Nunca se viu nada parecido! Em cena aberta, Lúcio Funaro deixa claro que quer um pagamento melhor do que lhe ofereceu Vovó Mafalda para denunciar presidente
Será que teremos, algum dia, a clareza
do desastre legal e institucional em que Brasil se meteu ao se entregar
ao arbítrio de procuradores aloprados, que resolvem agir ao arrepio da
lei, da Constituição e do decoro, contando, para tanto, com a
colaboração de alguns ministros do Supremo e com a condescendência,
quando não o incentivo, de boa parte da imprensa? Será que verdadeiros
crimes não estão sendo cometidos às claras, sem que a gente se dê conta
da enormidade em curso? Vamos ver.
Leio na Folha um texto realmente
nauseante. Olhem a que lixo moral nos conduz Rodrigo “J&J” Janot, o
difamador-geral da República. Não! A minha indisposição até física nada
tem com o trabalho do repórter em si, que cumpre a sua missão. A
questão é o que se informa lá. Transcrevo um trecho:
O corretor de valores Lúcio
Bolonha Funaro, preso na Papuda, em Brasília, disse nesta quarta (16)
que “ainda tem” o que entregar sobre o presidente Michel Temer caso
feche um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da
República).
Réu em uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios no fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS), Funaro acompanhou uma audiência do processo.
Ao sair, escoltado, o corretor foi abordado por jornalistas que perguntaram se ainda tem o que entregar aos procuradores envolvendo o presidente. “Ainda tem”, respondeu, ao entrar no elevador do prédio da Justiça Federal.
Funaro não deu detalhes sobre o acordo de colaboração que negocia. Disse apenas que há “uma diferença muito grande” entre o que a PGR ofereceu como benefícios e o que ele desejava obter.
Réu em uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios no fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS), Funaro acompanhou uma audiência do processo.
Ao sair, escoltado, o corretor foi abordado por jornalistas que perguntaram se ainda tem o que entregar aos procuradores envolvendo o presidente. “Ainda tem”, respondeu, ao entrar no elevador do prédio da Justiça Federal.
Funaro não deu detalhes sobre o acordo de colaboração que negocia. Disse apenas que há “uma diferença muito grande” entre o que a PGR ofereceu como benefícios e o que ele desejava obter.
Eis aí. Quantas vezes já afirmei aqui
que Janot tentou entregar os destinos do Brasil a gente como Funaro,
Joesley Batista e o próprio Eduardo Cunha, outro cuja delação emperrou?
Resta evidente, na fala do dito “corretor”, um bandido que também foi
personagem do mensalão, que lhe foi pedida a cabeça de Temer. E que ele
estabeleceu um preço: o mesmo cobrado por Joesley. Pode ser traduzido
assim: “Vocês me livram de todas as imputações, e denuncio quem vocês
quiserem que denuncie”.
Todos sabem que, depois dos benefícios
oferecidos a Joesley e sua então quadrilha — hoje, são todos
“ex-bandidos”, certo? —, a Lava Jato caiu em descrédito. Parece-me certo
que Funaro cobrou facilidades idênticas às concedidas ao açougueiro de
casaca para acusar o nome que Janot quer ouvir: “Michel Temer”. Tudo
indica que, desta vez, a Vovô Mafalda da PGR não pode fazer o seu
“Tumbalacatumba Tumba Tá”, garantindo de novo a impunidade total a
marginais.
E então assistimos a isso que vai na
reportagem. Observem que temos um bandido — Funaro ainda não é
ex-bandido — que, a um só tempo, ameaça o presidente e chantageia o
procurador-geral. Esses são hoje os parceiros de trajetória de Janot, de
setores da imprensa que querem derrubar Temer e da direita xucra.
As delações, na forma que tomaram no
Brasil, são o maior fator de impunidade do país. E quem o atesta é gente
do próprio Ministério Público Federal. O que Joesley conseguiu com a
Janot? A im(p)unidade absoluta. Só para os crimes que confessou? Não.
Para qualquer um. Segundo o procurador Ivan Marques, que integra a
operação Bullish, fraudes envolvendo empréstimos do BNDES ao grupo JBS
podem chegar a R$ 1 bilhão. E isso tudo foi varrido para baixo do
tapete. Investiga-se, por exemplo, eventual propina paga a Guido
Mantega, então presidente do banco e depois ministro da Fazenda, mas não
operações lesivas à instituição.
Isso tem de ter fim. Pelo bem do Brasil,
dos brasileiros, do Ministério Público Federal e da Justiça. E aqueles
que transgrediram as leis, também no MPF, têm de pagar por seus crimes.