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segunda-feira, 22 de maio de 2023

Brasil pouco ganhou com a participação de Lula no G7 [só perdeu - Zelenski gozou a cara do presidente petista.]

Sem sentido: Lula vai ao Japão defender Argentina e fugir de Zelensky

Uma política externa que acumula erros amadores e desnecessários, mesmo considerando-se que o Brasil tem que se equilibrar na questão da guerra

O que o Brasil ganhou com a participação do presidente Lula da Silva como um dos convidados da cúpula do G7

É triste ter que responder que absolutamente nada. Ou talvez uma comprovação, a nível mundial, de que está tudo errado. Até o New York Times, tão pró-Lula que publicou um editorial dizendo que o “futuro do mundo” dependia da eleição presidencial brasileira do ano passado, teve um ataque de sinceridade e o chamou de “aliado próximo” da Rússia.

Mesmo pelos padrões de comprometimento moral e político criados pelo apoio implícito da política externa brasileira à Rússia — revelado, mais uma vez, nas críticas plantadas na imprensa à “narrativa ucraniana”, como se invasão e atrocidades múltiplas fossem fruto de imaginação —, foi um fiasco.

Tentar culpar Volodymyr Zelensky pela reunião que não houve, acusá-lo de fazer “uma proposta de rendição” da Rússia — imaginem um sindicalista que não sabe que quaisquer discussões começam com exigências lá em cima — e dizer que ficou “chateado foram atitudes infantis que não esconderam o verdadeiro ânimo do presidente e da diplomacia brasileira no momento.

E como entender a campanha intensiva que ele tem feito em favor, não da Argentina, mas de seu amigo Alberto Fernández?

A gratidão de Lula ao presidente argentino, que o visitou na época da prisão, é um sentimento compreensível, mas não justifica a falta de noção de usar o palanque global para defender a seguinte posição: “O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste”.

Tradução: a Argentina não tem culpa nenhuma pelas alucinadas políticas baseadas nas bondades no Estado indutor, defendido pelo presidente no mesmo discurso, e na multiplicação dos benefícios criados pela escola de expectativas irracionais
A dívida  descontrolada, acompanhada pelo trágico empobrecimento da população, foi culpa do malvado FMI. Os sucessivos governos argentinos, coitadinhos, não têm nada a ver com isso.

É necessário reconhecer que o Brasil, sob qualquer governo, tem uma posição obrigatoriamente complexa em relação à guerra da Ucrânia. O imperativo moral é claro, mas os interesses pragmáticos, incluindo a dependência dos fertilizantes russos, não podem ser desprezados.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, está numa situação mais dependente ainda: o petróleo russo, mais barato por causa do boicote europeu, é um dos combustíveis, literalmente, do crescimento acelerado da economia que ele promove.

O que fez Modi? Primeiro, não fugiu da raia. Aceitou a proposta de um encontro bilateral com Zelensky — mesmo com o ucraniano fazendo cara de tempo fechado. E abriu o encontro com um discurso  eloquente, lembrando como os estudantes indianos que fugiram da Ucrânia no início da guerra descreveram a dor e o sofrimento do país invadido. Individualizou a questão, mostrou compaixão e não reclamou da pressão “descabida” por um encontro — o ridículo adjetivo inventado pelo Itamaraty para justificar por que Lula amarelou.  
Modi mudou de posição? Não. Fez papelão? Não.

Diplomatas e assessores do presidente, aparentemente embriagados pelo slogan autoelogioso “o Brasil voltou”, não perceberam que os Estados Unidos e aliados, ao convidarem países como o Brasil e a Índia, queriam criar um ambiente propício a posições mais sensíveis sobre a Ucrânia. Não era preciso necessariamente dar uma grande guinada, apenas aqueles gestos que fazem parte do balé da diplomacia.

Lula estava mais preocupado com a Argentina, a ponto de “achar” espaço na agenda para interceder, de novo, em favor do vizinho num encontro com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva. Diante do desastre de imagem que foi a rejeição a Zelensky, o entorno saiu plantando que Lula havia colocado horários disponíveis para “receber” o presidente ucraniano e não foi correspondido. Alguém acreditou? 

Mestre do jogo de cintura e da política de contato físico, Lula muito provavelmente se sairia bem e tomaria a iniciativa de partir para o abraço — a técnica de inteligência emocional que Zelensky usa com governantes de quem se sente mais próximo, como o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, um substituto sem graça de Boris Johnson, com quem o ucraniano tinha uma intimidade de contar piadas de caserna.

Lula foi mal orientado ou tomou a iniciativa de vetar o encontro bilateral? Em qualquer hipótese, saiu perdendo.

As atenções mundiais se focam onde quer que Zelensky esteja, mas no Japão os holofotes foram maiores por causa dos dramáticos acontecimentos dos últimos dias. Primeiro, os Estados Unidos liberaram aliados europeus para ceder caças F16 à Ucrânia, o objetivo de todos os esforços diplomáticos de Zelensky nos últimos meses. Holanda e Dinamarca já prometeram 45 aviões.

Logo em seguida, e provavelmente para disputar o foco com o ucraniano no Japão, o chefe mercenário russo Ievgueni Prigozhin anunciou a tomada definitiva de Bakhmut. Ainda há focos de resistência, mas a sorte parece selada. Pelo menos Vladimir Putin acredita nisso: elogiou o Grupo Wagner pela conquista, “com apoio da artilharia e da aviação da frente sul” — um acréscimo necessário, considerando-se como Prigozhin tem sapateado na cabeça dos comandantes convencionais.

Militarmente, a queda da cidade quase 100% destruída não tem relevância vital. Sua importância é mais simbólica. Por que tantas vidas ucranianas foram sacrificadas para defender um lugar que não muda o rumo da guerra, contrariando os conselhos dos Estados Unidos?

Essa foi uma posição unânime dos comandantes militares — são eles que decidem questões assim, deixando a Zelensky o papel de trabalhar diplomaticamente pela propagação da causa ucraniana e pelo fornecimento de armamentos — um papel que cumpre muito bem, tendo voltado de Hiroshima coberto de promessas de apoio inquebrantável e mais dinheiro para a defesa do país.

Aviso a quem já se meteu até a colocar a Crimeia num acordo de “paz”: o povo está do lado da resistência — 85% dos ucranianos são contra concessões territoriais “mesmo que por causa disso a guerra dure mais”.

A rejeição inclui 89% da população que fala ucraniano e 76% dos que falam russo (como Zelensky: o presidente precisou aprimorar o ucraniano, que só falava fluentemente, antes da guerra, quando não estava sob tensão, segundo contou sua mulher). Até os “russos” ficam contra a Rússia quando veem o que ela faz.

“Não tem mais um único soldado ucraniano em Bakhmut, pois paramos de fazer prisioneiros”, jactou-se Prigozhin. “O que tem é um grande número de corpos de ucranianos”.

Assumir publicamente crimes de guerra teria sido uma adesão à “narrativa ucraniana”?

Vilma Gryzinski, colunista - Mundialista - VEJA

 


 


sábado, 13 de maio de 2023

Como ele chegou lá - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Alexandre de Moraes soube construir uma situação em que não tem rivais, não tem freios e não tem controles, e na qual está livre para governar o Brasil segundo o que acha que está “certo”, e não segundo o que diz a lei


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de solenidade do TSE, onde o ministro Alexandre de Moraes concedeu a comenda da Ordem do Mérito do TSE ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Onde o ministro Alexandre de Moraes acertou? Ele é hoje, ao mesmo tempo, condutor do Supremo Tribunal Federal, governador-geral do Brasil e único brasileiro que tem o poder de revogar, mudar ou escrever leis por conta própria, sem necessidade alguma de aprovação do Congresso Nacional. É óbvio, à essa altura, que acertou em alguma coisa para chegar ao lugar em que está. 
Provavelmente, acertou muito, e em muitas coisas — ninguém consegue se tornar o homem mais importante de um país com 200 milhões de habitantes e PIB de quase 2 trilhões de dólares, segundo FMI, cometendo erros, ou mais erros do que acertos. Pode-se “gostar” ou “não gostar” do ministro, como ele próprio comentou em relação à lei que permite o indulto presidencial
Mas o fato é que ele manda e todo mundo obedece, a começar pelo presidente da República — e se mandar mais vão obedecer mais. 
O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão de julgamento sobre limite para compartilhamento de dados fiscais | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
 
Alexandre Moraes, hoje, decide mais que o Congresso Nacional inteiro; decreta, pessoalmente ou através dos outros ministros, que leis aprovadas legitimamente pelos deputados e pelos senadores não valem mais, ou cria as leis que os parlamentares não aprovaram, mas que ele quer — como é o caso, agora, da lei da censura na internet
Vale, sozinho, mais que as três Forças Armadas juntas. 
Pode fazer, e faz, coisas ilegais. Prende cidadãos. Bloqueia contas bancárias. Viola o sigilo de comunicações. Nega o exercício do direito de defesa. Dá multa de 22 milhões de reais a um partido político de oposição. Proíbe qualquer pessoa ou empresa (qualquer uma; até membros do Congresso) de se manifestar pelas redes sociais
Eliminou as funções do Ministério Público. Enfiou na cadeia um deputado federal na vigência do seu mandato. Indiciou pessoas por conversarem num grupo de WhatsApp. Comanda no momento dois inquéritos ilegais de natureza policial (que podem ser seis, ou até mais; são tantos que ninguém consegue mais fazer a conta exata), nos quais se processa qualquer tipo de crime que o ser humano possa cometer, tudo junto e tudo misturado — do golpe de estado ao passaporte de vacina
Criou, e usa, algo que não existe no direito universal: o “flagrante perpétuo”. Muito bem: um homem assim manda ou não manda mais que todos os outros?

A ascensão de Moraes ao topo da vida pública brasileira não aconteceu pelos meios comuns. 
Ele não teve uma campanha eleitoral milionária, com “Fundo Partidário”, apoio fechado do TSE e outras vantagens; aliás, não teve um único voto, e nem precisou. O ministro não vem de nenhuma família que vive às custas de suas senzalas políticas. 
Não é um bilionário como esses banqueiros de investimento “de esquerda” que vivem dando entrevista na televisão. 
Não precisou de apoio da imprensa, embora tenha se tornado um ídolo para a grande maioria dos jornalistas brasileiros — é tratado hoje como uma espécie de Che Guevara que lidera as “lutas democráticas” neste país. (O que provavelmente deve deixar o ministro achando muita graça.) Sua origem não tem nada a ver com o PT. Moraes foi nomeado para o cargo por Michel Temer, que Lula chama de “golpista” e é visto pela esquerda nacional como portador de alguma doença infecciosa sem cura. O passado político do ministro, ao contrário, o coloca como secretário de Geraldo Alckmin, nos tempos em que ele não usava boné do MST e era uma figura de piada para Lula, os intelectuais e os artistas da Globo.Michel Temer e Alexandre de Moraes | Foto: Valdenio Vieira/PR

Apesar de tudo isso, o ministro Moraes está lá. Como foi acontecer um negócio desses? Ou, de novo: onde ele acertou? Acertou em muita coisa, essa é que é a verdade — e a primeira delas é que entendeu melhor do que ninguém a força e a utilidade da coragem num país em que o ecossistema político é habitado majoritariamente por covardes. Moraes é um homem destemido — assume riscos, enfrenta adversidades e não foge da briga. No Brasil de hoje, faz toda a diferença. O segundo ponto a favor é que soube escolher o lado certo da disputa política atual: percebeu, no momento adequado, que é mais rentável ficar a favor do Brasil do atraso, centrado no Sistema Lula, do que a favor do Brasil do progresso. 

 (Imaginem se tivesse ficado com Bolsonaro e feito as coisas que fez — se tivesse, por exemplo, trancado na Papuda 1.500 agentes do MST que invadem fazendas e destroem propriedade pública. Estaria hoje no Tribunal Internacional de Haia, respondendo por crimes contra a humanidade.) 

Entendeu, também, que as instituições brasileiras são amarradas com barbante — e iriam se desfazer diante do primeiro homem decidido a falar grosso, desde que tivesse apoio da esquerda e vendesse a ideia de que está violando a lei para salvar a “democracia”. 
 Com instituições fortes Moraes simplesmente não seria o que é; sua carreira já teria acabado por decisão do Senado Federal.

Passou para o lado da confederação anti-Lava Jato que levou Lula ao poder e, aí, soube assumir o papel de astro do filme — entre outras coisas, como presidente do TSE, foi quem realmente colocou o chefe do PT na Presidência da República

O ministro, igualmente, descobriu que não precisava ter medo de militar — e que isso é uma vantagem decisiva. O regime militar já acabou há quase 40 anos, mas o político brasileiro continua pensando nas Forças Armadas como se elas decidissem alguma coisa — os políticos e as multidões que foram para a frente dos quartéis após as eleições de 2022, na ilusão de que estavam “do mesmo lado”. (O Exército estava, como se viu, do lado da polícia.) Moraes nunca perdeu seu tempo com isso. 

Foi fazendo o que achou que tinha de ser feito, sem se preocupar com o que poderiam pensar os generais de Exército ou os almirantes de esquadra — e hoje deve estar convencido de que leu acertadamente as coisas. Por que não? Moraes acaba de colocar na cadeia um tenente-coronel da ativa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, algo expressamente proibido em lei — ele só poderia ter sido preso em flagrante, e não houve flagrante algum.  
O comandante do Exército não deu um pio. 
Não se tratava de desafiar o STF, ou quem quer que seja; bastaria dizer que o Exército exige o cumprimento das leis em vigor no Brasil.
Ele não vive dizendo que é a favor da “legalidade?” Então: era só cumprir o que diz. Não aconteceu nada.Vigília dos manifestantes em frente ao quartel | Foto: Artur Piva/Revista Oeste

Outra vantagem para o ministro é a sua capacidade de ignorar a opinião pública. Poucas vezes na história deste país uma autoridade do Estado conseguiu ter uma imagem tão horrível quanto a de Moraes — mas ele não faz nem deixa de fazer nada por causa do que “estão pensando”. O político brasileiro médio passa mal quando se vê fazendo, ou tentando fazer, alguma coisa que pode desagradar o eleitorado — afinal, é dos seus votos que ele vive. O ministro não liga a mínima; não é assim, simplesmente, que ele funciona.  

Ao contrário, fica mais radical, agressivo e perigoso a cada contrariedade. Ele deixou isso muito claro, entre outros episódios, com sua reação às imensas manifestações de rua do ano passado, e de antes, a favor de Bolsonaro — a quem escolheu como seu inimigo número 1

Em vez de se assustar com aquelas multidões todas, resolveu meter as multidões na cadeia. Deu certo, afinal: a 8 de janeiro ele conseguiu prender 1.500 pessoas de uma vez só, como “exemplo”, e de lá para cá ninguém mais pensou em acampar na frente de quartel. Para o ministro Moraes gente na rua é uma turbina sem potência — faz barulho, mas não tira o avião da pista. Tem dado certo até agora, do seu ponto de vista: está mandando mais, hoje, do que em qualquer outro momento da sua carreira.

Moraes, enfim, tem demonstrado que sabe fazer política do lado que ganha — é o contrário de Augusto Matraga, e isso quer dizer um mundo de vantagens para quem tem ambições de subir na vida pública. 
No momento mais indicado, soube trocar a direita “autoritária”, onde nasceu, pela esquerda que seria levada ao poder no movimento mais poderoso que já se viu até hoje na política brasileira: a guerra de extermínio contra a Lava Jato e o enfrentamento à corrupção
Passou para o lado da confederação anti-Lava Jato que levou Lula ao poder e, aí, soube assumir o papel de astro do filme — entre outras coisas, como presidente do TSE, foi quem realmente colocou o chefe do PT na Presidência da República.  
É certo, também, que manda mais do que ele. 
Vivem os dois, hoje, num contrato de assistência mútua. 
Moraes dá proteção a Lula, defende os interesses do seu sistema e garante a segurança do universo lulista — para ficar num exemplo só, não incomodou, em quatro anos com os seus inquéritos policiais, um único simpatizante da esquerda. 
Quer dizer que ninguém do PT, para não falar do próprio Lula, divulgou uma fake news, nem umazinha, nesse tempo todo? É puro Moraes. 
Em compensação, nem Lula, nem a esquerda e nem ninguém do governo está autorizado a incomodar o ministro no que quer que seja. É a harmonia entre os Poderes.
 
Como em relação aos militares e à opinião pública, o medo que Alexandre de Moraes tem de Lula é de três vezes zero. Ele sabe, de um lado, que Lula não tem peito para encará-lo, e de outro, que está mais interessado em hotéis com diárias de 37.000 reais, discursos idiotas e o “liberou geral” para o assalto à máquina pública
Também não se assusta com a esquerda, o MST e os Boulos da vida. Sabe que todos têm pavor de bala de borracha; imagine-se então de bala de verdade. Suas preocupações com a Câmara e o Senado são equivalentes — ou seja, absolutamente nulas.  
O resumo de toda essa opera é o seguinte: o ministro soube construir uma situação em que não tem rivais, não tem freios e não tem controles, e na qual está livre para governar o Brasil segundo o que acha que está “certo”, e não segundo o que diz a lei. 
Moraes se arriscou muito; poderia perfeitamente ter perdido, várias vezes, a começar pelo dia em que encarou Jair Bolsonaro. Mas o fato é que levou todas, e hoje é isso que todos estão vendo — só não manda naquilo em que não quer mandar. Nada poderia representar tão bem essa situação quanto sua última erupção de onipotência. 
Proibiu o aplicativo de mensagens Telegram de publicar sua opinião sobre a lei de censura que o governo Lula e ele próprio querem impor ao Brasil — e o obrigou a publicar a opinião dele, Moraes. 
Desde quando alguém neste país está proibido de dizer o que pensa sobre um projeto em debate no Congresso Nacional? 
E desde quando alguém é obrigado a dizer o contrário do que pensa? Desde Alexandre de Moraes. 
O caso Telegram é mais uma prova de que no Brasil de hoje não existe mais lei. 
O que existe é o ministro Moraes — e, para piorar, o resto do STF.


Leia também “O governo e o STF vão à forra”

 

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


domingo, 11 de dezembro de 2022

O Brasil está nos estágios iniciais do que pode vir a ser uma longa e sinistra viagem - Revista Oeste

Pedro Jobim

A ruptura do Estado de Direito acrescenta um componente extra de incerteza à já adversa perspectiva econômica 

Faltando pouco menos de um mês para o início previsto do novo governo, as perspectivas para o país não poderiam ser mais sombrias
Não pela situação deixada pela atual administração, que, no plano econômico, manejou os choques dos últimos anos com destreza ímpar, que ficou ainda mais patente após as últimas revisões das contas nacionais recentemente publicadas pelo IBGE.

Foto: Shutterstock

Foto: Shutterstock 
 
Utilizando novas informações setoriais, o IBGE reviu a queda do PIB em 2020 de -3,9% para -3,3%, e o crescimento em 2021 de 4,6% para 5%. A taxa de investimento atingiu 19,6% em 2022, o maior valor dos últimos oito anos
Também no mercado de trabalho a situação é de pujança: o desemprego atingiu 8,3% em outubro de 2022, a menor taxa também em oito anos. A população ocupada beira hoje os 100 milhões de pessoas, um recorde absoluto, que reflete tanto o processo de reabertura pós-pandemia quanto os benefícios da reforma trabalhista de 2016. A dívida bruta do setor público atingiu 75% em outubro de 2022, valor virtualmente idêntico ao registrado em 2019, antes da pandemia.
 
A despesa do governo central terminará 2022 com um valor menor, como proporção do PIB, do que a observada em 2019, fato inédito no período pós-1988 e evidência inequívoca de boa administração fiscal, especialmente no contexto dos choques dos últimos anos. 
Não há registro de nenhuma outra economia relevante em que a dívida tenha permanecido estável, e a despesa primária do governo, caído, no último quadriênio. 
O monitor fiscal do FMI de outubro de 2022 mostra que, na média, a dívida bruta de economias emergentes subiu 10 pontos porcentuais do PIB no período, e a de economia maduras, 8 pontos porcentuais do PIB.

A presença do mecanismo do teto de gastos, que, ao contrário do que algumas narrativas procuram até hoje disseminar, permaneceu ativo durante todo o período em questão (tendo sido a expansão de 2020 tratada, corretamente, como excepcionalidade); a manutenção dos salários dos servidores públicos, em termos nominais; os efeitos da reforma da previdência maiores do que o originalmente previsto, entre outros fatores, foram variáveis fundamentais para a materialização deste sucesso.

Ciclicamente, no entanto, a economia vive um certo esgotamento.       As concessões de crédito bancário a pessoas físicas foram exageradas nos últimos anos, e a inadimplência vem crescendo com velocidade.   O mercado de trabalho encontra-se aquecido, e a inflação, embora esteja recuando, não dá mostras de que possa convergir para patamares compatíveis com as metas de 2023 e 2024. Os índices de confiança dos agentes econômicos, tanto de consumidores quanto de empresários, mergulharam após a eleição, tendo em vista a inflexão de política econômica que se avizinha. Indícios preliminares sugerem contração da atividade econômica no 4T 22.[já efeito negativo do analfabeto eleito.]

Recessão cíclica
Alheios a essas circunstâncias, os economistas e os políticos envolvidos com os planos do futuro governo articulam a elevação do limite do teto de gastos em pelo menos R$ 150 bilhões para os próximos anos.   Este valor vai muito além do necessário para a manutenção de um programa social amplo de auxílio às famílias mais vulneráveis, sendo totalmente desaconselhável, dado o ponto do ciclo econômico em que a economia se encontra, sob quase qualquer ponto de vista — exceção feita ao dos políticos e contratadores de obras públicas, que eventualmente se beneficiarão desses gastos, e ainda assim, somente no curto prazo.
Se a perspectiva econômica para os próximos anos se resumisse à elevação do “pé-direito” dos gastos, a situação seria ruim, mas não desprovida de saída. Mas há muito mais por vir. 
O balanço dos bancos públicos, em especial, do BNDES, é hoje extremamente saudável, saneado que foi pelas competentes administrações dos últimos seis anos. Seu índice de Basileia é próximo de 50, o que permite que seja utilizado, por um governo de esquerda, como suporte na forma de empréstimos economicamente não recomendáveis, e compra de participações em empresas de amigos do governoa uma economia que se aproxima de uma recessão cíclica, cuja consequência orgânica seria a queda de juros por parte do Banco Central, o que criaria naturalmente condições para um novo ciclo de alavancagem e crescimento.

Dois prováveis membros da futura equipe econômica elencaram um menu completo de bobagens econômicas, começando por um imposto sobre exportação, e terminando com uma proposta de moeda única com o restante da desencaminhada América do Sul

Após a destruição do balanço do BNDES patrocinada pelo PT entre 2008 e 2014, os empréstimos concedidos a taxas inferiores às de mercado são hoje vedados por lei ordinária, o que em teoria limita significativamente a utilização do banco na linha discutida. Veremos em breve se isso se constituirá numa barreira efetiva à repetição de práticas que causaram enorme prejuízo ao Brasil.

Lula e vários outros políticos do PT já deixaram claro, em diversas ocasiões, que a gestão da Petrobras mudará, e as práticas que levaram à descapitalização da empresa, no período anterior a 2016, serão retomadas
É provável que haja o término da regra de paridade internacional de preço, e que os investimentos em refinarias e outras atividades pouco rentáveis sejam reinstituídas. 
Nunca é demais lembrar que foi durante o primeiro governo Lula que os piores investimentos da história da companhia — a refinaria de Abreu e Lima e o Comperj, cada um responsável pelo enterro de pelo menos US$ 15 bilhões, entre propinas e compras superfaturadas — foram iniciados.

Em 2022, a Petrobras, sozinha, recolheu à União e aos Estados mais de R$ 400 bilhões (ou 4% do PIB) em royalties, dividendos e impostos, tendo contribuído sobremaneira para a melhora da dinâmica da dívida pública, ao mesmo tempo em que se tornou uma companhia extremamente rentável. Infelizmente, esse período parece ter se encerrado.

O conjunto de más políticas pode, é claro, ser substancialmente aumentado. Por exemplo, em artigo de abril último, que voltou recentemente a circular, dois prováveis membros da futura equipe econômica (sendo um deles atualmente muito cotado para ministro da Fazenda) elencaram um menu completo de bobagens econômicas, começando por uma versão tupiniquim do fracassado MMT, passando por imposto sobre exportação, e terminando com uma proposta de moeda única com o restante da desencaminhada América do Sul
Se esta última ideia é tão ruim como de difícil implementação, as demais são igualmente péssimas, e de execução mais factível. 
Ora, por que, não?! As pessoas envolvidas — as mesmas que patrocinaram a maior recessão jamais registrada na economia brasileira — estão falando que vão repetir todo o receituário que a provocou. Por que deveríamos esperar resultados distintos?
 
A direção da economia sob o jugo do PT é clara, e vai no sentido oposto daquele apontado pela psicografia e pelo cinismo de alguns economistas ditos liberais
Com mais gastos, serão necessários mais impostos. 
Esta combinação, por si, gerará mais inflação e estará associada a um nível de juros mais elevado, o que induzirá em menos crescimento. 
O voluntarismo com os bancos públicos e a descapitalização das demais estatais têm o potencial adicional de desorganizar a economia e induzir numa crise de confiança, o que pode levar a uma recessão. 
Além isso, dentro de alguns trimestres, quando a substituição do atual comando do Banco Central, prevista para janeiro de 2025, entrar no horizonte, também a moeda pode vir a perder sua sustentação.

Os condicionantes locais para a economia apontam, dessa forma, para um cenário muito adverso, que pode eventualmente ser suavizado caso os preços de commodities permaneçam elevados em 2023.

A situação do Brasil, no entanto, é extremamente preocupante, por motivos que vão muito além da economia. O processo eleitoral que vivemos esteve repleto de vícios, que alimentam questionamentos quanto à legitimidade do governo eleito. 
As ilegalidades cometidas pelas Cortes Superiores nos últimos meses incluem, mas não se limitam a, censura prévia e prisão de deputados (atuais e eleitos) ligados ao atual presidente; perseguição de empresários apoiadores do atual presidente
proibição de divulgação de fatos verdadeiros a respeito do presidente eleito; e a censura a veículos de mídia, entre outras arbitrariedades. 
Esta violência produziu enormes feridas no tecido social que seguem abertas, e tendem não apenas a não cicatrizar, mas, sim, a se aprofundar, na medida em que o Estado de Direito e o devido processo legal sigam sem perspectiva para seu restabelecimento. 
A chegada da recessão é um fator potencialmente capaz de disparar um tensionamento ainda maior da sociedade, e a amplificação das manifestações, que seguem muito intensas desde o fim do segundo turno.
 
Estes elementos de anomalia política acrescentam uma dose adicional de incerteza ao cenário econômico, numa dimensão que não foi comum nas últimas décadas. O Brasil, envelhecido e endividado, parece ingressar num curso potencialmente catastrófico.  
Os contornos do país que pode emergir do outro lado desse longo e sinistro túnel tendem a ser bem piores do que as simples planilhas de evolução de dívida são capazes de capturar, mesmo nos cenários mais pessimistas.
 

Leia também “A democracia em colapso”

Pedro Jobim, colunista - Revista Oeste

 

‘Políticas sociais’ são apenas a senha para se entrar na montanha de dinheiro à espera das canetas - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Lula nem chegou a entrar no Palácio do Planalto, mas já arrancou do pagador de impostos R$ 170 bilhões para gastar a mais do que a lei permite

O anúncio dos nomes dos ministros que vão formar o governo Lula deveria lembrar, em circunstâncias normais, a formação de uma equipe de trabalho. Não está sendo assim. [como de hábito, o ilustre articulista acerta na veia = afinal para o necessitado que recebe R$ 10 de esmola, pouco importa que o 'generoso' tenha recebido para doar para ele R$ 100,  ou mesmo mais,  e é assim que pensa a maior parte dos que buscam  uma vaga no governo do analfabeto eleito = para eles receber R$ 100,  para doar e doar R$ 10,  já é generosidade excessiva.
A propósito, butim define melhor, já que os bens ainda que arrecadados dentro da legalidade, serão divididos como butim, sendo a maior parte dos favorecidos conhecidos ladrões da coisa pública.
Conheçam aqui, como o Lyra e o analfabeto eleito pretendem aprovar a PEC da Transição = PEC PRECIPÍCIO.]
Parece, muito mais, uma partilha de bens arrecadados – os trilhões de reais, na soma total, dos recursos que estarão à disposição de Lula, do PT e do vasto bonde formado em volta deles a partir de 1º. de janeiro de 2023, e por pelo menos quatro anos.

É dinheiro que não acaba mais. Foi-se o tempo em que o Brasil era um paiseco indigente, desses que vivem pedindo esmola ao FMI ou aos “banqueiros internacionais”, e onde o governo não consegue comprar um rolo de esparadrapo. Hoje, só de impostos federais, são R$ 2 trilhõesé o que foi arrecadado em 2022.

Some-se a isso os caixas hoje bilionários das empresas estatais, que nunca tiveram tanto lucro como nos últimos quatro anos, mais reservas internacionais em divisas que estão acima de US$ 320 bi, mais isso e mais aquilo – e dá para se ter uma ideia do que vale, hoje, ter a chave do Erário deste país. É muito compreensível, ao mesmo tempo, o monumental esforço que foi feito para se chegar a ela.
Lula e Alckmin durante anúncio dos primeiros ministros do novo governo, na sexta-feira.
Lula e Alckmin durante anúncio dos primeiros ministros do novo governo, na sexta-feira. Foto: André Borges/EFE [Alckmin, o picolé de , olha para o ladrão eleito e pensa " e eu que achava que ele não conseguiria voltar à cena do crime.']

Um mês e meio depois das eleições, o governo Lula não apresentou a mais remota ideia do que poderia ser um plano de governo; também não disse nada durante a campanha eleitoral. No máximo, aqui e ali, foram expostos desejos vagos de adotar políticas sociais”, de investir na “educação”, na “saúde” e na “cultura” ou de fazer do Brasil “um país feliz”.

Fala-se em índio, e em Ministério do Índio. Não há o menor risco de nada disso resultar em algum benefício real para a população. Lula e o seu entorno, do seu lado, não têm nenhum interesse sério nessas coisas o olho de todo mundo está fixado neste imenso pernil que daqui a pouco vai para mesa.

“Políticas sociais”, etc. são apenas a senha para se entrar no sistema onde aquela montanha toda de dinheiro está à espera das canetas que vão determinar quem leva quanto, onde e como.  
A fome é tanta que nem os trilhões que estão aí foram suficientes. 
O primeiro ato concreto de Lula, assim que o TSE declarou que ele tinha ganho as eleições, foi exigir mais dinheiro – nem chegou a entrar no Palácio do Planalto, mas já arrancou do pagador de impostos (é ele que paga, sempre; nunca é “o Congresso”) R$ 170 bilhões para gastar a mais do que a lei permite. Imagine-se, então, depois que o seu governo começar.

Tudo isso, mais a determinação de destruir todos os mecanismos que foram postos em funcionamento para estabilizar a economia, passa hoje por virtude. É “capacidade de articulação política”, dizem.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

 

 


domingo, 13 de novembro de 2022

Temporal em formação - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

O mercado dizia que Lula já tinha sido ‘precificado’ e que estava tudo bem. Não estava e não está

O governo Lula ainda nem começou, mas tem tudo para começar mal. Não há nenhuma pista sobre o que possa vir a acontecer de bom; em compensação, ele próprio já fez questão de desenhar o que pode acontecer de ruim, a começar por uma área essencial – a economia. O novo presidente, duas semanas após a eleição, ainda não disse quem vai ser o seu ministro da Economia e, enquanto não diz, o Brasil fica sem saber se vai para um lado ou se vai para o lado oposto; os nomes postos em circulação, tanto quanto se saiba, querem coisas que se excluem entre si – como é que fica, então? 
Além disso, as primeiras pregações econômicas de Lula compõem um temporal em formação. 
Ele se referiu à estabilidade fiscal como “essa tal de estabilidade”, uma exibição pública de que despreza a ideia de ordem nas contas do governo. Ele quer a instabilidade, então? Não está claro o que pode resultar de bom de uma declaração como essa.
O resto do que Lula tem dito não é melhor. Ele afirmou, como se ainda estivesse caçando voto, que “as pessoas podem sofrer” para se obter o equilíbrio entre entrada e saída de dinheiro no caixa do governo. 
E por acaso as pessoas vão ganhar se houver desequilíbrio? 
O futuro presidente considerou estranho, também, um país ter metas de inflação e não ter metas de crescimento. 
Pode soar bonito, mas não adianta nada, nem muda as realidades. O que ele propõe? O mundo inteiro é assim: os governos se propõem metas de inflação, mas não podem baixar decretos-leis mandando a economia crescer tantos por cento no ano. 
Quando se tenta fazer diferente dá em Argentina, que está com 80% de inflação em 2022, ou em Venezuela, onde já nem se faz mais a conta – pela última estimativa do FMI, a alta no índice deve estar nos 500% anuais. Não há vantagem absolutamente nenhuma para “as pessoas” nesse tipo de delírio. É o exato contrário: só o pobre perde com os preços subindo todo dia, pois jamais, em toda a história, foi possível compensar inflação com aumento de salário, ou colocando zeros a mais na moeda. 
Quem ganha, sempre, é o rico, que vai aplicar dinheiro a juro na ciranda financeira.
 
Lula também diz que gasto público não é despesa, é “investimento”. Ele pode chamar do nome que quiser, mas despesa continua sendo despesa, e tem de ser paga em dinheiro. Fala em combater a “fome”, quando o Banco Mundial acaba de anunciar que a pobreza extrema no Brasil é a menor desde 1980 – e por aí vai. 
O mercado não gostou, é claro. O dólar subiu, a Bolsa caiu. Deveria não ter gostado antes. Até a véspera da eleição, dizia que Lula já tinha sido “precificado” e que estava tudo bem. Não estava e não está.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

É impossível derrubar o brasileiro- Alexandre Garcia

 É impossível derrubar o brasileiro. No pior ano da tentativa de quebrar o país, 2020, pelo fique em casa e a suspensão de direitos e garantias fundamentais, o FMI previu que o PIB brasileiro despencaria 9%. Caiu metade disso 

Está no Supremo Tribunal Federal (STF) um caso que é da Prefeitura do Rio de Janeiro: o local das comemorações da data nacional, neste ano festejando os 200 anos da Independência. 
Será na Avenida Presidente Vargas, no Centro, como tem sido, ou, desta vez, por sugestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), na Avenida Atlântica, em Copacabana, como tem sido o Réveillon?

Mais uma vez, o partido Rede, que tem um senador e dois deputados, usa o STF como instrumento. Isso contraria o desejo expresso do presidente da Corte, Luiz Fux: "Essa prática tem exposto o Supremo a um protagonismo deletério, quando decide questões que deveriam ter sido decididas no Parlamento. Tanto quanto possível, os poderes Legislativo e Executivo devem resolver, interna corporis, seus próprios conflitos. Conclamo os atores do sistema de justiça aqui presentes para darmos um basta na judicialização vulgar e epidêmica de temas e conflitos em que a decisão política deva reinar". [levando inclusive o STF a legislar - o que é competência do Poder Legislativo - e, mais grave, legislar sobre matéria penal mediante analogia.] A conclamação vai completar dois anos no mês que vem.

Para dar ainda mais significado à comemoração, vai ser trazido de Portugal o coração do Príncipe Pedro, que proclamou a Independência. Ficará no Brasil por pouco tempo. Lembro-me de quando o corpo de Pedro I foi transferido ao Brasil, nas comemorações do Sesquicentenário da Independência — que cobri, pelo Jornal do Brasil. Passou por todas as capitais antes de ser depositado no Monumento do Ipiranga, no local onde ele gritou "Independência ou Morte!".

Era o ano de 1972 e estávamos desfrutando do milagre econômicoo Brasil crescia mais que a China. Em 1970, tricampeonato no México, PIB 10,4%; 1971, 11,34%; 1972, 11,94%; 1973, 13,97%! 
Eu era repórter econômico do JB e dou meu testemunho: não foi o presidente Emílio Médici nem o ministro Delfim Netto que causaram esse milagre, mas o otimismo e o entusiasmo do brasileiro.
 
É impossível derrubar o brasileiro. No pior ano da tentativa de quebrar o país, 2020, pelo fique em casa e a suspensão de direitos e garantias fundamentais, o FMI previu que o PIB brasileiro despencaria 9%. Caiu metade disso. 
Porque o brasileiro se levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima. Agora, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a pobreza extrema, que atingia 5,1% das famílias brasileiras, vai cair para 4% até o fim do ano — menos 22%.  
Enquanto isso, no mundo, a pobreza extrema sobe 15%.

A propagação do pânico que paralisa exigiu uma maior presença social do governo, e o Bolsa Família de R$ 30 bilhões/ano virou Auxílio Brasil e subiu para R$ 115 bilhões. Sem a corrupção institucionalizada, sobraram recursos para isso, mesmo com redução de impostos.

Depois do caos econômico do governo Dilma Rousseff, já foram recriados 4,5 milhões de empregos com carteira assinada e, mais do que isso, assim que a pandemia aliviou, criaram-se 3,4 milhões de empresas, por gente empreendedora que experimentou a perda de emprego e se tornou dona do próprio negócio.

É o brasileiro, de novo, otimista, entusiasta, empreendedor. No Nordeste, o milagre não é apenas das águas, é do nordestino. O empreendedorismo se repete: prefere, por exemplo, uma renda própria de R$ 5 mil a ter R$ 2 mil com carteira assinada. Indústrias de laticínios vendendo tudo; de confecções, produzindo em dois turnos e terceirizando; o consumo subiu e se buscam empregados.

Ontem começou o pagamento do auxílio de R$ 600 — dá mais um ânimo para quem precisa. O acolhimento popular do presidente no Nordeste tem sido sinal da situação. Julho registrou a menor inflação desde 1980 aliás, deflação de 0,68% no IPCA.

O ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, vão desfrutando dos resultados: inflação em queda por aqui, enquanto sobe nos Estados Unidos e Europa; PIB em alta por aqui, enquanto cai nas grandes economias. Mais razões para festejar o bicentenário do Brasil independente. [e para mais quatro anos de governo Bolsonaro = quando realmente terá condições de GOVERNAR = sem pandemia, sem boicote.]

 Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

 

domingo, 17 de julho de 2022

A Argentina e Lula - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Sonho de Lula: um país no qual o Estado é Deus, e o máximo de pessoas deve depender do governo 

A Argentina acaba de chegar a 65% de inflação anual. Um negócio desses não é para qualquer um – coisa pior só vai se encontrar na Venezuela, ou algo assim, já no clube das economias em situação de rua e sem diagnóstico de estabilização
Não há moeda nacional; o único dinheiro que vale é o dólar, e há muito pouco dólar disponível na praça. 
O risco da Argentina, nas avaliações que medem a estabilidade econômica dos países, é maior que o da Ucrânia, com guerra e tudo. 
A dívida externa passa dos US$ 350 bilhões; ninguém sabe como se poderia pagar isso, e o país vive a ladainha das “missões do FMI”, dos “acordos com o FMI” e do “fora FMI”, coisas das quais o Brasil não ouve falar há décadas. A maioria da população não trabalha vive, e vive mal, das esmolas que o Estado argentino criou e que se tornaram o alicerce da sua “política econômica”.
 
Cada uma dessas desgraças é fruto direto do “peronismo” – um sistema político, econômico e social de enriquecimento constante do Estado e de empobrecimento também perene da população. O Estado, por este sistema, concentra o máximo da renda nacional e assume a função de distribuir para as pessoas a riqueza que arrecadou; chamam isso de “justiça social”. 
Obviamente, na hora de fazer a distribuição do que foi arrecadado, os privilegiados pelo partido político do governo se dão muito bem, e a maioria da população fica com alguma coisinha. Não apenas fica com pouco: o sistema se opõe brutalmente à ideia de que o trabalho deve ser a fonte de sustento e de eventual prosperidade para a população, e força o máximo possível de argentinos a viver na dependência do Estado. Não há economia que possa funcionar assim. 

 Cada uma dessas desgraças é fruto direto do 'peronismo' – um sistema político, econômico e social de enriquecimento constante do Estado e de empobrecimento também perene da população.  Foto: Agustin Marcarian/Reuters
 
É extraordinário, à primeira vista e diante de um fracasso tão claro, que um candidato à Presidência da República do Brasil, o ex-presidente Lula, queira fazer uma Argentina por aqui, caso seja eleito.  
É o que ele prega em público, com cara feia e voz irada; e ainda podem dar graças a Deus, porque, se reclamarem, ele vem com os “modelos” de Venezuela e de Cuba, suas paixões mais urgentes
Mas, à segunda vista, não há surpresa nenhuma. 
É esse, exatamente, o sonho de Lula para o Brasil: um país no qual o Estado é Deus, e o máximo possível de pessoas deve depender do governo para sobreviver.  
Podem ser funcionários públicos, ou empregados de estatais, ou aposentados, ou pensionistas, ou receptores de bolsas-família e outros mecanismos de doação – o que importa é que obedeçam a quem os sustenta.  
Lula já disse que a covid, que matou 600 mil brasileiros, foi uma “bênção”, porque fez o povo precisar do Estado. É o que ele quer.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

quarta-feira, 8 de junho de 2022

PIB de 1% - Economia brasileira vai bem, obrigado - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo


A economia do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022, o que não é um marco na história universal do progresso, mas é simplesmente três vezes mais que o “0,3” que os sábios do FMI previam com a certeza de quem ganha um Nobel de economia.

É óbvio que os economistas brasileiros mais procurados pelos jornalistas concordaram de olhos fechados com essa previsão deprimente – alguns deles, como se sabe, estão nessa vida há mais de 30 anos, falando sem parar que “o modelo” capitalista morreu no Brasil, e não vai ressuscitar nunca mais
Era a prova final, segundo eles, que “o Bolsonaro” está arruinando o país; no máximo consegue “despiorar”, mas com certeza está conduzindo a economia brasileira para a sua destruição.

  Solução para crise alimentar que se aproxima está no Brasil

Não é só o crescimento econômico. O desemprego teve uma redução dramática. Caiu de 14,8% para 10,5%, segundo a última aferição – e isso significa, na prática, que no momento há 100 milhões de brasileiros com trabalho formal, com o índice de ocupação superando os números de antes da pandemia. É o melhor índice desde 2015.

Há nove meses seguidos o país tem superávit fiscal
, gastando menos no que arrecada – apesar de todas as despesas com o combate à Covid, verbas extras para a saúde dos estados, 500 milhões de doses de vacina e o auxílio emergencial em dinheiro para os cidadãos, hoje no valor de R$ 400 por mês e oficializado com o nome de Auxílio Brasil. A inflação de maio foi de 0,4% cerca de metade do que previam todos os economistas, analistas de banco e os especialistas do “mercado”.

O superávit citado acima é o maior em mais de 20 anos. A dívida pública bruta, que inclui a previdência social, os estados e os municípios, está em níveis anteriores aos da pandemia. O agronegócio pode ter em 2022 o melhor ano de sua história, e as exportações batem novos recordes.

Resumo desta ópera: para um país que precisa crescer como uma China durante dez ou 20 anos para sair da pobreza, o desempenho da economia é ruim – até por problemas estruturais, legais e políticos que impedem o crescimento de qualquer nação. Mas a realidade da economia brasileira de hoje não tem absolutamente nada a ver com o quadro de calamidade que é apresentado todos os dias ao público.

O fato é que os números acima são tratados pela mídia brasileira como se fossem um segredo de Estado – é mais fácil o camelo da Bíblia passar pelo buraco de uma agulha do que encontrar essas realidades expostas de maneira clara ou com destaque no noticiário. Sai alguma coisa num fundo de página ou num restinho de telejornal, é verdade, porque também seria impossível não publicar nada. Mas os comentários sempre dizem que os números estão “abaixo” do que deveriam ser e jamais que estão acima do que foi previsto; a situação, no seu modo de ver as coisas, apenas fica “menos pior”.

Da mesma forma, jamais se encontra, em alguma matéria indignada com a inflação brasileira, qualquer menção ao fato de que a inflação nos Estados Unidos está em 8,5% e a da Alemanha, o modelo extremo de seriedade e disciplina econômicas, está acima de 8% os piores índices em meio século.

Também nunca se menciona, quando falam de inflação, os dois anos de paralisação da economia, com os “fique em casa”, as quarentenas e os “lockdowns” aplicados com tanta excitação pelo Supremo Tribunal Federal, pelos governadores e pelos prefeitos; é como se nada disso tivesse existido, ou tido algum efeito sobre a alta de preços.

Em todo o mundo, a inflação só existe no Brasil, e só “o Bolsonaro” é culpado por ela. É um retrato acabado do Brasil de hoje, segundo a mídia. Só acontecem coisas mais ou menos “piores”.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

 

domingo, 21 de novembro de 2021

Por que a alta da inflação é preocupante em todo o mundo - Editorial

O Globo

Desde o início do ano, a inflação preocupa — e não só no Brasil, onde registrou alta de 10,7% nos 12 meses encerrados em outubro. No mesmo período, os preços subiram 6,2% nos Estados Unidos, a maior alta em três décadas. No Reino Unido, os 4,2% foram o maior valor alcançado desde 2011. Na Zona do Euro, os preços também subiram perto disso, 4,1%.

Os últimos dados confirmam o maior temor dos economistas: que não se trate de um movimento temporário, resultado do desajuste provocado pela pandemia — mas de uma inversão de expectativas que retome a corrida entre preços e salários e leve o mundo a um surto inflacionário semelhante ao dos anos 1970. O alarme soou com o resultado anunciado para o núcleo da inflação nos Estados Unidos, número cujo cálculo exclui preços voláteis como energia e alimentos. Ele bateu em 4,6%, quase três pontos acima da meta do Fed, o banco central americano.

Nas previsões do início de outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) teve a cautela de afirmar que as expectativas — medidas pelas projeções de juros de longo prazo — continuavam, no jargão dos economistas, “ancoradas” e que o episódio inflacionário seria controlado assim que as cadeias de suprimento voltassem aos níveis pré-pandêmicos e permitissem atender à demanda represada. Mas isso foi antes dos índices de outubro — e o próprio FMI chamava a atenção para a necessidade de ação ágil dos bancos centrais numa emergência.

É sobretudo para os dois maiores — o Fed e o Banco Central Europeu — que se voltam os olhos dos agentes econômicos. E o que veem não é nada tranquilizador. É verdade que ambos decidiram, nos próximos 12 meses, reduzir a zero as compras de títulos que têm injetado US$ 235 bilhões todo mês na economia. Mas pode ser pouco. Pelas projeções, os juros reais continuarão negativos nas principais economias do mundo no ano que vem (o Brasil pode ser exceção se o Banco Central elevá-los no ritmo esperado). Persistiria, no entender dos analistas, o incentivo para a circulação da moeda, aumento da demanda e, em consequência, dos preços.

Contribuem para a incerteza as atitudes do presidente Joe Biden e do presidente do Fed, Jay Powell. Este afirmava até há pouco que a inflação era “temporária”. Biden supõe que as razões da alta da gasolina podem estar em ilegalidades cometidas pelas petrolíferas, exatamente como aqueles que, aqui no Brasil, querem controlar quanto cobra a Petrobras. Nada disso tem cabimento.

Ao insistir na tese da inflação temporária, ambos dão a impressão de que, mesmo que o Fed suba os juros, continuará leniente com os preços. Semeiam, com isso, desconfiança no mercado, que começa a embutir a inflação em seus cálculos. O resultado é a velha espiral de aumentos que pode tornar a inflação um problema permanente. Biden, que começou o governo querendo ser um novo Franklin Roosevelt, poderá acabar como outro democrata: Jimmy Carter, massacrado nas urnas por um eleitorado fustigado pela inflação galopante.

Editorial - O Globo



quarta-feira, 5 de maio de 2021

Fluxos financeiros e saldo comercial favorecem o real - Valor Econômico

O Brasil não tem hoje problemas nas contas com o exterior, o dinheiro não está fugindo do país

O bom desempenho das contas externas e o provável superávit comercial recorde forçam uma valorização do real, ainda que contida pelo peso negativo das dúvidas sobre solvência fiscal e do baixo crescimento da economia brasileira. A apreciação da moeda brasileira possivelmente já teria jogado o dólar abaixo dos R$ 5 se não fossem as intervenções desastradas do presidente Jair Bolsonaro e as travessuras do governo em parceria com o Centrão no péssimo desenho do orçamento de 2021. O Brasil não tem hoje problemas nas contas com o exterior, o dinheiro não está fugindo do país, embora a desconfiança se manifeste onde nos últimos anos ela não existiu: nos investimentos diretos no país, sintoma de uma lesão estrutural grave.

Até março, os regressos líquidos dos investimentos no exterior (US$ 6 bilhões) e os investimentos líquidos em carteira (US$ 23,3 bilhões) cobriram o que deixou de entrar em investimentos produtivos (US$ 29,4 bilhões). O saldo comercial deslanchou em abril, atingiu US$ 10,3 bilhões (recorde da série histórica) e acumula US$ 18,2 bilhões no ano. A Secex e o Banco Central estimam que ele provavelmente chegue a US$ 90 bilhões em 2021, novo recorde.

China e EUA estão puxando a recuperação econômica, o que ateou fogo às cotações das commodities alimentares e metálicas, das quais o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais. O Brasil amplia gradualmente sua dependência da China. No ano, as exportações para lá subiram 37% e as importações, 15,5%. O resultado é que os chineses passaram a comprar nos quatro primeiros meses do ano 38,39% de tudo o que o Brasil vende no exterior, ante 37% em 2020. O superávit com a China soma 78,6% dos US$ 18,2 bilhões do saldo positivo obtido até agora no ano.

A pauta de importações chinesas do Brasil é inteiramente de commodities: soja e minério de ferro compõem 70% dela. Como o apetite chinês renovado puxa as cotações, o minério de ferro atingiu US$ 190 a tonelada este mês, um recorde histórico. Em consequência, as vendas brasileiras do produto dobraram no primeiro quadrimestre e cresceram 80% para os chineses. A soja, disparada em primeiro lugar, viu sua venda subir 45%, o que sustentou altas cotações. Também com crescimento na casa de dois dígitos estiveram óleos brutos, celulose e óleos vegetais.

A recuperação nos Estados Unidos, por outro lado, ajudou a reduzir o déficit na relação bilateral. As exportações passaram a crescer com força, 15,5% no acumulado do ano, enquanto as importações recuaram 5,7%. Exportações e importações de e para a União Europeia se equilibraram, na casa de aumento de mais de 30% cada, e o déficit brasileiro com os europeus também recuou.

O Brasil conseguiu exportar mais também para a Argentina, que retomou a terceira posição entre os países com maior mercado para produtos brasileiros (sua fatia no total aumentou de 2,71% para 3,39%). A recuperação ocorreu pelo crescimento das vendas de automóveis de passageiros, motores e peças, além de minério de ferro. Essa tendência pode ser interrompida. Apesar de o FMI ter previsto um crescimento do PIB de 5,8% para este ano, maior do que os 3,7% do Brasil, os argentinos enfrentam nova onda de contágios e mortes pela covid-19, acompanhada de alta nos preços e lockdowns.

Enquanto a pandemia devastava em 2020 a economia global, a desvalorização cambial mais puxou a inflação do que ajudou os exportadores a venderem mais (embora engordasse substancialmente suas margens), enquanto os juros se tornaram negativos, desestimulando o carry over e afastando capital especulativo. Estas condições, entretanto, estão mudando.

O Banco Central deve decidir amanhã que os juros cheguem a pelo menos 3,5%, isto é, 1,5 ponto percentual, enquanto o juro dos fed funds permanece negativo e a percepção de risco do Brasil não piorou, até teve pequena melhora. A pressão sobre os títulos de longo prazo americanos, uma das bases de aferição dos prêmios de risco de títulos brasileiros, arrefeceu provisoriamente, diante da negativa do Federal Reserve de qualquer ação até que a inflação comprovadamente passe dos 2% e fique lá por algum tempo.

Até que a temporada eleitoral saia dos bastidores para as ruas, é possível que o real se valorize, retirando força do principal fator de alimentação dos preços em ação. Reviravolta mais sólida depende da recuperação sustentável da economia, mas esta é uma história ainda mais complicada e sem um final feliz à vista.

 Opinião - Valor Econômico 


quarta-feira, 3 de março de 2021

Praga petista mais praga chinesa: não tem Guedes que faça milagre! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 4,1% em 2020, sob os efeitos da pandemia de coronavírus. Foi o pior resultado anual desde 1990, ano do confisco da poupança, quando a economia encolheu 4,35%. O balanço das contas nacionais do ano passado foi divulgado nesta quarta-feira (3) pelo IBGE.

Apesar da forte recessão, o número veio melhor que o esperado ao longo de boa parte do ano passado. No pior momento, em julho, consultorias e bancos previam uma queda de 6,5%, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Banco Central – e algumas estimativas apontavam para retração de mais de 10% no PIB. As previsões mais recentes eram de queda de 4,22%, segundo a mediana das estimativas divulgada na última segunda-feira (1.º) no boletim Focus, do BC.

O FMI chegou a falar em queda de 10% em 2020 do nosso PIB. Ele fechou com queda de 4,1%. E no último trimestre teve alta de mais de 3% frente ao anterior, mostrando força na margem. Não foi tão terrível como muitos esperavam, mesmo com o "fiquem em casa, economia fica pra depois". Na Europa, as economias caíram bem mais, assim como na Argentina ao lado.

Não obstante, é dureza constatar que o Brasil vem sofrendo faz tempo. Primeiro vem a praga petista, agora a praga chinesa, e o resultado é terrível ao longo dos anos. Com essa formação bruta de capital fixo (vulgo investimento), não tem como crescer de forma sustentável.

Não fosse nosso agronegócio, a situação estaria ainda pior! O campo é o que tem salvado o Brasil, eis a verdade. [por isso ´ é que personalidades tipo Macron, tipo esse esquerdista que preside os Estados Unidos e outros do mesmo naipe, querem reflorestar a Amazônia, internacionalizar,  e tem brasileiros - especialmente os ongueiros vendidos e os especialistas em nada - que ainda apoiam, tão nefastas idéias.] O Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian registrou a maior retração de toda a série histórica do índice, iniciada em 2001. Após encerrar com alta em dois anos consecutivos a atividade do comércio tem queda de 12,2% no acumulado anual de 2020 em comparação a 2019. Nenhum dos segmentos escapou dos números negativos, entretanto, os comerciantes de veículos, motos e peças tiveram a baixa mais acentuada, com -16,2%.

Nada disso é culpa do atual governo. O ministro Paulo Guedes fez o que foi possível diante do quadro pandêmico, e podemos apenas imaginar como estaria a situação se fosse um ministro perdulário, desenvolvimentista. Tudo isso é passado, retrovisor. Agora só nos resta olhar para frente, e acelerar a agenda de reformas para colocar o país nos trilhos. Ou isso, ou o caos. Como o próprio Guedes disse, sem responsabilidade fiscal poderemos ser a Argentina amanhã. Todo cuidado é pouco. E sabemos que a esquerda está sempre à espreita pronta para sabotar o país.

Na entrevista do próprio Paulo Guedes e do presidente da Câmara Arthur Lira nos Pingos nos Is desta terça, fica muito claro o que todos já sabiam: Rodrigo Maia fez de tudo para boicotar o Brasil, a agenda vencedora nas urnas. Foi um sabotador da República. Agora ao menos temos uma chance. Se o "centrão" efetivamente abandonar o viés de esquerda, vale notar. Como Salim Mattar colocou, a turma esquerdista já tenta apelar para o Supremo para obstruir a pauta reformista, como no caso das privatizações: "Novamente a esquerda retrógrada busca refúgio no STF para impedir a tramitação de pautas do governo. Desta vez entrou com ação no STF contra a MP da Eletrobras. Preferem procurar a via judicial abdicando do seu dever de debater e legislar".

A esquerda está desde sempre lutando contra o país, e esse resultado que temos é fruto de sua mentalidade. Bolsonaro venceu para mudar. Até aqui conseguiu mexer em coisas importantes, aprovar uma reforma previdenciária significativa, um marco do saneamento básico relevante, desburocratizar a vida de empreendedores e dar um choque profissional de gestão nas estatais. Mas é preciso mais. Necessitamos da reforma administrativa, da tributária, de privatizações etc. Sendo que ano que vem já é ano de eleição. O Brasil é mestre em perder oportunidades. Espera-se que ainda seja viável avançar com essa agenda liberal. Mas com realismo: não tem Guedes capaz de fazer milagre diante de tanta desgraça!

Rodrigo Constantino, jornalista - Gazeta do Povo