Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador narcotráfico. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador narcotráfico. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Muita conversa para pouca ação - Carlos Alberto Sardenberg

Com a devida licença poética, foi mais ou menos assim.— Tem bandido cobrando 500 mil de empreiteira que toca obra pública.

Ministro, também no X:

— Tô sabendo. Seu colega de Nova Iguaçu também alertou. Vamo pra cima.

Não foram. Ficaram ocupados consigo mesmos, com as trocas no Ministério da Justiça e Segurança Pública.  
O então ministro interino, Ricardo Cappelli, continua secretário executivo da pasta, mas entrou em férias, depois deixará o cargo
Também se dá como certo que o atual secretário de Segurança Pública, Francisco Tadeu Barbosa de Alencar, será substituído, provavelmente por Benedito Mariano, quadro do PT que participou da transição nas questões de segurança.

As propostas da transição não foram aproveitadas na gestão do ministro Flávio Dino. A julgar pelos resultados, nenhuma outra proposta foi aproveitada, nem sequer formulada no detalhe. Agora, confirmadas as mudanças, Mariano deverá imprimir “nova política”.

Pelo jeito, demorará para o governo federal ir para cima da milícia e do narcotráfico. A Polícia Civil do Rio tentou. Descobriu o nome do bandido que cobrou os R$ 500 mil da empreiteira que toca a obra do Parque da Piedade. Trata-se de Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18. O Ministério Público apresentou denúncia por extorsão, a polícia foi atrás do sujeito. Não encontrou.

Nada, portanto. Para prender Jean do 18, não era preciso denúncia alguma. Ele está condenado a 66 anos de prisão, é réu em 20 crimes, incluindo homicídios, foi preso em 2017, mas fugiu no começo do ano passado. E voltou às atividades.

O tuíte do prefeito Eduardo Paes trouxe à tona toda essa história. Com mais detalhes. Tinha ocorrido, em novembro passado, uma reunião de Dino e Cappelli com empreiteiros do Rio, que reclamaram justamente das extorsões. Todo mundo que deveria saber, portanto, estava sabendo. Vai ver foi por isso que o prefeito do Rio recorreu ao X. Boca no trombone.

Agora, todos sabemos — nada foi feito, nem ao menos se tem a tal política nacional de segurança. Parece mais fácil formular do que colocar para funcionar o que já existe. Em todas as áreas.

Um ano depois de iniciada a gestão Lula e depois de o presidente ter ido a Roraima para denunciar a tragédia do povo ianomâmi com a titular da nova pasta dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a situação dos ianomâmis continua uma tragédia.

Repórteres e fotógrafos que foram até lá há uma semana encontraram crianças desnutridas com os ossos à mostra. Explosão de casos de malária e virose. Centenas de mortes. Rios poluídos tomados pela lama. O garimpo ilegal, que nunca saiu totalmente, de volta com força no interior da Floresta Amazônica — como descrevem reportagens e declarações de lideranças locais. Em janeiro de 2023, Lula decretou emergência de saúde pública. Neste mês, revelada a tragédia persistente, fez uma reunião com vários ministros e decretou questão de Estado. A Casa Civil anunciou que tomará “ações estruturantes”.

De novo, não seria mais eficiente levar comida e remédios para lá? Há 27 mil indígenas na Terra Yanomami. [em nosso opinião a causa da tragédia ianomâmi é o excesso de terra pertencente aos indios e que não são adequadamente aproveitadas, em proveito do Brasil e dos brasileiros = o que inclui os indios, que não são mais brasileiros que os milhões e milhões de brasileiros, digamos, comuns.
O absurdo é tamanho que a Terra do Povo Ianomâmi tem 9,5 milhões de hectares = equivalente a 4,36% das terras indígenas do Brasil,  correspondendo, aproximadamente, à área dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo somados.
Tal imensidão de terra  para apenas 27.152 índios (censo de 2022) o que resulta em 349 hectares para cada índio ianomâmi. 
Um hectare equivale a um campo de futebol.
É terra demais, gerando incompreensão das razões que levam  poucos a  terem tanto, enquanto  muitos (a maioria dos brasileiros) nada tem ou tem muito pouco??? ]  -  Não pode ser tão difícil entregar lá comida e remédios. Em janeiro do ano passado, a ministra Sonia Guajajara dizia exatamente isso, que a ação imediata seria levar suprimentos. Combater o garimpo ilegal, um tipo de crime organizado, e tocar o saneamento de rios e matas é mais difícil, claro. Mas levar alimentos?

O governo diz que o desastre foi causado pela gestão Bolsonaro — é verdade — e que conseguiu alguns resultados, como redução no número de mortos. Não foi o que os jornalistas encontraram. Não é o que dizem lideranças indígenas. Além disso, até quando continuarão culpando o governo anterior?

A ministra Sonia Guajajara orgulha-se de ter levado cem indígenas brasileiros em sua delegação para a COP28, em Dubai. Um marco histórico, como ela diz. 
Mas que vale isso diante da tragédia continuada dos ianomâmis?
[o que trouxe de prático, para o povo indígena,  a ida dos 100 indígenas brasileiros  para passear em Dubai?] 
 
 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Jornal O Globo - Coluna 13 jan 2024

 

sábado, 9 de dezembro de 2023

GLO e crime organizado - Amauri Meireles

        O narcotráfico e as narcomilícias, antes localizados em setores da cidade do Rio de Janeiro, proliferam em outras cidades fluminenses e irradiam-se para várias regiões brasileiras.

A angustiante sensação de insegurança, localmente e, de resto, em todo o país, transportada pela ilusão de isotopia, deteriora a qualidade de vida dos brasileiros.

Em razão de a sociedade clamar por providências efetivas, em Mar23, o Ministério da Justiça e Segurança Pública relançou o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – um fiasco proporcional ao eufemismo – que foi desativado pela presidente Dilma. O PRONASCI 2 – que acentua o disfemismo “violência estrutural da Polícia” – deve ir para o mesmo destino, ainda que, no morde e assopra, distribua bolsa-formação para policiais.

Em 02Out23 foi lançado o Programa de Enfrentamento a Organizações Criminosas – ENFOC – cujos pilares seriam a inteligência e a investigação.

Num primeiro momento, um certo alívio, que desaparece quando se observa que os eixos de suprimento (logístico e financeiro) dos criminosos não são os alvos prioritários. Por ora, não se tem informações sobre andamento desse programa.

Agora, o governo decretou, em 01 Nov, uma paliativa GLO, a ser realizada em alguns portos e certos aeroportos.

Uma decepção, um verdadeiro Parto da Montanha!

Para a extensão e a profundidade elevadas que o problema tomou, esperava-se por um Plano Estratégico Nacional, que seria operacionalizado através integração de esforços, federais, estaduais e municipais, minimamente, dos segmentos fazendários, de inteligência, de TI e dos que exercem a polícia investigativa e a ostensiva, que poderia, inclusive, evidenciar a necessidade de um específico Sistema Nacional de Contenção do Crime Organizado, trabalhando no modelo Polícia 4.0.

A área de atuação seria no território brasileiro, daí porque não caberia decretação de GLO, que somente pode ser realizada em áreas restritas.

Lembre-se que os mecanismos de proteção, as Defesas, realizados por Forças Públicas Federais (FPF) e Estaduais (FPE), devem ser compatíveis com as variações da Ordem, as quais, numa escala crescente de conflito, confronto, violência generalizada e ameaça à soberania vão de Normalidade, Alteração, Perturbação, Grave Perturbação, Gravíssima Perturbação, Luta Interna até as Crises Internacionais Político Estratégicas (CIPE).

Nos três primeiros casos, o protagonismo é das FPE porque as ações são de Defesa Social, ou seja, as vulnerabilidades e as ameaças podem afetar o povo e/ou trechos do território. A Grave Perturbação da Ordem (GPO) caracteriza uma faixa cinzenta onde, de início, atuam as FPE. Esgotada a capacidade dessas e/ou tendo em vista o interesse nacional, evoluindo o quadro para Muito Grave Perturbação da Ordem (MGPO), o protagonismo na condução da Defesa passa a ser das FFAA. Isso é regra nas demais variações, tendo em vista o comprovado esgotamento da capacidade das polícias estaduais e/ou ficar evidente o interesse nacional.

Entende-se que o avançado grau de Desordem, decorrente do crescimento do crime organizado, caracteriza, hoje, o estágio de GPO, mas não o de MGPO, o que, por ora, não ensejaria o emprego das FFAA no combate ao crime organizado.

É que esse esgotamento ainda não está comprovado, o que permite depreender-se ter havido açodamento na decretação de GLO. A falha não está nas polícias estaduais, que não atuam em portos e aeroportos e nem na autoridade portuária e aeroviária, aquela através da relegada Guarda Portuária (que faz polícia ostensiva) e esta com os Guarda e Segurança (GSGS) da Aeronáutica.

O Ministério de Portos e Aeroportos foi criado em Jan23 e o atual ministro anunciou que está trabalhando um Plano Nacional de Segurança para Portos e Aeroportos. Ou seja, além de açodamento, atravessamento?

Ficam nítidos dois erros que comprometem todo o esforço de minimização e mitigação do crime organizado: o primeiro, a indefinição (ou incorreta estruturação) do problema, o que impede sua necessária e efetiva sistematização, fundamentalmente apoiando-se nas áreas da inteligência e da investigação; o segundo, um gravíssimo e genérico problema político-econômico continua sendo tratado como um específico problema policial.

Logo, a realização de “ações preventivas e repressivas” (como previsto na GLO) configura, tão somente, atuação na causalidade – vértice para onde fluem causas e refluem os efeitos da criminalidade. Ora, isso é muito pouco! Não sendo priorizadas ações incisivas sobre as causas e sobre os efeitos, o que temos é um aumento no efetivo para encher o Tonel das Danaides.

Se o objetivo é conter a expansão da criminalidade e reduzi-la paulatinamente, aumentar o efetivo federal, pontual e temporariamente, para atuar, com mais intensidade, como polícia ostensiva, é absolutamente insuficiente para atingi-lo. Enfim, uma questão estratégica, que exige esforços permanentes e contínuos, não pode ser conduzida com ações eventuais e intermitentes no nível operacional, apenas.

No oceano, em que se transformou a criminalidade organizada, montar um dispositivo para pescar piaba, chega a ser grotesco.

*O autor, Amauri Meireles, é Coronel Veterano da Polícia Militar de Minas Gerais. Foi Comandante da Região Metropolitana de BH.

**Reproduzido do jornal eletrônico Inconfidência, edição nº 326.

 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

GHSTF - Restrições a operações policiais [determinadas pelo STF] intensificam treinamento tático de traficantes no RJ

DefesaNet 

Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringiram operações das forças de segurança nas favelas do Rio de Janeiro não apenas têm contribuído para o fortalecimento e a expansão dos territórios dominados por facções criminosas no estado, principalmente pela instalação de centenas de novas barricadas para impedir o avanço de viaturas, mas também aumentado a frequência dos treinamentos com táticas de guerrilha feitos pelos traficantes.


Traficantes do Comando Vermelho, maior facção do Rio de Janeiro, posam com fuzis e roupas camufladas para incursões na mata| Foto: Reprodução

Fontes das polícias estaduais e especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem apontam que quase dois anos e meio após as medidas entrarem em vigor, tais exercícios, em geral conduzidos por ex-militares que vendem conhecimento ao crime organizado e, ocasionalmente, por ex-guerrilheiros que moram nas comunidades, têm sido uma realidade ainda mais frequente.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, chamada “ADPF das Favelas”, foi ajuizada no STF em novembro de 2019 pelo PSB. Desde junho de 2020, medidas restritivas às ações policiais passaram a ser estabelecidas pelos ministros sob provocação de partidos de esquerda e ONGs ligadas a direitos humanos. Ao menos uma dessas ONGs, aliás, tem ligações estreitas com lideranças do crime organizado.

Como já mostrado pela Gazeta do Povo, desde que as restrições passaram a valer, lideranças do narcotráfico no estado têm encontrado mais facilidade para fortalecer e ampliar suas posições; aumentar seus arsenais de guerra e até mesmo receber traficantes de outros estados, que agora percebem os morros fluminenses como locais seguros para permanecerem impunes enquanto comandam o crime em seus estados de origem.

Exercícios militares como os executados no vídeo abaixo
, registrado em abril deste ano na favela da Maré, não são algo novo. Desde o final da década de 1990, ex-guerrilheiros que fugiram da Guerra Civil Angolana, ocorrida entre 1975 e 2002, passaram a ser identificados pelas forças policiais atuando em combates junto às facções que dominam os morros fluminenses.


 Traficantes treinam catárticas de guerrilha em favelas do Rio de Janeiro

Os veteranos de guerra, treinados por Rússia e Cuba, possuíam experiência em operações especiais, comandos, táticas de guerrilha, guerra na selva, operações em montanhas, tiro de precisão, bombas e demais artefatos explosivos. Além disso, o idioma padrão de Angola é o português, o que facilitava a comunicação com os traficantes.

Em 2006, o delegado Delcir Teixeira, na época superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, declarou que investigações haviam concluído queum grupo de angolanos, refugiados de guerra, estava adestrando traficantes da Maré em táticas de guerrilha” desde o final da década de 90. Essa integração entre ex-guerrilheiros e traficantes fluminenses foi uma virada de chave para a forma como o crime organizado passou a combater forças policiais e facções rivais.

Como explica o coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) Fábio Cajueiro, que é ex-comandante de operações especiais, até hoje centenas de veteranos de guerra angolanos permanecem nessas comunidades, mas grande parte dos treinamentos é ministrada, atualmente, por ex-militares, dispensados do serviço, sem remuneração, que são recrutados pelas facções para oferecer conhecimento e treinamentos.   “A ADPF 635, ao dificultar a ação das forças da lei e da ordem, torna mais fácil o treinamento da narcoguerrilha e também o fortalecimento das facções em termos de equipamentos, construções e barricadas”, explica o coronel.

“Devido ao aumento do poder de fogo, precisão e treinamento dos traficantes, as forças policiais operam com mais dificuldade e com progressão mais lenta e segura no terreno, via de regra evitando operações noturnas e confrontos sem veículos blindados e helicópteros”.
A restrição a operações noturnas e ao uso de helicópteros nas incursões fazem parte das medidas determinadas pelo STF.

Alessandro Visacro, analista de segurança e defesa e autor do livro Guerra irregular: Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história, explica que não apenas o conjunto de táticas, técnicas e procedimentos de combate tem evoluído nos últimos anos, mas também o arsenal e os sistemas e mecanismos de defesa que os criminosos usam para defender seus territórios contra as forças de segurança e outras facções.

Para ele, as medidas impostas pelo STF têm impacto bastante negativo na segurança pública do estado, já que permitem que as facções que dominam as comunidades avancem na edificação de espaços segregados, isto é, áreas não governadas pelo Estado. “A partir daí vão sendo instituídos verdadeiros enclaves de 'microssoberania', protetorados urbanos sem lei, espaços anárquicos, áreas não governadas no interior do estado. Isso adquire características típicas de guerrilha. E quando observamos esses treinamentos, é uma demonstração clara da capacidade que esses atores têm para perseguir seus objetivos estratégicos”, explica o especialista.

“Quando se cria essa série de restrições para o ingresso do poder coercitivo do Estado dentro das comunidades, isso só ajuda na construção desses enclaves de 'microssoberania'. O Estado não consegue impor seu sistema normativo, o que fortalece o poder dos criminosos dentro desses enclaves. Isso não vai parar, vai continuar evoluindo”, alerta Visacro.

Mudança na política de combate ao crime no RJ é improvável no curto prazo
Diante do fortalecimento do crime organizado no Rio de Janeiro, na avaliação das fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, é necessária a revisão de políticas de tolerância à criminalidade, a mudança de postura do Judiciário e o fortalecimento das instituições policiais para fazer frente aos avanços do crime organizado nos últimos anos.

“O que deve ser feito é modificar a legislação, tornando-a mais dura, moderna e não permissiva e reduzir o garantismo jurídico e o laxismo penal, aponta o coronel da PMERJ. A respeito de melhor estruturação às instituições policiais, Cajueiro cita a necessidade de investir em meios de deslocamento modernos, suficientes e adequados; implementar seleção e treinamento com parâmetros altos; ajustar escalas de serviço; proporcionar boa remuneração e oferecer carga de trabalho humanizada.

Apesar da mencionada necessidade de mudanças de postura quanto ao combate à criminalidade no estado, ministros do STF não dão sinais de reversão das medidas implementadas, e parte deles, como o relator Edson Fachin, costuma manifestar simpatia ao fim das operações policiais em declarações públicas.

No poder Executivo, a plataforma política do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segue a mesma linha. O próprio Partido dos Trabalhadores (PT) figura como amicus curiae (amigo da Corte) na ADPF 635 e endossou o pedido de diversas restrições a operações policiais em comunidades no Rio de Janeiro.[FATO: bandido e partido de bandido, assim como, apoiadores de bandidos são todos bandidos.]

Durante o Encontro Nacional de Direitos Humanos do partido, realizado em dezembro de 2021, o setorial aprovou diversas sugestões para serem aplicadas caso Lula vencesse as eleições. [ADIANTE, em itálico vermelho,  APRESENTAMOS AS PROPOSTAS DO PT = Dentre as propostas, validadas na reunião do Coletivo Nacional em fevereiro deste ano, consta, por exemplo, desmilitarização das polícias, descriminalização das drogas e fim da “guerra às drogas” – termo comumente usado por políticos e partidos de esquerda para defender a redução de operações policiais de enfrentamento ao narcotráfico. FICA CLARO AS RAZÕES PELAS QUAIS LULA NÃO COMENTA NADA SOBRE SEU 'PLANO DE GOVERNO.]

No plano parcial de governo divulgado pela campanha de Lula há menção à substituição do “atual modelo bélico de combate ao tráfico” por “estratégias de enfrentamento e desarticulação das organizações criminosas e fortalecimento da investigação e da inteligência”. Vale reforçar que toda operação policial é indissociável do aparato de inteligência.

Apesar disso, no atual cenário do estado com 1,4 mil comunidades dominadas pelo crime organizado e 56,6 mil criminosos em liberdade portando armas de fogo de grosso calibre segundo dados de 2020 da Polícia Civil –, inevitavelmente, o combate bélico é uma realidade nas operações em que há resistência armada.

O governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), é favorável ao retorno das operações no estado. Em março deste ano, Castro chegou a dizer que, em decorrência das medidas implementadas pelo STF, a região dos complexos havia se tornado “hotel de luxo” para chefes de facções criminosas de outros estados brasileiros. 

Polícia Federal x Política Rodoviária Federal

Guerra Urbana 

Apesar disso, frente às restrições determinadas pelo Judiciário que, na prática, configuram a imposição de uma política externa de segurança pública imposta ao estado, o governo estadual pouco tem a fazer frente ao dramático avanço do crime organizado.

DefesaNet - Gabriel Sestrem


quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

ISSO É COISA QUE SE FAÇA, DR. ANDRÉ MENDONÇA? - Percival Puggina

Nos Estados Unidos, a sabatina de um ministro da Suprema Corte pode durar meses. Leva o tempo necessário para que o indicado tenha vasculhados o intelecto e a vida privada. 
Pente fino e scanner são passados nas travessuras infantis e nos hábitos adultos, diurnos e noturnos. Atravessam-se portas fechadas, rompem-se envelopes lacrados. 
Alguns candidatos desistem para evitar escândalos. 
Aqui no Brasil, porém, tudo se decide numa sabatina de poucas horas, porque não é ela que importa. Aqui importam mais as semanas de sabatinas auriculares, ao pé do ouvido, nas  “visitas de cortesia” aos gabinetes dos senadores.[o ministro Fachin, quando candidato, realizou algumas visitas de cortesia aos gabinetes dos senadores, acompanhado por Ricardo Saud,  um dos chefões da JBS e delator no Friboi/GATE - o açougue dos irmãos Batista. Clique aqui e confira.]

As tentativas feitas por  André Mendonça para botar a bola no gol e sentar na cadeira vaga existente no STF encontraram a meta guardada pelo corpulento e magoado senador Alcolumbre, aborrecido com a investigação aberta pelo indicado nos negócios do narcotráfico em área de sua senatorial proteção.

Isso é coisa que se faça, Dr. André Mendonça? Em certos estados do Brasil, as cercanias de um senador são território fora da lei, cujo braço não chega lá. Ao menos, assim pensa Davi Alcolumbre e assim muitos de seus pares querem que a banda continue a tocar. [o Brasil das PESSOAS DE BEM, espera que as rachadinhas do Alcolumbre não sejam esquecidas; tudo tem que ser investigado - seja o narcotráfico em área de proteção senatorial, as rachadinhas, o que quer que seja.]

O risco que agora o candidato Mendonça enfrenta, segundo a coluna de Lauro Jardim, é a pressão de Alcolumbre para que os senadores adiram a um particular “fique em casa”, ou esvaziem o plenário, evitando a instalação dos trabalhos.

Alguém poderá dizer, com razão, que tal conduta beira o gangsterismo político. Sim, mas isso não chega a ser uma grande novidade, não é mesmo? Pode ser objeto de uma notinha jornalística, mas jamais de uma opinião que venha acompanhada de um adjetivo, ou de um advérbio que possam expressar algo que mereça ser chamado de “opinião”.

O Senado está assim e o jornalismo brasileiro vai junto.

Por tudo isso, embora André Mendonça não fosse o nome de minha preferência, estou torcendo por ele. Não tenho qualquer afinidade com os senadores que o rejeitam, nem com o jornalistas que ironizam sua condição de evangélico. [André Mendonça teve o nome aprovado, será empossado com as Bênçãos de DEUS, ministro do STF - o presidente Bolsonaro ganha mais uma. ESPERAMOS QUE AS RACHADINHAS do senador Davi Alcolumbre sejam investigadas e TODOS os culpados severamente punidos, valendo o mesmo para todos os envolvidos no narcotráfico, ainda que estejam na área que o ilustre articulista classifica "área de sua senatorial proteção."]

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

domingo, 31 de outubro de 2021

A VENEZUELA E SEUS CÃES - Gerhard Erich Boehme

Hoje a Venezuela sobrevive de três fontes, a principal não é mais a proveniente  dos petrodólares, de um país que detém as maiores reservas do mundo, mas sim de recursos do narcotráfico, com destaque ao principal grupo, o Cartel de los Soles. Em terceiro lugar surgem as ajudas internacionais e a ajuda de familiares além-mar, ou, aos poucos, recursos repatriados.

E o povo não tem mais como se alimentar, mesmo os cães sumiram.


 

Além das drogas,  a economia continua sendo mantida com base na principal atividade econômica que é a exploração e refino de petróleo, mas agora ainda mais centralizada, com a PDVSA sendo uma parte da tesouraria do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), a versão irmã ou siamesa e venezuelana do nosso Partido dos Trabalhadores (PT). 

A Venezuela é hoje a oitava maior economia da América Latina, depois do Brasil, México, Colômbia, Chile, Peru, Panamá e Argentina.  
Já foi a primeira. Assim também o foi um dia a Argentina
Em 1895 a Argentina era o país mais rico do mundo (mais rica que os EUA em termos de PIB per capita). A Venezuela chegou perto. De um país rico em recursos naturais a realidade da exploração e refino de petróleo chega a algo próximo ao caos, pela primeira vez em um século, são poucas as plataformas de petróleo funcionando na Venezuela. 

Os poços que já exploraram as maiores reservas brutas do mundo estão abandonados ou queimando gases tóxicos, que lançam um brilho laranja sobre as cidades petrolíferas. As refinarias que uma vez processaram petróleo para exportação são gigantes enferrujados, vazando óleo bruto que escurece a costa e dá à água um brilho oleoso. A escassez de combustível paralisou o país. Nos postos de gasolina, as filas chegam a ter quilômetros de extensão.

O colossal setor petrolífero da Venezuela, que moldou o país e o mercado internacional de energia por um século, chegou a uma parada quase total, com a produção reduzida a um gotejamento graças a anos de má gestão e sanções dos EUA. O colapso está gerando uma economia destruída e um ambiente devastado e, segundo muitos analistas, encerrando a era de potência energética da Venezuela.

E os cães?
Entre os anos 50 até o final do Século a Venezuela era o país da América com maior número de cães de raça, a que tinha o maior número de canis e associações, talvez também com a maior população de cães que denominamos de vira-latas.  
Mas veio o Socialismo, na realidade uma espécie de nacional-socialismo bolivariano ou luloPTismo. 
E com ele a cultura da redistribuição de riqueza, adotou-se o estado de bem-estar social, o qual mostrou-se com o tempo um rematado destruidor de riqueza. [Abraham Lincoln acertadamente pregou:      

".........

Você não pode ajudar o pobre, destruindo o rico;
Você não pode elevar o salário, pressionando a quem paga o salário;
Você não pode promover a fraternidade da humanidade, admitindo e incitando o ódio de classes;
......."]

Vale a máxima de Margaret Hilda Thatcher, Baronesa Thatcher de Kesteven:

"O problema do socialismo é que você no fim das contas esgota o dinheiro dos outros" — Em seu último discurso no Parlamento britânico, no dia 22 de novembro de 1990.

Os cães aos poucos foram sendo abandonados pelas famílias, a começar por aqueles que saíram em fuga para os Estados Unidos, Reino de Espanha e Panamá.

O retrato que se via no início deste Século nas ruas de Caracas e quase todas cidades venezuelanas era o de cães disputando o alimento nas lixeiras. Os anos foram se passando e aos poucos a disputa nas lixeiras se dava também com a população mais pobre. E então começaram a surgir as notícias de furtos de animais em zoológicos, parques nacionais e aos poucos os cães sumiram das ruas, repetindo o que ocorreu na China, onde os cães são comercializados como galinhas ou porcos, resultado de uma das piores faces do comunismo como modelo político e o socialismo como econômico. 

Foram 45.000.000 milhões de pessoas mortas de fome, e praticamente todos os cães mortos. Esse é o número de chineses que morreram de fome entre 1958 e 1962. Essa foi uma consequência direta do comunismo e socialismo no país. O programa intitulado "Grande salto para frente", implementado por Mao Tse Tung e o Partido Comunista Chinês tinha o objetivo de acelerar o crescimento econômico da China, mas, apesar disso, causou uma verdadeira tragédia em nome da igualdade. Os resultados não foram diferentes em todos os países onde os cães entraram na dieta alimentar de sobrevivência, como Coreia do Norte, Iêmen e principalmente Cuba.

E vale refletirmos que a domesticação dos cães acompanhou o desenvolvimento da humanidade, sendo o principal referencial de desenvolvimento de um país, região ou família.

Como os cães passaram a "com-viver" com os humanos é uma longa história. O maior crescimento da população canina se deu durante o 1° Reich alemão, o chamado Sacro Império Romano Germânico, de 800 até 1806 na Europa Central e parte do Norte da Europa. No auge, incluía os atuais territórios pertencentes à Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, República Checa, República Eslovaca e parte da Polônia. Há relatos e achados históricos que mostram a convivência com os humanos há mais de 15 mil anos. 

E segundo a Bíblia, há até mesmo relatos que mostram como devemos temer os cães. Há um juízo sobre esse animal e ele muitas vezes é simplesmente uma questão cultural e não é preciso ser fundamentalista, pensando que a vontade de Deus seja excluí-los. O cachorro é uma criatura de Deus e aí de nós se não cuidarmos deles.

Destaco onde o cachorro é apresentado como um animal impuro (veja Salmos 22,17; Salmos 22,21; Isaías 10-11 e 2 Pedro 2,22) e não eram bem vistos nas cidades do mundo Bíblico. É provável que isso foi motivado pelo fato que eram animais quase sempre abandonados, que procuravam comida no lixo, no meio da carniça. Mesmo assim, é provável que existiam cães domésticos também na sociedade daquele tempo, como podemos ver em Tobias 6,1 (texto da Bíbia católica):- Tobias partiu com o anjo, e o cachorro os acompanhou. Caminharam até o anoitecer e acamparam junto ao   Rio Tigre.

O Livro de Tobias faz parte dos livros chamados de deuterocanônicos. Estes livros foram escritos em Grego e não fazem parte da Bíblia Hebraica, que é a base do nosso Antigo Testamento.  A coleção dos deuterocanônicos é composta pelos seguintes livros: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Eclesiástico (ou Ben Sirá), Sabedoria de Salomão e Baruque. 

Triste fim o da Venezuela com a ideologia disseminada pelo "Foro de São Paulo", entidade concebida por Lula com Fidel Castro, e é assim que caminha também a Argentina. Lá também, principalmente em Buenos Aires, a população está caindo.

Temos assim o luloPTismo ou o nacional-socialismo bolivariano contrapondo o capitalismo. Enquanto o capitalismo resulta em ampla propriedade dos meios de produção porque a propriedade privada é a sua característica distintiva, já que somente em uma economia capitalista, em que os direitos de propriedade podem ser subdivididos em ações e livremente comercializados, pode uma ampla propriedade sobre os bens de capital manter inalterado seu caráter de riqueza.  

Nesse arranjo, as pessoas voluntariamente vendem sua propriedade; os novos proprietários adquirem os direitos de propriedade sobre os bens de capital.  Há um genuíno mecanismo capitalista permitindo que isso aconteça.  Quase todo mundo pode comprar ações dos meios de produção sob o capitalismo.  Ninguém tem de morrer.  Nenhum sangue é derramado. E nenhum cão serve de alimento.

Mas o que se produziu na Venezuela foi o contrário, foi assim também em Cuba e é o que começa a ocorrer na Argentina. Mas há esperanças, na Argentina, nas últimas eleições houve a mudança do eleitorado. E o atual regime ou radicaliza ou cai. Na Venezuela uma mudança de governo não está no horizonte de curto prazo, concordam os analistas. Ou seriam "cientistas"?

A verdade é que o regime não se sustenta, embora a Venezuela esteja crescendo como narcoestado, a produção de petróleo, que chegou a 3,3 milhões de barris diários, é atualmente de pouco mais 500.000 barris, de acordo com os números oficiais.  A indústria petroleira se deteriorou gravemente pela falta de investimento, de manutenção e de mão de obra especializada. Agora na crise mundial da Covid-19 a Venezuela, com as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, foi obrigada a importar gasolina do Irã, apesar de ter quase 20 refinarias, a maioria sucateada.

Uma Nação sem liberdade e sem cães.  O PIB (Produto Interno Bruto) da Venezuela é hoje calculado em algo inferior a 45.000.000 Bilhões de Dólares, o que representa uma queda de mais de 80% na comparação com dez anos atrás.

A Venezuela passou do grupo das 30 maiores economias do mundo a algumas posições abaixo da 100ª. No Heritage Index a nação modelo e referencial de Lula está em último lugar na América Latina.

https://www.heritage.org/index/country/venezuela

 A realidade é triste, o tamanho do Estado foi drasticamente reduzido. A Venezuela conta atualmente com mais de 45% da sua população desempregada. E a economia informal é a que mais cresceu e continua a crescer, não apenas com o narcotráfico e a prostituição, mas também com o contrabando. 
Por exemplo, o contrabando de gasolina se expandiu no país, com exceção ainda de Caracas, face ao policiamento e as chamadas de Coletivos, as gangues armadas pró-Maduro que se transformaram em forças ativas contra a oposição e de sustentação ao regime. 
Algo parecido com uma mistura entre MST, MTST e AntiFa's.

Além desta realidade ainda virão os efeitos do Coronavírus.  A segunda onda da Pandemia da Covid-19 começou a afetar a Venezuela quando a economia iniciava a abertura, após meses de confinamento. O surto, que as autoridades chamam de "mais agressivo" e vinculam à variante brasileira do vírus, provocou o colapso de hospitais e clínicas.

O governo reconhece apenas 400.000 mil casos e mais de 5.000 mil mortes provocadas pela Covid-19, mas ONGs e a oposição questionam os números e alegam um elevado nível de subnotificação pela falta de testes de diagnóstico.

Uma triste realidade tão perto de nós.

Transcrito Blog Percival Puggina -  Gerhard Erich Boehme


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Quem se cala... - William Waack

O Estado de S. Paulo

Profissionais não podem reclamar quando permitem que amadores mandem na política externa

O Brasil não é participante relevante de nenhum agudo conflito internacional, seja ele de fronteiras, geopolítico, étnico, religioso ou comercial (estamos ensaiando um na questão ambiental). Por um lado, não deixa de ser uma bênção: nenhuma família brasileira vai dormir preocupada se um integrante seu estará na linha de fogo de algum confronto internacional – a não ser que se considerem como “internacional” as balas perdidas em comunidades controladas pelo narcotráfico e milícias. [consideração que ocorrendo tem procedência; aos que não sabem, no Brasil tem algumas áreas de favelas do Rio em que a polícia só pode entrar, para ações de combate ao crime,  com ampla e prévia justificativa.]

Por outro, é uma espécie de “maldição”. A nossa distância dos grandes conflitos ajuda a entender o estado de “anestesia” pelo qual a sociedade brasileira contempla confrontos internacionais. É uma espécie de mentalidade de “isolamento esplêndido”, dado nosso tamanho e posição geográfica, que nos tira o senso de urgência ou de “ameaça” de problemas vindos de fora. Política externa é um assunto para especialistas, e de escasso apelo ao grande público e só em circunstâncias excepcionais – não é parte relevante de campanhas eleitorais.

Foi preciso que no caso da vitória de Joe Biden a política externa brasileira, entregue por Jair Bolsonaro a uma desastrosa mescla de diletantes amadores e profissionais ideologizados, produzisse uma incomparável vergonha internacional para que o Senado humilhasse o Itamaraty e declarasse que o rei está nu. E que assim pelado fosse “para o inferno”, conforme as palavras do senador Major Olímpio dirigidas ao chanceler Ernesto Araujo. [de há muito somos contra Ernesto Araújo no comando do Itamaraty, só que ele continua lá, Realmente esperamos que não por influência de um senador e sim por decisão do presidente da República, Temer assuma o comando do MRE.]

A mistura de soberba com ignorância dos que formularam as posturas externas no governo Bolsonaro não permitiria mesmo prever nada diferente dos atuais resultados, mas o problema é mais grave. Integram os círculos palacianos militares com passagens por excelentes instituições de ensino (como as academias e escolas de Estado Maior), com formação profissional em relações internacionais, segurança e estratégia, e com experiência pessoal direta em confrontos lá fora, inclusive militares (como as missões de paz em vários países).

Sabe-se por relatos e conversas pessoais que esses profissionais desprezam o amadorismo e a estupidez dos conselhos dados ao presidente pelas figuras nas quais confia em matéria de assuntos internacionais, à testa delas um de seus filhos. Lamentam abertamente os disparates do ministro das Relações Exteriores, tido nesses círculos como figura patética, e o fato de que energias políticas preciosas são gastas apenas para minimizar danos (como no caso da política comercial com a China).

Nesse caso os militares são vítimas da própria formação e do respeito à hierarquia. Não há nada mais difícil para um fardado do que rebelar-se contra um chefe, mesmo achando que está produzindo besteiras (como é o caso atual). Ocorre que é tênue e, para quem está envolvido nas decisões, difícil de ser identificada a linha que separa “lealdade” e “cumprimento da missão” da cumplicidade com a irresponsabilidade com que são tratados os interesses da Nação.

Os danos causados ao País pela política externa de Bolsonaro são graves em várias áreas e as consequências de isolamento, de ser “pária” internacional (do qual, espantosamente, se orgulha o chefe do Itamaraty) estão apenas no início – e isto não se refere apenas à derrota de Trump. Se é que admitem que a reputação das instituições às quais pertencem também estão sendo arranhadas, esses oficiais ou ex-oficiais nos círculos de decisões relevantes preferem permanecer quietos. Mais um caso na longa galeria de militares profissionais que, ao se calarem, consentem. 

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Um ano de AMLO – Editorial - Folha de S. Paulo

Presidente esquerdista do México colhe resultados frágeis diante de promessas

[mais um fracasso da esquerda - de fracasso em fracasso, chegará um momento em que ela será extirpada do mundo.]

A chegada do esquerdista Andrés Manuel López Obrador à Presidência do México, há um ano, veio cercada de enormes expectativas. O mandatário prometera durante a campanha uma agenda de transformações profundas no país, que deveria combinar forte crescimento da economia, combate à corrupção, redução drástica da violência e políticas voltadas às camadas mais pobres da sociedade. Até aqui, contudo, o saldo da administração se mostra pouco auspicioso. No âmbito econômico, em particular, o objetivo de expandir o Produto Interno Bruto a taxas anuais de 4% vem se mostrando completamente irrealista.

Neste 2019, a variação do PIB deve ser nula; para 2020, as previsões apontam um percentual próximo de 1%, resultados que analistas atribuem, sobretudo, à redução de investimentos decorrente do pessimismo da classe empresarial. A estagnação da atividade ameaça, entre outras metas, a ambiciosa agenda social defendida por AMLO —acrônimo pelo qual o presidente mexicano é conhecido.  O Orçamento proposto para 2020 passa longe do discurso grandioso da campanha e traz somas relativamente modestas nas rubricas voltadas aos mais carentes, além de cortes em alguns programas.

O governo também mostrou desempenho pífio na segurança pública. A violência associada ao narcotráfico manteve-se altíssima, colocando em xeque a estratégia conciliatória de combate à criminalidade, resumida no lema “abrazos, no balazos” (abraços, não tiros). Até novembro, quase 32 mil pessoas foram assassinadas, e o recorde de 2018 deve ser batido.  Além disso, embora tenha anunciado o fim da guerra às drogas, AMLO não apresentou até o momento um plano consistente para lidar com a questão nem se dispôs a promover um necessário debate sobre legalização das substâncias como forma alternativa de atacar o problema, a despeito das promessas nesse sentido.

Tais problemas, como seria de esperar, refletem-se em sua popularidade, que caiu 20 pontos desde o início do mandato. O presidente, contudo, ainda mantém níveis altos de aprovação, na casa do 60%.  Entre seus gestos, colocou à venda o avião presidencial, converteu a residência oficial em um centro cultural e cortou os salários mais altos do funcionalismo público. Será necessário, entretanto, muito mais do que medidas simbólicas para mudar a realidade mexicana.

 Editorial -  Folha de S. Paulo



quarta-feira, 20 de novembro de 2019

E assim (não) vai a AL - Carlos Alberto Sardenberg

Depois de anos na fila, a esquerda ganhou no México com Andrés Manuel Lopez Obrador Amlo, como se apresenta – e que prometeu crescimento anual de 4%, simplesmente o “dobro do período liberal”. Passado um ano de governo, o crescimento do PIB se arrasta perto de zero, com baixa perspectiva de aceleração.

Pode-se dizer que um ano é muito pouco e que o mundo todo está desacelerado. Verdades, mas ocorre que Amlo não apresentou nada de novo, nenhuma virada. Cortou mordomias e salários de funcionários, inclusive dele próprio, cancelou obras que achou muito caras, sem qualquer base em números, e tocou o barco. Cancelou leilões de petróleo, mas a melhor esperança de algum crescimento de base está justamente na maturação dos investimentos em campos leiloados no governo anterior.
Nada na corrupção, e especialmente nada no combate ao narcotráfico, que se tornou ainda maior e mais violento.

Já no Uruguai, pode acontecer o contrário. A Esquerdista Frente Ampla, no governo nos últimos 15 anos, está perto de perder as eleições de 24 próximo. O candidato de centro-direita, Luis Lacalle Pou, lidera as pesquisas de segundo turno.  O problema da Frente é também o baixo crescimento. Como toda América Latina, o Uruguai pegou o boom das commodities, chegou a ter uma expansão de 8% do PIB em 2010. Acabada a festa, desacelerou forte e neste ano está crescendo menos de 1%. Tem um baita déficit nas contas públicas.

Na Argentina, outra inversão. Depois de apenas quatro anos de centro-direita liberal, volta o peronismo, protagonista de um dos maiores desastres econômicos de todos os tempos. Conseguiu empobrecer um país que estava entre os mais ricos do mundo no século passado.
Na Bolívia, também passado o boom das commodities, o país desacelerou, vai devagar, o que retirou a popularidade e a força política de Evo Morales.
No Chile, ao contrário, é um governo de centro-direita que está em apuros. Mas é preciso notar a população contesta uma política econômica que era quase uma unanimidade. Depois de Pinochet, direita e esquerda alternaram-se no poder e o país manteve o mesmo curso – por sinal bem sucedido.

Números: iniciada a década de 90, a Venezuela tinha um Pib per capita, no método de Paridade de Poder de Compra, de US$ 8.500; Brasil, 7.500; e Chile, 7.000. Fechadas as contas de 2018, o Chile apresentava PIB per capita de quase rico, US$ 26 mil, expansão de quase quatro vezes; o Brasil tinha US$ 16,1 mil (dobrando em relação em 90) e a Venezuela mal alcançava os US$ 11 mil. De certo modo, a bronca dos chilenos é de uma classe média que, passado o boom das commodities, sente os efeitos da desaceleração do crescimento e da renda. O país vai melhor que a média latino-americana – expansão anual em torno de 2% – mas não resolveu a questão clássica da região: desigualdade.

O que FHC disse uma vez a respeito do Brasil, se aplica ao Chile de hoje: não é um país pobre, mas tem muitos pobres. Quem visita a AL regularmente percebe que há muitas coisas melhores no Chile: economia mais eficiente, alguma inovação, organização, menos corrupção, democracia eleitoral mais consistente. Mas, tudo considerado, falta o que falta a toda América Latina: um capitalismo dinâmico, com um setor privado gerador de riqueza para a maioria da população, indústrias de ponta, inovadoras, máquinas exportadoras de bens de alto valor agregado, escolas de primeira. E um setor público muito ativo para remover as falhas de mercado e promover distribuição de renda via impostos, ricos pagando mais, todos recebendo mais serviços.

Falta o que um estudo do FMI chamou de Política de Tecnologia e Inovação, que arranca o país e o coloca no grupo de alta renda, de modo permanente. Exemplos ao longo dos séculos: Estados Unidos, Alemanha, Japão, Hong Kong, Cingapura e Coréia do Sul, o campeão mais recente.
A AL continua apresentando níveis de crescimento sempre inferiores ao dos asiáticos, não produziu nenhum verdadeiro milagre econômico. Nem conseguiu se livrar do capitalismo de amigos, aquele dos empresários amigos do governo. A Lava Jato pegou esse pessoal em toda a AL, mas parece que se está perdendo embalo até nisso.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Transcrito em 20 novembro 2019 

 

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Crime e poder - O Globo

Bolsonaro e Witzel disputam o domínio da máquina eleitoral montada pelo PMDB

Desde o encontro na noite de quarta-feira, 9 de outubro, se passaram três semanas até a revelação de Jair Bolsonaro sobre sua conversa com Wilson Witzel. O presidente esperou 21 dias para acusar publicamente o governador do Rio de um crime: o vazamento de segredo de justiça. “O governador chegou e disse: ‘O processo está no Supremo.’ Que processo? O que eu tenho a ver?” 

[DOIS FATOS:
- Sem o apoio do presidente Bolsonaro, a quem agora trai, Witzel não seria governador; 
- se o presidente Bolsonaro   cometeu crime ao não informar do vazamento que Witzel lhe relato, que dizer da Justiça Eleitoral do Rio que informa que 'Pelo menos 40% dos 730 mil financiadores registrados na última eleição para prefeito do Rio foram considerados “laranjas” pela Justiça Eleitoral.'.
Se tem essa informação é que receber de alguma fonte que investigou e passou à Justiça Eleitoral para as providências legais.]
Era o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, há mais de 600 dias no Rio. Menção a Bolsonaro no inquérito obrigava a transferência ao Supremo Tribunal Federal. “E o Witzel disse que o porteiro citou meu nome. Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça.”
O governador não confirmou nem desmentiu. Juiz por duas décadas, Witzel sabe da dimensão criminal do vazamento de dados sigilosos de um processo por agente público. 

A confissão de Bolsonaro sobre a cumplicidade, durante três semanas, dá tom de veracidade à descrição do crime, o vazamento, cujo único beneficiário seria... Bolsonaro. Nem acusador e nem acusado foram à Justiça, a única prejudicada.
Bolsonaro e Witzel dissolvem a sociedade no Rio. Agora disputam o domínio da máquina eleitoral montada pelo PMDB de Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Eduardo Cunha, condenados por corrupção. 

A eficácia dessa engrenagem foi reafirmada no ano passado. Bolsonaro obteve mais de 60% dos votos em 40 das 49 zonas eleitorais da capital. Em 22 recebeu mais de 70% do votos. Só perdeu (com 48,8%) em Laranjeiras. O Rio abriga a área metropolitana onde o crime organizado mais avançou na política. A hegemonia da rede de milícias, narcotráfico, jogos ilegais e lavadores de dinheiro prevalece em 830 áreas da capital e de 21 municípios, segundo a Justiça Eleitoral.

Essa dinâmica de negócios e poder tem reflexos na movimentação clandestina de capitais nas eleições. Pelo menos 40% dos 730 mil financiadores registrados na última eleição para prefeito do Rio foram considerados “laranjas” pela Justiça Eleitoral. Não possuíam patrimônio compatível com as doações que fizeram. 

 
José Casado,  jornalista  - Coluna em O Globo
 
 

sábado, 6 de abril de 2019

As articulações de Moro para salvar o projeto anticrime

As brigas de integrantes do governo com o presidente da Câmara quase inviabilizaram o projeto contra o crime. Com a pacificação no Congresso, as medidas que podem diminuir a criminalidade começam a andar

[comentário: Governo Bolsonaro ainda tem tudo para dar certo e vai dar certo;

com pesar temos que reconhecer  que o nosso presidente, seus 'pimpolhos' e alguns assessores (com destaque para dois ministros, que esperamos não cheguem à Semana Santa nos cargos) abusam da logorreia;

mas, aos poucos vão se enquadrar - o limite tradicional para que um governo comede costuma ser o carnaval, este ano foi prorrogado para a Páscoa e talvez tenha que ir um pouco mais.

Mas, vejam dois fatos positivos e que não estão recebendo a devida importância: 

1 - assalto a bancos = este ano, no mínimo, dois grandes assaltos a bancos fracassaram e houve o abate de mais de uma dezena de bandidos - no caso do Ceará ocorreu a morte de inocentes, infelizmente, um efeito colateral muitas vezes inevitável;

1a - já esta semana em Guaratema a perda foi total para os bandidos com o abate de uma dúzia de assaltantes.

2 - POLICIAIS MORTOS - em 2017, quando a candidatura de Bolsonaro era algo folclórico, até mesmo para ele, tombaram mortos só no Rio 150 PMs;

em 2018, com a candidatura Bolsonaro se consolidando o número de policiais mortos naquele estado não chegou a 100 - número elevado, mas, representou uma redução substancial em relação ao ano anterior;

este ano, até ontem, com Bolsonaro ainda tentando iniciar seu Governo, tombaram assassinados 14 PMs no estado do Rio - número ainda elevado (o ideal é ZERO policial morto, mil bandidos presos ou abatidos a cada mês) e anualizando não alcançará 60.

Coincidência ou efeito Bolsonaro + Moro que está levando os bandidos a procurar chamar menos atenção, por enquanto, evitando matar policiais, em breve, reduzindo suas ações, neste caso pela própria redução do número de bandidos devido à ação policial?]

Os últimos dias de março fizeram o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, respirar mais tranquilo. A sucessão de brigas entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não estavam atrapalhando somente a tramitação da proposta de reforma da Previdência. Estavam jogando para as calendas o seu pacote anticrime. Moro começava a ver sob risco de sepultamento a reputação que construiu como juiz responsável pela Operação Lava Jato, já que Maia chegou a ameaçar não colocar em pauta seu projeto de combate à corrupção e o crime organizado. O apaziguamento do clima no Congresso fez com que finalmente o ministro encontrasse um eixo para a tramitação do pacote. E Moro sente-se agora em condições de implementar as mudanças que pensa para o Ministério da Justiça, entre elas as que pretendem tirar o Brasil da lista dos dez países mais violentos do mundo.

No Congresso, acertou-se um modelo que permitirá que o pacote anticrime tramite paralelamente à reforma previdenciária. Enquanto a Previdência avança na Câmara, a proposta de Moro correrá no Senado. Depois, os papeis se inverterão. A articulação foi construída pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) com o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que conseguiu convencer o presidente da Câmara de que essa era a melhor solução. Para tanto, Eliziane encampará o pacote como seu, já que projetos do Executivo precisam necessariamente começar a tramitar pela Câmara. Quando Eliziane apresentou a ideia a Moro, há três semanas, o ministro disse: “Se for acertado com todos, que se siga o melhor caminho”. Ele temia que a proposta gerasse nova rusga com Rodrigo Maia. “Não tem problema, não”, respondeu Rodrigo. O caminho estava, então, pavimentado para que o projeto de Moro não fosse esvaziado.

Enquanto a solução não acontece na prática, Moro irá na próxima semana à Câmara para uma reunião com o Grupo de Trabalho instituído por Maia para estudar a proposta. Na quinta-feira 4, o ministro já se reuniu com a equipe no gabinete do Ministério da Justiça. No Senado, avalia-se que a proposta tem até maior grau de aprovação, o que facilitaria a tramitação. “O pacote é um dos pontos de mudança necessários. Sua aprovação é uma sinalização importante. Mas não será ele sozinho que mudará a segurança pública do País”, diz Moro.

Assim, a solução permitiu ao ministro animar-se sobre os caminhos que pensa para o setor. Na quinta-feira 4, ele apresentou ao presidente Bolsonaro a minuta do que batizou de Projeto de Combate e Enfrentamento à Criminalidade e à Violência. Ele representa o piloto do que, ao final do governo, pretende implementar em todo o país. Inicialmente, funcionará em cinco cidades, uma de cada região do país. As cidades ainda estão sendo escolhidas.


Segurança na fronteira
O que se pretende é estabelecer, então, um plano de combate à criminalidade que envolve, de forma integrada, vários setores do governo, e não apenas as polícias e demais tropas de segurança. Ele associa também as estruturas dos municípios e dos Estados. Áreas como Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Infraestrutura estarão também envolvidas. A ideia central é a de que o problema da violência não é somente de segurança pública. Ao detalhar o plano, a equipe de Moro debruçou-se sobre diversos projetos de combate à violência implementados no país e no mundo. Um desses modelos, por exemplo, foi o que acabou com os cartéis do narcotráfico na Colômbia.

Continue lendo em IstoÉ, clicando aqui