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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Para FMI, Brasil será emergente mais endividado a partir de 2019



Segundo instituição, superávit primário brasileiro volta só em 2020

O Relatório Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta quarta-feira em Washington, lançou um alerta para as dívidas do governo e das empresas no Brasil. No lado privado, o documento afirma que as empresas brasileiras não financeiras cresceram, na última década, em uma velocidade duas vezes maior que a das companhias de outros países. E o endividamento público bruto do país segue avançando e, a partir de 2019, será o maior entre 40 países emergentes selecionados, chegando a 93,6% do PIB em 2021. No ano passado, a dívida pública bruta era de 73,7% do PIB.
Os altos gastos com previdência, o aumento dos investimentos na Petrobras, o crescimento dos empréstimos dos bancos públicos (sobretudo do BNDES), combinados com a recessão, levaram a esse cenário. O documento aponta ainda que o déficit primário do governo — resultado das contas públicas sem levar em conta o pagamento dos juros das dívidas do país —, será de 2,8% do PIB neste ano. Para o FMI, o país só voltará a ter superávit primário em 2020, quando a economia chegará a 0,3% do PIB. Há três semanas, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o superávit primário só voltaria em 2019.
O relatório do FMI, em um box dedicado ao Brasil, lembra que durante grande parte da década passada, a política fiscal no Brasil tem sido expansionista. “A dívida do governo, de 73% do PIB, é 30 pontos percentuais maior do que o da média dos países emergentes”, destaca o documento.  Em 2015, a dívida pública bruta representava 73,7% do PIB, e colocava o Brasil como sexto pior em uma lista de 40 nações emergentes, atrás apenas de Croácia, Egito, Hungria, Sri Lanka e Ucrânia. 

Mas, de acordo com as projeções do FMI, em 2019, quando a dívida brasileira representar 87,9% do PIB, o país passará a liderar o ranking de nação emergente mais endividada em relação à sua produção, ficando neste patamar ao menos até 2021. “Embora os níveis de dívida privada (incluindo as empresas não financeiras) no Brasil sejam comparáveis aos de outras economias emergentes, o ritmo de seu crescimento na última década ocorreu com o dobro da velocidade de seus concorrentes”, afirma o documento, que lembra que as vulnerabilidades das empresas brasileiras, com a crise econômica, pode crescer.  “Neste contexto, uma questão importante é ver se as finanças públicas são suficientemente fortes para lidar com as consequências macroeconômicas de uma possível redução de despesas em dívida privada.”
Assim, segundo o documento, o país precisa urgentemente reforçar sua situação fiscal, para melhorar seus resultados e ter margem para suportar problemas das dívidas privadas, caso elas saiam do controle. Os dados do endividamento bruto do FMI levam em conta os títulos público que estão com o Banco Central. Já os dados do governo brasileiro descontam estes valores.
Fonte: O Globo