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quarta-feira, 22 de julho de 2020

MILITARES NO PODER - A festa da farda - O Globo

Bernardo Mello Franco

No “Almanaque do Exército”, ele era o coronel Jonas Madureira da Silva Filho. Na intimidade matrimonial, apenas Madu. O personagem do livro de Marques Rebelo passava os dias de pijama, no conforto da reserva remunerada. Depois do golpe, foi convocado para uma tarefa patriótica: assumir um cargo de chefia no Segal, o Serviço Geral de Abastecimento e Lubrificantes.




Jair Bolsonaro e militares em cerimônia do Dia do Soldado


.“O simples coronel Madureira” se passa no início da ditadura de 1964, quando os militares se apinharam na burocracia federal. Junto com os postos, veio uma penca de diárias, gratificações e mordomias. A mulher de Madu ficou eufórica: sobraria dinheiro para comprar o sonhado faqueiro de prata.
A festa da farda se repete no governo de Jair Bolsonaro. Desde a posse do capitão, o número de militares em cargos civis mais que dobrou. Saltou de 2.765 para 6.157, segundo dados do Tribunal de Contas da União.

Além de estender o cabide, o presidente engordou os contracheques. Em dezembro, o oficialato se esbaldou numa reforma da Previdência bem particular. [a reforma da previdência dos militares não poderia ser realizada dentro da Previdência  visto que a sistema de previdência dos militares não está inserido naquela - a Consituição vigente, portanto bem antes do governo do presidente Bolsonaro, já diferenciava os dois sistemas.
O que deve ser considerado, até mesmo para o BEM do Brasil, é a competência dos que estão assumindo cargos - vale sempre lembrar que um dos melhores ministros da Saúde foi o José Serra, que não é médico = economista e político,
Algumas das medidas por ele adotadas foram excelentes, até hoje perduram.]  

A generosidade é tanta que transborda para os herdeiros. A filha do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, já ganhou dois cargos no ministério da pastora Damares. [A nomeação para o segundo cargo ocorreu em novembro.  Adriana é formada em direito e estuda psicologia
É lotada na Coordenação de Doenças Raras. Há 15 anos, descobriu ter a doença rara espondilite anquilosante. 
Seu pai, o general Villas Bôas, carrega outra patologia rara, a esclerose lateral amiotrófica. 

Agora o general Braga Netto, chefe da Casa Civil, deve emplacar a filha na Agência Nacional de Saúde. A vaga fica no Rio, não exige concurso e paga salário de R$ 13 mil. 
[IMPORTANTE: 
Todos os cargos são de livre nomeação e exoneração - ad nutum -"remédio" bem mais eficiente para correção de eventual incompetência do que a sabatina no Senado.]

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo