen e Turíngia. Sem preocupações ambientais ou com costumes locais, em 723, o bispo da Germânia derrubou um enorme carvalho dedicado ao deus Thor, perto da atual cidade de Fritzlar, na Alemanha. Convenceu povo e druidas no machado. Esse acontecimento é considerado o início da cristianização da Alemanha. O carvalho destruiu tudo onde caiu, menos um pequeno pinheiro. Bonifácio interpretou esse fato como um milagre. Era Advento e ele declarou: “Doravante, chamaremos esta árvore de árvore do Menino Jesus”. O costume de plantar pinheiros para celebrar o nascimento de Jesus começou, estendeu-se pela Alemanha e de lá ao mundo. Prosseguiu a veneração vegetal, com outra árvore.

Os trópicos importaram símbolos natalinos de regiões temperadas: pinheiros, Papai Noel agasalhado, lareiras e até neve de algodão. Mas exportaram um símbolo natalino para a Europa e a América do Norte: a flor do Natal, ou poinséttia, também conhecida como cardeal ou estrela-do-natal. Originária do México, ela tem folhas verdes e, acima, folhas semelhantes a flores vermelhas. Seu nome científico Euphorbia pulcherrima significa a mais bela das eufórbias.

Esse símbolo vegetal não vem dos astecas, e sim dos franciscanos, especialistas em novidades natalinas. Como a do presépio, inventado pelo próprio São Francisco. A partir do século 17, no México, os frades utilizaram a poinséttia em comemorações natalinas e associaram suas brácteas vermelhas à estrela de Belém. Hoje, mais de 120 milhões de vasos servem para fins decorativos natalinos na Europa. Aqui, a poinséttia é a planta de decoração mais vendida no Natal para enfeitar shoppings, lojas e residências. Na Cooperativa Veiling Holambra, principal centro de comercialização atacadista da floricultura, só na época do Natal são vendidos 2 milhões de vasos. A produção, sempre em estufas, concentra-se em Holambra, Paranapanema, Alto Tietê e Ribeirão Pires.

As flores do Natal são a obra-prima de pequenos agricultores. Sua organização empresarial e tecnológica é avançada. São mais de 8.000 pequenos agricultores, com área média de 1,5 hectare. E empregam, em média, oito trabalhadores por hectare, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura. Juntos, cultivam mais de 2.500 espécies e 17.500 variedades. Nas pequenas propriedades, 20% da mão de obra é familiar e os demais 80%, contratados. O mercado de flores gera 209.000 empregos diretos e 800.000 indiretos. O faturamento em 2020 foi de R$ 9,6 bilhões. São mais de 600 empresas atacadistas no mercado de flores e 25.000 pontos de venda. O mercado nacional absorve 97,5% da produção e o restante é exportado. Deixe o plástico do lado, compre uma tuia, um pinheirinho e vasos de poinséttia e transforme sua casa num lar, onde as ideias florescem. Naturalmente.

E haja panetones. Só a Bauducco produz mais de 75 milhões. Haja farinha, ovos e açúcar

Além da decoração, a agropecuária marca a ceia de Natal fornecendo a proteína animal usada nos pratos típicos desta época. Num encontro eucarístico, familiares dispersos e distantes se reúnem nesse dia sagrado. Na ceia são consumidas proteínas nobres: peru, chester, tênder, pernil e outras carnes e cortes especiais. A BRF, empresa multinacional resultante da fusão da Sadia com a Perdigão, tem unidades dedicadas só à produção das carnes para a ceia de Natal. Assim como várias grandes empresas, como Seara, Minerva e outras.

O Natal coincide com a passagem da primavera para o verão, o tempo da colheita de frutas tropicais e subtropicais. Frescas e secas, elas acrescentam cor e sabor às ceias, integradas inclusive em farofas, bolos e panetones. E haja panetones. Só a Bauducco produz mais de 75 milhões. Haja farinha, ovos e açúcar. A pesquisa agrícola ampliou o tempo da frutificação e a disponibilidade de pêssegos, uvas, bananas, morangos, nectarinas, mangas, ameixas, maçãs e outras. O Brasil produz 45 milhões de toneladas de frutas por ano. É o terceiro produtor mundial, atrás de China e Índia.

No Natal, cresce o consumo de nozes-pecã, castanha-do-pará, castanha-de-caju, uvas-passa, cacau, castanha de baru, frutas cristalizadas e macadâmia. Segundo a Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas, a produção global de nozes cresce, em média, 6% ao ano. Um mercado de US$ 35 bilhões. O Brasil é o oitavo produtor mundial das saudáveis nozes e castanhas.

Se árvore de Natal, presépio, ceia, troca de presentes e outros momentos ocorrem no interior das casas, existe um símbolo colocado do lado externo. Sobre a porta de casas e apartamentos, a guirlanda natalina é um símbolo solar. Ela anuncia publicamente: nesta casa se festeja o Natal. Ela é um símbolo vegetal do entrelaçamento do divino com o humano. Deus se fez carne e habitou entre nós. Por isso, a guirlanda natalina é feita com dois ramos de plantas diferentes, de natureza distinta, entrelaçados. A guirlanda é um círculo, símbolo de um entrelaçamento sem fim, infinito. São muitos modelos de guirlanda, sempre com dois ramos diferentes. Sinos, fitas e enfeites a completam.

O círculo da guirlanda evoca a letra Ó, de Nossa Senhora do Ó, cujos “Ohs”, suspirados semanas antes do nascimento de Jesus, são cantados nos Motetos dos Ós em igrejas, sobretudo em Minas Gerais. O padre Antônio Vieira, imperador da língua portuguesa, discorreu sobre a simbologia do círculo e desse Ó, no Sermão de Nossa Senhora do Ó, a mesma da Freguesia do Ó, em São Paulo. A guirlanda é um Ó grande, um mega Ó, o Ômega do alfabeto grego. E não o Ômicron, da variante africana da covid. O amor dos cristãos a Deus e ao próximo não deveria ter fim. Como não tem fim o círculo solar, regendo o calendário rural, a alternância do semear, cuidar, colher e novamente semear, cuidar, colher… Marcas do verão e do solstício no ciclo das estações. Não deixe de circular, entrelaçar e presentear: coloque uma bela guirlanda na entrada de sua casa ou apartamento. Ela abençoará quem passar e evitará raios, dizem.

Para encerrar sobre este Agronatal, me permitam um pequeno conto, homenagem aos fruticultores.

O nascimento de Jesus acabou com o sossego na estrebaria de Belém. Os visitantes chegavam a todo o momento com presentes, olhares de espanto e contemplação. Eram pastores, pecuaristas, agricultores, magos, pescadores, comerciantes e artesãos. Curiosos para ver aquele menino tão especial. Ao anoitecer, Maria estava exausta. Mesmo assim, recebia da melhor forma possível quem se aproximava da manjedoura.

Em meio a tanta gente, Maria percebeu uma velha do lado de fora. Ela era curvada, feia, enrugada e parecia ter mais de mil anos. Movia-se de um lado para o outro. Não entrava. Depois da meia-noite, seguia lá fora, como uma bruxa. Quando o último visitante deixou o local, a velha entrou na estrebaria, sob o olhar desconfiado e até temeroso de José, do boi e do burro.

Hesitando, ela aproximou-se da Virgem e do Menino. Trazia nas mãos uma fruta bonita, perfumada e certamente saborosa. Maria nunca vira esse fruto. A velha entregou seu presente como se fosse o globo terrestre e balbuciou: “Este fruto, a humanidade quis comer verde no paraíso. Agora, está maduro”. Atrás das pregas das pálpebras, seus olhos encheram-se de lágrimas.

Maria acolheu o fruto, sem dizer uma palavra. Clarões no horizonte anunciavam um novo dia. A velha retirou-se. Maria então perguntou: “Senhora, qual é o seu nome?”. No limiar da entrada, a velha retornou-se lentamente. Aliviada e com um sutil sorriso nos lábios, ela disse: “Eva”.

Leia também “A multiplicação dos peixes”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Anitta e o flato bovino: ainda sentiremos falta da esquerda caviar - Paulo Polzonoff Jr.

Vozes - Gazeta do Povo

"Para nós, há apenas o tentar. O resto não é da nossa conta". TS Eliot.


O ano era 2004. Ou 2005. Infelizmente já alcancei aquela idade em que um ano a mais ou a menos não faz muita diferença para a história. De qualquer forma, era um ano de Lula como Presidente. De Zé Dirceu, de Palocci, da gerentona Dilma sendo gestada. De Gleisi Hoffmann & Cia. Depois de derrotas nos pleitos de 1989, 1994 e 1998, a esquerda estava em festa por ter eleito um operário para comandar os destinos do país.

E eu estava ali, no meio de uma festa dentro da Festa. Por razões que só a Providência explica, tinha sido convidado para o aniversário de um esquerdista notável: o escritor e cineasta Fausto Wolff. Em Copacabana, apartamento de frente para o mar. Aquele janelão descortinando a beleza do mar noturno. Aquela rodelona enorme de queijo sobre a mesa. Uísque single malt 12 anos. E a nata da intelectualidade carioca ali.




Anitta e Alessandro Molon em live sobre agronegócio: a esquerda já teve quadros mais qualificados.




Anitta e Alessandro Molon em live sobre agronegócio: a esquerda já teve quadros mais qualificados. -  Foto: Reprodução/ YouTube



Curitibano caipirão que era (os detratores dizem que ainda sou), fiquei num canto, bebendo mais uísque do que deveria (o primeiro single malt a  gente nunca esquece) e observando a fauna ao meu redor. Cambaleando seu corpanzil, Fausto Wolff veio falar comigo e me deu alguns conselhos de bêbado que, curiosamente, trago comigo até hoje. “Nunca ataque as pessoas, Paulo. Ataque as ideias”, disse ele.

Aí chegou a hora de cantar o parabéns. Fausto Wolff, que tinha uns cinco  metros de altura, mandou todo mundo calar a boca, soltou meia-dúzia de  expletivos, fez um discurso falando mal da imprensa, que se recusava a divulgar seus livros, criticou as “medidas neoliberais” de Lula e, por fim, convidou os presentes a entoarem a Internacional Comunista.
E eu ali, no meio de Ziraldos e Jaguares, me perguntando aonde é que eu tinha ido parar.

“Tudo tem muito”
Havia algo de patético na cena. Mas também algo de admirável. Eu não sabia, mas estava entre legítimos representantes da esquerda caviar retratada tão bem por meu colega Rodrigo Constantino. Uma esquerda romântica, utópica e inegavelmente talentosa (leiam À Mão Esquerda, do Fausto Wolff) e bem-sucedida. Era gente estudada, viajada e ilustrada, que não precisava dar cambalhotas (nem imitar foca) para defender a visão de mundo marxista da qual eu discordava.

Hoje me peguei lembrando dessa festa e das pessoas ali presentes com alguma nostalgia
Tudo porque assisti a um “debate” ocorrido em maio entre a funqueira Anitta, autora dos imortais versos “An an, tutudum, an na/ Vai, malandra, an na”, e o deputado federal Alessandro Molon (PSB), uma mistura de Greta Thunberg e Richard Gere com sotaque carioca. Durante a conversa, uma Anitta que afirma ter estudado para tratar do assunto diz as maiores bobagens possíveis sobre o agronegócio. “Existe mais cabeça de gado do que cabeça de pessoa [no Brasil]”, observa ela em certo momento – não o mais constrangedor.

[saibam mais sobre a 'live' dos dois gênios, clicando aqui.]

Em seguida, ela critica o consumismo e a abundância (“tudo tem muito”) para dizer que o flato das vacas é muito poluente. Anitta fala ainda sobre o uso de água na pecuária e sugere que a proteína nossa de cada dia deveria ser muito mais cara. “Aí a gente não teria um estímulo tão grande à agropecuária”, conclui ela com uma lógica capaz de causar mais estragos do que nitrato de amônia. “E os alimentos usados para alimentar as vacas poderiam alimentar a gente por muito tempo”, argumenta, por assim dizer, ela. Em seguida Anitta sugere que haja um limite para a produção de carne, desestimulando o consumo e magicamente salvando o meio ambiente.

De volta àquela festa

(........)
Mas sou obrigado a reconhecer que, a despeito da hipocrisia, dos volteios linguísticos e, em alguns casos, da devoção cega ao “metalúrgico impoluto”, a esquerda single malt, queijos finos & caviar tinha aquilo que a gente chamava de “estofo”. Ou pretendia ter. Ela também conhecia e respeitava suas próprias limitações. E havia, sim, muitos tapinhas nas costas e afagos no ego, mas isso era contrabalanceado por um espírito crítico que beirava o maldoso e por um temor reverencial que os impedia de passar ainda mais vergonha em público.

Você talvez diga que estou romantizando. Mas, sei lá, diante da Esquerda Raudério que temos hoje, essa esquerda que pede criminalização da gordofobia, promove ideologia de gênero, se acha capaz de discutir agronegócio com base em alguns minutos de estudo (leia-se: procurando sobre o assunto no Twitter), defende censura para opositores e que expressa suas melhores ideias por meio de grunhidos, rebolados ou pintando os cabelos de verde-limão, acho que ainda sentiremos falta dos Chicos, Caetanos, Faustos e Ziraldos. Da esquerda que sabia citar Maiakovski e sonhava em salvar o mundo do capitalismo malvadão enquanto esparramava uma porção generosa de caviar sobre a torradinha.

[Se você gostou deste texto, mas gostou muito mesmo, considere divulgá-lo em suas redes sociais. 
Agora, se você não gostou, se odiou com toda a força do seu ser, considere também. 
Obrigado.]

Paulo Polzonoff Jr, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


sexta-feira, 20 de março de 2020

Dólar alto - Preocupação no campo é o aumento no custo da próxima safra - Blog da Míriam Leitão - O Globo




A agropecuária terá um papel central na retomada após a pandemia. No campo, o momento atual é de colheita da safra da soja, que não vai parar. A demanda está boa e, em boa parte, a colheita já foi vendida. Mas o setor também tem preocupações. A maior delas é o investimento na próxima safra.

O preço da soja continua atraente, com a alta do dólar. Mas os custos com fertilizantes cresceram junto com o câmbio, conta Leonardo Sologuren, presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil. É exatamente nesse período da colheita que os produtores começam a encomendar sementes e fertilizantes para a próxima safra. O produtor hoje enfrenta o dilema de fechar os contratos com os fornecedores ou esperar uma melhora no cenário, explica Sologuren. As compras são feitas com antecedência porque há limitações logísticas na entrega dos suprimentos.

Um outro risco que o setor enfrenta nessa crise é um eventual fechamento de portos, como chegou a ser cogitado. Uma decisão nesse sentido levaria à restrição no escoamento da safra e na chegada dos fertilizantes. Países que são clientes, como a China, poderiam sofrer desabastecimento.       

A previsão é de que este será um ano de novo recorde na produção de grãos, com mais de 240 milhões de toneladas e a demanda por alimentos deve se manter, apesar da paralisação global. O cenário mais provável é que nessa recessão que se avizinha o campo ajudará a amenizar a queda aqui no Brasil, inclusive garantindo a entrada de dólares no país. 

Blog da Míriam LeitãoO Globo - Marcelo Loureiro 


sábado, 20 de julho de 2019

Onde estão os empregos

Mesmo com a incerteza na economia e o alto índice de desemprego, o mercado de trabalho está em recuperação e traz oportunidades. Em especial, setores como saúde, tecnologia e agronegócio

Com a aprovação parcial da Reforma da Previdência, a atenção se volta para ações concretas que possam retomar a atividade econômica, que ainda patina e impede a expansão dos empregos, a face mais visível da crise. Mas há boas notícias para quem procura uma colocação mesmo em um momento difícil, como o atual. Existem atualmente áreas com carência de profissionais por deficiências históricas — como o segmento de saúde —, e outras que estão em transformação por causa de novas tecnologias — como marketing e finanças. Além disso, um novo cenário se desenha para o mercado de trabalho. A busca das companhias por maior produtividade será desafiadora para os profissionais, mas também pode trazer oportunidades.

Enquanto o futuro se descortina no horizonte, as empresas que lidam diretamente com recrutamento detectam aumento na procura por profissionais. A
Catho, que conta com um dos maiores sites de classificados de empregos do País, confirma o aumento nas vagas. “A partir de 2018, depois de alguns anos de quebra, as contratações voltaram a aumentar. Registramos um aumento de 5% neste ano”, diz o CEO Fernando Morette. As regiões Sul (7%) e Sudeste (6%) puxam o aumento de posições ofertadas entre janeiro e maio, na comparação com mesmo período do ano passado, segundo a Catho. Agropecuária é o setor que mais cresceu, seguidade construção e serviços.

A boa notícia é confirmada pelos números oficiais. Ainda que a alta taxa de desemprego (12,3%) atinja 13 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, foram criados 474 mil empregos formais nos últimos 12 meses no País, de acordo com o Caged. O maior avanço em postos se deu no Sudeste (227 mil), e proporcionalmente o maior crescimento ocorreu no Centro-Oeste (+1,93%) e no Sul (+1,48%). “O mercado é um organismo que responde às demandas da sociedade”, diz Ricardo Basaglia, diretor geral da companhia de recrutamento Michael Page. Para ele, a tecnologia vem transformando todas as funções, e não só as ultraqualificadas. Um exemplo é a saúde, que passa por um momento de consolidação na gestão de hospitais, laboratórios e equipamentos médicos. Outro é o varejo, em que o ambiente digital era um diferencial, e hoje passou a ser uma questão de sobrevivência. A era do marketing offline também ficou para trás.

As mudanças ocorrem em várias áreas. “As multinacionais acham que é fácil contratar por causa da grande base de desempregados. Mas a resposta não está ligada aos números. A qualificação da mão de obra não aconteceu. Quando começou a retomada, os mesmos problemas de antes da crise voltaram”, diz Raphael Falcão, diretor da Hays, empresa de recrutamento e seleção que atua em 33 países. “O ponto positivo é que o mercado de forma geral está mais aberto. É o que acontece com tecnologia, em que se busca um perfil comportamental adequado, e não só técnico.” Segundo ele, o Rio de Janeiro está vivendo um “boom” de petróleo e gás. Em São Paulo, há uma demanda enorme para profissionais bem formados com conhecimento de marketing, principalmente de ferramentas digitais. “Outra área de destaque é o RH, que precisa orquestrar os novos profissionais. Não existem mais os longos ciclos das marcas nas empresas. O RH é peça fundamental para catalisar a mudança da sociedade, como diversidade. É o primeiro a ser impactado. Deixa de ser assistencialista e precisa ter visão de performance.”

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 Empresas geradas pela economia disruptiva, como Uber, Rappi e outras, estão absorvendo uma grande parte dos que não conseguem colocação em suas áreas de origem. “Essas novas formas de trabalhar estão incorporando profissionais de todos os níveis, mas não se pode dizer que estão contribuindo para reduzir o desemprego”, diz Pastore. Com a crise, já chega a quase 18 milhões o número de brasileiros que ganham dinheiro por meio de aplicativos, segundo o Instituto Locomotiva. Para a Fipe, eles levaram a um número maior nos serviços de entregas nas grandes cidades e ampliaram as oportunidades de trabalho e geração de renda. Isso beneficia empreendedores individuais e empresas, incluindo startups, que podem disputar espaço com companhias já estabelecidas, criando a reboque novos empregos formais para segmentos menos favorecidos. O cenário de empregos abundantes ainda está distante, mas os exemplos acima demonstram que oportunidades existem — e podem ser alcançadas.

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Puxado pelo agronegócio, PIB cresce apenas 0,4% no 1º trimestre

Em relação a igual período de 2017, o PIB cresceu 1,2% no primeiro trimestre, o quarto resultado positivo consecutivo

O produto interno bruto (PIB) cresceu apenas 0,4% no primeiro trimestre do ano em relação ao três meses anteriores. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. Foi o quinto resultado positivo após oito quedas consecutivas nesta base de comparação. 

Após dois anos de recessão, em 2015 e 2016, a economia voltou a crescer em 2017, com expansão de 1%. Para 2018, governo e mercado começaram o ano prevendo um incremento de 3%. Diante dos fraco desempenho da indústria, comércio e serviços, prejudicados pelo desemprego elevado, as projeções foram reduzidas – a expectativa agora é de um crescimento entre 2% e 2,5%. Um dos motores desse resultado foi a combinação de inflação e juros baixos, cenário que pode sofrer alterações após a disparada do dólar e da recente greve dos caminhoneiros.

O resultado do primeiro trimestre foi puxado basicamente pela agropecuária, que avançou 1,4%, enquanto os setores de indústria e serviços ficaram praticamente estagnados: tiveram variação positiva de apenas 0,1%.


Em relação a igual período de 2017, o PIB cresceu 1,2% no primeiro trimestre. Por essa base de comparação, a agropecuária registra queda de 2,6%, enquanto a indústria cresce 1,6% e o setor serviços, 1,5%. No acumulado dos quatro últimos trimestres, o PIB cresceu 1,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.  A diferença de resultados na agropecuária – crescimento de 1,4% em comparação com o último trimestre e queda de 2,6% em relação ao igual período de 2017 – pode ser explicada a partir da sazonalidade na colheita das safras. “Aqui estamos comparando o primeiro trimestre, que tem safra de soja, com um trimestre que não tem esta safra. Precisamos considerar a sazonalidade”, disse a gerente de contas nacionais trimestrais do IBGE, Cláudia Dionísio.

A taxa negativa da agropecuária na comparação com igual período de 2017 é reflexo da queda na produção das principais culturas com safra no primeiro trimestre do ano. A exceção, segundo o IBGE, foi a soja, que teve crescimento de 0,6%. “Quando falamos que a soja cresceu, apesar de não parecer um índice tão alto, precisamos lembrar que foi um crescimento sobre o ano em que tivemos uma safra recorde”, explica a gerente de contas trimestrais.

Consumo das famílias
Um dos principais indicadores da economia é o consumo das famílias, que cresceu apenas 0,5% no primeiro trimestre do ano em relação aos três meses anteriores. Na comparação com igual período de 2017, quando o país ainda se ressentia da crise de 2016, o consumo das famílias cresceu 2,8%. Segundo o IBGE, essa alta reflete a ampliação do crédito para a pessoa física combinada com a redução das taxas de inflação e de juros. “Em contrapartida, continuamos com um mercado de trabalho deteriorado, com a renda contribuindo de forma negativa para o desempenho do consumo das famílias”, diz Cláudia.

A taxa de investimento, que é a formação bruta de capital fixo sobre o PIB, foi de 16%, a primeira alta desde o primeiro trimestre de 2015, mas a segunda pior taxa da série histórica iniciada em 1996. De acordo com a gerente de Contas Nacionais Trimestrais, essa ligeira melhora “reflete o crescimento em volume dos investimentos, ocorrido nesses últimos trimestres. “É possível perceber uma melhora no nível de confiança dos empresários, mas ainda insuficientes para recuperar as perdas ocorridas no passado”.
Em valores correntes, o PIB totalizou 1,6 trilhão de reais, sendo 1,4 trilhão de reais de Valor Adicionado (VA) e 240,5 bilhões de reais aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.

Veja

 

 

sexta-feira, 20 de abril de 2018

País cria 56 mil vagas em março, melhor resultado para o mês desde 2013

Saldo de emprego formal foi positivo em 56.151 vagas em março, mostra Caged

O Brasil abriu 56.151 vagas de emprego formal em março, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta sexta-feira, 20, pelo Ministério do Trabalho. Foi o terceiro mês de aumento consecutivo no número de vagas com carteira assinada.  

Para meses de março, este é o melhor resultado desde 2013, quando foram geradas 112.450 vagas. O saldo positivo decorre de 1,340 milhão admissões e 1,284 milhão demissões. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam de fechamento de 34.961 vagas a abertura de 73.500 vagas, com mediana positiva em 41.495 vagas.
Apesar de positivo, o desempenho do mês passado foi inferior às contratações líquidas registradas em fevereiro (65.058 vagas) e janeiro (82.855 vagas), já considerando o ajuste nos resultados desses meses. Em março de 2017, houve um fechamento de 57.594 postos de trabalho.  No acumulado do primeiro trimestre do ano, houve abertura de 204.064 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses até março, há um saldo positivo de 223.367 vagas.

Setores
O resultado mensal foi puxado pelo setor de serviços, que gerou 57.384 postos formais em março, e pela indústria de transformação, que abriu 10.450 novas vagas com carteira assinada. Em seguida, tiveram desempenhos positivos a construção civil (7.728 vagas), a administração pública (3.660), a extração mineral (360) e os serviços industriais de utilidade pública (274).
Por outro lado, tiveram saldo negativo a agropecuária (17.872 postos) e o comércio (5.878). Segundo o ministério, o resultado foi positivo em 16 das 27 unidades da Federação.

IstoÉ
 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Economia do país cresceu 1% no 1º trimestre, primeira alta desde 2014

Economia volta a crescer após 2 anos, puxada pela agropecuária

PIB avança na comparação com os últimos 3 meses do ano passado, mas no acumulado em 12 meses ainda cai 2,3%, revela o IBGE

PIB avança 1% no 1º trimestre, mas setores importantes como investimentos e consumo das famílias continuam negativos

Após dois anos, a economia brasileira voltou a ficar no azul. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1% no primeiro trimestre, na comparação com os últimos três meses do ano passado, influenciado principalmente pelo bom desempenho da agropecuária. É o primeiro resultado positivo nesse tipo de comparação desde o quarto trimestre de 2014, quando houve alta discreta de 0,2%. Na comparação com primeiro trimestre de 2016, o PIB caiu 0,4%. Se ano acabasse hoje, economia brasileira teria queda de 2,3%.
 
O resultado veio em linha com o que esperavam analistas consultados pela Bloomberg, com projeção de alta de 1%, na comparação com o quarto trimestre. As expectativas, no entanto, variavam de taxas de 0,5% a 1,5%. Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de março de 2017 totalizou R$ 1,6 trilhão.  O grande impulso para o desempenho da economia no primeiro trimestre foi a agropecuária, com safra recorde de soja, que cresceu a dois dígitos: 13,4%. Pela ótica da demanda, além do setor, contribuíram para a alta de 1% do PIB a alta de 0,9% da indústria e a estabilização dos serviços (0%).

No entanto, ainda não é possível afirmar que a recessão acabou. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destaca que o crescimento de 1% da economia frente ao quarto trimestre ainda foi insuficiente para fazer o PIB sair do patamar de 2010.  - É um crescimento, claro, mas é em cima de uma base bastante deprimida. Se a gente for olhar, a gente está mais ou menos no mesmo patamar de PIB que a gente tinha lá no fim de 2010. Deu uma recuperada em relação ao trimestre anterior, mas a gente voltou ao patamar para o fim de 2010. Nos outros trimestres, estávamos mais para o patamar do início de 2010, e agora passamos a ficar mais próximos do fim de 2010 - afirma Rebeca.

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O desempenho do primeiro trimestre também mostrou a primeira alta da taxa de poupança desde 2012. O IBGE revisou os resultados dos trimestres do ano passado, na comparação com os trimestres imediatamente anteriores. O resultado do quarto trimestre, anteriormente estimado em queda de 0,9%, foi recalculado para recuo de 0,5%. Já a retração de 0,7% no terceiro trimestre passou a queda de 0,6%. O segundo trimestre foi mantido em queda de 0,3%, enquanto o resultado do primeiro trimestre passou de queda de 0,6% para recuo de 1%. O resultado acumulado de 2016 foi mantido em queda de 3,6%.

O resultado positivo já tinha sido percebido em indicadores divulgados antes do número oficial. Há duas semanas, o IBC-Br, o chamado “PIB do Banco Central”, estimou crescimento da atividade econômica de 1,12%. Na ocasião, especialistas foram cautelosos ao avaliar se o dado mostrava que a economia brasileira havia alcançado o ponto de inflexão, ou seja, começaria a crescer de forma mais sólida daqui para frente.

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MATÉRIA COMPLETA em O GLOBO