Quase toda semana alguma revista ou jornal do Primeiro Mundo publica
reflexões sobre o fim da democracia representativa. Subestimar tais
alertas seria tolice, mas permito-me lembrar que eles têm sido feitos
desde as primeiras décadas do século 20.
O que não vejo nessas matérias é a indispensável distinção entre
democracia e Estado. Democracia é software, Estado é hardware. Ou seja, o
termo Estado refere-se à parte fixa, ou, melhor dizendo, à ossatura
burocrática que assegura a estabilidade e a regularidade de
funcionamento de toda sociedade. Mal comparando, é o esqueleto, a
estrutura óssea que sustenta um ser vivo. Mas o que lhe incute a vida é o
processo político.
Esse é o “programa” que manda a máquina operar no
cumprimento de tais ou quais objetivos. O eventual colapso da democracia
leva a uma ditadura, o do Estado, a uma situação de anarquia ou
desordem generalizada.
No presente momento brasileiro, quase não há ameaças diretas ao
regime democrático, pois praticamente todas as forças políticas querem
trabalhar dentro dele para tentar atingir seus objetivos particulares.
Mas ameaças ao Estado não faltam, e esse é o perigo. Penso ser útil
mencionar três tipos de ameaça. A primeira e mais grave é o fato de
altas autoridades institucionais se comportarem em flagrante desacordo
com suas atribuições. O melhor exemplo é o STF, que em tese é o guardião
da ordem constitucional, mas onde diversos ministros parecem mais
empenhados em descumpri-la que em mantê-la incólume. Não é segredo para
ninguém que alguns ministros trabalham diuturnamente para abortar o
combate à corrupção.
O segundo fator é o aumento exponencial da criminalidade violenta,
notadamente no nordeste e no Norte, processo estreitamente associado ao
narcotráfico, que há tempos controla pontos importantes do território
nacional. Por último, mas não menos importante, é o descalabro econômico
a que fomos arrastados pelos governos Lula e Dilma. Um Estado deixa
praticamente de ser um Estado quando carece de recursos para fazer face
aos gastos correntes e à remuneração dos empréstimos que é obrigado a
fazer para manter a máquina em andamento. O prognóstico atual é o de que
reaveremos essa capacidade em 2021, se não fizermos novas asneiras.
Bolívar Laumonier - IstoÉ
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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domingo, 29 de abril de 2018
Alguns dos piores riscos que rondam o Brasil
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terça-feira, 21 de abril de 2015
"Gente na rua é poder?"
Vigora no imaginário coletivo brasileiro a ideia de que gente na rua é
poder. Se uma causa conseguir levar as pessoas à rua, tal causa sairá
vencedora. Afinal, não foi isso o que se pensou nas Diretas-Já? Não foi isso o
que ocorreu no impeachment de Collor?
Mas a ideia de que o povo na rua consegue o que quer nem sempre
corresponde aos fatos, embora se fundamente no pressuposto de que, numa
democracia, o poder está nas mãos do povo.
Também essa afirmação precisa ser matizada. Não estamos numa anarquia, onde
quem grita mais forte e reúne o grupo mais ruidoso vence. Numa democracia
representativa, o poder de arregimentar não é sinônimo perfeito de poder
político. O povo tem o poder em suas mãos quando vota. Depois, ele é
transferido temporariamente aos seus representantes.
Mas, então, qual é o poder do povo nas ruas? Obviamente, ele exerce
influência, tem poder. Mas tal poder é exercido de forma indireta. A atuação
nas ruas é vitoriosa apenas quando consegue modificar os cálculos políticos de
quem detém o poder. Por exemplo, não basta que a maioria da população diga que
Dilma Rousseff merece o impeachment. As pessoas que detêm o poder de
interromper o mandato da presidente - no caso, os parlamentares - precisam se
convencer da realidade prática de que, sem Dilma, as coisas ficarão melhores.
Dizer simplesmente que, com Dilma, as coisas estão ruins não tem, por si só,
força política.
Estar na rua não basta para mudar destinos políticos. Tornou-se hábito,
por exemplo, falar que o regime militar acabou porque o povo foi às ruas. A
ideia é bonita. Mas, analisados os fatos, fica evidente que o regime militar
acabou, no momento em que acabou, por uma decisão política dos próprios
militares. A versão de que o povo nas ruas alterou significativamente a
história é uma construção teórica posterior. Muito bonita, repita-se, mas
falsa. Alguns dirão: mesmo que não seja de todo verdade, essa construção
ressalta a importância da participação popular nos acontecimentos históricos.
Mas a democracia se constrói à base de fatos reais e argumentos consistentes, e
não de meras idealizações. Criar mitos que falseiam a realidade não leva as
pessoas a ter influência prática na vida pública, que é o que importa numa
democracia.
Reconhecer que o povo nas ruas não tem o poder que se imagina não
significa retirar a legitimidade das manifestações nas ruas. Ao contrário. Ir
às ruas é em si meritório, pois significa que cada um está dedicando o seu
tempo a promover algo que considera benéfico para a sociedade. A questão está
em fazer essa mobilização gerar efeitos práticos, políticos. Daí a importância
de entender como funcionam os mecanismos de um regime democrático.
Também não significa que o sistema representativo seja perverso, como se
o poder tivesse sido usurpado do povo por alguns poucos. Há apenas uma
transferência temporária de poder a alguns representantes. Tal sistema - embora, imperfeito - traz importantes benefícios. Ele não
é apenas uma solução prática diante da impossibilidade de que a população
decida continuamente sobre as questões públicas. Oferece a possibilidade de um
saudável distanciamento entre o poder decisório e o poder da maioria, ao
fornecer as condições práticas para a tomada de decisões impopulares, mas
absolutamente necessárias para a condução responsável de uma nação. E aqui se desvela outro aspecto fundamental da democracia representativa
- a responsabilidade pelas decisões, assegurada pelo caráter temporário da
transferência de poder. Responsabilidade que não existe, por exemplo, nas
manifestações de rua.
Todas essas questões sobre o exercício do poder podem parecer
complicadas. Não precisa e não deve ser assim. Cada um do povo deve ser
responsável por suas escolhas. Só assim os representantes assumirão a sua
responsabilidade pelo bem comum, em sintonia com o sentir da população. São
eles os responsáveis por traduzir no momento presente as aspirações da
população em consequências práticas, nesse equilíbrio sempre instável da
política, entre o desejável e o possível. A população está dizendo o que
considera ser desejável - e essa é a sua força. Resta ver qual será a resposta
daqueles que detêm o poder, tanto o governo como a oposição.
Fonte: Editorial - O Estado de São Paulo
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